Dunga e as armadilhas verbais

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“Nós éramos ruins com sorte. Os outros eram bons com azar (risos). Aquela seleção tinha uma cobrança de 40 anos sem ganhar uma Copa América (time de 1989), 24 anos sem ganhar a Copa do Mundo. Tudo que fazia era de ruim. Até acho que sou afrodescendente, de tanto que apanhei. Os caras olham e batem. Mesmo quando ganha, não vai satisfazer a todos. Mas é uma alegria, um orgulho defender o nosso país”.

A frase acima, proferida por Dunga durante entrevista coletiva na sexta-feira, em Concepción, gerou um incidente que obrigou a CBF a pedir publicamente desculpas aos afrodescendentes em nota divulgada neste sábado.

Papão já tem novo atacante

O Paissandu recebeu na tarde desta sexta-feira o atacante Welinton Júnior, de 22 anos. Novo reforço para a Série B, foi submetido a exames médicos e físicos para ser incorporado ao elenco. Vem para a vaga deixada por Bruno Veiga.

Ratos de uniforme – histórias exemplares

POR OSWALDO COIMBRA
Fazia vinte anos que não voltava a Belém, onde nasci. Contratado pela UFPA e casado com uma professora da instituição, durante o doutorado na USP, fomos morar, perto da Praça Batista Campos, na Rua Tupinambás, diante de uma escolinha onde matriculamos nossos dois filhos pequenos. Algum tempo depois, para meu espanto descubro algo que havia muito tempo já era conhecido na vizinhança. Bem ao lado da escolinha, funcionava um comércio de drogas distribuídas através de motocicletas. Um dia, ao entrar no meu prédio, vejo três carros policiais estacionados em frente daquele local. Animado, comento na portaria: “Finalmente, vieram acabar com este absurdo”. O porteiro ri e responde: “Acabar nada, professor! Hoje é o dia de pagamento da propina deles”.
Depois nos mudamos para perto de outra praça, a da República. E como sempre acontece comigo, ali também terminei me tornando amigo dos vendedores de rua, que trabalham nas proximidades da minha residência. Como frequentadores permanentes daquela praça, eles viam tudo o que acontecia nela. E me contavam. Inclusive estas três histórias.
A primeira. Um ladrãozinho rouba a bolsa de uma senhora, dá uma rápida corrida, e, distanciado dela, volta a andar normalmente. Um dos vendedores pergunta: “Você não tem medo de ser preso pelos policiais da praça?”. O moleque responde: “Por que? Já dei a parte deles”.
A segunda. Policiais rodeiam o pipoqueiro da praça. E comunicam: “Tivemos a notícia de que você está vendendo drogas. Vamos revistar seu carro”. Na gavetinha do carro, encontram o dinheiro obtido com a venda de pipocas. “Vamos ter de aprender este dinheiro para levar à delegacia”, dizem para o pipoqueiro desolado. E, naturalmente, em outro lugar da praça, dividem a grana entre eles.
A terceira. Um comerciário gay, pede, choroso, a um dos vendedores ambulantes: “Você poderia me emprestar dinheiro para eu pagar minha passagem de ônibus”. O vendedor estranha. E pergunta: “O que aconteceu?”. O rapaz conta: “Eu tinha acabado de receber meu salário e estava com meu namorado na praça. Os policiais nos cercaram dizendo que queriam nos revistar para verem se não tínhamos drogas. Encontraram meu salário no bolso da minha calça. E se apropriaram dele argumentando que eu traficava drogas”.
Agora chega aqui a São Paulo a notícia de que um bar modesto, instalado perto da Praça da República e frequentado por estudantes, artistas e intelectuais, é administrado por gente corajosa a ponto de denunciar as tentativas de extorsão que sofrem por parte de policiais. E que o bar foi fechado há dois dias pela Polícia sob alegação de venda de drogas.
(Na foto, frequentadores do “8 Bar”, diante da porta dele, fechada. Eles criaram no Facebook a comunidade “Libertem Karllana e João”)

Bruno Veiga acerta com o Mogi Mirim

O atacante Bruno Veiga, que rescindiu contrato com o Paissandu na semana passada, já tem novo clube. É o Mogi Mirim, de São Paulo, que se reforça para tentar escapar da lanterna da Série B do Campeonato Brasileiro. Veiga terá vínculo com o Mogi até novembro. Outro jogador anunciado pelo clube foi o zagueiro Paulão, ex-Tupi.

Minowa pede licença e Ribeiro assume Leão

O presidente Pedro Minowa protocolou na secretaria do Clube do Remo, no final da tarde, pedido de licença de 90 dias. Com isso, assumirá o cargo o presidente do Conselho Deliberativo, Manoel Ribeiro. Pelo que já havia declarado, Ribeiro deve formar agora uma junta governativa para presidir os destinos do Remo.

Últimas homenagens a François Thym

Imagens do velório de François Thym, pela manhã, em capela mortuária localizada na rua Lomas Valentinas. Familiares, amigos, atletas, ex-jogadores, ex-alunos e conselheiros do Remo compareceram para o último adeus ao grande goleiro. (Fotos de Sérgio Noronha)

Adeus ao paredão François

POR GERSON NOGUEIRA

O Remo perde com a morte de François Thym uma parte de sua história mais gloriosa. Goleiro que marcou época no futebol do Pará, arrojado e muito forte fisicamente, François era conhecido pelas defesas espetaculares. Justificou como poucos o sentido do termo paredão.  Vindo de Paramaribo em 1961, rapidamente conquistou a torcida azulina numa época em que jogadores forasteiros começavam a brilhar por aqui.

Com intermediação do empresário Raimundo Farah, François veio na sequência de outros atletas estrangeiros trazidos pelo dirigente Jorge Age para o Remo, casos de Veliz e Rack.

Com a camisa azulina, François ganhou o primeiro título do Norte, em 1968, em disputa que envolveu Tuna, Paissandu, Nacional, Fast Club, Ferroviário (MA), Moto Clube, Flamengo (PI) e Piauí. Na decisão em três jogos, triunfo sobre o Piauí. A escalação daquele time está na memória de todos os azulinos: François; China, Alemão, Casemiro e Edílson; Sirotheau e Carlitinho; Birungueta, Amoroso (Waltinho), Rubilota e Adinamar. Danilo Alvim era o técnico.

Já a Copa Norte-Nordeste foi ganha depois de duas tentativas frustradas. Bicampeão do Norte (1968 e 1969), o Remo foi finalistas duas vezes do chamado Nordestão, mas perdeu nas finais. Em 1971, finalmente, derrotou o Itabaiana (SE) dentro do Baenão, por 2 a 0, e conquistou o título do Norte e Nordeste.

François, que havia sido ídolo como atleta, era o treinador do time campeão, tendo sob seu comando a base do que viria a ser um dos maiores esquadrões azulinos de todos os tempos, a começar pelo goleiro Dico, que se tornou seu mais festejado sucessor. Anos depois, atestando seu grande conhecimento do assunto, indicaria também Edson Cimento ao clube.

Admirado pelo caráter e pela seriedade, trabalhou também como supervisor de futebol no Evandro Almeida e, nos últimos tempos, se dedicava a negócios pessoais. Foi professor de educação física e, em 1996, dirigiu o time do Bragantino. Morreu vítima de um câncer no fígado descoberto já em fase terminal. Estava com 71 anos.

François é figura de honra na galeria dos grandes goleiros do Remo, ao lado de Veliz, Jorge Baleia, Dico, Edson Cimento e Clemer.

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A despudorada patolada chilena

O mundo ainda discute a imagem da mão boba do chileno Jara no uruguaio Cavani, estopim do violento revide do atacante, imediatamente expulso pelo brasileiro Sandro Meira Ricci. Pela rapidez dos acontecimentos, ninguém entendeu a agressão de Cavani ao zagueiro, apesar dos gestos do jogador tentando explicar ao árbitro o que havia ocorrido.

A explicação só seria compreendida minutos depois quando as agências de notícias postaram na internet a prova do crime. A surpresa ficou por conta do ineditismo do flagrante. Atitudes desse tipo não são incomuns em futebol, como forma de provocar adversários. Incomum é ver a cena estampada registrada pelos fotógrafos. Como também não é lá muito normal ver uruguaio no papel de vítima – Luizito Suarez que o diga.

Em meio ao sarro generalizado em torno do assunto, o árbitro brasileiro tombou como primeira vítima. Medida correta em face da frouxa atuação de Ricci, completamente manobrado por Alexis Sanchez e outros jogadores chilenos. Confirmou a fama de árbitro simpático aos times da casa.

Resta ainda dúvida quanto à punição que Jara irá receber. Se a Conmebol usar o mesmo critério empregado para punir Neymar (quatro jogos de suspensão) e da Fifa para castigar Suarez pela mordida no italiano (afastamento sumário da Copa), o chileno deve ser banido da competição. Peitar árbitro é infração grave, mas apalpar adversário já é sacanagem.

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E Minowa finalmente acerta um golaço

O Remo anuncia o rompimento do contrato com a Gol Store. A ser confirmada juridicamente a informação, a decisão da Diretoria é digna de aplausos. Depois de seis anos de vigência conturbada, o presidente Pedro Minowa rescinde o contrato com a empresa, que, segundo o clube, não vinha cumprimento com várias cláusulas do contrato. Conforme a notificação, foi concedido prazo de 15 dias para que a Gol Store devolva as lojas – na sede da avenida Nazaré e no Baenão – de forma amigável.

O referido acordo comercial, celebrado na gestão de Amaro Klautau, só trouxe danos às finanças do clube. Na gestão de Sérgio Cabeça, o diretor jurídico Ronaldo Passarinho foi autorizado a entrar com medida cautelar na Justiça, pedindo a rescisão do nefasto contrato. Para estarrecimento do próprio Ronaldo, o presidente anexou duas cartas ao processo, dando razão a Gol Store e motivando o arquivamento.

Para completar a lambança, Cabeça ainda autorizou a Gol Store a abrir mais uma loja no Baenão. Depois da renúncia de Cabeça, Zeca Pirão assumiu a presidência e declarou publicamente que iria “lacrar” a loja da Antônio Baena. Deixou o cargo sem fechar a loja e sem exibir novo contrato com a empresa.

Cabe agora a Pedro Minowa fazer o que o jurídico do clube há tempos havia recomendado. Diante dos exemplos citados, é prudente esperar para ver como é que fica.

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ARF treina para a Copa da Noruega

O time Alunorte Rain Forest (ARF) realiza amanhã mais um amistoso em preparação para a Copa da Noruega, competição infanto-juvenil internacional na qual representará o Pará, em julho, na Categoria Sub-17. A equipe barcarenense joga no Sesi, em Ananindeua, contra o time da casa, formado por garotos do projeto social Atleta do Futuro.

O Rain Forest é o braço esportivo do programa educacional “Bola pra Frente, Educação pra Gente”, desenvolvido pela Hydro Alunorte nas escolas de Barcarena em parceria com a Secretaria Municipal de Educação (Semed).

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 25)