Coluna: A polêmica dos ingressos

Preço de ingresso sempre foi assunto polêmico no futebol brasileiro. Os critérios variam de acordo com cada praça, sem muita coerência. No Sul e Sudeste, começa a florescer a visão de que o alto custo de um time deve ser dividido com seus torcedores. Vai daí que existem clubes, como Atlético-PR e São Paulo, que optaram por uma política claramente elitista, privilegiando o torcedor mais endinheirado.
Cobram até dez vezes mais que a média nacional, atraindo uma platéia diferenciada, que tem bala na agulha para gastar R$ 300,00 ou até R$ 500,00 com uma simples ida ao estádio desde que o programa inclua obrigatoriamente conforto e mordomia.
Essa estratégia mira os segmentos A e B da população e, a médio prazo, apresenta bom retorno financeiro, pois atinge clientes de grande poder aquisitivo, que não regateiam na hora de comprar camisas e itens relacionados ao clube de coração.
A opção preferencial pelos mais ricos abre um flanco perigosíssimo quanto à popularização da marca. É, na verdade, um risco calculado. Ao mesmo tempo em que arrecadam mais, essas agremiações contabilizam a perda de espaço junto ao torcedor das camadas sócio-econômicas mais humildes. 
O único antídoto para isso é a conquista títulos importantes, a partir da formação de elencos recheados de craques. O São Paulo deu esse salto. Está entre os cinco mais populares do país, apesar da fama recorrente de “clube de rico”. Tudo porque coleciona títulos nacionais, ganhou três títulos mundiais e tornou rotineira a presença na Taça Libertadores.
Com a contratação de Ronaldo e a execução de arrojado projeto de marketing, o Corinthians tenta seguir os passos do São Paulo quanto à política de ingressos, mas fazendo um esforço descomunal para não abandonar o apelo popular indissociável de sua história.  
Lá no outro extremo há o caso do Atlético-PR, que ensaiou vôos mais altos, mas estacionou no título brasileiro de 2001. Apesar dos recentes insucessos – e da perda progressiva de espaço junto à torcida paranaense –, manteve inalterada a filosofia de priorizar o torcedor vip.
Aqui na parte de cima do mapa, com o futebol em baixa quanto a atrair público, os clubes vivem um dilema: se cobram mais ingressos afastam o torcedor; se barateiam o bilhete, a arrecadação final não compensa. Diante disso, o Paissandu vai cobrar R$ 20,00 para a estréia no campeonato, dia 23, contra o Castanhal. Para a qualidade do espetáculo e levando em conta a economia local, está caro.

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A BWA, que domina o mercado de fabricação de ingressos para os principais times brasileiros, está indo à Justiça cobrar uma multa de R$ 5 milhões do Fluminense, caso o contrato que mantinha com o clube seja rompido, como indicam os dirigentes do Tricolor. O acordo entre a empresa e o campeão brasileiro ia até 2012. Há até bem pouco tempo, Remo e Paissandu tinham negócios com a empresa bilheteira. É bom que a turma daqui fique de olhos bem abertos. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 18) 

21 comentários em “Coluna: A polêmica dos ingressos

  1. LOP só pode estar louco para cobrar vinte reais pelo ingresso. Muita gente acha que o time pode cobrar quanto quiser e faz comparações com outros estados mais ricos, onde existem times de série A, que disputam libertadores e têm atrações, o que não é a nossa realidade. O ingresso aqui deveria ser dez reais.

    Quanto à BWA, soube que remo e paysandu devem dinheiro a ela, não por rescisão de contrato, mas por empréstimos (antecipações) não pagas…

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  2. O preço do ingresso deve corresponder a qualidade do espetáculo oferecido, infelizmente o nosso é de regular qualidade e cobrar R$ 20,00 está acima da média. Fora isso, as inúmeras trapalhadas dos nossos dirigentes descontentando a torcida, afasta ainda mais o torcedor que já está caindo no comodismo de esperar pelas tramissões dos jogos. Pela falta de organização, atração, riscos e cindição econômica da maioria, passar a ser um bom negócio a televisionamento.

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    1. Sinceramente, mas o preço de 15 Reais que o Remo está cobrando, penso ser o ideal, com o aumento deles, nas decisões de turno.

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  3. Se vinte reais é caro por um ingresso, ou nossos clubes arranjam grandes patrocínadores e/ou patronos endinheirados e generosos, ou não têm condições de formar times de qualidade.

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    1. Xará para um clube viver de ingressos teria que ter boa presença do público na faixa mínima de R$ 50,00, mas quando afirmo que R$ 20 é caro, é pela qualidade oferecida.

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  4. Caro Gerson,

    Discordo de você quando diz que 20 reais é um preço caro para a realidade local. Por que? Eu não frequento, mas sei que entrar em um popsom da vida custa tanto ou mais que isso, sem ter conforto sem qualquer regalia.

    Vou muito ao cinema e não pago menos de 15 para assistir qualquer besteira.

    O que acredito que os dirigentes (bestões) devem fazer. Para mim, cobrar ingressos diferenciados, ou seja, de acordo com a sua localização no estádio.

    Vejamos a Curuzu, primeiro deveria se colocar assento nas arquibancadas nas duas laterais (acabar com essa história de cativa).

    Esses espaços deveriam custar entre 25 e 30 reais. Como? Se enumera os assentos e vende-se. Assento central 30. Assento lateral 25 (ja se faz isso na cativa).

    Atrás do gol poderia ser os preços populares, como se fosse a plateia do Circo que está em Belém. 15, por que não?

    Bem, esse é o meu ponto de vista e, com toda a sinceridade, estou longe de ser classe média.

    Abraço!

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    1. Acho que a divisão do estádio por mais setores, a fim de cobrar preços mais em conta, pode ser uma boa alternativa. Mas não compare as festas de aparelhagem com jogo de futebol. O cara que vai ao Popsom gosta desse tipo de festa e já sabe o que vai encontrar pelo valor do ingresso. No nosso futebol, ao contrário, ele nunca sabe o que pode acontecer.

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  5. As classes altas sempre se apropriam do que o pobre faz de bom, isso a história nos ensina.
    Mas o homem lá cima fez tudo tão bem feito, como uma saga, os verdadeiros craques do futebol nascem da periferia. Por mais que KAKAs da vida surgem no cenário futebolístico.

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  6. Gerson,

    Novamente discordo de vc. Vou pegar a sua frase:

    “O cara que vai ao Popsom gosta desse tipo de festa e já sabe o que vai encontrar pelo valor do ingresso”.

    Pode ser briga, tiro, drogas e mulher bonita!!!! Brincadeira…

    Deixando a brincadeira de lado, Gerson, será que o torcedor de Remo e PSC não sabem o que vão encontrar num jogo desses clubes? Será que não sabemos (pelo atual momento) da baixa qualidade técnica de uma partida de futebol da série C ou do Campeonato Paraense?

    Por mais contraditório que seja, creio que as pessoas (no Brasil) não vão ao jogo de futebol pelo espetáculo, mas por que torcem por determinado clube. Eles não querem saber se o jogo foi ruim, querem saber se o time ganhou (como é um jogo, nem sempre isso irá acontecer).

    Certo que no futebol da Europa e no basquete da NBA se paga pelo espetácula, mas não no Brasil, menos ainda em nosso Pará.

    Finalizando, Gerson, se o PSC jogar duas vezes por mês em Belém (no valor de 20) terei gastado 40, para mim um valor que pode ser considerado normal para os padrões local. Agora se eu quero chegar lá e beber todas antes do jogo… Bem, fica em casa e toma uma grade de Cerpa, o dono da empresa agradece!

    Obs. As pessoas tem dinheiro (pouco, mas tem), mas optam por outra diversão. Todos tem esse direito. O que não podemos, é querer é que o Remo e o PSC continuem cobrando ingressos no valor do ano de 2003, ou seja, 5 reais e 10 reais (ver valores da copa dos campeões). Assim, infelizmente, não dá para fazer futebol nem nesse estado e muito menos nesse Brasil.

    AOS COLEGAS DO BLOG: É NECESSÁRIO CRIAR INGRESSOS POPULARES, MAS É PRECISO CRIAR ESPAÇOS VIPS TAMBÉM (E MAIS CAROS), COM MAIOR ACOMODAÇÃO PARA AQUELES QUE A QUEREM.

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  7. COMPARO, muitas vezes, Remo e Paysandu a alguém que era rico, tinha um bom padrão de vida, mas foi regredindo, regredindo, e ficou pobre. NO ENTANTO, ele próprio não se conforma com isso, e quer manter o status anterior, e ainda há a pressão dos amigos (se ainda os tiver) e dos parentes. ISSO tudo faz ele se endividar no cheque especial, no cartão de crédito, e ainda até fazer sua família passar privações, mas não quer perder a pose, mantendo pelo menos as aparências.
    É NECESSÁRIO dar um basta, se não o destino irremediável dele é a falência total. ORA, se ele tem duas casas, por que não vende uma e paga as suas dívidas? COM isso poderá, começando do zero, voltar ao status que antes detinha.
    QUANTO ao preço do ingresso, no caso do Atlético Paranaense (e estou morando no Paraná há 2 anos), é que boa parte do estádio está reservada para o sócio, que não paga ingresso. QUEM não é sócio, se quiser, deverá dispor de 50 reais, dependendo do jogo. A RAZÃO, meus caros, obviamente é atrair seus simpatizantes para se associarem ao Clube e assim obter este e outros privilégios.
    O SÓCIO banca o Clube, e este não depende de bilheteria, como Remo e Paysandu ainda fazem (isso é coisa dos anos 70). ESTÁ BEM de grana, a prova é que, em 2010, adquiriram os direitos federativos do equatoriano GuerroN pela bagatela de 1 milhão de euros. PLANEJAMENTO a longo prazo, coisa de PROFISSIONAIS.
    UM ABRAÇO a todos, e dirigente que ainda pensar e agir como torcedor está fadado a levar seu clube ao buraco.
    ACORDEM!

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      1. GOSTARIA de complementar.
        REMO e PAYSANDU (digo os dois, porque um não vive sem o outro há 96 anos) têm que decidir o que querem ser:
        1) GRANDES: então devem se profissionalizar, administrarem-se como empresas (receitas > despesas); aí entra a política adotada há alguns anos pelo Atlético Paranaense. Claro, devem ser guardadas as proporções. No Paraná, o poder aquisitivo é maior que no Pará.
        2) PEQUENOS: nesse caso, é continuar como está, mas aí então passarem a agir como tal, ficando apenas como segundo time dos paraenses, que adotarão – por falta de opção mesmo – times como Flamengo, Corinthians, Barcelona etc.
        NADA de comer bucho e arrotar filé.

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  8. O problema não está no preço do ingresso e sim na qualidade do espetáculo (futebol) a ser apresentado. O valor dos ingressos tem que estar a altura da folha de pagamento. Pretender futebol de primeira com ingresso à preço de “varzea”, tornaq-se dificil.

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    1. CONCORDO. Daí a necessidade de escolher o perfil a ser adotado doravante:
      RICO, altos investimentos, preço de ingresso correspondente, espetáculo à altura, estrutura profissional (não exatamente nessa ordem);
      POBRE, ingressos a cinquinho, futebol de pelada, direção de abnegados.

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