POR CAMILA MATTOSO, do ESPN.com.br
A comissão mista que analisa a Medida Provisória 671/15, conhecida como MP do Futebol, aprovou o texto apresentado pelo relator Otávio Leite (PSDB-RJ) na íntegra na manhã desta quinta-feira. Em sessão relâmpago e com apenas quatro presentes, o relatório foi aprovado sem discussão específica dos pontos polêmicos.
Na noite de quarta-feira, em sessão tumultuada, as discussões foram suspensas e adiadas para esta manhã, às 9h. Ficaram 11 destaques do texto para serem discutidos ponto a ponto, separadamente – entre esses, por exemplo, a medida que limita os gastos dos clubes com futebol em 70% do total da arrecadação.
Os representantes da chamada “Bancada da Bola”, que defendem os interesses da CBF na comissão, contudo, não chegaram a tempo da votação, e o texto acabou sendo aprovado na íntegra. O presidente da comissão, Sergio Petecão (PSD-AC) se apoia no regimento interno da Casa, enquanto os opositores acusam golpe.
Na sessão, estavam presentes o presidente da comissão, o relator, o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) e o deputado Evandro Rogerio Roman (PSD-PR). Assim que os quatro aprovaram o texto, chegaram Marcelo Aro (PHS-MG), diretor de ética da CBF, e Vicente Cândido (PT-SP), diretor de assuntos internacionais da entidade.
“Chego aqui como cristão novo e já vejo pessoas usando o regimento desta Casa para esperteza e malandragem. Foi isso que vi agora na comissão da MP 671/15, a famosa MP do Futebol”, esbravejou Aro, no plenário após a sessão. “Em 30 segundos, eles rejeitam todos os destaques e aprovam o relatório. Isso é um golpe”, acusou.
“Quero avisar que, apesar de novo, bobo não sou. O que puder fazer, a partir de agora, para obstruir sessões, vou fazer. Sou vice-líder do maior bloco desta Casa e líder do PHS, não deixarei ficar como está. Isso é golpe dos senhores Otávio Leite e Petecão.
Usarei todas as armas do regimento. Há vida daqui para frente”, ameaçou em seguida.
Nos bastidores, os favoráveis em deixar o texto como está argumentam que se não aprovasse o relatório dessa forma, ele não seria em nenhum momento votado, pois, segundo eles, os parlamentares ligados à CBF trabalham para que a MP caduque – o prazo final é dia 17 de julho. A diretoria da entidade, no entanto, diz que isso não é verdade.
Otávio Leite defendeu o presidente da comissão.
“Eu cumpri a minha responsabilidade durante todo esse tempo. Qualquer tipo de destaque agora terá de ser levado para o plenário, e lá serão discutidas eventuais mudanças. O texto está inteiro, da maneira que terminamos da última vez. Era uma obrigação nossa votar isso, não deixar se perder, já que o prazo é dia 17 de julho”, disse Leite.
“O Sérgio Petecão cumpriu rigorosamente o regimento. Não há nada a se falar sobre isso”, completou. A referência do relator à data de 17 de julho é o prazo em que o texto perde validade. Até esse dia, o relatório aprovado pela comissão precisa passar pelo crivo da Câmara dos Deputados e, depois, do Senado.