Ataque contra defesa

POR GERSON NOGUEIRA

Dado Cavalcanti parece ter entendido o recado vindo das arquibancadas e resolveu mudar novamente a equipe e o sistema de jogo do Papão. Depois da criticada escalação de quatro volantes contra o Náutico, parte agora para um ousado 4-3-3, com Tiago Luís, Cearense e Jobinho. Antes, chegou a treinar um time mais ofensivo ainda, com Tiago de meia e o ataque com Bruno Veiga, Cearense e Mailson. De toda sorte, é uma evolução ao time taticamente medroso que perdeu no Recife.

Um ponto interessante também é a manutenção de Jonathan no meio-campo, como um segundo volante com liberdade para sair, ao lado de Rodrigo Andrade, que havia sumido das últimas partidas do Papão, e de Rafael Costa, meia-armador que até hoje não conseguiu dizer a que veio nesta Série B.

unnamedNo ataque, a estreia do rápido Jobinho pode fazer com que o Papão seja mais agudo na área. É, sem dúvida, o mais ofensivo time que Dado já utilizou desde seu retorno à Curuzu.

O aspecto mais significativo é que o técnico, em função de quatro desfalques (Recife, Capanema, Ronieri e Lucas), está podendo dar oportunidade aos mais habilidosos do elenco.

Depois de insistências que fracassaram, Dado deixou de lado as tentativas com Rivaldinho, Robert e Alexandro para se fixar em nomes que se apresentaram bem quando foram exigidos. De quebra, abre espaço para o recém-contratado Jobinho estrear diante da torcida paraense.

O ex-jogador do Bragantino não faz uma temporada memorável, mas pode perfeitamente se firmar no atual Papão, desde que tenha bons parceiros para manobrar na frente. Ele entra num momento em que o ataque precisava de ânimo novo, principalmente porque Mailson não conseguiu se firmar como companheiro de Cearense.

A dúvida em torno deste Papão que encara o Bragantino hoje à noite está na familiaridade dos atletas com o esquema proposto por Dado. Se por um lado o time será bem ofensivo, por outro fica excessivamente exposto.

Será preciso reforçar a marcação, principalmente à frente de Gilvan e Lombardi, mesmo levando em conta a cautela que marca o trabalho de Marcelo Veiga e a má campanha do Bragantino. Como quase todos os times visitantes, o alvinegro paulista vem em busca da tal “uma bola”, explorando o contra-ataque.

Caso consiga encaixar um ataque rápido e habilidoso, com Tiago Luís comandando as ações na frente e os laterais participando ativamente, o Papão terá condições de acuar o Bragantino e controlar o ritmo da partida. Na entrevista de ontem, Dado deu a entender que Tiago ficará na armação de jogadas, tendo Rodrigo, Jonathan e Rafael como marcadores. Espero que, com a bola rolando, a coisa mude de figura.

Tiago é útil e fundamental como terceiro atacante, chegando de trás e aproveitando rebotes. Como meia recuado, torna-se comum e menos letal. O jogo contra o Náutico mostrou isso. Ficou perdido no meio dos quatro volantes e não rendeu, fazendo com que o Papão não tivesse a mesma eficiência ofensiva dos jogos contra Brasil e Bahia.

O cenário está desenhado para um jogo de ataque contra defesa, mas existem riscos de contragolpe a que o Papão não pode se expor.

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Leão entre a esperança e a incerteza

O Remo inicia a semana sob o signo da esperança de uma reversão na Série C. A ação judicial contra o Botafogo-PB foi impetrada na sexta-feira à noite e o presidente André Cavalcante se mostra otimista. As informações vindas da CBF, porém, fazem crer numa batalha duríssima até mesmo para que o STJD aceite a denúncia. A entidade dá a entender, extraoficialmente, que a situação do volante Rodrigo Sapé é legal.

Na contramão dessa tendência pró-Botafogo, o Remo e seu advogado entendem que o contrato do jogador contém irregularidades. Tentar convencer o tribunal da procedência da queixa é uma outra história. Caso consiga ter a reclamação aceita, o próximo passo dos azulinos é pedir a paralisação do campeonato – cuja fase de mata-mata começa na sexta, 30.

Alguns jogadores já deixaram o Evandro Almeida depois de acordos de rescisão com a diretoria. Caso o Remo obtenha êxito junto ao STJD, a situação poderá abrir a chance que tantos nativos esperavam ao longo da competição – Tsunami, Sílvio, Magno e Edcléber, dentre outros.

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Sai o goleiro campeão, entra o palestrante requisitado

Rogério Ceni, que muitos imaginavam fosse abraçar a carreira de técnico, já envereda pelo lucrativo (e concorrido) segmento das palestras motivacionais. Com cobrança de cachê ao nível de palestrantes de primeira linha, o ex-goleiro do São Paulo está estreando neste novo campo de trabalho com jeito de quem veio para ficar.

Suas palestras abordam temas muito em pauta hoje, como fidelidade corporativa, busca por resultados, liderança, superação, motivação e trabalho de equipe. Pelo perfil que sempre exibiu como atleta, Ceni leva jeito de que pode brilhar também no púlpito.

(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 26)

6 comentários em “Ataque contra defesa

  1. O acaso deu várias voltas e forçou Dado a repetir uma experiência interessante. Rodrigo Andrade, Jonnathan e Rafael Costa faziam parte da meiúca daquele time que reagiu contra o Ceará,depois de levar 2×0 no início do segundo tempo, vindo quase a vencer uma partida que estava perdida.
    Tem tudo pra dar certo, pois são jogadores de excelente movimentação, movimentação entendida como participação do jogo de acordo com o lance, não correr feito barata tonta pra tudo quanto é lado, às vezes até de encontro a um companheiro.
    Isto deve ajudar na produção de Tiago Luís, bem como fazer o ataque ficar menos isolado do que o costumeiro. Vejamos se prática a teoria se confirma.

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  2. Exatamente, caro Amorim. O meio-campo ficará mais leve e muito mais técnico. A saída de bola, certamente, será mais ágil e precisa.

    Agrada-me muito ver volantes que saibam sair para o jogo com qualidade, aliado a uma bom senso de posicianemento e marcação.

    Espera-se que Jobinho entre bem na equipe, em sua estreia, e que os larerais não comprometam, pois esse é meu maior temor no jogo de hoje.

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  3. Quero muito o resultado positivo, mas dói perceber que a possível (mas não provável) postura mais criativa do meio campo do Paysandu decorrerá das ausências dos volantes espartanos e não pela observação e tentativa lúcida do técnico em estabelecer um modo mais operativo e construtivo de um meio campo que na gestão de Dado como técnico ainda não mostrou sustância.
    Sinceramente, não acredito em milagre nem em magia. E jogo dos desesperados e o Paysandu tem tradição em ressuscitar defuntos.

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