Um estranho no ninho

Por Gerson Nogueira

Fazia tempo que a Fifa não cismava de apontar um goleiro para o prêmio de melhor do mundo na temporada. Por coincidência, o privilégio coube novamente a um alemão. Neuer, titular da seleção campeã do mundo na recente Copa do Mundo, realizada no Brasil, se iguala a Oliver Kahn, que foi selecionado para a premiação em 2002.

unnamed (34)Kahn, por sinal, já havia sido protagonista de outra escolha polêmica: a de melhor jogador da Copa sediada no Japão e na Coreia do Sul. Apesar de atuação correta ao longo do torneio, capengou terrivelmente na final contra o Brasil, falhando em lance capital da partida, que resultou em gol para a seleção de Felipão.

O longilíneo Neuer não ganhou o troféu máximo destinado ao craque da Copa, embora tenha sido muito mais brilhante e decisivo para seu time do que havia sido Kahn há 12 anos. A segurança sob as traves e a habilidade em sair jogando com os pés encantou a todos, apesar de já bastante exercitada (e testada) nos campeonatos germânicos.

No mundial, a Fifa decidiu conceder o laurel a Messi, como um prêmio de consolação. Ao subir à tribuna de honra para receber o troféu, o próprio craque argentino parecia entre encabulado e surpreso. Não foi uma reação muito diferente da comunidade do futebol, que não reconheceu em Messi o maior destaque da competição.

A inclusão de Neuer entre jogadores consagrados de linha que serão votados para a Bola de Ouro provocou estranheza, mas não é despropositada. Até porque, em sã consciência, ninguém discute a qualidade do futebol do goleiro do Bayern de Munique.

Acima de tudo, craque é craque, independentemente da posição que ocupe em campo. No futebol, habilidades específicas são exigidas de cada integrante de um time. O valor e importância para o êxito do grupo é dividida proporcionalmente por todos os 11 jogadores. Em algumas situações, o goleiro é até mais precioso para determinados times.

Neuer se destaca jogando por times de alto potencial técnico, com defesas quase intransponíveis, como o Bayern e o próprio escrete alemão. Ao se destacar entre seus companheiros confirma que é um jogador acima da média. Superar feras como Toni Kroos, Philip Lahm e Thomas Müller já é uma tremenda façanha.

O certo é que a máxima de que todo grande time começa por um bom goleiro parece ter sido levada ao pé da letra pelos selecionadores do prêmio Bola de Ouro.

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Um paraense entre os melhores

Como o tema preferencial do final de ano no futebol é a lista dos melhores (e piores), a CBF também anunciou suas escolhas. O time do Campeonato Brasileiro da Série A começa com a consagração de Everton Ribeiro, aclamado craque da competição pelo segundo ano consecutivo, e tem até um paraense entre os eleitos.

No gol, merecidamente desponta a “estrela solitária” Jefferson. Guardião de um dos piores times do Botafogo de todos os tempos, o goleiro teve que mostrar todos os seus préstimos para evitar vexames ainda maiores no campeonato.

Nas laterais, Marcos Rocha (Atlético-MG) e Egídio (Cruzeiro) foram de fato peças importantes nos esquemas de seus times, com destaque um pouco maior para o cruzeirense.

A defesa traz uma injustiça. Ao lado do corintiano Gil, foi incluído Dedé (Cruzeiro), cuja temporada foi repleta de altos e baixos. Leonardo Silva, do Galo, foi muito superior e merecia a titularidade na lista.

No meio-de-campo, a evidência plena do domínio cruzeirense no campeonato: Souza (São Paulo) aparece ao lado de Lucas Silva, Everton Ribeiro e Ricardo Goulart, todos da Raposa. Senti falta de Dátolo na meiúca, mas a escolha não está de todo incorreta.

A dupla de ataque é formada por Diego Tardelli (Galo) e Paolo Guerrero (Corinthians). A contestar apenas a não inclusão de Marcelo Moreno, que, no Brasileiro, foi superior a Tardelli.

E até o Pará, meio que por tabela, entrou na dança. Como revelação da competição aparece Erik, do Goiás. Oriundo de um assentamento agrícola (Projeto Tuerê) às proximidades de Novo Repartimento, na Transamazônica, Erik foi levado para testes no clube goiano com 11 anos de idade. Passou ao largo do futebol de Belém, o que talvez ajude a explicar sua trajetória vitoriosa até aqui.

O comandante, como não podia deixar de ser, é Marcelo Oliveira. Bicampeão brasileiro e pela segunda vez eleito o melhor técnico do país, o mineiro de estilo discreto se consagra e parece preparado para voos maiores.

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Dia D para Mazola

Termina hoje o prazo para que Mazola Junior responda à diretoria do Papão se aceita ou não a contraproposta salarial que lhe foi endereçada. Apesar de diferença significativa em relação à proposta do técnico, é grande a expectativa no clube por um “sim”.

Caso não haja entendimento, os dirigentes já têm outros nomes em vista. Flávio Araújo, Ricardinho (ex-Paraná), Chamusca (ex-Fortaleza), Josué Teixeira (Macaé) e Guto Ferreira são os mais citados.

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O adeus de um grande músico

O rock ficou um pouco menos divertido ontem. Morreu Bobby Keys, histórico saxofonista dos Rolling Stones e parceiro preferencial de Keith Richards em aventuras bizarras pelo mundo. Tocava com a banda desde 1980, como integrante de apoio. É dele o solo de sax famoso em “Brown Sugar”, um dos grandes sucessos da fase mais moderna da banda.

Acima de tudo, com Keys morre um pouco o jeitão descompromissado, tão ao gosto dos músicos da fase ainda romântica do rock. Era assumidamente um dos últimos malucões do gênero, vindo daí sua identificação com outro expoente gonzo, o guitarrista Keith Richards. Pela importância na formação musical de tantos, achei adequado abrir essa janela na coluna.

Deixa saudades.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 03) 

18 comentários em “Um estranho no ninho

  1. O problema que eu vejo no Paysandu , e´a diretoria fazer planejamento de contratar jogadores sem ter definiçao quem vai comandar o time no campo…se ja tivese um plantel definido como os grandes clubes…era escolher o perfil de treinador que identificasse para comandar…mas no caso do Paysandu a realidade e´outra…sinceramente nao acredito no sucesso em 2015..

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  2. Exato Hilario. O bicolor tinha um plantel de série D na série C e obteve êxito na competição. Então é correto montar um elenco de série B para 2015. Só que para isso, primeiro estão contratando jogadores antes do técnico. E o pior, jogadores de série C e de novo até de D. Pois bem, é difícil o raio cair duas vezes no mesmo lugar como em 2014. Quando o Parazão começar, não adianta tentar contratar o time para a série B, mas sim utilizar o torneio para treinar o time. Estão alegando pedidas muito altas, mas se em vez de contratar jogador ruim, desse o aumento, seria muito melhor.

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  3. Amigos, Hilario e Jota, o Maia, em quase todas entrevistas que dá, afirma que as contratações estão passando pelo Mazola… Ontem, o setorista A.Furtado, afirmava que Mazola já tinha fechado com o PSC, para em seguida, calar sobre o assunto… Ficou esquisito… Até anunciei aqui… Passou a impressão que ele consultou o Mazola, mas este disse pra não revelar…. Ora, se todas as contratações estão passando pelo Mazola, eu não tenho dúvidas que ele retornará ao PSC… Caso contrário, aí sim, vou concordar com os amigos… Tá tudo errado…

    É a minha opinião.

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  4. Enquanto nao tivermos um plantnejamento de jogadores definidos em pelo menos 70% com contrato para o ano seguinte…vamos ficar a cada ano nesta angustia de se fazer um novo time…e sera sempre assim todos os anos. Seremos sempre um apanhador de açai…infelizmente. .

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  5. Como de série D, Charles pretendido por Palmeiras e Ponte durante o campeonato, Recife, Pikachu, Ruan vindo o Inter, série A, Bruno vindo do Viia, série B, Douglas vindo do Vitória, série A, Lenine, do Bahia, série A, Romulo do Vitória série A. E mais, Pablo, Djalma, P. Rafael, Lombardi, Capanema e até Zé Antônio . Time não era tão mal assim, nós não temos condições de formar times milionários, os tempos de Robgol, Yarley, Mirandinha, Velber, Sandro,Jobson e etc.. passou.

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  6. VCS FICAM FALANDO UM MONTE DE MERDA……O TIME DO BOA ESPORTE, A FOLHA NÃO PASAVA DE 300 MIL…O CRAQUE DO TIME ERA O CLEBSON, AQUELE QUE VEIO PRO REMERDA, SÓ NÃO SUBIU PQ, DERAM DINHEIRO PRO ICASA NO ULTIMO JOGO.

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  7. Manuel Neuer foi o melhor jogador da Copa do Mundo, mas perdeu a disputa para o apagado Messi. Agora reaparece disputando a ‘Bola de Ouro’ contra o argentino e contra o vencedor do ano passado, C. Ronaldo, Desconfio que a FIFA não tolera o português, que se recusou a cumprimentar um israelense, aludindo ao massacre palestino na Faixa de Gaza; fez críticas à própria FIFA e têm posições políticas demasiado avançadas pros padrões conservadores dessa cartolagem reacionária e mafiosa.
    Quanto ao Papão, se está dando sopa, contratem correndo o Chamusca, que fez do Fortaleza o time do futebol mais eficiente da C passada, só não conseguindo superar o trauma coletivo, mas esse é um trabalho que extrapola as quatro linhas e exige a intervenção de profissionais de outras áreas. No campo, Chamusca é disparado o melhor.

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  8. Amigos, segundo os setoristas, Mazola, apesar de não está contratado, tem funcionado como um consultor para as contratações e contatos com jogadores, sendo que, apesar do conselho de Mazola, o fechamento definitivo com os jogadores cabe exclusivamente aos diretores do clube.

    Sobre Mazola permanecer ou não, a resposta será dada hoje. Existem dois entraves. O mais difícil é o aspecto financeiro (a primeira proposta de Mazola foi alta para os padrões, segundo alguns, ele quis dobrar o salário). O outro entrave está no fato de Mazola desejar disputar a segundona toda no Mangueirão, funcionando a Curuzu como CT para o profissional, aqui, penso que Mazola está com a razão, ja que CT é prioridade (Maia ja deveria falar nisso, nada de arquibancadas ainda).

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  9. Maximo, havia jogadores de série B (Pikachu, Charles, Ruan, Recife, Lombardi e Veiga), mas a maioria era de D, tanto que perdeu o Parazão e a copa verde para times de D. Eu citei 6 jogadores, mas o elenco deve ter 30 atletas. Portanto a maioria do elenco era de D. Sobre não ter dinheiro, não cola mais, tirando os que caíram da A (acho que nem eles), ninguém tem dinheiro.

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  10. É possível que o Boa tivesse folha de 300. Só que o Boa não tem a estrutura bicolor, não tem esportes amadores e as dívidas na JT, e tinha um estádio do Ituiutaba que não pode ser utilizado profissionalmente (não sei se ainda tem). Além disso é bancado pela prefeitura de Varginha e não tem despesas com o estádio. Se botasse todas essas despesas que o bicola tem, a folha do Boa subiria.

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  11. Acrescentaria o Heverton de nível de B (apesar de não jogar bem, fez falta na final).

    Eu colocaria Djalma e Pablo um patamar acima da C, porém reservas de jogadores da B, eles poderiam a se tornar titulares no futuro.

    Jogadores de C tínhamos: Capanema, Zé Antônio, Everton (lateral), Denis e Marco Paraná, Douglas, Paulo Rafael e Matheus.

    Jogadores de D tínhamos: Airton, Fabio Alves, Billy (que poderia crescer maisl) e Rômulo (muito fraco).

    Jogadores para série do Rival: Renie.

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  12. J sem querer polemizar, nos campeonatos paraense e Copa Verde o elenco do bicola era outro, foi qualificado com algumas contratações, então não dá comparar, e perdeu esses campeonatos tendo melhores números, quer dizer, foi melhor, infelizmente não foi campeão, coisas que acontecem.

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  13. Maximo, na verdade o time de Mazola na C era o mesmo do paraense e copa verde. Basicamentr três jogadores mudaram (entraram) no time: Veiga, Ruan e Lombardi.
    Goleiro Paulo Rafael, Yago, Charles, Pablo, Airton, Recife, Zé Antônio e Heverton.

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  14. Creio que é normal um técnico como Mazola pedir para Dobrar o Salário o que ele pedir, sempre vão querer dar desconto, então está tudo normal no campo das negociações. Mazola está certo ao não querer jogos na Curuzu, ela deve funcionar como um CT, espero que Mazola seja contratado, qualquer outro técnico pra mim será motivo de temor para o ano que vem.

    E a situação do Pikachu??

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