São Paulo fica no Brasil?

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POR NIRLANDO BEIRÃO, na CartaCapital

Aposto que José Maria Marin

será ovacionado se aparecer naqueles

restaurantes que vaiam petistas

“Paulista é esquisito”, desabafou Gilberto Braga, o Martin Scorsese da teledramaturgia brasileira. Paulista, diz ele, adora o Jamanta – aquele personagem limítrofe que Silvio de Abreu criou em Torre de Babel (de 1999) e repisou em Belíssima(de 2005). “Fora de São Paulo ninguém suporta (o Jamanta), mas lá é um sucesso.”

O autor de Babilônia queixa-se dos baixos índices de audiência da novela das 9, embora alivie com a constatação de que todo o Brasil é que encaretou. De todo modo, os brios quatrocentões imediatamente se exaltaram, argumentando que não é só em São Paulo que duas senhoras maduras e bem-postas não têm o direito de se amar (Gilberto Braga desistiu de fazer de Marcos Pasquim um personagem gay a pedido de dondocas paulistanas) .

São Paulo não explica Babilônia, masBabilônia expõe muito do espírito retrógrado, oligárquico, racista, preconceituoso da São Paulo dos Jamantas. Talvez console a Gilberto Braga saber que Regina Casé paga, em São Paulo, com uma audiência abaixo da média, o preço da negritude que exala do seu Esquenta, com aquela efusão de samba feliz e suarento.

Dias atrás, Roberto Jefferson anunciou que, tão logo recupere seus direitos políticos, vai mudar o domicílio eleitoral para São Paulo. Faz sentido. O eleitorado de São Paulo tem uma paixão obscena por pilantras de variegadas procedências, desde que tragam no seu blá-blá-blá o ódio ao PT. Onde viceja um Roberto Freire um delator fará furor.

Nelsinho Piquet conquista primeiro mundial de F-E

POR FLÁVIO GOMES

Frame capturado da transmissão do Fox Sports. Nelsinho ficou na dúvida sobre o título. Quando teve certeza, chorou. Porque esse comeu o pão que o diabo amassou. OK, ajudou a amassar, com uma atitude imperdoável no escândalo de Cingapura. Expulso da F-1, porém, foi à luta e soube se reinventar. É campeão.

piquetchora

O mundo do esporte dá voltas. Ô, se dá… Quis o destino que hojeum Senna tenha ajudado um Piquet a conquistar um título mundial. A Fórmula E encerrou sua temporada com uma rodada dupla em Londres que teve tudo aquilo que o fã do automobilismo gosta. Drama, tensão, chuva, ultrapassagens, alto nível de pilotagem, punições, suspense até o último instante.

E Piquet. E Senna.

Dois que nunca se deram, Nelson pai e Ayrton tio.

Dois que se dão, Piquet filho e Senna sobrinho.

Hoje, Nelsinho era o que tinha menos chances de ser campeão, apesar de liderar nos pontos. Sua classificação, pela manhã, foi um desastre. Não por sua culpa. Os dois últimos grupos pegaram pista molhada. Buemi, que ao lado de Di Grassi brigava com o título também, andou com pista seca.

Resultado: Buemi em sexto no grid, Di Grassi em 11°, Piquet pimpolho em 16°. Nessas condições, num circuito estreitíssimo, era muito difícil conseguir chegar perto o bastante do suíço. O normal seria ver o ex-piloto da Toro Rosso ganhando uma ou duas posições, tentar uma volta mais rápida, que dá dois pontos, e faturar o título — ainda que por pequena margem. Lá de trás, o brasileiro teria enormes dificuldades, ta,vez, até para pontuar.

Mas Nelsinho largou muito bem. Ganhou quatro posições de cara. Um dos que estavam à sua frente era o companheiro de equipe, o que facilitaria as coisas quando fosse necessário. No primeiro stint, Piquet segurou a onda para trocar de carro depois dos outros. Não deu muito certo, nem muito errado. Voltou onde estava, de novo atrás do parceiro, mas a quase 10s dele.

Aí a sorte deu u’a mão. Ou duas.

Primeiro, Buemi rodou quando saiu dos boxes e perdeu a posição que ganhara no início da prova. Foi ultrapassado por Bruno Senna. A matemática entrou em campo.

Depois, um safety-car na 20ª das 29 voltas aproximou todo mundo — batida de Leimer. Isso permitiu que na relargada Nelsinho passasse o parceiro Oliver Turvey e, na balada, ganhasse também a posição de Salvador Durán — esta, sua ultrapassagem mais fácil e importante na corrida. Assumiu o oitavo lugar. Imediatamente à frente, o inimigo Di Grassi. Tentar algo sobre ele estava fora de questão — Lucas mandaria o jovem Piquet para o lago do Battersea Park. Assim, restava torcer para tudo acabar como estava. Com Buemi em sexto, Nelsinho seria campeão por um mísero ponto. “Vai, Bruno!”, deve ter gritado dentro do capacete.

Claro que a e.dams avisou seu narigudo piloto de que a vaca estava indo para o brejo. E ele partiu para cima de Senna alucinadamente, porque era a única chance que tinha de ser campeão. O primeiro-sobrinho foi duro na defesa de sua posição, mas não fez nada de errado. Se não se esforçasse tanto, tiraria o título de Nelsinho. Senna segurou uma barra pesadíssima, porque o helvético tinha mais carro e, claro, motivos mais do que suficientes para passar por cima dele. Mas Bruno ficou firme. E deu a taça a Piquet.

Um Piquet. E um Senna.

Buemi ficou bravo, gesticulou em direção a Bruno, mas estava mais irritado consigo mesmo do que qualquer outra coisa. “Ele se colocou nessa posição quando rodou sozinho e eu o ultrapassei”, disse Bruno. Tinha toda razão. No final, o vencedor Sarrazin foi punido com 30s em seu tempo total de prova por usar mais potência do que o permitido e a vitória ficou com o inglês Sam Bird. Bruno foi o quarto, com Buemi em quinto, Di Grassi em sexto e Nelsinho em sétimo.

Piquet pilotou muito bem durante toda a temporada. Ganhou duas corridas, aprendeu rápido a lidar com carros que eram uma novidade total, soube usar de estratégia, foi agressivo quando precisou, largou quase sempre de forma precisa e decisiva, mereceu amplamente o que conquistou. Foi por um ponto, 143 x 144. Quando seu pai ganhou o Mundial de F-1 pela primeira vez, em 1981, também foi por um ponto, 50 x 49 na disputa com Carlos Reutemann.

Os deuses das corridas capricham, quando querem.

O passado é uma parada…

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Capa da revista Vogue, edição de novembro de 1939.

Rock de luto. Partiu Chris Squire

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Chris Squire, baixista do Yes e um dos maiores virtuoses do instrumento, morreu em decorrência de leucemia. Tinha 67 anos. Grande perda para o rock.

Lyoto perde de novo

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Lyoto Machida entrou duplamente pressionado para fazer a luta principal do UFC Flórida, diante Yoel Romero. A primeira, foi porque precisava se recuperar de derrota para Luke Rockhold, e também porque todos os brasileiros do evento já tinham garantido a vitória. No entanto, o ex-campeão dos meio-pesados organização não resistiu ao cubano e foi derrotado por nocaute técnico no terceiro round. (Com informações do Lancenet!)

Leão empata em Uberlândia

No primeiro teste oficial do Remo para a Série D 2015, a equipe empatou na tarde de sábado com o Uberlândia-MG em amistoso disputado no estádio Parque do Sabiá. De amistoso só o nome porque o jogo foi tenso, com jogadas ríspidas, arbitragem atrapalhada e quatro expulsões. No primeiro tempo, houve domínio do Remo, embora o time da casa ameaçasse em contra-ataques, chegando a botar uma bola na trave. Mas, aos 44 minutos, em jogada de Alex Ruan, a bola chegou a Aleilson, que abriu o placar e marcou seu primeiro gol com a camisa azulina.

Bastante modificado para o segundo tempo, o Uberlândia voltou mais agressivo e chegou ao empate em cobrança de falta. O zagueiro Bruno bateu forte e venceu o goleiro Fernando Henrique. A 20 minutos do final, explodiu a primeira confusão. Por reclamação, a arbitragem expulsou os atacantes Aleilson e Rafael Paty gerando protestos de todo o time remista. A partida ficou interrompida por seis minutos e o Remo, com nove em campo, conseguiu segurar a pressão do adversário. Antes dos 40 minutos, o zagueiro Bruno (Uberlândia) também seria expulso.

A taça em disputa ficou com os donos da casa, pois o Remo decidiu não disputar a série de penalidades para definir o ganhador do troféu. Jogadores e dirigentes mostravam-se revoltados com a atuação do trio de arbitragem. No próximo domingo, 5, o Remo irá enfrentar o Ipiranga (AP) no estádio Zerão, em Macapá.

UBERLÂNDIA – Clebão; Renan, Dourado, Andrezão (Bruno), Rafael Almeida e Vandinho; Ernando, Elivelton, Alê e Fábio Pereira; Marcelo Régis e Marcos Nunes. Técnico: Paulo Cezar Catanoce.

REMO – Fernando Henrique; George Lucas, Henrique, Ciro Sena e Alex Ruan; Ameixa, Ilailson, Juninho (Chicão) e Eduardo Ramos; Aleilson e Rafael Paty. Técnico: Cacaio.

ÁRBITRO – Gabriel Murta (MG).

E a lambança continua

POR GERSON NOGUEIRA

Como já virou praxe às sextas-feiras, o Remo tomou novo susto anteontem com a notícia de que o presidente Pedro Minowa havia protocolado pedido de licença do cargo por 90 dias. Havia a especulação de que ele renunciaria formalmente, mas a opção pelo licenciamento é claramente uma manobra para tentar ganhar fôlego e retornar mais forte daqui a três meses.

Diante da iminente destituição pela Assembleia Geral do clube, que irá se reunir no dia 13 de julho, Minowa resolveu se antecipar. Caso venha a ser realmente destituído pela AG, ainda lhe restará a opção de buscar a reintegração por via judicial e trabalhando a imagem de vítima de perseguição no clube.

Não que o presidente esteja longe da verdade. Há, sim, gente interessada em sua saída, mas essa possibilidade só ganha força pelo estado geral de abandono do clube. As seguidas falhas administrativas e erros grosseiros de organização empurram naturalmente a gestão para a marca do pênalti.

Caso pretenda ainda permanecer na presidência, após a licença, Minowa precisará reunir um apoio que até hoje não conseguiu ter no clube. Colaboradores, conselheiros e beneméritos se afastaram, deixando-o isolado e sem margem de manobra. Venceu as eleições, mas na prática não se impôs como mandatário, abrindo espaço para que seus opositores se levantem nas instâncias internas do clube.

A coisa é tão confusa no âmbito político que até Zeca Pirão, responsável maior pela situação aflitiva que o clube atravessa do ponto de vista financeiro, estaria se apresentando como possível alternativa caso Minowa de fato desista de continuar como presidente. Dificilmente, porém, seria aceito pelos conselheiros depois dos diversos atos de irregularidade apontados pelo relatório da comissão investigadora nomeada pelo Condel.

Depois de ser avisado da inesperada decisão de Minowa, o presidente do Condel, Manoel Ribeiro, deu a entender que tende a optar por uma junta governativa. Ressalvou que se preocupa com o clube como um todo, não apenas com o futebol. Precisará explicar isso à torcida, ávida por resultados justamente no futebol.

Cabe notar que, muito além das ambições políticas de cada um, está o Remo. É o futuro do clube que está em jogo. Dirigentes e conselheiros têm a obrigação de assumir um posicionamento elevado e que mire nos reais interesses da agremiação, passando por cima dos projetos individuais.

A história em torno do acordo trabalhista com o jogador Athos é emblemática do momento conturbado que o Remo atravessa. Com direito a quase R$ 1 milhão em salários atrasados, o atleta aceitou duas tentativas de acordo rescisório, mas a diretoria (gestão de Pirão) não cumpriu o acertado e o caso se encaminhou ao tribunal, onde o advogado do clube teve que propor o acordo de R$ 400 mil, dividido em parcelas.

O mais grave de tudo é que, segundo o representante jurídico, ninguém no clube guardou os recibos de pagamentos feitos a Athos, que seriam decisivos na defesa do Remo.

São lambanças desse naipe que precisam ser eliminadas da vida do clube, independentemente de quem seja o presidente.

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Conmebol: devagar, quase parando

A Conmebol como sempre caprichou na lerdeza e evitou até o último instante se manifestar sobre a punição ao jogador Jara, do Chile, autor de prática imprópria às normas desportivas na partida contra o Uruguai. O bom senso indicava que Jara deveria ser afastado imediatamente depois da partida, pois as imagens da cena de mão boba configuram prova cabal da grave infração cometida pelo atleta.

Fiel à sua tradição de pouco rigor principalmente quanto a questões de natureza disciplinar, a Conmebol deixou a semana expirar sem revelar o que foi decidido sobre Jara. Anunciou uma estranha investigação, com toda pinta de artifício embromatório.

Só como comparação, na Europa casos disciplinares são julgados sob rito sumário, com divulgação imediata. Símbolo maior da velha cartolagem sul-americana, a Conmebol não consegue se libertar dos velhos vícios, nem mesmo em tempos de devassa na Fifa.

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Copa América premia favoritos

Com exceção do Brasil, cujo jogo aconteceu quando esta edição do Bola já estará impressa, os demais favoritos da Copa América estão garantidos na fase semifinal. O Chile, dono da melhor campanha e anfitrião do torneio, passou com dificuldades pelo Uruguai, em partida marcada por incidentes e pela fraquíssima atuação do árbitro brasileiro Sandro Meira Ricci. Apesar disso, chega credenciado como real candidato ao título.

O Peru de Paolo Guerrero superou a Bolívia e é talvez o patinho feio da fase eliminatória, pois não estava entre os mais cotados.

Na sexta à noite, a Argentina só conseguiu avançar depois de emocionante série de penalidades forçada por um empate sem gols no tempo normal. Messi, Aguero (depois Tevez) e Di Maria criaram diversas situações de perigo, mas desperdiçaram quatro grandes chances contra um time colombiano tão preocupado em se resguardar que James Rodriguez jogou a maior parte do tempo como um volante recuado.

Duas seleções que gostam do jogo de habilidade e técnica, mas que exageraram nas faltas e jogadas de choque. Fica claro também que os jogadores que vêm dos campeonatos europeus sofrem com a sobrecarga física e não mostram o futebol que normalmente deslumbra o mundo.

Tudo isso contribui para uma competição de nível técnico apenas razoável, apesar de um forte sentido de rivalidade entre as principais equipes.

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Bola na Torre

Carlinhos, meia-armador do Papão, é o convidado da noite. Guerreiro comanda, com Tommaso e este escriba de Baião na bancada. Começa depois do Pânico, por volta de 00h10.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 28)