Quando o pessoal debatia sobre reclamações contra a arbitragem e situações do gênero, Dé entrou em cena. “O jogador quer é a alma do juiz”, disse o ex-centroavante, sobre situações nas quais o atleta cresce para cima do apitador, quer dominar a situação e consequentemente o jogo. Depois contou “causo” de árbitro cuja alma era “todinha” de um jogador que o homem do apito, segundo Dé, adorava. “Ele fazia o que bem entendesse em campo”, lembrou, às gargalhadas.
Quando só se fala de tática e estratégia, e se esquece os aspectos humanos do futebol, tudo fica absolutamente chato. Estudo, informação, estatística, a parte científica, hoje tudo isso… “pertence ao futebol”. Não estamos aqui negando sua importância, pelo contrário.
Mas o jogo segue sendo jogado por seres humanos. E é um jogo não só de técnica, habilidade, estratégia e condicionamento físico. É também de malícia, intimidação, perspicácia, sagacidade, experiência, catimba, esperteza. Não estou discutindo aqui sequer as análises que Dé fez ao microfone, se você gosta ou não, se ele se prepara adequadamente ou não. Estamos distantes desse debate. Só sei que também é saudável ouvir alguém falando do jogo como ele é.
E nem é preciso ter jogado bola profissionalmente para conhecer essas histórias, saber como as coisas funcionam lá dentro. Quem já passou jogos e mais jogos à beira da cancha vendo o que acontece de perto sabe bem disso. Da mesma maneira que o ex-jogador que envereda no comentário não está impossibilitado de ir além de suas velhas histórias. Basta querer ir além e reunir essa vivência do campo aos estudos nesses tempos em que o conhecimento está aí, farto, ao nosso dispor.
Em tempo: o primeiro gol que vi num estádio de futebol foi marcado por Dé, o Aranha.
