É preciso criminalizar as gangues

Por Gerson Nogueira

Mais grave do que o risco de novas sanções ao Papão, com consequente perda de mandos de campo, é a constatação de que forças internas conspiram contra o futuro do clube. Os incidentes relatados pelo árbitro Wagner dos Santos Rosa, que apitou o jogo contra o Salgueiro no sábado à noite, confirmam essa triste realidade.

Um menor não identificado teria atirado a garrafa de pet no belíssimo gramado da nova Curuzu, manchando uma programação festiva, que começou com a apresentação ao torcedor da praça de esportes revitalizada e culminou com a vitória em campo.

O que tinha tudo para ser uma noite inesquecível para todos os bicolores, em torno da concretização do antigo sonho de ver o velho estádio reformado e dotado de conforto para seus frequentadores, desandou para a bagunça organizada e tramada nos subterrâneos do futebol.

unnamedQuando escrevo aqui reiteradas vezes que o problema da violência nos estádios é questão a ser criminalizada refiro-me exatamente a episódios como o de sábado. Enquanto as diretorias continuarem a tratar delinquências contra o patrimônio dos clubes como algo vinculado a “torcidas organizadas”, o problema irá se perpetuar.

Parem de achar que há torcida envolvida nisso.

Bobagem. Quem está por trás da baderna generalizada e conspiratória contra os clubes são falsos torcedores. Na verdade, duvido que essa gente torça de verdade por algum time de futebol.

Nos estádios, manifestam-se cantando ameaçadores hinos de guerra, provocações às gangues rivais e palavrões de todo tipo. Nunca ouvi falar que cantassem os hinos do clube ou músicas de estímulo aos jogadores.

A Fifa está certa ao enquadrar esse tipo de ataque aos espetáculos de futebol como crime. Avalia que não é obra de torcedor, e não é mesmo. Como a ação é de bandidos, devem ser submetidos aos rigores da lei. Simples.

O mais novo episódio de abuso às regras do jogo pode vitimar o Papão pela terceira vez nesta temporada. A primeira foi herança do ano passado (confusão no jogo contra o Avaí na Curuzu, envolvendo “torcedores” da mesmíssima facção de agora), com a perda de mandos que culminaram em brutal prejuízo financeiro para a gestão Vandick Lima.

Cumpridos os jogos com portões fechados na abertura da Série C deste ano, o Papão voltou a mandar jogos em Belém e logo na reestreia a violência se repetiu, no estádio Jornalista Edgar Proença, durante a partida contra o Fortaleza. Rojões foram atirados no campo e nas arquibancadas, fazendo o clube tomar mais dois jogos sem torcida e longe de Belém.

Nem bem cumpriu a segunda pena, eis que os turbulentos de sempre providenciam nova dor de cabeça para o departamento jurídico do clube, com o arremesso de uma garrafa pet à vista de todos. A coisa é tão premeditada que escolheram um local bem visível, para que o trio de arbitragem não deixasse de ver e registrar na súmula – como acabou ocorrendo.

O advogado Alberto Maia, candidato à presidência do clube, foi enfático na análise da situação. O Papão, como reincidente contumaz, tem forte possibilidade de vir a ser condenado novamente. Para satisfação de quem? Provavelmente para os imbecis que botam camisa de torcedor, mas têm alma de terrorista.

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Clube pode passar a jogar sem torcida

Em entrevista à Rádio Clube do Pará, depois do jogo de sábado, Alberto Maia declarou que – caso se eleja presidente – não irá admitir a repetição desses episódios. E fez uma previsão dramática, mas realista: a continuar assim, os jogos terão que ser realizados sem torcida presente. Ao que parece, esse cenário está mais próximo do que se imagina.

Até porque há uma excessiva compreensão por parte dos torcedores verdadeiros em relação às gangues. Talvez por temor do enfrentamento, a torcida costuma tolerar os excessos dos baderneiros, como se nada tivesse a ver com o problema. Na verdade, tem muito a perder com a presença das gangues.

No Recife, a torcida do Sport adotou uma postura madura e responsável. Depois de seguidos episódios de violência em jogos do clube, decidiu hostilizar a facção mais violenta das “organizadas”. Enfrentou isso dentro da Ilha do Retiro e calou os desordeiros.

Em Belo Horizonte, a diretoria do Cruzeiro proibiu o uso de símbolos oficiais do clube em bandeiras, camisas e bonés usados pelas gangues violentas, lá apelidadas de “máfias”. Foi a saída encontrada para conter a perda de patrocínios de empresas que não querem ser associadas a criminosos.

O Palmeiras seguiu o mesmo caminho, depois que vários jogadores manifestaram o temor de defender a agremiação, temerosos das ações violentas de parte de sua torcida.

Talvez tenha chegado o momento de a diretoria do Papão agir também. Antes tarde do que nunca.

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Leão adota estratégia regionalista

O Remo se prepara para a Copa do Brasil Sub-20 com a mesma estratégia utilizada com êxito no ano passado. Está contratando jogadores que se destacaram nos outros times disputantes da Copa Norte. Do Tarumã amazonense já foi adquirido por empréstimo o atacante Wellington Nem. Arisco e driblador, o atleta vem referendado pelo técnico Walter Lima. Mais dois jogadores do clube baré estão na mira dos azulinos.

É uma solução barata e prática para reforçar o bom elenco remista para a competição nacional, que deve ser ainda mais equilibrada e desafiadora que a do ano passado. O primeiro confronto já será uma pedreira, contra o Goiás, no dia 01 de outubro, no estádio Jornalista Edgar Proença.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 02)

10 comentários em “É preciso criminalizar as gangues

  1. Pelo menos está criado o clima para desalojar a tal facção das dependências do estádio, bem como impedir que uma boa parte dos integrantes dela entrem no estádio, afinal, a maioria dela é composta de caras bem conhecidas.
    Quanto à punição, acho que o arremesso da garrafa pet foi menos significativo que o estardalhaço posterior. Basta ver as imagens da tevê e constatar que tudo foi logo resolvido, estendendo-se apenas porque a polícia teve que ir em socorro do garoto que atirou o objeto a fim de garantir-lhe a integridade física. Perda de mando de campo por aquele motivo é excesso de zelo. Mesmo que o clube seja re-re-re-reincidente.

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  2. Imprensa e o próprio advogado do PSC estão dando pra esse caso uma dimensão absurda, e com isso o papão vai acabar sendo punido mesmo.

    Tem tanto jogo na séries A B e C que jogam pro gramado esse ou aquele ou objeto e nada acontece.

    Aliás, nem é noticiado, mas o próprio Alberto Maia dimensionou esse fato apo´s o jogo no sábado.

    E se foi um garoto de 8 anos, pior ainda este circo.

    Eu lembro que quando tinha essa idade quebrei um para brisa de um carro com uma pedrada, furei a bola do meu cunhado, enganei um pessoal da Congregação cristã do Brasil lá em Soure, fiz muitas presepadas.

    Um moleque joga uma garrafa e querem trata-lo como bandido.

    Parei!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  3. Não precisa de atos de bandalismo das gangs organizadas para os grandes clubes do Pará jogarem sem torcida, basta os dirigentes continuarem acreditando que o povo de Belém tem o padrão de vida do nível daSsuécia e continuarem praticando esses preços de ingressos estorsivos, a 50, 60 reais. Não duvido nada que esse moleque jogou a garrafa a mando de algum imbecil revoltado com o preço dos ingressos, e com raiva dos sócio-torcedores.

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  4. Tenho nojo de torcida organizada, pra mim poucos desses torcedores vão a campo pra torcer, em sua grande maioria vão aos estádios pra arrumar confusão, fazer cânticos ofensivos a torcida rival, enfim são um bando de desordeiros, eu sou torcedor desorganizado do papão, vou a campo incentivar o meu clube que quando vence me faz vibrar e quando perde me deixa triste mas ciente quem futebol nem sempre se vence.

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  5. Esse cabeludinho que o Remo contratou é bom de bola, bate muito bem na bola, além de ser habilidoso, mas mesmo amador já é marrento, tem que mostrar humildade senão o boi não anda.

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  6. Não falei que isso iria ocorrer????????????????????????

    É incrível, como antes de desse jogo cantei essa pedra aqui no blog, porque enquanto muitos aqui postavam comentários discutindo se o nome do estádio reformado seria curuzu, arena, caldeirão e sei la o que etc, eu postei que teria era de se discutir ou debater era a segurança dentro e em redor do novo estádio, se iria funcionar, se a diretoria tinha tomado todas as providência, porque de nada adiantaria nome ou um estádio novo se não houvesse segurança eficiente, a baderna imperasse novamente e o clube fosse punido como ocorreu no jogo contra havai e fortaleza. Pois è: menos do que eu imaginava e comentava veio a resposta de que eu era o único que estava coberto de razão. O Paysandu corre o riso de ser punido. Isso é inacreditável, mas é verdade porque jogaram uma garrafa plástica vazia. Pessoal sem querer ironizar mas já ironizando eu acho esse fato pior “100 vezes que aqueles em que o Paysandu foi punido por vários jogos”. A gravidade desse fato está contida em vários fatores inusitados ou imagináveis que prefiro até enumerar para ficarem mais claros:

    1- Advogado bicolor A Maia o qual ja o tenho como um melhor do Estado na área esportiva, já morreu de véspera igual peru nessa causa ao dar entrevsita dizendo que é muito díficil o bicola se livrar dessa punição. se me dissessem que maia falou eu não acreditaria,se não tivesse ouvido.

    2- O comentarista Rui Guimaraes que so fala coisa ruim do Paysandu, mesmo quando acho que não deve, mas nesse episódio da garrafa foi benevolente, compreensivo com o Paysandu e confrontou as afirmações de A Maia ao afirmar que o Paysandu tinha todas as provas que não teve culpa de nada, a segurança foi efetivada, o irresponsável que atirou a garrafa foi preso na hora e por isso seria uma injustiça o Paysandu ser punido por um fato que não teve culpa e aind fizeram de forma proposital. Incrivél mas foram afirmações do Ruy guimarães e se me dissessem, eu não acreditaria se não tivesse ouvido.

    3- A garrafa foi atirada simplesmente de forma proposital por um moleque que dizem ter 13 anos, que depois ja tinha 16, o qual afirmou que 6 elementos mandaram “deram propina” ( porque ele jamais iria fazer isso de graça) para ele atirar a garrafa perto do arbitro com objetivo claro do Paysandu ser punido futuramente. Inclusive ele apontou um nome, mas esse nome já negou e vai até procurar a justiça para denunciar os caluniadores. então tem muitos culpados nessa história que não é o Papão.

    4- Mesmo, com todo esse disse me disse, o menor preso na hora, a confissão do mesmo que 6 pessoas mandaram ele fazer aquilo de propósito, mesmo assim : a imprensa está dando muito ibope negativo para o fato, so que acho de forma tendenciosa porque estão comentando como tiveesse tido uma verdadeira guerra de torcida, quebra quebra e até morte nesse jogo pela forma com os redatores estão falando ou escrevendo. E no entanto foi apenas uma garrafa vazia no final do jogo, atirada por um irresponsável mandado por alguém, e isso ninguém comenta ou comenta pouco para ajudar o Paysandu que nessa não teve culpa de nada com disse o R guimaraes. O comentário maior mesmo é falando sempre em desordem. puts…..

    São por todos esses motivos que acho o fato muito grave, porque não ocorreu praticamente nada, mas tem muita gente de imprensa fzendo rebu, estardalhaço como se tivesse havido morte nesse jogo. puts……..

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  7. Disse outro dia que as organizadas oferecem serviços que poderiam muito bem ser ofertados diretamente pelos clubes, é só ver que organizadas chegam a ter lojas e ingressos para jogos. Organizadas são instituições que competem com o clube pelo torcedor, vivendo espertamente na sombra deles, ofertando o que o torcedor quer, além do futebol em si, e pelo qual o clube ainda não se interessou. Um programa de sócio torcedor deve preencher este vazio que foi oportunamente ocupado pelas organizadas, com qualidade, conforto e, acima de tudo, respeito ao torcedor.

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  8. O problema é que aqui se pensa como o Internacional e age como araponga futebol clube.

    Estão pensando na genial idéia de vender ingresso só pra sócio torcedor.
    Como já estaria fazendo o Inter-RS.

    O Paysandu é o time do povo, do povão a elite, e não só de uma minoria.

    Com tanta “modernidade” assim, um dia vou ser um dos muitos que vão deixar de torcer pelo papão, vou apenas ouvir falar.

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