Um Re-Pa bem animado

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POR GERSON NOGUEIRA

As lambanças extracampo eram inteiramente previsíveis. Certa ingenuidade de nossos dirigentes, também. De surpresa mesmo, ontem à noite, no estádio Jornalista Edgar Proença, apenas a boa apresentação dos dois times. Poucos acreditavam que Leão e Papão poderiam jogar em ritmo tecnicamente razoável, visto que os elencos ainda estão em fase de treinos. Ledo engano.

Contra todas as expectativas, inclusive minhas, o clássico foi disputado em alta velocidade e o equilíbrio prevaleceu. A decisão nas penalidades foi o desfecho mais justo, terminando com o triunfo azulino.

Quando a bola rolou, a velha mística do Re-Pa deu as cartas. Nos minutos iniciais, o Remo se valeu do maior entrosamento de seu time, quase todo remanescente da temporada passada e com apenas duas estreias (Fabrício e Felipe Macena). Já o Papão se ressentia justamente do excesso de caras novas. Do time que disputou a Série C, somente Pikachu, Augusto Recife, Capanema e Bruno Viega.

O desnível ficou evidente logo nos primeiros movimentos. O Remo chegava forte no ataque, tabelando e explorando as jogadas pelas laterais, principalmente com Jadílson pela esquerda. A defensiva bicolor se encolhia, cercava e saía sempre na base do chutão. No meio, Recife e Elanardo tentavam pôr ordem na situação, mas com dificuldades.

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Roni soube explorar as jogadas em cima de Marlon, forçando o drible e as jogadas em velocidade. Lançado em profundidade por Fabrício e Felipe Macena, levou a melhor na maior parte das tentativas. Ou ia à linha de fundo ou recebia faltas seguidas.

Do lado alviceleste, a primeira boa jogada só foi acontecer depois dos 20 minutos, quando Rogerinho achou um lugar em campo e passou a se desprender do cerco imposto por Ilaílson e Macena. Com a bola nos pés, o camisa 10 bicolor passou a jogar com Bruno Veiga e daí saíram os melhores momentos do Papão no primeiro tempo.

Outro lance de emoção, que podia ter resultado em gol, nasceu de uma falha terrível do goleiro Fabiano. Ao tentar rebater a bola, jogou nos pés de Héber. Este bateu torto, apesar do gol escancarado. Logo em seguida, lançado por Macena, Rafael Paty teve bela oportunidade na área, mas deixou a bola escapar. Roni fechou o primeiro tempo com investida de dribles pela esquerda e um chute cruzado, que passou perto.

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O intervalo foi constrangedor. O segundo tempo demorava a começar. Os times ficaram nos vestiários, esperando a decisão dos dirigentes. É que os promotores não cumpriram o contrato, deixando de fazer o pagamento prometido. Depois de mais de 30 minutos de espera, o bom senso prevaleceu e a torcida – que nada tinha a ver com os descaminhos da promoção – pôde acompanhar o restante do clássico.

De maneira surpreendente, o Remo se lançou ao ataque, desperdiçando três boas chances. Com Rafael Paty desviando de cabeça rente ao poste, com Rafael Andrade cabeceando forte e Roni chutando na pequena área. A marcação adiantada atrapalhava a saída de bola do Papão, criando muitos lances de perigo junto à área.

A situação começou a mudar na metade do segundo tempo, quando o técnico Zé Teodoro trocou Fabrício por Val Barreto, matando o que era a fonte mais criativa do meio-campo. Eduardo Ramos, dispersivo, pouco contribuía para o time. Só saiu quando a equipe já era dominada pelo avanço dos bicolores.

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Rogerinho e Pikachu passaram a cair pelo lado direito do ataque e por ali o Papão quase chegou ao gol. Leandro Cearense havia substituído Héber e chegava com perigo sempre que era lançado na diagonal. O Remo perdeu Macena por contusão e Ratinho, que o substituiu, nada acrescentou à meia cancha.

Sem criatividade no meio-campo, os azulinos passaram a depender das arrancadas de Roni e de tentativas de bola aérea, sem maior sucesso. O Papão fustigou até quase o final, mas a defensiva remista mostrou-se firme, impedindo que o gol acontecesse. Resultado justo.

Nas penalidades, os azulinos não desperdiçaram cobranças. Fabiano defendeu o penal cobrado por Leandro Cearense – alvo de vaias da torcida do Leão – e Flávio Caça-Rato, inteiramente apagado com a bola rolando, fechou a série. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)

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Fabrício, Macena e Willian se destacam

Dos estreantes da noite, Felipe Macena e Fabrício foram os mais destacados, dando força e cadência ao Remo, principalmente no primeiro tempo. Coincidentemente, quando ambos saíram o time caiu vertiginosamente de produção, passando a ser envolvido pelo Papão.

Do lado alviceleste, Willian Alves mostrou segurança nas jogadas aéreas e tranquilidade para sair jogando. Elanardo tentou coordenar a marcação e a saída, mas teve dificuldades no primeiro tempo.

O clássico serviu para apresentar os novos jogadores às torcidas, mas a falta de melhor condicionamento pode ter influído nas atuações de Héber, Caça-Rato, Marlon e Carlinhos, que ficaram devendo.

Quanto aos jogadores já conhecidos, os melhores foram Roni, Bruno Veiga, Augusto Recife, Dadá, Pikachu, Max e Ilaílson.

A boa notícia para o torcedor é que, mesmo ainda precisando de afinação, os times produziram bem acima do esperado. Sinal de que devem engrenar ao longo do Parazão. A conferir.

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Vergonha e desrespeito

Os responsáveis pela I Copa Amazônia se esmeraram nos erros. Cobraram caro pelos ingressos, tiveram que liberar a venda de meia-entrada para qualquer torcedor e quase cancelaram a competição diante do pouco interesse despertado. Teria sido mais digno e menos vexatório.

Feia foi a atitude em relação aos dois maiores clubes paraenses, iludidos com a oferta de R$ 300 mil pelo primeiro jogo (mais R$ 200 mil), em caso de vitória no segundo jogo. No intervalo do jogo, diante do calote iminente, os dirigentes pensaram em não voltar a campo.

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Felizmente, depois de reunião nos vestiários, a lucidez superou a indignação e a torcida foi tratada com um mínimo de respeito. Cabe agora aos clubes recorrer às instâncias cabíveis para tentar diminuir o prejuízo. Só não haverá pagamento para o constrangimento histórico.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 22) 

41 comentários em “Um Re-Pa bem animado

  1. Exato amigo Gerson, não voltar seria o pior dos erros, ja que desrespeitaria a torcida e quebraria o contrato. Agora, depois do jogo, cabe cobrar judicialmente os valores acertados… Penso que Remo e PSC estão bem servidos para fazer isso.

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  2. O canto da Sereia…

    Remo e Paissandu cairam no canto da sereia, posto que, a marca Paissandu e Remo não valem 300 mil reais/por jogo no momento (devo reconhecer isso mesmo com todo o amor que tenho pelo alviceleste). Era dinheiro fácil demais para ser verdade.

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  3. A torcida do PSC estava certa quando não queria o Cearense, já começou dando um prejuízo de 100 mil Reais, mais do que todo o ordenado que tem por receber nos seus 4 meses de contrato, o povo aumenta mais não inventa

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  4. Vejo em Macena o mesmo brilho que via no jovem ELSINHO, lateral que passou no Remo. Atleta novo, habilidoso e comprometido com as causas da equipe.
    Que não saia do clube tão facilmente, também.
    E quanto a Rafael Paty? Será que foi acometido pela Síndrome de Ró, que no passado vitimou Branco?

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  5. Exato amigo Celira, as duas marcas não atualmente não valem 300 mil reais.

    Porém, o sujeito de olho grande achou que podia ganhar dinheiro em duas rendas brilhantes de 1 milhão cada, mas não foi avisado que torcedor paraense é avesso a amistoso.

    Onde entra a inocência dos cartolas, pra não dizer burrice, a preguiça de querer e acreditar nessa potoca.

    Que sirva de lição, e da próxima vez, recebam pelo menos a metade adiantado. Se bem que do jeito que são e como estão com pires na mão, já devem estarem satisfeitos com os 30 mil que já receberam.

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  6. Gostei da Síndrome de Ró. Vamos esperar se Paty realmente vai ser mais um. O fato é que o remo poderia contratar mais um atacante para reforçar o time. O amistoso foi muito bom para as duas equipes, principalmente para os treinadores.

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  7. Os bicolores, como sempre, estão desdenhando quando perdem. Porque acham que o “Grande Bicolor Amazônico” “quando perde é por descuido”.

    Mas a qualquer sinal de vitória posterior, vão dizer “tá vendo, quando vale a gente ganha, bla bla bla”

    RexPa, meus amigos, vale até no par ou ímpar.

    O resto é chororô

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  8. O primeiro mico do ano. Os empresários gananciosos acreditaram que levantariam 2 milhões, é ruim hein?.
    Perder um penal faz parte, o problema que foi o L. Cearense, aí a torcida pega!
    Mas, a vida que segue!

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  9. Macena é bom volante, estive no estádio e pude perceber. Saiu sentindo muito, tive a impressão de algo sério no joelho. Preocupante. Do lado do Papão, vale registrar a decepção com a fraca atuação do Marlon. Cearense apenas confirmou o esperado, muito ruim. Carlinhos me pareceu melhor que Rogerinho. Muito cedo ainda, aguardemos.

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  10. TUDO COMO PREVISTO!!!!. NADA DE IMPREVISTO.!!!!!!

    Já dizia minha desde os tempos de menina: “O povo às vezes aumenta!Mas não inventa! Ditado certo para o tudo o que nós da nação bicolor criticamos das contratações do MAIA, principalmente, os ex azulinos L cearense, Rogerinho: Jhonatha nem chegou a entrar em campo para jogar e para quem foi contratado como grande promessa isso por sí só já é um mal começo e trás a triste lembrança na passagem dele pelo azulino quando não se firmou no time com nenhum treinador . Rogerinho 9×0 , esse não é novidade principalmente para mim que sempre achei que dificilmente dará certo, principalmente pela atuação discreta de ontem. Leandro cearense despensa comentário e se deu ao luxo de perder logo penal decisivo logo na estréia, quando tinha tudo para mostrar que não veio fazer média no Papão. Para os que acham que é cedo para avaliar, porque foi só um jogo, acho melhor o seguinte: lembrem aquele slogam do João Cunha: ” tudo termina bem quando acaba bem” mas o Papão acabou muito mal quando perdeu o primeiro embate ainda que nos penais; vai disputar uma quase elite segunda divisão jogamos ontem com um time que nem divisão tem e com todo respeito da dificuldades que sempre tem num REXPA, mas acho que o Papão deveria ter mostrado muito mais do que vímos, mesmo sendo o primeiro jogo. Fiquei agora mais preocupado porque estrearam ontem quase todos os possíveis contratados para titular no Papão e não me agradaram. Imagine reservas???? Sei não mas já ví essa história infinitas vezes no Papão: um time formado para o parazão, outro muito diferente formado para disputar a segundona e o final da temporada infeliz.

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  11. Virou mesmo moda no paysandu menosprezar a conquista do adversário. Quando perdeu a copa verde, menosprezou o torneio, dizendo que não valia nada. Quando perdeu o parazão disse que o torneio não tinha importância, o que valia era o brasileiro. Quando perdeu o brasileiro, disse que terceira divisão igualmente não servia de nada, o que valia era a segunda. Por que participa de competições que não valem nada? Ou, por outra, que competição tem valor pra eles? A verdade é que o mau resultado de ontem já prenuncia novos vexames este ano. O time formado serviria para disputar uma terceira divisão, nunca a segunda.

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  12. Aque ponto o remo e sua sofrida torcida chegaram, comemoraram vitória em amistoso (que foi 0 a 0 no tempo normal) nos penaltis. Que coisa, também ficar uns 4 anos lutando para disputar a série d, ganhar só um estadual (2014), levar surra atrás de surra na copa do Brasil nos últimos 3 anos (Bahia, Flamengo e Inter/Rs, ah e esse ano, o carrasco é o Atlético/PR). O que vai acontecer agora, ganharam algo que não vale nada na prática, não vão receber nem a metade do que os patrocionadores tinham acertado e talvez o Bahia nem venha para o outro amistoso de domingo. Só remista mesmo para soltar fogos e gritar campeão num torneio amistoso mal planejado e mal organizado. Pelo menos, se o Bahia vier, nós bicolores já saberemos como esse time está para ver o que nos espera na série B em maio, pois diferentemente dos remortos, temos um ano cheio de campeonatos oficiais e não amistosos, e nós comemoramos títulos oficiais e não de brincadeira e so mais um recado, haverá um torneio de pelada aqui na rua de casa. Há vagas para qualqer clube, se o remo quiser pode se inscrever, pois o campeão disputará o campeonato mundial de pelada, kkkkkkkkkkkkkkkkk!

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  13. Queria ver se fosse valendo pontos se o Adelson ia mandar os jogadores voltar a cobrança de penalty principalmente o goleiro do remo. O que ele pegou do Leandro foi escandoloso saiu quase na marca do penalty

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  14. A Torcida remista é muito carente, dai dá para entender o motivo de festejar o fato de ter conseguido vencer o papão nos…penaltis, se o remo tivesse vencido mesmo que fosse no cara ou coroa, a sofrida torcida remista teria comemorado do mesmo jeito, é carência pura.quanto ao papão, eu fiquei decepcionado pois não conseguir vencer um time SEM DIVISÃO é no minimo preocupante.

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  15. Leio os comentários. Tudo normal. Vencedores (mesmo em penais) tirando sarro do rival. Perdedores (mesmo nos critérios de desempate) desdenhando a conquista adversária.

    Quantas vezes já vi esse filme!
    Se fosse o contrário, os que diminuem o feito azulino agora estariam festejando, mesmo sabendo que na atual conjuntura perder ou ganhar não quer dizer tecnicamente muita coisa.

    Lembro-me daquele último torneio internacional no Suriname, ganho pelo Paysandú, após dois empates, nas disputas de penais. Muita gente gente boa aqui neste blogue festejou à vontade. Mas agora vencer o rival nos penais não significa nada.

    É normal.

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  16. Prezado Antonio Valentim, o remo jogou melhor que o papão, isso é inegável, exatamente por isso me deixou preocupado, pois se este elenco bicolor teve dificuldades em enfrentar um time SEM DIVISÃO, fico imaginando a dificuldade que vai ter ao jogar a série B.

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  17. Quero estar enganado, mas acho que o excesso de humildade nas contratações de treinador e jogador para o Paysandu feitas pela dupla ROMA( Roger e Maia) podem custar muito caro ao clube no final dessa temporada, porque tem outro ditado que diz: ” quem muito se rebaixa, a bunda aparece”. Deixar um time todo capenga, sem divisão e no início da temporada levar vantagem no primeiro confronto, ainda que tenha sido nos penais, é um sinal muito ruim. E para os que ainda acham que não dá para julgar por ter sido do um jogo e o torneio é ximfrim, sem valor, devo lembrar como sempre que na história do futebol paraense, o Paysandu inciou seu período de ouro no futebol de 2001 a 2004, ganhando conquistas inesquecíveis e inacreditáveis como a Copa dos Campeões, Bi da série B, e a inesquecível vaga para a Libertadores, para a primeira divisão, além da Copa Norte, quando formou sua boa equipe com antecedência no final de 2000 mantendo a base que foi 4 lugar na segundona, tudo visando a temporada 2001 quando logo no início, justamente nesta época agora ganhou um torneio denominado COPA MAIS TV, cujos adversários eram Remo, Tuna e Ananindeua e o Papão levantou a taça, partindo daí para uma série de glórias inesquecíveis. Curioso é que neste ano os azulinos que form vice do torneio também fizeram xacota à conquista, debocharam dizendo que nós bicolores tínhamos de ir para a Doca comemorar. Mas depois disso vcs viram o que ocorreu no futebol paraense e quem riu por último e melhor. Dei esse exemplo para mostrar que nada pode ser desprezado nesse início de temporada. Nem ´título do torneio já perdido, que deve servir como alerta, nem o sinal de alerta dado pelo fraco desempenho do time bicolor que colocou em campo todos os titulares.

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  18. É muito cedo, amigo Marcelino, para fazer julgamentos, tanto de um lado como de outro.
    Talvez a razão de o Remo ter jogado melhor tenha sido pelo fato de ter alterado menos a equipe, que, por esse motivo, esteja mais entrosada que a do Psc.

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  19. Os torcedores do Paysandú querem um time na ponta dos cascos em menos de 15 dias, é muita exigência com um time no qual mais de 90% nunca jogou junto.
    Ontem o Remo levava a vantagem por ter o time mais inteiro pois conservou a base de 2014, mas a melhor oportunidade de gol perdido foi do lado alvi-celeste.
    Quanto aos penais, mera formalidade pois para a decisão do “torneio” teria que ter um vencedor ontem.
    O pênalti defendido pelo goleiro rival teve o mérito do Fabiano e a infelicidade na cobrança por parte do Cearense.
    Já da parte azulina, o Caça-rola errou a cobrança, mas como o goleiro foi adivinhar o lado…dançou!
    O primeiro clássico teve o resultado esperado, um 0 x 0, mais que previsto!

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  20. O Marlon está usando balão de oxigênio até agora por causa da canseira que o Roni deu nele. Coitado, vai sofrer muito na mão do moleque de Magalhães Barata.

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  21. Pelo jogo de ontem penso que o papão tende a evoluir, e o leão não tem mais para onde evoluir, pois e isso que esta aí desde o ano passado, e o zé teodoro não tem banco. Por isso mexeu mal.

    Abço.

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  22. Esse torneio meia boca serviu para exemplificar a teoria de que “malandro é malandro” e “mané é mané”. Mais uma vez, o amadorismo reinante há décadas no futebol paraense se evidenciou; desta vez com pseudos promotores de eventos no papel principal de “malandros”, enquanto dirigentes pagaram mico no papel secundário, fantasiados de “manés”.

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