Um passeio no Barbalhão

POR GERSON NOGUEIRA

Foi a maior goleada de um grande da capital dentro do Barbalhão no atual formato do Parazão. À vontade, o Papão não tomou conhecimento da força do São Raimundo jogando em casa e se impôs, com inteligência e estratégia. O primeiro tempo foi confuso e sem muitas chances de gol, mas a segunda etapa mostrou o ataque bicolor arrasador.

O placar final de 5 a 2 se justifica pelo potencial ofensivo demonstrado pelo Papão ao longo dos 45 minutos finais, quando a temperatura baixou no Barbalhão e o time conseguiu se agrupar e jogar de maneira cadenciada.

Na verdade, a goleada foi determinada pela mudança de postura dos times. Com 1 a 0 no placar, estabelecido no minuto final do primeiro tempo, em cabeceio do lateral Lucas, o Papão veio para a segunda metade com uma proposta mais adequada ao jogo.

Ao invés de insistir em avançar Rafael Luz e Celsinho sobre os zagueiros santarenos, Dado retraiu o meio-de-campo para esperar a previsível tentativa de reação do São Raimundo. Com o meio fechado, o Papão passou a trocar passes e lançar bolas para Fabinho Alves na esquerda e Roniery na direita, abrindo bastante pelas extremas.

A estratégia funcionou. Até porque o São Raimundo resolveu sair de seu campo para buscar o empate. Sem cobertura, Jefferson se aproximava dos atacantes Carlinhos e Charles para pressionar a zaga. Criou situações, mas esbarrava na falta de parceiros para armar os lances de ataque.

Logo aos 8 minutos, explorando o espaço deixado pela marcação, Celsinho invadiu pela direita e tocou para Rafael Luz emendar de primeira. A bola tinha endereço certo, mas foi rebatida pela zaga. Foi o ensaio do que viria a ocorrer minutos depois, quando Betinho – que havia substituído a Leandro Cearense, cansado – finalizou para as redes completando belo passe de Rafael Luz.

Com o aguerrimento próprio dos tapajônicos, o São Raimundo encontrou forças para descontar aos 21 minutos. Ramon lançou Jefferson entre os zagueiros Pablo e Gilvan e o meia tocou, rasteiro, na saída de Emerson.

96a2d96f-1390-4cd5-a238-5ee84b0d513eA dinâmica empreendida pela dupla Celsinho-Luz não permitiu, porém, que o Pantera se assanhasse em campo. Quatro minutos depois, Celsinho cruzou para a área e Luz desviou de cabeça no cantinho direito do gol de Carlão.

O Papão arrefeceu a pegada no meio, permitindo tentativas isoladas do São Raimundo. Foi assim que Jefferson voltou a marcar, cobrando falta aos 43 minutos. Só que no minuto seguinte Bruno Veiga calou a torcida santarena fazendo 4 a 2, no gol mais bonito da tarde. Recebeu na esquerda, driblou um marcador e disparou chute forte na gaveta direita.

Celsinho, principal nome do jogo, fechou a goleada aos 47 minutos, batendo cruzado e sem defesa para Carlão. A ele e Rafael Luz deve o Papão a facilidade para abrir a marcação. A importância se traduz na produção exibida em campo: com habilidade e rápida troca de passes, ambos envolveram a defensiva do São Raimundo, participando diretamente de quatro dos cinco gols.

Cabe aqui ressaltar a qualidade do banco de reservas do Papão, de onde saíram Betinho e Bruno Veiga para substituir Cearense e Fabinho no segundo tempo. Ilaílson teve boa participação na marcação, ajudando Lucas a avançar com segurança pela esquerda.

A boa atuação dos meias Celsinho e Rafael Luz e a presença de área dos atacantes Betinho e Bruno Veiga fizeram com que o jogo se tornasse fácil, principalmente na etapa final, obscurecendo até o rendimento instável da dupla de defesa.

A vitória de ontem classificou o Papão às semifinais do turno e confirmou que o time de Dado é o mais ajustado deste começo de campeonato – sendo que ainda está em plena evolução, o que é uma péssima notícia para os demais adversários.

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Leão empata e perde taça em Manaus 

Em Manaus, o amistoso entre Nacional e Remo foi decidido logo nos dois minutos iniciais. Ciro fez 1 a 0 e Rodrigo Dantas empatou em seguida. O confronto bem que podia ter se resumido a esses dois lances, pois os dois Leões pouco fizeram para justificar a tradição do clássico.

Foi um jogo amarrado, com muitas faltas e pouca inspiração de parte a parte. Com Murilo improdutivo na direita e João Vítor apagado pela esquerda, o Remo dependia da movimentação de Eduardo Ramos e Marco Goiano, que não conseguiram conduzir o time à vitória. Do lado amazonense, destaque para Charles e Tiaguinho.

Nos penais, o desempenho azulino não foi melhor. Léo Paraíba desperdiçou sua cobrança e o Naça fechou a contagem em 5 a 3, ficando com a taça.

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Quando a torcida põe o dedo na ferida

Em 2014, na abertura da Copa do Mundo no estádio do Itaquerão, um grupo de ativistas tucanos promoveu um protesto desrespeitoso e ofensivo contra a presidente Dilma Rousseff, com imagens transmitidas para todo o mundo. Apesar do flagrante abuso, a manifestação não sofreu qualquer repressão por parte da polícia paulistana.

Ontem, as faixas levadas pela torcida corintiana durante o jogo contra o São Paulo foram retiradas à força pelos policiais. Os dizeres eram fortes e questionadores:

“Quem vai punir o ladrão de merenda?”.

“Futebol, refém da Rede Globo”.

“Ingresso mais barato”.

“CBF e FPF, vergonhas do futebol”.

Pelas notórias ligações entre o tucanato paulista e a emissora que controla o futebol no Brasil, fica óbvia a motivação para que a lei fosse aplicada com rigor e violência.

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A rodada dos visitantes

O campeonato teve uma rodada atípica neste fim de semana. Nos quatro jogos, vitórias de todos os visitantes. O Águia bateu o Cametá por 3 a 0, provocando a queda de Cacaio. O Independente derrotou o Tapajós por 2 a 1. E o São Francisco passou pelo Parauapebas, fazendo 3 a 0 e apresentando o jovem Balotelli (autor de dois gols) ao distinto público. Nos grupos, a situação ficou ainda mais indefinida no A1, onde o Remo – com um jogo a menos – agora está a 3 pontos dos líderes São Francisco e Águia.

(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 15)

11 comentários em “Um passeio no Barbalhão

  1. Infelizmente os insatisfeitos tiram proveito de um partida de futebol para manifestarem suas decepções. O momento do Brasil não é bom, mas devemos ser oportunos aos momentos e lugares adequados para esse tipo de movimento.

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  2. E três goleadas fora de casa.

    Penso que Betinho e Veiga formarão o ataque titular.

    O time tá se ajustando e tem tudo pra fazer bonito nas competições iniciais

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  3. Esse amistoso foi marcado no mesmo dia de Flamengo e Vasco, tava na cara que não daria um bom público, mesmo não sendo no mesmo horário pode ter certeza que atrapalhou, além claro do torcedor Amazonense não dar muita moral para os times daqui, outro fator que pesou, quem vai sair de casa em Manaus pra ver o remo jogar?

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  4. Eu acho que o time do Remo só vai dá liga, com Leston Jr., na série C. Ainda vai ter bastante contratações e mudanças de peças até achar uma regularidade satisfatório. Só resta saber se a diretoria terá paciência e segurar a pressão da torcida, este último, não vai ser paciente nunca mesmo.

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  5. Ainda não dá para comparar com o time bicolor e 2015 no parazão, mas já comparando por minha conta e risco esse time de 2016 me parece mais encorpado, de mais opções para diversas posições inclusive ataque onde faltam estreias e os que estrearam a gente já conhece onde Cearense, Betinho e B Veiga só precisam confirmar o futebol que jogam para se firmarem. Já os novatos estreantes não houve ainda nenhum que me desagradasse, apesar de uns terem sido mais discretos mas não comprometeram. Posso estar enganado igual como ocorreu após o 9×0 no São Chico em 2015, mais acho sim esse plantel mais forte que aquele.

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