Por André Barcinski, no portal R7
Em meio a esse bafafá sobre as mudanças que a Rede Globo fez no especial sobre Tim Maia, adicionando elogios ao “Rei”, ninguém lembrou uma das melhores histórias envolvendo os dois personagens. O caso está em meu livro “Pavões Misteriosos – 1974-1983: A Explosão da Música Pop no Brasil” (Editora Três Estrelas) e me foi contado por Ritchie, personagem central do imbróglio.
Só para situar o leitor, o caso aconteceu no meio dos anos 1980. Em 1983, Ritchie havia lançado o LP “Vôo de Coração”, pela CBS. Somando as vendas do LP e do compacto de “Menina Veneno”, Ritchie se tornara o artista de maior sucesso do Brasil entre 1983 e 1984. Até então, apenas um artista brasileiro vendera mais discos que Roberto Carlos: os Secos e Molhados, em 1974. Mas nenhum artista da gravadora de Roberto, a CBS, o tirara do topo do pódio, e isso, segundo Tim Maia, teria causado uma reação fulminante por parte do “Rei”.
Aqui vai o trecho de “Pavões” em que o “Síndico” explica a Ritchie como funcionam as coisas no mundo encantado de Roberto Carlos:
O futuro parecia promissor para Ritchie: rico, famoso, e com um contrato de mais três discos com a CBS. Mas uma série de desentendimentos e crises acabaria por prejudicar sua carreira. Depois do sucesso de “Vôo de Coração”, ele nunca mais teria um LP entre os 50 mais vendidos do ano no Brasil. Quando foi gravar o segundo disco, “E a Vida Continua”, o cantor sentiu certa má vontade por parte da CBS. “Eles não divulgaram o disco, não pareciam interessados.” A música de trabalho, “A Mulher Invisível”, outra parceria com Bernardo Vilhena, fez sucesso nas rádios, mas logo sumiu das paradas. O LP vendeu 100 mil cópias, uma boa marca, mas pálida em comparação ao 1,2 milhão de “Vôo de Coração”. O disco seguinte, “Circular”, vendeu menos ainda: 60 mil.
Ritchie ficou perplexo. Não entendia como havia passado, em tão pouco tempo, de prioridade a um estorvo na CBS. Até que leu uma entrevista de Tim Maia à revista “IstoÉ”, em que o “Síndico” afirmava que Roberto Carlos, o maior nome da gravadora, havia “puxado o tapete” de Ritchie. “Eu não podia acreditar. O Roberto sempre foi muito carinhoso comigo, sempre fez questão de me receber no camarim dele, sempre me tratou muito bem. Até hoje, não acredito que isso tenha partido do Roberto.” Um dia, Ritchie foi cumprimentar Tim Maia depois de um show no Canecão. O camarim estava lotado. Assim que viu Ritchie, Tim gritou: “Agora todo mundo pra fora, que vou receber meu amigo Ritchie, o homem que foi derrubado da CBS pelo Roberto Carlos”. Claudio Condé, da CBS, nega: “Isso é viagem. O Roberto nunca teve esse tipo de ciúme”.
Para piorar a situação, Ritchie havia comprado briga com outro peso-pesado da indústria da música: Chacrinha. Por um bom tempo, o cantor havia participado dos playbacks que o Velho Guerreiro promovia em clubes do subúrbio do Rio de Janeiro, mas essas apresentações começaram, gradativamente, a atrapalhar a agenda de shows de Ritchie. “O filho do Chacrinha, Leleco, marcou um playback comigo, a Alcione e o Sidney Magal no estacionamento de um shopping, mas eu tinha um show de verdade em Belo Horizonte, e meu empresário disse que eu não poderia comparecer.”
Resultado: Ritchie passou a ter cada vez mais dificuldades em aparecer na TV e viu notinhas maliciosas plantadas em colunas musicais. Uma delas dizia: “O artista inglês Ritchie, tão bem acolhido pelos brasileiros, se recusa a trabalhar com artistas brasileiros”. “Fiquei puto da vida.” Em janeiro de 1985, Ritchie, o maior vendedor de discos do Brasil no ano anterior, foi ignorado pelo Rock in Rio. “Aquilo me deixou arrasado. Lembro que um dos organizadores do festival deu uma declaração de que eu ‘nem brasileiro era’. Como pode uma coisa dessas?”
Ritchie estava tão por baixo na CBS que a gravadora concordou em rescindir seu contrato, mesmo faltando um disco. O cantor assinou com a Polygram e lançou, em 1987, o compacto de “Transas”, tema da novela global “Roda de Fogo”. “Transas” vendeu muito bem, mas o primeiro LP pela Polygram, “Loucura e Mágica”, não passou de 25 mil cópias. Em três anos, Ritchie fora de maior astro do Brasil a fracasso de vendas, tornando-se um exemplo marcante da efemeridade dos fenômenos pop. Anos depois, quando fazia um show em Angra dos Reis, o cantor foi procurado por um homem, que se apresentou como radialista e lhe disse: “Há anos quero te contar um caso: quando você lançou ‘A Mulher Invisível’, aconteceu algo que eu nunca tinha presenciado em mais de 30 anos trabalhando em rádio: eu ganhei um jabá da sua própria gravadora para não tocar sua música!”.
Veja o vídeo com o sucesso que teria enciumado Roberto Carlos:


Viajando na maionese…
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Nada me surpreende. Quem está no topo quer continuar lá.
Há várias histórias como essa em relação ao ex-comediante Renato Aragão, aquele que já morreu e esqueceu de cair, como ele próprio costumava dizer como piada sem graça.
Antes, para ser cantor bem-sucedido, o cara tinha que ter um vozeirão do tipo Francisco Alves, Nelson Gonçalves, Caubi Peixoto, Vicente Celestino… Roberto Carlos rompeu com esse paradigma e esse foi a maior contribuição dele para a música brasileira.
Na década de 1980, uma das mais férteis – senão a mais fértil – da Mpb, o chamado “Rei” já estava na descendente.
E o famoso jabá, existente também no futebol, é coisa abominável. Tim Maia combateu abertamente esse problema.
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Também não duvido amigo Valentim. Afinal, por que a CBS faria o contra-jabá com Ritchie? Ademais, mesmo emplacando boas canções nos anos 70 (e aqui discordo do amigo), a década de ouro da MPB, o capixaba terminou a mesma na descendente, com um ou outro sucesso, sufocado ante a concorrência de velhos e novos talentos como Tim Maia, Jorge Ben, o “pessoal do Ceará”, os “esquineiros” em carreira solo ou em trupe de Minas, Novos Baianos, Gil, Caetano, Secos & Molhados e Raul Seixas. Com a emergência do rock nacional como fenômeno de vendas a partir de 1982, Roberto Carlos ficou emparedado por um público ouvinte cada vez mais jovem que não lhe dava muita bola. Assumiu a condição de cantor romântico, chegando quase às raias do brega e desde o fim dos anos 1980 assumiu o personagem que lhe impuseram, fazendo pouco ou quase nada de novo. Está (há pelo menos uns 30 anos) longe do vigor musical de discos como o “da praia”, de 1969 ou “O Inimitável”, de 1968.
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Lembrou bem. Louvo particularmente os esquineiros Lô Borges, Milton, Beto Guedes, Flávio Venturini, Tavito, Fernando Brant…
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Como diria o Anaice: O diabo é quem duvida… Os bastidores tiram até campeonato ganho, por que nao tirariam o cantos das “paradas de sucesso”.
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?
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Eu não duvido !
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Tim Maia era incomparavelmente melhor do que Roberto-Globo-Carlos, com músicas muito melhores.
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Roberto é o rei da canção popular, só os cegos não percebem isso.
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Roberto é e sempre será o Rei da canção popular.
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Roberto Carlos é um cantor de quinta categoria, tem uma voz irritante e um charme de ator canastrão. Goste quem gostar dele, é preciso entender que há quem não goste de músicas dele. E é preciso aprender a conviver com as críticas, que nem sempre são boas. Outro dia disse que pouco importa a personalidade do artista porque não sou amigo dele, apenas um admirador da arte. No entanto, as queixas vão para além do comportamento e chegam a atitudes antiéticas, se o relato for verdadeiro.
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Roberto sempre foi traira, pra se destacar teve que derrubar os outros
RPM, vendeu mais que ele é teve que engolir isso
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Roberto Carlos destruiu o Ritchie na gravadora, assim como Marlene Mattos, diretora e empresária da Xuxa, perseguiram Angélica dentro da Rede Globo, que quase não conseguia divulgar suas músicas na emissora. Pra piorar, a diretora-geral da Globo, que entrou no lugar do Boni, era fã da rainha dos baixinhos, aí Angel se ferrou de vez. Além de parar de cantar em seu próprio programa, lhe tiraram o aurditório por todo o ano 2000. Como pode isso???? Ninguém entendeu, mas todo mundo sabia o que estava rolando. A diretora-geral saiu, MARLUCE DIAS, e assim do nada Angélica passou a ser vista pela emissora.
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Jorge Ben Jor fez País Tropical com apenas essa ele já supera todas as músicas do tal cantor que se intitula-se REI DA MÚSICA BRASILEIRA , mesmo que esse capixaba tenha vendido mais 140 milhões de álbuns ele nunca deixara de ser um cantor cruel , maléfico , energúmeno e entre outras nomeações ruins que ele merece nomeado , porque além de Ritchie quais outros tiveram suas carreiras arruinadas por ele e quais ele já tentou Impedir mas não conseguiu , isso será dito pôr várias pessoas após o seu esperado falecimento
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