Do Blog do Menon
Vocês viram o filme Sétimo, argentino, com Ricardo Darín? Não gostei, faltou suspense, faltou emoção e a trama nos é revelada de bandeja, sem nenhum ato protelatório. É isso o que você queria? Toma, parece dizer o diretor. Um resumo. Todo dia o advogado vivido por Darin aposta corrida com os filhos Luca e Luna. Ele desce de elevador e as crianças a pé, desde o sétimo andar. Um dia, as crianças desaparecem no caminho. Parece ótimo, não é? Não é.
Está abaixo, bem abaixo de Um conto chino, de O segredo dos teus olhos Oscar de filme estrangeiro), de O filho da Noiva, de Relatos Selvagens e Nove Rainhas, os outros filmes de Darín (foto) que me recordo. Fiquei triste também porque tinha preparado uma metaforazinha humildezinha para um post sobre Michel Bastos. Ia dizer que sua contratação, após um momento de desconfiança, se mostrou tão certeira quanto um filme de Darín, que nunca erra.
Mas, esqueçamos o Sétimo e pensemos nas contratações feitas pelo São Paulo. Carlinhos, a primeira de 2014, é puro Darín pré Sétimo. Logicamente não é um craque como o ator argentino, mas quem contrata craques hoje em dia? Quem vai trazer Filipe Luiz? Que também não é craque. Carlinhos tem 27 anos, é um jogador maduro, apoia bem – o São Paulo tem pouca projeção pelas laterais do campo – marca razoavelmente, foi campeão brasileiro com o Fluminense, dirigido por Muricy Ramalho, e não custou nada.
Tem tudo para dar certo. Tem pouco para dar errado.. Vai jogar na lateral-esquerda, onde Michel Bastos não será mais utilizado. Seu rival será Álvaro Pereira que talvez retorne à Inter em julho. De toda maneira, são dois bons laterais para uma dura Libertadores.
Michel Bastos e Álvaro Pereira também são contratações do estilo Darín. Michel foi a melhor de todas. Chegou no final do ano e foi responsável por ótimas partidas, após um início com duas expulsões desnecessárias. Jogou pela esquerda e também pela direita, aproveitando-se da entrada em diagonal e o chute forte de esquerda.
Ele foi melhor que Kaká, outra boa contratação. Não é mais o jogador de 2003. Se fosse, teria dado certo no Real Madrid, mas foi importante para o São Paulo, atuando pela esquerda, ajudando na marcação e chegando ao ataque. Sem o brilho de antes, repito, mas foi sim um bom reforço, principalmente por não ter custado nada.
O São Paulo trouxe também Allan Kardec, centroavante de 25 anos e contrato por mais cinco. Jogador que teve sucesso no Santos e no Palmeiras e que foi muito bem no São Paulo. Não pode ser analisado pelo escorregão na cobrança de penal contra o Nacional.
Souza, que veio em troca de Rhodolfo, deu força ao meio-campo e entrou na seleção do campeonato. Perfeito Darín. A volta de Toloi também foi um bom negócio, deixou a defesa mais estável. Está jogando melhor agora do que na primeira passagem.
Foram contratações feitas a partir de observação no mercado e de uma postura agressiva. O presidente Carlos Miguel Aidar pouco fala sobre contratações e está indo muito bem. Quando fala muito, a coisa não anda. Nem vamos lembrar aqui suas frases preconceituosas sobre o Napoli, sobre Itaquera e o fato de haver colocado um jogador poliglota e com todos os dentes na boca como o arquétipo do atleta são-paulino. Só faltou a palavra “branco”.
Bem, e Pato? E Alvaro Perera?
Pato começou mal, melhorou muito e se contundiu. Voltou no final e parece pouco disposto a recomeçar, com Luís Fabiano e Kardec à sua frente. Alvaro começou bem, mas depois errou os botes. Foram pelo menos dois pênaltis – contra Santos e Corinthians – ridículos. Mas é um jogador útil. Pode ser escalado, sem medo, para um jogo decisivo no Itaquerão, no Gasômetro ou na Bombonera.
Pato e Palito Pereira também são Darín. O Darin de Sétimo, mas sempre um Darín.
Amigo Gerson! Não sei como o uruguaio é titular no São Paulo e na seleção uruguaia…
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