Por Gerson Nogueira
Poucas vezes uma estreia foi tão esperada como a do Águia na Série C deste ano. Tudo em função do arrojado investimento do clube marabaense em contratações. Ao contrário de sua tradicional parcimônia na aquisição de jogadores, garimpando criteriosamente aqui e ali, a diretoria não poupou esforços para oferecer ao técnico Dario Pereyra um elenco recheado de atletas que se destacaram em certames regionais.
Ao todo, o clube já contratou 16 jogadores, das mais diferentes procedências. Todos vinham atuando em seus clubes e chegaram a Marabá em condições de estrear de imediato. Nada daquele manjado e obrigatório período de adaptação, muito comum nos clubes paraenses.
O fato é que os nomes da maioria dos escalados para o confronto de hoje com o Paissandu são inteiramente desconhecidos para o torcedor. Bruno Grassi, Leonard, Joélcio, Xaro, Felipe Baiano…
Além da expectativa quanto ao rendimento do time, reina uma grande curiosidade quanto ao trabalho de Dario Pereyra, cuja última grande passagem pelo futebol como técnico aconteceu justamente no Pará, comandando o Paissandu na Taça Libertadores de 2003.
Desde então, ele mergulhou numa espécie de eclipse profissional, com trabalhos sem maior relevância. Foram tão poucas notícias sobre Dario que se imaginava que tivesse abraçado a aposentadoria. Sua contratação foi uma aposta arrojada para o lugar vago desde a saída de João Galvão, o mais longevo treinador de clubes em atividade no país, com quase seis anos consecutivos de serviços prestados ao Azulão de Marabá.
Dario tem a missão e o privilégio de montar um novo time. Do antigo elenco, restaram poucos jogadores. Casos de Valdanes, Robert, Analdo e Luiz Fernando, que estão entre os titulares. O meia Lineker, contratado junto ao Paissandu, vai no banco de reservas. Gilmar, ex-Brasília, já é jogador do clube, mas deve estrear na segunda rodada.
———————————————————-
Longe dos olhos do torcedor
No Paissandu, as preocupações são de outra natureza. Têm matriz mais psicológica do que técnica. Como o time reagirá em seu primeiro jogo depois da perda do título da Copa Verde? A frustração pelo insucesso em Brasília terá alguma influência sobre o rendimento do time de Mazola Junior na desenxabida estreia na Série C, sem o calor da torcida, no estádio Maximino Porpino, em Castanhal?
Pelo que exibiu ao longo da temporada, chegando a estabelecer a marca recorde de 21 jogos sem derrota, o Paissandu deve reproduzir contra o Águia o padrão estabelecido por Mazola, centrado no futebol de resultados, como convém a uma competição equilibradíssima como a Série C.
O time joga normalmente com três volantes – às vezes até quatro – e executa a ligação com o ataque através dos laterais. Djalma, pelo entrosamento com Pikachu, é o mais agudo. Aírton sobe menos, mas também é muito acionado.
Apesar da agilidade na saída de bola, sempre em toques rápidos, a ausência de um meia-armador clássico costuma deixar o ataque em estado de solidão absoluta. O artilheiro Lima é uma das vítimas da ausência de criação no meio, problema que o técnico Mazola vem apontando desde o início da temporada. Quando tem o rápido Leandro Carvalho como parceiro, Lima costuma aparecer um pouco mais. Quando sozinho, termina obrigado a sair da área para buscar jogo.
Marcos Paraná, que não podia ser utilizado na Copa Verde, é uma opção natural para a meia-cancha, mas não é improvável que Mazola utilize Bruninho no setor, como ocorreu, sem grandes resultados, na decisão do torneio.
Além das dificuldades normais de uma estreia, o Papão terá o desafio extra de conhecer o novo Águia, que é um enigma até para os marabaenses.
—————————————————–
Paraíba na rota alviceleste
Marcelinho Paraíba, que já foi dirigido por Mazola Junior no Sport-PE em fase não muito risonha, pode ser o grande nome cogitado na Curuzu ao longo de toda a sexta-feira. Desligado do Fortaleza, o veterano meia-armador seria o jogador pretendido pelo técnico para ser o condutor do time na Série C, criando as condições para que Lima possa definir na frente.
Os valores envolvidos, considerados inicialmente altos pela diretoria do Papão, estão em negociação. Em 2012, Marcelinho chegou a vestir a camisa alviceleste em aloprada negociação do então presidente Luís Omar. Sem ver a cor do dinheiro no ato da assinatura do contrato, o jogador preferiu ir embora no dia seguinte.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste sábado, 26)