Os primos pobres

POR GERSON NOGUEIRA

A simples possibilidade de extinção da Série D do Campeonato Brasileiro já estimulou debates acirrados na esfera regional. A informação sobre o plano da CBF veio da imprensa de São Paulo, a partir da informação do coronel que preside a Federação do Mato Grosso do Sul há 24 anos. Pelas afinidades de patente com Antonio Carlos Nunes, sua palavra deve ser considerada.

Até o momento, a entidade não se manifestou sobre as especulações, mas é provável que o fim da competição esteja realmente próximo. Como os clubes (salvo exceções, como o Remo nas últimas duas edições) têm pouca tradição e torcida, o torneio carece de baixo apelo de audiência. Por isso, não atrai o interesse da TV. Como a TV não transmite os jogos, os patrocinadores se mantêm distantes.

Num mundo ideal, a CBF bancaria o torneio, garantindo a participação de todos os clubes mesmo sem patrocínios da iniciativa privada. Para tanto, bastaria destinar um naco do gordo manancial de receitas da entidade.

No estágio atual, fica evidente o pouco caso pelo campeonato e pelos clubes mais modestos do país. Há um equívoco sério embutido aí. Sem atividades oficiais, essas agremiações tendem a desaparecer gradativamente.

Vai aparecer alguém para dizer que os próprios clubes cavam sua desgraça a partir de gestões caóticas e irresponsáveis. Ocorre que, se não houver um esforço a partir da entidade-mãe, eles nunca sairão desse estágio. Como mantenedora e proprietária do futebol brasileiro, a CBF deveria zelar pelos seus filiados. Por todos.

Tome-se como exemplo os clubes paraenses que disputam o campeonato estadual. Uma de suas aspirações ao encarar o torneio local é conquistar acesso à Série D, que garante um mínimo de exposição e condições de funcionamento por mais três ou quatro meses na temporada.

O desestímulo que virá de um eventual fim da competição será danoso para os clubes e trágico para os profissionais envolvidos no processo. Como são 40 clubes participantes, significa que pelo menos 1.200 profissionais estão empregados.

Na condição de primos pobres do futebol, porém, é quase impossível que alguém venha a se preocupar de verdade com sua situação. Os salários são modestos, o glamour é quase nenhum, a visibilidade midiática é quase nenhuma e as transações entre equipes não são exatamente sedutoras para a turma do olho gordo.

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A dúvida cruel sobre o pênalti

Para dirimir todas as dúvidas sobre a marcação de pênaltis em jogadas de toque de mão na bola, a CBF programou uma semana intensiva de aperfeiçoamento para todo o seu quadro de árbitros, a partir de 30 de janeiro.

A ideia é fazer com que a turma consiga finalmente atinar que, para comissão de arbitragem da Fifa, nem toda bola que resvala no braço deve ser entendida como infração.

Vai ser difícil.

Afinal, pelas regras não escritas do futebol no Brasil, mais do que a interpretação de cada jogada a maioria dos árbitros leva em conta mesmo é a cor das camisas em ação dentro da área.

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Desportiva quer descobrir novos goleiros

A Desportiva promove uma peneira destinada a selecionar jovens goleiros nos dias 8 e 9 de fevereiro, a partir das 9h. Meninos e jovens de boa estatura, de 11 a 18 anos de idade, podem se inscrever gratuitamente (fone: 98371-1065). No dia 8 acontece a palestra sobre fundamentos técnicos e sobre as características exigidas de um goleiro. No dia 9, os inscritos serão submetidos aos testes práticos dentro de campo.

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Foi-se o tempo da aristocracia do Morumbi

José Roberto Malia nos informa através de seu blog que a tal crise econômica chegou firme aos portões do antes poderoso São Paulo. Até o momento o clube não pagou a comissão de R$ 900 mil devida ao empresário Jolden Vergette, que foi o intermediário do empréstimo do zagueiro Dória.

O mais curioso é que Dória já foi embora do clube, enquanto Vergette corre atrás do prejuízo, tentando receber a grana. Para acalmar o empresário, o São Paulo liberou dois cheques, um de R$ 600 mil e outro de R$ 300 mil, ambos sem fundos. Sinal dos tempos. O Tricolor do Morumbi já foi mais cuidadoso com seus negócios.

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Um curso top para técnicos de vôlei

O voleibol paraense ganha finalmente um curso de alto nível (grau 3) para a preparação de treinadores. Caetano Rocha, instrutor da Confederação Brasileira de Voleibol, e Ednilton Vasconcelos, que treinou a seleção feminina da modalidade, estarão em Belém de 14 e 21 de fevereiro para ministrar o curso no IFPA.

Considerado fundamental para a preparação de técnicos de ponta no país, o curso deve reunir a nata dos comandantes do vôlei no país, interessados em atualizar conhecimento. A FPV avalia que o curso deve alavancar a qualidade do esporte no Pará, abrindo possibilidade de participação competitiva até na Superliga nacional.

A entidade disponibilizou 40 vagas, com matrículas a R$ 400,00.

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Gangorra financeira expõe as diferenças

Ao negociar Renato Augusto, Jadson, Ralf e Gil com o futebol da China o Corinthians faturou perto de R$ 80 milhões.

Apenas com a venda de Ramires para o Jiangsu Suning, o Chelsea embolsa R$ 150 milhões.

(Coluna publicada no Bola desta sexta-feira, 29) 

7 comentários em “Os primos pobres

  1. É ir contra a lógica insistir em empreendimentos que não oferece retorno. A série D, ainda segue porque há, por mais precária que seja, incentivos de terceiros, como Estado,prefeitura, empresários e abnegados dos clubes participantes. Com raras exceções alguns se mantém mais estáveis, mas nem tanto por contas de dívidas. Analisando esse quadro é convencedor que essa competição seja extinta para o bem dos próprios clubes. Agora Sendo a série C a base de sobrevivência, que os clubes se organizem e se mantenham em atividade, coso contrário, tchau.

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  2. Pelos usos e costumes desses dirigentes rapaces, melhor ficar atento pra manobra inversa, ou seja, a ameaça de extinção significar o fortalecimento dessa potencial base política desses coronéis.
    Depois de desmoralizado pelo episódio Liga, quando sua proibição de realização do torneio foi atirada à lata do lixo, Nunes parece tornar ao modus operandi tradicional em que manipula aqueles que estão em dificuldades, principalmente financeiras, a fim de mante-los sob sua tutela. É assim que domina a FPF há décadas.

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  3. Vi algumas fotos do Estádio Barbalhão, Santarém e ficou muito bonito após a reforma . sendo o gramado o ponto alto. Parabéns a torcida do São Raimundo que terá seu espaço para abrigar sua torcida. O LOBO em breve será atração na localidade.

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  4. Interessante que trazer de volta a série C aos moldes antigos, pode beneficiar os times na fase da regionalização idem a série D de 2015, praticamente um torneio com os frágeis clubes do norte, e depois vai ladeira a baixo. O ruim será o número de clubes subindo apenas dois, se eu não estou errado. Um retrocesso a mais no glorioso futebol 7×1 brazuca.

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  5. em relação ao primo pobre é engraçado, é curiosíssimo como ocorre o inverso de 2008 e a notícia da extinção da serie D ainda nem foi confirmada. Para quem não lembra, em 2008 não existia horror de série D e em cima da pinta a CBF a anunciou a criação da competição em pleno andamento da série C, aí o choro foi geral porque os 28 últimos colocados da c iriam ter de buscar vaga na nova competição em 2009 através dos estaduais, entre eles o time do remo. Aí foi muita critica pela criação da serie D. Hoje é o inverso, onde o time do remo já saiu da D para a C, e a reclamação por aqui é porque a série D pode ser extinta e parece que muitos não querem. .

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  6. Mas eu acho que essa competição tem de ser extinta para o bem do futebol brasileiro. Já deveria ter sido. O futebol era muito melhor quando não existia essa competição. Ao contrário do que muitos pensam hoje, muitos clubes faliram seu futebol inclusive nossa TUNA, quando surgiram e Lei Pelé e essas divisões chulas. 4 divisões no futebol brasileiro é o absurdo quando não estão dando conta de cuidar nem da divisão principal que está mais sem graça que comida de doente. Tô mentindo???? Lembro que clubes como a TUNA que não tem grande torcida, passavam anos sem disputar as principais divisões do nosso futebol, mas quando conseguiam vaga faziam bonito, tanto que a TUNA tem título de série B. segue>>>>>

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  7. E quando não conseguia as vagas para as divisões principais, a TUNA ficava por aqui se preparando, disputando competições regionais, torneios de incentivo, muito melhor que disputar uma infame serie D dessas que só trás prejuízos para times assim. Aí por fora era assim mesmo. E muitos clubes modestos conseguiam resistir ao tempo. Mas depois da lei Pelé e tentas divisões no nosso futebol, aí foi que times tradicionais inclusive faliram por não conseguirem mais vagas em nem uma. O time do remo que tem grande torcida sofreu 7 anos com pesadelo dessa ultima divisão. imagina quem não tem para bancar o clube?? Assim também levaram o farelo Goitacaz, Bangu, América do Rio, Operário de CC, Colorado, Desportiva, Colatina, CSA, Campo Grande, e outros que não lembro, os quais faziam bonito no tempo que só tinha só 3 divisões no nosso futebol.

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