Por Marcus Alves – Revista ESPN
De um lado, Lee, Wallace, Anderson Martins, Neto Coruja, Fernando e Elkeson. Do outro, Rafael, Paulo Henrique Ganso, Neymar, Robinho e André. Dá pra formar um time só com jogadores revelados nas categorias de base de Santos e Vitória, finalistas da Copa do Brasil. A dupla aposta forte no trabalho com a garotada. É algo do qual os dirigentes dos dois times se orgulham. Sabem que sairá daí o dinheiro para reinvestir em novos atletas e na estrutura dos clubes.
Não ouse colocar, no entanto, cartolas das duas equipes numa mesma mesa. O clima entre eles não anda dos melhores. Tudo por conta de um jogador desconhecido por muitos e que, nesta quarta-feira, passará longe do gramado. Não tem idade para isso. Apenas 16 anos. Mas um potencial que faz com que baianos e paulistas travem nos bastidores a outra briga da noite.
Guido é o nome do menino dos olhos de Santos e Vitória. Até outro dia, circulava pelo Barradão. Goleiro titular da Seleção Sub-16, foi liberado em junho para aproveitar o São João com a família e nunca mais voltou. Havia sido levado para a Vila Belmiro. No último fim de semana, ainda se encontrava em Salvador, disputando com o time juvenil do Brasil a Copa 2 de Julho. Teve a oportunidade de enfrentar, inclusive, os antigos companheiros de Vitória nas semifinais. Venceu por 2 a 0. Na decisão, bateu o São Paulo nos pênaltis e ficou com o prêmio de melhor goleiro do torneio.
Os dirigentes rubro-negros não se conformam com a perda. Dizem ter sido “roubados”. E para piorar, não é a primeira vez que o Santos tira da Toca do Leão um de seus garotos mais promissores. Em três anos, considerando o caso envolvendo Guido, já são quatro episódios. O atacante Nadson e o volante Eriton, ambos então com 15 anos, em 2007, e o volante Alan, 17, na última temporada. Inconformado, o Vitória já estuda seguir o exemplo de outros times pelo país e fechar as categorias para menores de 15 anos.
Nada que vá abalar, contudo, a forma como o Santos atua na base. Ao lado de parceiros como o Grupo Sonda, o clube rastreia o mercado atrás de jogadores que estejam contratualmente desprotegidos. Em sua estreia na última Copa São Paulo, ele mandou a campo um time que refletia essa filosofia. Cinco dos 11 titulares haviam sido trazidos de outras equipes – Crystian (Vila Nova-GO), Elivélton (Corinthians), Alan (Vitória), Dimba (Goiás) e Nikão (Mirassol).
Ganso e André, apostas de Dorival Júnior para ficar com o título da Copa do Brasil, são outros exemplos. Vieram de Tuna Luso e Cabofriense, respectivamente. Os dirigentes santistas riem pelos cantos e contabilizam os lucros. São os engenheiros de obra pronta, contra-atacam os rubro-negros. Nesta briga, o Peixe está levando vantagem. Resta ver como será hoje à noite.