Crítico do papel das novas tecnologias no processo de disseminação de informação, o escritor e filólogo italiano Umberto Eco afirmou que as redes sociais dão o direito à palavra a uma “legião de imbecis” que antes falavam apenas “em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade”.
A declaração foi dada nesta quarta-feira (10), durante o evento em que ele recebeu o título de doutor honoris causa em comunicação e cultura na Universidade de Turim, norte da Itália. “Normalmente, eles [os imbecis] eram imediatamente calados, mas agora eles têm o mesmo direito à palavra de um Prêmio Nobel”, disse o intelectual.
Segundo Eco, a TV já havia colocado o “idiota da aldeia” em um patamar no qual ele se sentia superior. “O drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade”, acrescentou.
O escritor ainda aconselhou os jornais a filtrarem com uma “equipe de especialistas” as informações da web porque ninguém é capaz de saber se um site é “confiável ou não”. (Do UOL)
Alan Rusbridger deixou o posto de editor-chefe do tradicional diário britânico The Guardian após 20 anos no cargo. Despediu-se dos leitores em uma longa carta [reproduzida abaixo], no dia de sua última edição à frente do posto, em 29/5. Nela, Rusbridger conta como o poder sempre o deixou nervoso e avalia as mudanças no jornalismo nas duas últimas décadas. Em 1995, “ninguém perguntava a um editor de jornal sobre seu modelo de negócios. Agora essa é uma das primeiras perguntas”, diz ele, que em 2016 assumirá a presidência do Scott Trust, conselho que administra o Guardian Media Group.
Em coluna publicada no Guardian, Emily Bell, diretora do Centro Tow para Jornalismo Digital da Escola de Jornalismo de Columbia, escreve que a carta de despedida de Rusbridger traz um resumo do que todas as companhias de mídia tiveram que enfrentar nos últimos 20 anos: o desafio de equilibrar a preservação do valor cultural e da força como instituição com as mudanças velozes exigidas pela adoção das novas tecnologias.
A saída do editor foi anunciada no fim de 2014. No seu lugar entra Katharine Viner, a primeira mulher a chefiar o jornal em seus 194 anos de história. Katharine foi escolhidaatravés de uma votação entre os funcionários do Guardian e do Observer – outro jornal do grupo de mídia. (Leticia Nunes)
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Caso você esteja lendo o jornal físico – o que, evidentemente, não é o caso – esta é minha última edição como editor. Em pouco mais de 20 anos, fizemos o fechamento de quase 7.500 edições. A partir de algum momento nas próximas 24 horas, num ciclo de jornalismo digital sem problemas, vocês terão um novo editor. Eu terei escapulido e minha sucessora, Katharine Viner, terá assumido materialmente o leme do barco.
Desde 1821, o Guardianteve apenas 10 editores – ou 11, se for incluído Russell Scott Taylor, o jovem de 18 anos que ajudou a editar o jornal por um curto período, na década de 1840. O mais importante entre eles, C.P. Scott, ficou 57 anos na condução do jornal. Seu filho Ted ficou apenas por três anos, antes de morrer afogado no Lado Windermere. Em média, os editores ocuparam o cargo por aproximadamente vinte anos.
Quando entrei para o jornal, em 1979, o Guardian dava a sensação de ser uma empresa de família e, de certa forma, ainda dá. Comecei na mesma segunda-feira de julho que Nick Davies, que se transformaria em um dos maiores repórteres de sua geração. Enquanto sua carreira o levou a grandes investigações, a minha foi, inicialmente, de matérias descritivas, colunas e reportagens. Desde o dia em que cheguei, o Guardian me deu a sensação de um banho de água quente – um santuário para se refletir livremente e escrever.
E, definitivamente, eu escrevia: nunca passou por minha cabeça que eu iria editar coisa alguma no Guardian, muito menos responder pela coisa toda. A certa altura, até cheguei a sair para me concentrar naquilo que escrevia. Mas no final de 1988 o Guardian precisava desesperadamente de uma revista semanal para se contrapor à brilhante e atraente revista lançada peloIndependent aos sábados. Por algum motivo, Peter Preston, que era então o editor do Guardian, pediu-me que a criasse.
Eu fora desviado por outro caminho jornalístico – que me levaria, por meio da seção “G2”, inaugurada em 1992, a ocupar a cadeira de editor em 13 de janeiro de 1995. Eu conhecia o suficiente da história do Guardian para me sentir completamente apavorado com a responsabilidade. Por favor, por favor, ajudem-me a não deixar a bola cair.
Mas é claro que o Guardian é muito maior do que qualquer editor. Pouco depois de eu ter assumido o cargo, um concorrente me convidou para almoçar e me tranquilizou: “Se eu faltar um dia ao trabalho, há seis editores assistentes que têm uma visão completamente diferente de como deveria ser o jornal. Se você faltar ao trabalho, o próprio prédio do Guardian se encarregará de botar o jornal na rua”.
E ele tinha razão. Existe – por meio de uma combinação de osmose cultural, propriedade e leitores atentos – uma ideia incrivelmente forte de que o Guardian está, mesmo se o trabalho de reinterpretá-lo caiba a cada geração, “no mesmo espírito em que sempre esteve”.
Minha primeira edição foi publicada no dia seguinte, como se nada houvesse acontecido, com a manchete: “UE adota fronteiras mais limitadas”. Plus ça change.
Durante os primeiros cento e setenta e poucos anos da vida do Guardian, ocorreram, evidentemente, enormes desafios e mudanças, uma das quais a transformadora decisão de mudar de Manchester para Londres, em 1964. Mas o essencial da vida do jornal era o mesmo em 1995, quando entrei para o lugar de Peter Preston, do que fora em 1821, quando o jornal foi lançado em resposta ao massacre de Peterloo, em 1819, em Manchester.
As matérias eram contadas por meio de palavras e (mais recentemente) fotos – ainda em branco e preto, o meio “adequado” de 20 anos atrás. O ritmo do dia tinha um prazo, por volta de 9h30 da noite. Sabíamos o preço do papel, da tinta, da impressão e da distribuição e podíamos imaginar o custo da publicidade e do próprio jornal. Os leitores eram, fundamentalmente, do Reino Unido e, se quisessem entrar em contato, faziam-no por telefone ou por carta. Era um mundo em que os conhecidos se conheciam.
Vinte anos depois, nadamos num mundo de desconhecidos. Ainda escrevemos matérias com texto e fotos, mas as palavras provavelmente serão publicadas como matérias de blogs. Aprendemos a usar imagens em movimento, assim como fotogramas. Trabalhamos com áudio, com recursos interativos, com dados, gráficos e qualquer tipo de combinação dos acima citados. Distribuímos nosso jornalismo através de canais múltiplos, plataformas e dispositivos, inclusive com discussões e debates ao vivo. Estamos no iWatch; na cama com o Facebok; e ainda estamos na loja da esquina.
Atualmente, dois terços de nossos leitores são de fora do Reino Unido: publicamos sem parar. Nossos leitores podem ser virtualmente editores e podem conectar-se uns com os outros e com qualquer outra pessoa, inclusive conosco. Eles contribuem com o Guardian de maneiras que eram inimagináveis mesmo 15 anos atrás.
Além de tudo isso, ainda produzimos um jornal. Ou melhor, dois. The Observer, 30 anos mais velho que o Guardian, está em excelentes condições sob a batuta de John Mulholland.
O modelo econômico do que fazemos atualmente ainda está em sua infância. Há vinte anos, ninguém fazia perguntas ao editor de um jornal sobre seu modelo de negócios. Atualmente, essa é uma das primeiras perguntas. E, evidentemente, o Guardian – embora extremamente seguro, do ponto de vista financeiro, se comparado a alguns períodos do passado – não é mais imune que qualquer de seus concorrentes à necessidade de encontrar uma base sustentável para aquilo que faz.
Algumas publicações decidiram restringir o acesso a seu conteúdo digital e insistem em receber pagamento [paywalls]. Os polos opostos desta ideia são representados pelo Guardian e peloTimes de Londres. Este último reivindica uma audiência digital diária de 281 mil pessoas. Em abril, o Guardian foi lido por mais de 7 milhões de visitantes únicos por dia. Em termos de números contábeis, estamos perdendo (ou investindo) mais ou menos a mesma quantia de dinheiro. Em dez ou vinte anos saberemos quem avaliou o futuro melhor. Mas o Guardian – que ainda é o oitavo maior jornal no Reino Unido – vem agora competindo com o New York Times pela responsabilidade de ter o maior website jornalístico do mundo em língua inglesa.
Difamação e vida online
Quanto a números, é isso aí. Nas últimas semanas, enquanto tentava por em ordem 20 anos de papéis de todo o tipo – eu acumulo coisas velhas; não as jogo fora – fiz algumas divisões mentais desse tempo. Primeiro vieram os anos da difamação, durante os quais parecia que o Guardiannunca iria sair de um ou de outro tribunal. Pouco depois que assumi, houve uma procissão de parlamentares, ministros, lobistas, agnósticos, curandeiros, grandes empresas, policiais, bancos eplayboys ricos fazendo fila para nos indiciar ou processar.
Graças a Deus, atualmente existem muito menos casos de difamação, mas aquelas batalhas muitas vezes foram épicas, dispendiosas e tomaram uma imensidão de tempo. Se você ganhasse – e ganhamos a maioria delas – podia até ser divertido. Mas na maioria das vezes eram enervantes e cansativas. Não tenho pena alguma de ver o declínio da indústria da difamação londrina e espero que nós, juntamente com outros jornais e outras organizações empenhadas na liberdade de expressão, tenhamos contribuído minimamente para por um fim a isso. E um agradecimento sincero a todos os amigos especialistas que nos ajudaram ao longo dos anos. Vocês saíram caro. Mas foram bons.
Aí, vieram os primeiros anos de internet, durante os quais – sob a liderança de Ian Katz – criamos um website que não caiu na armadilha de simplesmente repetir online o que publicávamos na versão impressa. Ian e sua equipe logo perceberam que este era um meio – importante, em muitos aspectos – muito diferente do jornal impresso e criaram um site, Guardian Unlimited, que jogava pelas novas regras.
Ocorreu então uma pausa com a guerra de formatos das edições impressas – uma reação à atitude ousada por parte do Independent e do Times de trocarem o formato standard pelo tabloide. O Independent chegou a anunciar que, dali em diante, não só seria um jornal para ler, mas também “para ver”, numa alusão à quantidade de ilustrações – uma declaração de intenções espantosa que acabou se perdendo na excitação sobre o formato.
Por vários motivos – um dos principais era a quantidade de classificados com que ainda contávamos na versão impressa àquela época –, o formato tabloide não funcionou conosco. Na verdade, precisávamos de novas rotativas – o custo de qualquer formato era neutro – e optamos pelo formato europeu Berliner (47 cm por 31,5 cm).
O jornal que ganhou corpo pelas mãos do designer Mark Porter e do subeditor Paul Johnson (e, no Observer, do ex-editor Roger Alton) era um misto de beleza e flexibilidade. Porém, no momento em que instalávamos as novas rotativas Man Roland sabíamos que aquelas eram provavelmente as últimas que comprávamos. Em retrospecto, eu diria que não ficou claro se as mudanças de formato na edição impressa dos jornais transformaram a sina de qualquer deles – o grande, o pequeno ou o médio.
A fase seguinte foi a da Social Web [um conjunto de relações sociais que liga as pessoas através da internet], ou Web 2.0, como foi primeiramente chamada. Emily Bell, a profeta que na época editava a nossa produção digital, imediatamente se pronunciou, dizendo que aquilo era tão importante quanto a própria internet. Ela nos preveniu que havia uma bifurcação: podemos separar-nos desta revolução social, econômica, cultural e editorial ou podemos adotá-la incondicionalmente. Abrimo-nos a ela ou fechamo-nos? Decidimos abrir.
Uma das primeiras experiências foi “O Comentário é Livre”, lançado por Georgina Henry em 2006 como uma forma de aumentar imensamente e diversificar os comentários recebidos peloGuardian – não só os dos autores “acima citados”, mas das centenas de milhares de pessoas que queriam participar de um debate e a quem isso nunca fora possível.
Tivemos que inventar novas normas e convenções. Nascia um novo tipo de jornalista – o moderador de comentários – para dar conta da avalancha de opiniões. Havíamos criado uma nova democracia de expressão, que às vezes era desconfortável, mas quase sempre rica e absorvente – e, às vezes, até estimulante. Nosso mais recente projeto, sob a supervisão de nosso chefe de estratégia digital Wolfgang Blau, levou essa jornada ainda mais longe.
A notícia em primeira mão
E, finalmente, as reportagens: sobre malfeitores desonestos; políticos aceitando suborno; grandes empresas sonegando impostos; vazamentos tóxicos; policiais sem ética; policiais letais; tortura e perseguição; mutilação de mulheres; drogas; produção de alimentos; vendedores de pílulas; e muito mais.
Em 2010, o WikiLeaks parecia, e era, enorme: o maior vazamento de telegramas diplomáticos e confidenciais que o mundo já conhecera. Mas depois vieram as escutas telefônicas clandestinas – o extenuante e extraordinário trabalho de sete anos de reportagens de Nick Davies foi lançando, pouco a pouco, luz sobre os crimes, evasivas e fraudes da mais poderosa empresa jornalística do mundo.
As reportagens de Davies impediram que um imenso e implacável monopólio de mídia duplicasse de tamanho – com as consequências do que isso significaria para o poder, a democracia, a regulação e mesmo a polícia. A melhor defesa que os Murdoch – filho, pai e amigos – julgaram aceitável foi dizer que a empresa estava fora de controle. Qualquer outra reação teria sido considerada apocalíptica do ponto de vista empresarial.
Enquanto eventual esporte violento, acho que o jornalismo britânico passou a ser ligeiramente examinado, em consequência disso, mas não sei se meus colegas editores concordam ou aprovam.
E depois veio Edward Snowden e suas surpreendentes revelações sobre como foi industrializado o negócio da vigilância desde o 11 de Setembro, de tal forma que – sem qualquer tipo de consentimento significativo – inúmeros milhões de pessoas pelo mundo afora tiveram suas informações privadas coletadas, analisadas e armazenadas.
Juízes, parlamentares, advogados, presidentes, legisladores, gigantes da internet e professores universitários do mundo inteiro debruçaram-se sobre as reportagens do Guardian tão solidamente editadas pela editora Janine Gibson. A rede de telefones nos Estados Unidos que violou diária e sigilosamente a privacidade de milhões de cidadãos norte-americanos desde outubro de 2001 só foi encerrada este mês [maio de 2015]. Isso talvez se tenha tornado inevitável depois da contundente derrota que o programa sofreu no Congresso e depois que um tribunal de recursos norte-americano determinou que o grosso da coleta de metadados telefônicos revelado por Snowden era ilegal.
Nossa recompensa foi o prêmio Pulitzer por um serviço público. Infelizmente, Snowden, que fez o tipo de sacrifício que, em maioria, acharíamos difícil considerar, terá que esperar por sua absolvição e justo reconhecimento.
À medida que eu limpava as prateleiras e punha em ordem coisas de importância efêmera, fui fazendo uma reflexão sobre o que é o Guardian – e o que significa ser um editor.
Quando John, um dos filhos de C.P. Scott, decidiu colocar o Manchester Guardian num fundo financeiro, ele consultou Gavin Simonds, futuro ministro do governo de Winston Churchill, que lhe disse: “Parece-me que você está tentando fazer algo muito repugnante em termos da legislação da Inglaterra. Você está tentando despojar-se de um direito de propriedade”.
Era precisamente isso que John Scott estava tentando fazer. Sir William Haley, que posteriormente foi editor do Times, disse: “Ele poderia ter sido um homem rico; e optou por uma existência espartana. E quando decidiu despojar-se de qualquer lucro ou benefício [no Guardian], ele o fez sem qualquer demonstração emotiva, como se estivesse resolvendo um problema de álgebra. Diante de tamanho sacrifício, a maioria dos homens teria exigido, pelo menos, o preço de uma atitude”.
A decisão da família Scott de abrir mão de qualquer interesse financeiro no Guardian deve constar entre as grandes ações históricas de uma filantropia voltada para o público. Ao fazê-lo, eles criaram uma estrutura de propriedade com dois objetivos: garantir o futuro do Guardian em termos perpétuos e proteger sua independência em qualquer situação, a qualquer custo e contra quaisquer concorrentes.
A questão da perpetuidade é, obviamente, um trabalho que está sempre avançando – embora a construção de um investimento de 1 bilhão de libras [cerca de R$ 4,8 bilhões] signifique uma sólida fundação para o futuro. O papel do Guardian Media Group – o braço comercial da operação – foi fundamental.
A independência que o Fundo Scott nos concedeu manifesta-se de centenas de maneiras. Pouco antes da recente eleição geral, durante a hora do almoço, cerca de 200 pessoas estavam numa sala tentando decidir qual partido – se é que algum deles – apoiar. Não havia qualquer tipo de mensagem vinda de cima, explícita ou implícita. Certa ou errada, a decisão cabia exclusivamente ao nosso grupo.
Esse mesmo espírito está ali a cada manhã, quando qualquer pessoa da equipe pode vir à reunião matinal de pauta – para ouvir, para contribuir, para desafiar, para assimilar. Estava ali quando as pessoas que subscreveram a ação de difamação do ministro Jonathan Aitken exigindo que a TV Granada, igualmente acusada, capitulasse – enquanto o Fundo Scott nos dizia que lutássemos. Estava ali quando o Estado e vários políticos vieram pedir que suspendêssemos as matérias sobre Snowden. O fundo tinha a resposta perfeita: não podemos.
Estava ali sempre que este editor precisou das duas corujas mais sábias – Hugo Young e Liz Forgan. Está ali nas palavras do ensaio centenário escrito por C.B. Scott em 1821, no qual ele fala do equilíbrio entre a existência material e a existência moral de um jornal – entre lucro e poder. Nunca uma questão foi tão importante para ele quanto essa.
O poder acima do lucro. Mas mesmo isso, num contexto moderno, deixa-me um pouco inquieto. Termino com uma confissão sobre o trabalho de editor e uma angústia persistente sobre essa história de poder.
Um editor – se ele ou ela assim quiser – pode ser uma pessoa realmente poderosa. Os editores podem fazer e podem desfazer as pessoas. Eles determinam quem tem o direito de voz e quem continua mudo. Eles podem intimidar e assustar quem quiserem. Podem impor suas opiniões num jornal e, por intermédio desse jornal, num país e nas vidas de milhões de pessoas.
Como vimos, eles podem infringir a lei enquanto investigam vidas privadas – com a razoável confiança de que ninguém os irá deter, nem mesmo a polícia ou o órgão de regulação. Podem ter uma influência desproporcional no decorrer de debates – para isso basta excluir os argumentos contrários. Uma voz pode dominar um jornal por completo, da primeira página, ao longo das páginas de notícias e das colunas editoriais, até a seleção de alguns para serem comentaristas.
As pessoas ainda se ajoelham a este tipo de poder, mesmo numa época em que se acredita que a influência da grande mídia esteja em declínio. Na minha modesta maneira, eu o experimentei em primeira mão. E, de certa forma, isso me satisfaz. Desejo que as instituições do Quarto Estado sejam fortes. Num mundo do poder globalizado, distante e muitas vezes inexplicável, uma fonte investigação e influência compensatória é mais necessária do que nunca.
Mas eu nunca quis que o Guardian fosse minha voz – nem meus colegas do Guardian o iriam querer ou permitir. C.P. Scott viu com clareza que um jornal deve esquivar-se às “tentações de um monopólio… A voz dos opositores tem o direito a ser ouvida, não menos que a dos amigos”.
Não sei se sempre vivi à altura do ideal de C.P. Scott, mas foi importante para mim que oGuardian contasse, por exemplo, com Simon Jenkins, com Max Hastings ou com Matthew d’Ancona, assim como com outros profissionais que nadavam melhor em nossas correntes liberais.
Largando o poder
O Guardian teve a força necessária para resistir aos ataques lançados contra o nosso jornalismo durante os últimos 20 anos – e foram muitos. Mas nós conseguimos a nossa capacidade de superá-los no poder da instituição, e não de um indivíduo qualquer.
Mas o poder de um editor sempre me deixou nervoso. Quando comecei no cargo de editor, abri mão de um poder significativo: o poder de corrigir. Parecia-me óbvio que o jornalismo, enquanto meio imperfeito, irá sempre incluir erros – e a última pessoa capaz de julgar se foi ou não cometido um erro é a pessoa responsável por tê-lo cometido.
Nunca esqueci esta honesta descrição de um jornal feita pelo jornalista David Broder, doWashington Post: “Um relato parcial, precipitado, incompleto, inevitavelmente equivocado e incorreto de algumas das coisas que ouvimos nas últimas 24 horas – distorcidas, apesar de nossos esforços para eliminar grosseiras parcialidades, pelo próprio processo de compressão de dados que torna possível você pegá-lo do lado de fora de sua porta e lê-lo em cerca de uma hora. Se rotulássemos o produto de forma adequada, então poderíamos logo acrescentar: ‘Mas é o melhor que pudemos fazer, nas atuais condições. E voltaremos amanhã com uma versão corrigida e atualizada’.”
E, portanto, desde 1997, quem achar que o Guardian fez algo de errado, pode evitar o editor epedir ajuda a alguém que não é responsável perante o editor, e sim perante o Fundo Scott. Eu não posso interferir em suas opiniões nem editar a coluna semanal em que ele tem plena liberdade para criticar o jornal e expor nossas fraquezas.
Este tipo de coisa é lugar-comum nos jornais norte-americanos, assim como em outros países, mas ainda não é a regra no Reino Unido. Dá para perceber por quê. Se, como editor, você saboreia com enorme prazer a opinião a partir do púlpito do opressor, não faz qualquer sentido você nomear um árbitro verdadeiramente independente.
Mais recentemente, abri mão de mais poder ao criar um conselho editorial para fazer a supervisão das páginas de comentários e das principais colunas. Não acompanhamos inteiramente o modelo norte-americano, no qual o editor-executivo – por exemplo, doWashington Post ou do New York Times – não pode interferir de modo algum nas páginas de opinião. Continuei sendo o editor de todo o Guardian. Mas eu queria criar uma divisão clara entre o noticiário e os comentários, e passar ao conselho editorial, liderado por Jonathan Freedland, a liberdade (e o tempo) para refletir sobre a questão. É claro que C.P. Scott arquitetou genialmente essa articulação em seu ensaio de 1821. Um era livre; o outro era sagrado. Como de costume, ele tinha razão.
Na semana que vem, pela primeira vez em 20 anos, não estarei no comando do noticiário. OGuardian está em boas condições e seu alcance, sua influência e seus investimentos vão muito além do que se poderia imaginar na época em que John Scott fez seu sacrifício nobre e filantrópico.
Fui abençoado por poder contar com colegas maravilhosos, de quem terei enorme saudade – apenas citei alguns deles neste texto. Katharine Viner será uma maravilhosa décima-primeira (ou mesmo décima-segunda) editora do jornal. No ano que vem irei chefiar (com Lady Margaret Hall, da Universidade de Oxford – fundada, como o Guardian, em nome da reforma) a instituição que passei a apreciar mais do que qualquer outra nos meios de comunicação: o Fundo Scottpropriamente dito.
Farei a despedida de meus colegas pessoalmente. Mas, por favor, leitores, aceitem estas palavras como minha despedida de vocês, assim como minha imensa gratidão por seu apoio, por seu envolvimento, por sua reação e seus argumentos ao longo de tantos anos. Sei que muitos de vocês se tornaram “sócios” do Guardian e abriremos cada vez mais o jornal para viver essa experiência física.
Reparei que alguns dos leitores mais dedicados tendem a associar suas idades ao editor. “Eu comecei com Wadsworth”, diria um mais idoso; ou “Eu comecei a ler com Hetherington”.
Mas, no final, nós editores estamos apenas de passagem. Todos nós sabemos que são vocês, leitores, que carregam a tocha.
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Os anos Rusbridger
24 de janeiro de 1995 – Rusbridger é nomeado editor pelo Fundo Scott, após ganhar o voto dos jornalistas e entra para o lugar de Peter Preston. Ele havia sido editor de notícias variadas por um ano e havia lançado a revista Weekend e a seção “G2”.
Novembro de 1995 – É inaugurada a Go2, primeira publicação na internet do Guardian – que vem a ser a versão online do suplemento para ciência e tecnologia do jornal.
30 de setembro de 1996 – O parlamentar conservador Neil Hamilton retira uma ação por difamação. Posteriormente, o parlamentar foi considerado culpado de formular perguntas no Parlamento em troca de envelopes marrons cheios de dinheiro.
1997 – O Guardian torna-se o primeiro jornal britânico a criar seu próprio ombudsman – Ian Mayes torna-se Editor dos Leitores. Ele tem uma coluna em que trata de correções, esclarecimentos e reclamações.
20 de junho de 2007 – Jonathan Aitken retira a ação por difamação. Depois de ter prometido “erradicar o câncer de um jornalismo desonesto e distorcido”, o ex-ministro seria acusado de perjúrio e iria para a cadeia.
Janeiro de 1999 – Inauguração do Guardian Unlimited, cobrindo notícias, futebol, críquete e empregos. Em setembro já contava com um milhão de usuários.
12 de setembro de 2005 – É lançado o formato Berliner. O Guardian torna-se o único jornal nacional a circular num tamanho médio e em cores.
14 de março de 2006 – Todos os textos opinativos – e as discussões por eles geradas – passa a contar com uma página online: “O Comentário é Livre” [Comment Is Free].
Dezembro de 2008 – O Guardian muda-se para Kings Place transferindo uma equipe de 1.700 pessoas para o norte de Londres, depois de 32 anos na Farringdon Road.
28 de novembro de 2010 – São divulgados os telegramas pelo WikiLeaks. O Guardian é um dos cinco jornais no mundo todo que publica uma seleção dos documentos diplomáticos norte-americanos vazados por Bradley (agora Chelsea) Manning, um soldado que os baixara na internet.
4 de julho de 2011 – Terminam anos de revelações sobre escutas telefônicas clandestinas na News International, com provas de que o News of the World violou o correio de voz do telefone da estudante assassinada, Milly Dowler. O jornal fecha as portas seis dias depois.
5 de junho de 2013 – O Guardian publica documentos vazados por Edward Snowden relatando em detalhe a vigilância de informações privadas pela NSA [Agência de Segurança Nacional] e por outros órgãos. O Guardian e o Washington Post ganhariam um prêmio Pulitzer no ano seguinte.
Joseph Blatter está isolado na presidência da Fifa. Vive a solidão dos que perderam o poder, mas ainda não deixaram a cadeira dourada. Perde amigos, companheiros e aliados todos os dias enquanto o cerco da Justiça dos Estados Unidos se fecha. Não será surpresa se ele deixar a Fifa nos próximos dias. Está abatido. Envelheceu anos em semanas.
Nesta quinta-feira, manhã no Brasil, tarde em Zurique, endereço do seu gabinete, o presidente da Fifa aceitou a demissão do seu poderoso diretor de comunicação, Walter De Gregorio. Os dois eram muito próximos, trabalhavam juntos, um confiava no outro.
Gregorio conhece tudo sobre os bastidores da Fifa, o trabalho do Comitê Executivo, ninho dos dirigentes apanhados pelo FBI, entre eles o brasileiro José Maria Marin, preso na Suíça. Sabe que é quem nas principais federações de todos os continentes. Tem um controle absoluto sobre o passado dos dirigentes mais próximos de Blatter.
A queda de Gregorio mostra a fragilidade de Blatter. Um dos seus mais imponentes escudos nos encontros com a imprensa deixou o ex-chefe sem a proteção habitual. Será substituído pelo francês Nicolas Maingot, ex-adjunto de Gregorio. Maingot não tem a força política de Gregorio.
O golpe de Gregorio não veio sozinho. Blatter sofreu mais um direto no queixo, tonteou. Ouviu ainda que o Parlamento Europeu pede a sua saída imediata da Fifa.
Segundo a AFP, “a proposta de resolução do Euro Parlamento, apresentada em conjunto pelas sete bancadas políticas da Assembleia, foi aprovada por ampla maioria dos deputados durante uma sessão plenária em Estrasburgo”.
Os políticos europeus não querem apenas a saída de Blatter. Pedem uma eleição imediata e ainda apoiam as investigações penais em curso. (Do Zero Hora)
Dunga, comissão técnica e jogadores aprovaram o último teste da seleção brasileira antes da Copa América. Com a vitória por 1 a 0 sobre Honduras na noite da última quarta-feira, no Beira-Rio, a equipe confirmou os 100% de aproveitamento sob o comando do treinador – após a Copa do Mundo 2014 – e chegará embalada para a competição o Chile. O saldo, no entanto, não foi positivo para todos os envolvidos.
Patrocinadores da CBF e parceiros da organização do amistoso não gostaram de ver a partida ser disputada diante de arquibancadas vazias- 22.305 pagantes – e com Neymar no banco de reservas durante todo o primeiro tempo.
O cenário gerou grande preocupação e um debate entre os patrocinadores sobre a influência dos recentes escândalos na baixa procura por ingressos. Os parceiros temem que o interesse só diminua, tanto em partidas da seleção quando em torneio vinculados à CBF.
Ainda que defendam que não exista qualquer influência em decisões técnicas, os patrocinadores não ficaram muito felizes com o fato de Dunga também fazer mistério com a escalação de Neymar. Para os parceiros, uma confirmação oficial sobre a titularidade poderia alavancar a venda de entradas que não empolgou em nenhum momento da semana. (Do UOL)
Em julgamento realizado no final da manhã, no STJD, o Remo teve aumentada sua pena e pegou 3 jogos de suspensão de mando e multa de R$ 5 mil. Perdeu por 4 votos a 3. Anteriormente, a comissão disciplinar havia reduzido a pena para apenas um jogo, mas a procuradoria recorreu recomendando agravamento. A perda de mandos será cumprida na primeira fase da Série D 2015 e é provável que o Remo faça seus jogos em Macapá, onde tem grande contingente de torcedores.
Só para lembrar: a punição decorre dos tumultos causados por briga de “organizadas” na arquibancada do estádio Diogão, em Bragança, durante o jogo Remo x River-PI pela Série D 2014.
Beautiful Game, Dirty Business, proclamou a revista The Economist em edição publicada na semana que antecedeu a abertura da Copa de 2014. Às vésperas do Congresso da FIFA, o FBI comandou o espetáculo das prisões dos cartolas no luxuoso hotel Baur o Lac, de Zurich.
Na posteridade da intervenção policial, a mídia global, quase unanimemente, festejou a força saneadora do Departamento de Justiça dos Estados Unidos em território estrangeiro. No Brasil, os festejos não poderiam escapar às exuberâncias da alma tropical, sobrando estreita margem para o espírito desconfiado. Não digo crítico, porque este modo de ser da inteligência humana naufragou nas águas babilônicas da cultura de massas contemporânea.
O time majoritário de articulistas e escribas derramou-se em laudatórios à firme disposição dos americanos de “acabar com tudo aquilo e recolocar o futebol no lugar que ele merece”. Na Folha de S.Paulo degustei o artigo da jovem Mariliz Pereira Jorge. Numa rememoração das façanhas do general Custer, Mariliz desmanchou-se em admirações pela justiceira incursão da cavalaria americana no território do jogo da bola, onde habitam os Cheyenne e os Sioux da corrupção.
Há os que ainda guardam reservas quanto à legitimidade e as intenções da cavalaria do desditado Custer, outrora massacrada na batalha de Little Bighorn, hoje disparando tiros a esmo por todas as partes do mundo. Na contramão dos colegas, Juca Kfouri e Ricardo Melo ofereceram ao leitor uma versão mais desconfiada e crítica do episódio FBI-FIFA. Os dois tiraram o pé do acelerador maniqueísta e ensaiaram uma narrativa a respeito do jogo estratégico entre os protagonistas do enredo que se desenrola na vida real. Na vida real, contracenam o Império Americano e seu sistema financeiro globalizado, o Império da Bola e os implacáveis Impérios Midiáticos.
Aos interessados nas façanhas da Justiça americana, reproduzo trecho da matéria do Center for Public Integrity: “Desde a crise financeira deflagrada há sete anos, nenhum dos executivos graúdos dos bancos gigantes de Wall Street, os que se beneficiaram da bolha imobiliária, foi instado a prestar contas de suas proezas (e falcatruas, digo eu) financeiras”.
Do Império do Norte chuto a bola para os Reinos do Sul. Lembro, outra vez, a entrevista concedida há tempos ao jornal Lance! pelo ex-jogador Alex, hoje comentarista da ESPN. Indagado sobre quem manda no futebol brasileiro não trepidou em desdenhar a CBF (“uma sala de reuniões”) e botou os senhores da mídia no trono. “Quem manda no futebol brasileiro é a Rede Globo”.
Para bom entendedor, basta relatar a eleição para a presidência do Clube dos Treze em 2010. O Reino da Bola e o Reino Midiático juntaram suas forças em torno da candidatura do empresário Kleber Leite. A Santa Aliança tinha a missão de transformar a “sala de reuniões” no bunker inexpugnável dos generais futebol. O propósito era submeter os ainda recalcitrantes entre os clubes brasileiros a um comando sem fissuras e oposições e, melhor, sem “desperdícios financeiros”, leia-se, sem a adoção de critérios mais igualitários na distribuição das cotas entre os participantes dos campeonatos.
Em 2010, no episódio da negociação dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro, os Senhores das Imagens jogaram pesado. O Clube dos 13 teve a ousadia de propor uma licitação com regras adequadas ao complexo de mídias oferecidas pela moderna tecnologia digital. Ataíde Guerreiro, o diretor-técnico da comissão encarregada de definir os termos da negociação, teve a iniciativa de acelerar a supressão do direito de preferência, um filhote do monopólio [grifo do Viomundo].
A Santa Aliança fracassou: Kleber Leite perdeu a eleição. Mas como é praxe nos Brasil dos Senhoritos e Paneleiros, quem ganha no voto não leva. Os Donos da Bola implodiram o Clube dos Treze. Andrés Sanchez rezou o epitáfio da associação dos clubes ao declarar em reunião que se aliou aos “gângsteres” da Rede Globo. No carnaval de 2011, dois clubes do Rio de Janeiro chegaram ao ridículo de assinar uma carta de rompimento com o Clube dos 13, certamente escrita no embalo das folias Momo.
Em matéria de direitos de transmissão, o futebol brasileiro debate-se nas garras do Senhor das Imagens, acolitado por demônios miúdos que se enriqueceram à custa da intermediação dos direitos que pertencem aos clubes. Isso para não falar do desrespeito ao torcedor brasileiro, obrigado a ver os jogos de seu time às 22 horas, horário apropriado par uma disputa entre lobisomens e mulas sem cabeça.
Aos que ainda guardam humor suficiente para se divertir com hipocrisias, recomendo sintonizar os trejeitos e chiados da jornalista Leilane Neubarth na GloboNews. Ela insiste em indagar quem é mocinho ou bandido nessa história, no ingente esforço Global de ocultar o problema real e jogar areia nos olhos dos incautos.
Acontece hoje à tarde o julgamento do recurso impetrado pela Procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) contra a pena aplicada pela comissão disciplinar ao Clube do Remo, devido ao violento confronto entre torcidas organizadas na arquibancada do estádio Diogão, em Bragança, no jogo entre Remo x River pela Série D do ano passado. O clube foi punido com a perda de um mando na comissão disciplinar do STJD, mas o procurador Paulo Schmidt recorreu pedindo aplicação da pena máxima – que prevê até a perda de 10 mandos, mais multa de R$ 100 mil.
Zico confirma sua pré-candidatura à presidência da Fifa e deve ter como principal oponente o francês Michel Platini, presidente da poderosa Uefa. Em entrevista, ontem, Zico criticou a organização da Copa do Mundo no Brasil e defendeu mudanças no processo eleitoral da Fifa. Quer a instituição do voto de ex-jogadores (hoje só dirigentes votam). Para confirmar candidatura, Zico precisa do apoio de cinco das federações nacionais. Na semana passada, o presidente da entidade, Josef Blatter, anunciou seu afastamento e prometeu convocar novas eleições depois da prisão de sete dirigentes da Fifa na Suíça, entre os quais José Maria Marin, ex-presidente da CBF.
Marcelo Oliveira não costuma se estressar, mas vai precisar, aconselha mentor
Nesta quinta-feira, Marcelo Oliveira deve ser confirmado como novo treinador do Palmeiras. De cara, o ex-técnico do Cruzeiro já recebe um aviso de seu mentor: para aguentar a enorme pressão no Allianz Parque, terá que deixar de lado o jeito pacato e virar um cara mais “estressado”, mais “nervoso”, mais “acelerado”.
É o que ensina Jair Picerni, ex-comandante do próprio “Verdão” e amigo de longa data de Marcelo Oliveira, que foi seu auxiliar no Atlético-MG, em 2004.
“Enquanto eu falava um monte de palavrão e apelava com os caras, ele nunca levantou a voz pra ninguém, nem falou nenhuma besteira. É um cara fantástico, muito calmo e bom demais”, conta Picerni, em entrevista ao ESPN.com.br.
“Torço muito por ele, mas vou dar um conselho: para aguentar o Palmeiras, ele precisa ser mais estressado, mais estourado, ter o coração mais nervoso (risos). Lá no Palestra tem que ser assim, falo por experiência própria. Precisa acelerar um pouquinho mais”, ressalta.
Oliveira, que anteriormente havia sido comentarista de TV na Rede Minas, era o homem responsável por preparar
relatórios sobre os adversários, sempre baseados em estatísticas, para Picerni. Eles trabalharam juntos até o comandante ser mandado embora, em outubro daquele ano.
Marcelo ficou nas categorias de base do “Galo” até 2007, quando saiu para se aventurar pela primeira vez como técnico, no CRB. Retornou ao Atlético-MG em 2008, como interino, e depois passou por Ipatinga, Paraná e Coritiba, clube que o tornou nacionalmente famoso após chegar duas vezes seguidas à final da Copa do Brasil.
Na sequência, teve passagem ruim pelo Vasco antes de chegar ao Cruzeiro, onde se consagrou como um dos técnicos top do futebol nacional, após conquistar o bicampeonato do Brasileirão, além de um Mineiro, com o clube celeste.
Oliveira acabou demitido em 2 de junho, após resultados ruins no Brasileiro e na Libertadores, sendo substituído por Vanderlei Luxemburgo. Com a demissão de Oswaldo de Oliveira no Palmeiras, acabou contatado para assumir a equipe alviverde, refazendo a parceria de sucesso com o diretor de futebol Alexandre Mattos, também bicampeão no Cruzeiro.
“É um cara fantástico. Sempre trabalhou sério e soube esperar a vez dele. Torço para que tenha muito sucesso no Palmeiras”, finaliza Picerni, hoje desempregado. (Da ESPN)
Cerca de 22 mil pessoas pagaram ingressos para assistir Brasil x Honduras, ontem à noite, na Arena Beira-Rio, em Porto Alegre. Domingo passado, em São Paulo, 34 mil tinham comparecido ao jogo Brasil x México. Em outros tempos, a Seleção Brasileira lotava estádios em qualquer cidade brasileira. O baixo comparecimento da torcida depois do traumático 7 a 1 para a Alemanha mostra que a Seleção terá que lutar (e vencer) muito para recuperar o antigo carisma. Nem mesmo a série vitoriosa de 10 jogos sob o comando de Dunga é suficiente para motivar o torcedor.
Como preparação para a Série D, o Remo programou jogos amistosos em Barcarena (dia 21 de junho) e em Cametá (23). A partida contra o Mapará, no Parque do Bacurau, terá caráter de homenagem póstuma ao zagueiro Gil Cametá, que morreu em acidente automobilístico em abril deste ano. Gil defendia o Cametá, mas teve passagem pelo Leão Azul. A arrecadação será destinada à família do jogador.