Para refletir

“Primeiro levaram Dilma, mas você não se importou por não gostar dela. depois criminalizaram o Lula, mas você não se importou por não ser petista. Após doaram as riquezas do Pré-sal, mas você não se importou por não saber sua importância. agora congelaram recursos para saúde e educação. Em breve vão diminuir seus direitos trabalhistas e aumentar a idade para você se aposentar. E você não se importa? Me desculpe, mas então você nasceu para ser escravo? Escravo da elite que te usurpa direitos enquanto você dorme. Escravo da Mídia que te mente antes da novela que você se diverte. Em pleno século XXI eles instituem a escravidão moderna e você aceita porque não percebe. Hora de acordar Brasil.
Difícil libertar os escravos quando eles preferem a senzala.”

Por Ana Paula Simeão, no Facebook.

2 comentários em “Para refletir

  1. O BRASIL DO PT: UM PSEUDO BEM-ESTAR

    Os governos petistas, principalmente os de Lula, possui uma caráter singular na história política brasileira. Primeiro, foi utilizado, assim como vários outros governos similares na América Latina, para frear o movimento dos trabalhadores que ascendeu nos anos 1990 na luta contra o neoliberalismo. Em segundo, passados os anos de crise inflacionária e caos no ambiente econômico, tornava-se necessária uma reorientação econômica que levasse os países da periferia do capital localizados na América Latina a uma melhoria na capacidade de consumo, permitindo assim, lucros ainda maiores das empresas dos países imperialistas.
    No que se propôs a fazer, não é exagero afirmar que Lula logrou um balanço positivo. Os capitalistas ganharam muito dinheiro em seu governo, em especial os rentistas que, segundo a revista Veja , que como sabemos não possui muita simpatia pelos “governos bolivarianos do PT”, afirmou em uma matéria no de ano de 2014 que “Os bancos lucraram 279,9 bilhões de reais durante todo o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, contra 34,4 bilhões de reais durante mandato de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, ou seja, oito vezes mais.”. Por outro lado, Lula promoveu políticas de estímulo ao consumo, que permitiu, junto com a supervalorização dos preços das commodities, que a classe trabalhadora e a juventude tivesse pequenas melhorias em sua condição de vida.
    Lula não fez mágica, muito menos revolucionou a política macroeconômica burguesa, apenas utilizou políticas similares a que os países imperialistas utilizaram 40 anos atrás e teve resultados, em suas devidas proporções parecidos. Alguém entraria em desacordo com a afirmação de que os capitalistas nunca ganharam tanto dinheiro quanto na Época de Ouro do capitalismo ainda que, nos países imperialistas, a concentração de renda sofresse ligeira queda?
    Com a famosa “Carta ao povo brasileiro” e sua dura reforma da previdência, Lula deixou claro para o imperialismo que seu governo seria hierarquizado em maximizar os lucros dos capitalistas, no entanto, para fazer isso, com aval de instituições como FMI, Lula avançou em programas assistencialistas e em políticas de expansão do consumo da classe trabalhadora.
    Torna-se então necessária uma análise precisa dessa segunda meta de Lula. Nem exaltar como o melhor dos mundos como faz parte da esquerda que apoia o PT, nem ignorar e colocar um sinal de igualdade rasteiro com os governos de FHC como faz parte da esquerda mais crítica aos petistas. O importante é entender o que os capitalistas já entenderam desde o pós guerra: Para os ricos ganharem muito é necessário que os pobres ganhem um pouco. É assim que se gira a roda do capitalismo entre uma crise e outra.
    Como mostra uma pesquisa do IPEA, entre dezembro de 2003 e dezembro de 2010, houve uma política forte de expansão do crédito que passou de 24,6% do PIB para 45,3% do PIB, nesse sentido, o crédito para pessoa física passou, no mesmo período avaliado, de 9% do PIB para 21% do PIB, esta operação foi muito importante para o aumento da venda de automóveis. Além disso, entre 2002 e 2012 o salário mínimo passou de 86,21 dólares para 334,41 dólares. Durante o último ano de FHC, o salário mínimo tinha o poder de compra, em São Paulo, de 1,55 cesta básicas, já em 2012 era possível comprar 2,18 cestas básicas. Uma pequena melhora. O desemprego passou de 12,2% em 2002 para 5,4% em 2013.
    De certo, todas essa mudanças provocaram sensíveis diferenças no acesso da classe trabalhadora a serviços, eletro-eletrônicos e automóveis. O número de passageiros em aeroportos passou de 36 milhões em 2002 para 111 milhões em 2013, produção de automóveis passou, no mesmo período anterior de 1,6 milhão para 3,7 milhões, o números de contas poupanças chegou a 125 milhões em 2013. Durante esse período era comum achar numa casa de um trabalhador uma moto ou carro na garagem e eletrodomésticos dentro de casa.
    Impactos sociais também são expressos em números, o Gini, indicador que mede a distribuição de renda passou de 0,585 em 1995 para 0,501 em 2011. A jornalista Hildegard Angel levantou alguns números: O gasto público com saúde passou de 28 bilhões em 2002 para 106 bilhões em 2013; o de educação de 17 bilhões para 94 bilhões no mesmo período.
    O número de matrículas na universidade passou de quase 597 mil em 2003 para, aproximadamente 1,03 milhão em 2011. O número de docentes acompanhou o crescimento, passando de 49, 85 mil em 2013 para 71,24 mil em 2012.
    Completando o breve quadro dos governos PT, o programa Minha Casa Minha Vida tinha entregue, em março de 2015, 2,169 milhões de unidades habitações. Em maio de 2015, o programa de proteção alimentar, Bolsa Família, tinha beneficiado mais de 13,5 milhões de famílias.
    Contudo, se existia um pensamento genuíno na Europa dos 50 de que o ano presente foi melhor do que os anos passados, e que, por sua vez, o ano futuro seria melhor do que o ano vigente, pensamento este provado falho com as crises a partir da década de 70, mas que permitiu uma melhoria substancial da classe operária e da juventude europeia, o mesmo não pode se dizer do Brasil do PT.
    Que a política do PT apresentou pontos de similaridades com o keynesianismo do pós guerra parece verossímil afirmar, no entanto este mesmo partido não rompeu com os pilares liberais da macroeconomia da América Latina, por exemplo, ao nunca criticar a política do tripé macro econômico. Mais importante, os anos de governo do PT, fizeram com que a classe trabalhadora e a juventude brasileira saísse de uma condição pífia e inaceitável durante os governos de FHC, para uma situação medíocre e pouco aceitável durante seus governos.
    O crescimento do investimento na educação, enaltecido pela Senhora Angel, na verdade em termos de PIB foram rídiculos, passando de 4,8% para 6,5%, o que torna isso ainda mais cômico (porém trágico) é que entre 2011 e 2013, 300 mil pessoas foram qualificadas como analfabetas pelo IBGE, em um total de 8,7% de brasileiros.
    Em relação a saúde, as coisas não são mais defensáveis para o governos do PT que sempre operou na lógica de desmonte do SUS e privatização da saúde, com a criação das organizações sociais, o PROVAB e da EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) que abriu as portas ao capital privado e a gerência dos hospitais universitários e públicos a empresas privadas, diminuindo o investimento gradativamente com cortes entre os anos 2010 à 2015, em torno de 12% segundo os dados do CFM (Conselho federal de Medicina), no orçamento nessa área social e acelerando ainda mais precariedade do serviço de saúde brasileiro durante os governos do PT.
    Por fim, o principal pilar para a política do estimulo do consumo nos governos do PT foi a expansão do crédito, não é preciso ser nenhum grande economista para saber que quando é liberado grandes quantidades de crédito o que acontecerá num futuro breve é a inadimplência, no Brasil da crise atual isto não é diferente. Em seu artigo, o Doutor Gonçalves, professor da UFRJ, relata que entre 2002 e 2012, a dívidas das pessoas físicas passou de 133,4 bilhões de reais para 545, 2 bilhões. A razão entre dívida e renda passou de 12,1% para 29,2% no mesmo período. Não pode ser considerado uma condição de conforto se, para deixar de pisar num chão repleto de fogo, você se ergue com uma corda em volta do pescoço.
    O professor Gonçalves conclui, com números, o mesmo que nós “De fato, o valor total da inadimplência aumentou de R$ 8,5 bilhões em 2002 para R$ 33,9 bilhões em 2012; ou seja, quintuplica em 10 anos de governos petistas.”. Em 2016 quase 60% da famílias estão endividadas, o número de famílias inadimplentes é de 23,7%.
    Portanto, por cima da retórica política, os governos petistas nunca romperam com bases da política neoliberal aplicada no Brasil desde Collor, isso significa que a tentativa por parte de aliados do Partido dos Trabalhadores da construção de um Estado de Bem-Estar social brasileiro não passou de ingenuidade ou oportunismo. O que o PT de Lula e Dilma fizeram foi endividar absurdamente as famílias para poder estimular o lucro do capital, se nesse meio tempo, houve minúscula e aparente melhora nas condições de vida da classe trabalhadora no Brasil exclamaria um dirigente consciente do PT, não foi culpa nossa!

    [ Rafael Le Goff & Guilherme Barbosa ]

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