POR GERSON NOGUEIRA
Depois da vitória convincente sobre o Bahia, na última terça-feira, em Belém, o Papão parte hoje para missão mais complicada. Enfrentar o Náutico dentro do Recife é parada sempre indigesta. Cabe observar, porém, que situações desafiadoras exigem atitudes corajosas.
Além da necessidade de pontuar para se manter longe da zona do rebaixamento, o time precisa confirmar a fase de recuperação iniciada nesta semana. Um triunfo hoje serviria para reabrir as esperanças de acesso e eliminar as dúvidas que o torcedor ainda alimenta em relação ao trabalho de Dado Cavalcanti.
Mesmo considerando que o Náutico é um adversário forte em seus domínios, o Papão teve suas melhores atuações na Série B atuando fora de casa – vitórias sobre Vasco, no Rio, e Criciúma, em Santa Catarina.
A má notícia, neste caso, é que os dois jogos não ocorreram nas gestões de Dado. Gilmar Dal Pozzo venceu em São Januário e Rogerinho Gameleira era o comandante contra o time catarinense.
De qualquer maneira, o Náutico atravessa um momento de incertezas e também joga sob pressão. Deixou de ser um dos cotados para brigar pelo G4 para virar integrante fixo do bloco intermediário da competição. Pesa no ânimo dos jogadores o longo jejum de vitórias em casa. Já são sete rodadas sem o sabor de um triunfo no Recife – a última vitória foi sobre o Tupi na 18ª rodada.
Caso consiga manter a mesma formação dos últimos jogos e Tiago Luiz esteja recuperado plenamente, o Papão tem boas chances de surpreender o Timbu. Contra o Brasil e o Bahia, o time se distribuiu melhor em campo, fechou espaços e foi mais criativo nas ações de ataque. Faltou apenas caprichar mais na hora da definição das jogadas.
—————————————————
O enigma do Imperador
O noticiário da semana sobre os preparativos do Remo para a decisão de domingo contra o América-RN revelava até ontem dúvida sobre a escalação de Edno, que se recupera de lesão. É provável que o principal atacante azulino seja confirmado para a confronto, mas a situação traz à tona uma situação curiosa dentro do clube e confirma o excessivo poder que os clubes regionais costumam dar a seus treinadores.
O reserva natural para o comando do ataque seria Luiz Carlos Imperador, que disputou o Parazão e a Copa Verde com bom aproveitamento e tem características muito parecidas às de Edno, exercendo o papel de pivô. Ocorre que o atacante está fora dos planos do técnico Waldemar Lemos, que nunca sequer o relacionou para jogos da Série C.
Tudo motivado, segundo rumores oriundos do próprio Evandro Almeida, por um antigo desentendimento entre Waldemar e Luiz Carlos, que teria ocorrido em outro clube. Não se tem confirmação dessa rusga e se a desavença foi mesmo tão séria quanto parece.
De todo modo, é inaceitável que por um motivo banal (e de natureza particular) o Remo possa ser prejudicado justamente no momento em que busca alcançar a disputa de mata-mata e a chance de obter o acesso à Série B. Um técnico é tão empregado do clube quanto os jogadores. Está – ou deveria estar – a serviço dos interesses da agremiação que o contrata.
Um problema pessoal não pode jamais se sobrepor às necessidades do clube. O fato é que, caso Edno seja vetado, o Remo tem no elenco um jogador que poderia exercer a mesma função tática.
Vale dizer que Luiz Carlos continua a receber salários normalmente, mas, por decisão do treinador, não pode exercer seu trabalho. Com isso, virou hóspede de luxo. Situação parecida com a de Magno, outro atacante de ofício, esquecido por completo no Baenão.
Magno foi um dos melhores atacantes no Estadual, com boa movimentação na área e pelos lados. Curiosamente, não teve uma oportunidade de atuar como titular ao lado de Edno, enquanto Fernandinho é prestigiado mesmo enfileirando atuações bisonhas.
Flamel vive situação menos pior, mas também sem chances de mostrar a que veio. Além da habilidade para manobras junto à área adversária, o meia-atacante é um dos maiores especialistas em cobranças de falta do futebol paraense, com excelente índice de aproveitamento. Na reta final de disputa da Série C, é um trunfo muito valoroso para ser ignorado ou subaproveitado.
—————————————————-
Leão de roupa nova a partir de hoje
O Remo lança oficialmente hoje, às 17h, na sede social, os novos uniformes para o restante da temporada, celebrando o contrato de três anos firmado com a Topper. O acordo dará ao clube 15% de participação (ao contrário dos 10% a que tinha direito com a Umbro) nas vendas de material esportivo, além do valor fixo de R$ 300 mil. Haverá também uma escala de premiação para conquistas de campeonatos ou acessos.
Dirigentes do clube lembram que a Topper já vestiu o Remo no começo da década de 2000. Era o uniforme oficial na conquista do Campeonato Paraense de 2004, o inédito título 100% invicto.
(Coluna publicada no Bola deste sábado, 17)