Por Luis Nassif
Três ou quatro anos atrás, no Summit de Etanol, fui debatedor de uma mesa que tinha, entre outros, o megaempresário George Soros e Fernando Henrique Cardoso. Um dos temas era a questão do aumento das commodities. Soros foi objetivo, alertando para o risco da “doença holandesa” – fenômeno em que as exportações de produtos primários crescem tanto, atraem tanto dólares que provocam uma apreciação da moeda local matando a manufatura. FHC limitou-se a dizer que a alta desmentia a tese cepalina e, especialmente, Celso Furtado – que sempre alertava para a perda nas relações de troca. Era uma bobagem incandescente, porque fugia da questão central, que era a promoção do desenvolvimento. Detalhe: naquele mesmo dia saíra um artigo do Ilan Goldjan no Estadão sobre o mesmo tema. FHC simplesmente se inspirara no artigo para não falar nada.
Aliás, o artigo limitava-se a repetir o mesmo mantra que em 1980 ouvi de Rosenstein-Rodan, economista ortodoxo que se opunha às teorias industrializantes da Cepal. Ele dizia isso em relação ao aumento dos preços do petróleo. Trinta anos depois, o boom do petróleo não gerou nenhuma nação desenvolvida. No artigo, Ilan tentava rebater justamente os argumentos sobre a necessidade de superar o mercadismo e definir uma vocação clara de desenvolvimento para o país.
Meses atrás conversava com um colega jornalista que fora iludido pela suposta erudição de FHC, assim como eu fui pela do Serra. Descobrimos o truque de ambos. Cada vez que ele (analista político) ou eu (econômico) levantávamos alguma tese diferente, o senador FHC ou o deputado Serra ligavam, endossavam as ideias e se apresentavam como se a ideia já fizesse parte de seu repertório intelectual. A impressão era das melhores. Além de espicaçar a vaidade de nós, jornalistas, passavam a sensação de que eles eram os “caras”, antenados com as novas ideias e novas tendências. Ledo engano! Eram apenas leitores de jornais repetindo ideias interessantes sem sequer assimilá-las.
Esse vazio intelectual ficou claro em FHC presidente e, em especial, na entrevista que me concedeu e que está no final do livro “Os Cabeças de Planilha”. Incapacidade absoluta de enxergar o novo, identificar os fatores portadores de futuro, as grandes linhas que determinam a diferença entre desenvolvimento e estagnação. No Summit, quando me levantei para comentar as apresentações, aliás, ele tentou ironizar me desafiando a fazer a síntese sobre os “fatores portadores de futuro” – sinal de que havia lido o livro e a crítica pegara no fígado.
Com Serra, essa falta de ideias ficou clara na prefeitura e no governo do Estado, quando não tinha mais o álibi de supostamente ser uma voz dissidente no PSDB fernandista para não se pronunciar. Quando se tornou o protagonista maior do PSDB percebeu-se que não se manifestava por não ter ideias. A campanha eleitoral mostrou de forma dramática sua total incapacidade de assimilar conceitos básicos de modernização desenvolvidos ao longo dos anos 90 e 2000. É evidente que falta a estratégia ao país, que os sucessivos planos de política industrial não chegaram a definir uma mudança de rumo, que o câmbio é um desastre. Mas FHC sabe disso apenas de orelhada. Deve ter lido algum artigo de Bresser-Pereira antes da entrevista.
Luis Nassif sempre desancando os impostores. É uma alendo ler alfo com esse tipo de abordagem – trata-se de sinal de vida inteligente na mídia. O texto do grande jornalista é um contraponto aos bajuladores, que insistem em valorizar fhc e serra para desqualificar Lula. Nassif tem olhos de ver. Quantos o terão?
Fhc disse (na campanha eleitoral) que Dilma era boneca de ventríloco – grande idiota! Serra achou que ganharia a disputa apenas baseado no apoio da mídia – tremenda arrogância!
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As coisas já não começam muito bem. Lula entrega o país numa péssima condição em matéria de responsabilidade fiscal e infraestrutura. Longe da propaganda estatal, a verdade é cruel e capaz de disparar alarmes até nos ventres mais populistas do PT. A inflação real ultrapassa os dois dígitos, a maquiagem nos índices é cada vez mais gritante e mais difícil de esconder. Tudo para assegurar que a “meta de inflação” não seja batida contabilmente. A dívida interna explodiu e o país está totalmente dependente do fluxo de moeda estrangeira que chega aos seus cofres. Precisamos do capital especulativo – que nada cria e nada deixa para trás quando se vai – para rolar as contas e não irmos a banca rota instantaneamente na primeira crise.
As exportações caem perigosamente e o parque industrial vem se reduzindo e perdendo competitividade. Nossa agricultura, antes o cerne de nosso desenvolvimento, vai mal e sofre com a infraestrutura precária, com a falta de investimentos e por estar sem o apoio federal.
A educação é uma das piores do mundo. Por isso, sobram desempregados e vagas de emprego. Um não pode ocupar o outro porque a mão-de-obra disponível é incapaz de compreender textos simples e de realizar operações matemáticas básicas. O vergonhoso percentual de 74% de adultos analfabetos funcionais em nossa população cobra seu preço e estamos atrás de países sem qualquer expressão internacional como Trinidad e Tobago, em matéria de educação e desenvolvimento pedagógico.
Se o governo Dilma trilhar os mesmos passos de Lula – a propaganda exagerada, dados maquiados e a fantasia estrutural – como forma de garantir o sucesso do populismo descarado e da irresponsabilidade administrativa, o Brasil estará fadado não só a perder a oportunidade de lançar-se como uma grande potência, como ainda poderá perder a pequena estabilidade e o pouco desenvolvimento que já obteve, após os duros anos de hiperinflação. Basta dizer que a inadimplência do brasileiro é a maior dos últimos anos e a “Era Lula” termina com a maior taxa de inflação do Plano Real.
Os cortes deverão ser dramáticos e extensos, 2011 passará bem longe da bonança de 2010 e o brasileiro continuará iludido, achando que Lula era o Messias e que Dilma é a “Mãe dos Pobres”, enquanto aplaude os responsáveis por todas as mazelas que agora cobram o preço na mesa e no bolso do cidadão.
A diferença hoje é que Dilma, ao contrário de Lula, não pode dizer que recebeu uma “Herança Maldita”.
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“…..As coisas já não começam muito bem. Lula entrega o país numa péssima condição em matéria de responsabilidade fiscal e infraestrutura….”
Só se for no Pará, porque aqui pelo nordeste o negócio tá diferente:
Tem duas refinarias.
tem parte da transnordestina pronta!
Tem aumento do porto de Suape.
E, tenho p prazer de ir de maceió para recife pela BR 101 sendo totalmente duplicada, com a parte de pernambuco quase pronta, e a parte de alagoas já com 20 km pronta no sentido maceió-aracaju e 5 km pronta no sentido recife-maceió.
Obs: vou e volto pra recife toda a santa semana!
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Pelo visto, embora minoritário, o serrismo não morreu e suas teses camaleônicas emergem de acordo com a conveniência do momento, mas sempre de forma delirante.
Inflação de dois dígitos. Aonde? Quando? Qual metodologia e a partir de que índices?
O país está dependente do capital especulativo. Mas o Banco Central todo dia faz leilões para conter a queda do dólar e o mercado interno continua aquecido, conforme atestou o mpvimento das festas de fim do ano.
A nossa indústria cai. Só se for em São Paulo porque em outros estados continua bombando, tanto que foi aberta uma fábrica da Fiat em Pernambuco, sem contar a expansão da indústria naval.
Nossa educação vai mal, mas já foi pior. Atingimos a maior população universitária de nossa história e atingimos o maior número de escolas técnicas da nossa história.
Enfim, FHC e Serra pregam aquilo que quando eram governo chamavam de “fracassomania”. Felizmente, seus seguidores são minoria quase insignificante.
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A Censura tá forte, mas tudo bem. Só vale elogios amigo Gerson?
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Cadê o teu comentário anterior, aquele que dizia alguma coisa como ser o Brasil o lugar onde “tudo corria às maravilhas”?
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