Por Carlos Mendes, via Facebook
O jornalista Elias Pinto levanta uma questão importante na relação entre jornalistas e autoridades públicas, no caso o governador Simão Jatene, a propósito do programa “Roda Viva”, da TV Cultura nacional, exibido ontem, não ao vivo, mas gravado. Jatene pintou o sete em cima de jornalistas totalmente desinformados ou sequer informados sobre as coisas do Pará. Elias diz que se Lúcio Flávio Pinto e eu estivéssemos em uma roda igual a essa, para entrevistar Jatene, a coisa seria totalmente diferente e não aquela coisa modorrenta, açucarada, vista em rede nacional.
Mal saído de uma eleição disputadíssima, cheia de acusações e denúncias, o governador desfilou no programa como se no Pará não vivêssemos com graves problemas nas áreas de saúde, segurança pública, educação e saneamento. Como ninguém o questionou sobre tais questões, ele navegou lépido a faceiro, embalado pelas levantadas de bola do mediador Augusto Nunes, um tucano de carteirinha.
Mais lamentável foi a postura dos jornalistas da Folha de São Paulo e do Estado, perdidos numa ignorância cósmica sobre as coisas do Pará. Não se viu, por exemplo, nenhuma pergunta sobre as três ações judiciais impetradas pelo Ministério Público Eleitoral que poderão redundar, se forem acolhidas, na perda do mandato de governador de Jatene por abuso de poder político e compra de votos. Também nada se perguntou sobre a violência que domina Belém e todo o interior do Pará, onde o crime organizado age com desenvoltura.
Além disso, nenhuma palavra sobre as filas dos doentes recusados em hospitais públicos ou nesses cemitérios de vivos em que foram transformados nossos Pronto Socorros Municipais. O pior índice de saneamento do país, a miséria africana do Marajó e o saque das riquezas minerais e florestais do Estado também foram ignorados.
O “Roda Viva”, na verdade, perdeu uma boa chance de mostrar para o Brasil o Pará real, que Jatene, poupado de questionamentos, fez questão de passar bem longe. Menos por culpa do próprio Jatene, que desfilava com ar de ator de filme B norte-americano, e mais pelo vazio de seus entrevistadores. Se eu e Lúcio Flávio fizéssemos com o governador reeleito a entrevista que não houve no “Roda Viva”, o público teria um programa quente e vibrante, daqueles em que não se pode perder sequer um minuto. Uma entrevista séria e de alto nível, com as perguntas que os paraenses gostariam que fossem respondidas e que ficaram pendentes após o fim da campanha eleitoral.
Talvez, quem sabe, isso ainda possa ocorrer no “Linha de Tiro”, pela Internet, direto do estúdio da Fundação Metrópole. Se Jatene, é claro, não tremer e topar.
Ah, se a inveja matasse esses dois jornalistas… Na verdade eu não sei porque o Simão, o pescador foi entrevistado. O Estado do PA, assim como todos os estados no Norte, são uma incógnita para os jornalistas de SP para baixo e o resultado é exatamente isso: uma entrevista cheia de elogios, as críticas deixadas de lado e a impressão que o PA é um segundo MG da campanha do Aécio.
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Ainda bem que eu não lembrei de assistir a entrevista. Me poupei de ouvir, ignorâncias, mentiras e bajulações. Pobre do meu estado. Pobre imprensa do sudeste. Pobres de nós que sabemos o que está além dos discursos.
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Talvez agora o Pará passe a ser visto como oásis brasileiro… fala sério! A verborragia do pescador-governador (nessa ordem mesmo) é uma das maiores atrocidades ao eleitor paraense.
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Um falso letrado a discorrer sobre platitudes, amigo Carlos Lira. Aprendeu esse método e repete a fórmula loroteira por onde vai. Uma fraude.
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Jatene é um bufão, um imbecil, assim como seus eleitores. Seu blábláblá, sua desfaçatez, dissimulação, enojam aqueles que estão a mercê de sua incompetência.
Quer escola de qualidade? Vai pagar! Quer segurança? Coloca grade, câmera, cerca elétrica em sua casa. Saúde? Põe a mão no bolso pra mantê-la…
Cara, nosso Pará não merecia isso…!!!
Ô, e nem com o filho do Barbalho. Pelamordedeus…
Bom Natal, Ano Novo e saúde, muita saúde pro nosso povão paraense…!!!
Um dia o sonho vira realidade…!!!
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Gerson, não é a primeira vez que Jatene participa do Roda Viva.Em 2005,ele sentou nesta mesma cadeira giratória logo após o assassinato de Doroty Stang.Diferentemente desta última entrevista,o programa era ao vivo e o governador foi bastante pressionado sobre o descalabro da violência no meio rural.Lembro bem de que Simão chegou a perder as estribeiras e num enorme arroubo de arrogância, afirmou que os jornalistas que participavam do programa,lhe faziam perguntas erradas,no que foi prontamente rebatido por quem comandava o Roda Viva naquela época:Paulo Markum,jornalista combativo,que foi colega de trabalho de Vlado Herzog.Vamos convir que Paulo é bem diferente desse Augusto Nunes.
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A tv cultura de sp é do governo tucano. Os jornalistas do sul-sudeste mal sabem distinguir o que é Amazonas e Amazônia. Aí querer que houvesse perguntas sobre a privataria tucana é demais. Muita inocência.
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