Uma denúncia apresentada por sete atletas do Avaí pode causar uma reviravolta no Campeonato Brasileiro mexendo com a composição das Séries A e B do ano que vem. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) recebeu, nesta quinta-feira (30), denúncia contra o Avaí por atrasos salariais recorrentes por parte do clube catarinense.
Diego Renan, Edilson, Iury, João Lucas, Jonathan, Rafael Pereira e Ronaldo procuraram o Sindicato dos Atletas Profissionais de Futebol do Estado de Santa Catarina (SAPFESC) e notificaram a agremiação sobre o ingresso com uma Notícia de Infração no Tribunal do Futebol. Os atletas citados já haviam notificado o Avaí sobre atrasos desde agosto e não foram ressarcidos desde então.
Com a denúncia, o Avaí tem, se for comprovado como clube devedor, 15 dias para cumprir suas obrigações com os sete atletas. Caso não consiga, a sanção será a perda de três pontos por rodada disputada desde a primeira denúncia, em agosto, o que tiraria o acesso do Leão da Ilha para a Série A – classificando o 5º colocado, CSA – e o rebaixando para a Série C de 2022 – no caso, o Remo, 17º, se salvaria.
O Artigo 17 do REC diz o seguinte: “O Clube que, por período igual ou superior a 30 (trinta) dias, estiver em atraso com o pagamento de remuneração, devida única e exclusivamente durante o CAMPEONATO, conforme pactuado em Contrato Especial de Trabalho Desportivo, a atleta profissional registrado, ficará sujeito à perda de 3 (três) pontos por partida a ser disputada, depois de reconhecida a mora e o inadimplemento por decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD)”.
Caso perca os pontos, referentes a todas as partidas em que os jogadores citados atuaram com salários atrasados, a equipe ficaria com 42 pontos, um a menos que o Clube do Remo, primeiro time dentro da zona de rebaixamento. Já o CSA-AL, que terminou a Série B em 5º, iria para a 4ª colocação e subiria para a Série A.
O STJD, porém, está de recesso até o dia 20 de janeiro de 2022, o que dá mais tempo ao Avaí para se manifestar e resolver as pendências. O clube ficou em quarto lugar na última Série B, conquistando o retorno para a elite do futebol brasileiro na última rodada.
No mesmo dia em que o Flamengo oficializou a contratação de um técnico português para comandar a equipe nos próximos dois anos, o brasileiro Cuca renunciou ao cargo de técnico do Atlético-MG campeão brasileiro e forte candidato a grande papão de títulos da década. De imediato, os dirigentes mineiros revelaram a intenção de buscar também fora do Brasil o novo comandante.
Os movimentos têm um ponto em comum: os clubes mais endinheirados do país e da América do Sul não querem mais saber do produto nacional bruto na direção de seus times. Além de Galo e Flamengo, o outro grande clube brasileiro do momento também é comandado por um estrangeiro. O Palmeiras, bicampeão da Libertadores, já confirmou Abel Ferreira para uma nova temporada.
Nos próximos dias terminará o suspense em torno do escolhido pelo Galo. Jorge Jesus, que brilhou no Flamengo em 2019, acaba de ser dispensado pelo Benfica e passa a ser opção preferencial da diretoria atleticana. O choque pelo surpreendente pedido de demissão de Cuca já foi superado. É bom lembrar que, antes de ir para o Flamengo, JJ estava quase acertado com a equipe mineira.
Chamou atenção nos últimos dias a viagem de diretores do Flamengo a Portugal para contratar o novo técnico, qualquer um que tivesse nome e currículo fortes. O alvo óbvio era o Mister, mas este protelou uma decisão. Aparentemente, não quer se arriscar a perder a imagem de campeão absoluto que forjou no imaginário do torcedor rubro-negro.
Sem saída, o clube carioca tentou acertar com Carlos Carvalhal e nos últimos dias se decidiu por Paulo Sousa, que tinha contrato com a seleção polonesa, mas não hesitou em firmar acordo com o Flamengo. O Brasil virou território a ser desbravado pelos técnicos portugueses, a partir do êxito de JJ e das conquistas de Abel no Palmeiras.
Mais do que isso. O futebol de ponta no Brasil está cansado de técnicos brasileiros da escola motivadora, aqueles que berram apenas do lado do campo e se comportam como o tiozão do churrasco no fim de semana. Foi-se o tempo em que Muricy, Abelão, Renato, Mano, Joel Santana, Leão, Oswaldo de Oliveira, Luxa e Felipão eram absolutos.
Os questionamentos surgiram a partir das dificuldades que os times tinham para formatar o jogo ou até mudar o modelo em meio às dificuldades normais de uma partida. É preciso ter conhecimento extra, noção profunda sobre formulações e variáveis táticas.
Os portugueses têm mostrado competência, dão certo e são preferidos porque também têm a vantagem do idioma sobre os outros estrangeiros, embora Fortaleza, Internacional e Coritiba já estejam trabalhando com profissionais da Argentina e do Uruguai.
Caso não surja um movimento de reação por parte dos “professores” brasileiros, o domínio estrangeiro vai se acentuar e logo será normal ter um deles no comando da Seleção, último reduto a ser conquistado.
Sem muito alarde, Leão anuncia caras novas
A intenção clara é abraçar a política do “bom e barato”. Depois de ter fechado com Welthon e Ricardo Luz, o Remo anunciou mais cinco reforços para a próxima temporada: o goleiro Jorge Pazetti, o lateral-direito Rony e os atacantes Vanilson, Luan e Veraldo
O nome mais destacado é o de Vanilson, goiano de 31 anos e currículo rico em passagens por times pouco badalados – Aracati, Paracuru, Porto Alegre, Olaria, Náutico-RR, Francana, Colinas, Novo Horizonte, Vila Nova, Itumbiara, Grêmio Anápolis, Nacional-POR e Goianésia.
Passou pelo Manaus em 2021, onde marcou 14 gols e despertou o interesse dos remistas. Chega para disputar posição com Neto Pessoa, se o centroavante definir permanência no Baenão.
Luan, sul-mato-grossense de 25 anos, é atacante de lado e também fez uma carreira centrada em equipes medianas. Outro que atua pelas beiradas é o baiano Veraldo, que defendeu o Águia de Marabá e o Paragominas há dois anos. É uma indicação de João Galvão.
O quinto da lista é o lateral direito Rony, formado nas divisões de base do próprio Remo e que saiu após litígio na Justiça. Esteve no Sampaio Corrêa e no Castanhal. Seu retorno foi costurado pelo próprio presidente Fábio Bentes, que vê na contratação a correção de um erro do passado.
A divulgação das contratações deixa clara a diferença de estratégia entre remistas e bicolores nesta fase de montagem de elenco. Até o momento, o PSC tem se notabilizado por acertar com jogadores conhecidos – Henan, Ricardinho, João Paulo, Dioguinho, Marcão e Tiago Coelho.
O Remo deixa claro que, a não ser pela permanência de Felipe Gedoz, vai trilhar um caminho diferente, atento aos limites do apertado orçamento para 2022. Não dá para avaliar, por enquanto, quem abraçou a melhor estratégia. O Parazão vai servir para desfazer essa dúvida.
Atacante promove evento beneficente em Baião
Aconteceu ontem, na vila de Calados, em Baião, o jogo solidário entre os Amigos de Danrlei e Amigos do Rati. O time do atacante do Papão venceu por 4 a 2, mas importante mesmo é que a iniciativa beneficiou o povo humilde da região, que ganhou cestas básicas e brinquedos para as crianças.
Para arrecadar os recursos, foi realizada uma rifa de duas camisas oficiais do PSC e uma chuteira de Danrlei. Tudo o que foi obtido em dinheiro foi revertido para a compra das cestas básicas. (A informação é do radialista Enilson Nonato, velho parceiro da coluna).
“Sem votos, enrolado com Álvaro Dias e depois de confessar que a Lava a Jato não passou de um instrumento de perseguição política, Moro continua candidato a presidente?”.
O Remo perdeu nos últimos anos dois jogadores promissores, ambos chamados Rony. Um percorreu caminho vitorioso e hoje é um dos mais valorizados atletas do futebol brasileiro. O outro, mais jovem e sem o mesmo glamour, ainda persegue o sucesso. Deu um passo arriscado ao brigar judicialmente com o clube, mas, em desfecho inusitado, está de volta ao ninho para tentar retomar o voo inicial.
Aos 21 anos, o lateral-direito Rony está voltando ao Evandro Almeida, após uma demorada perlenga na Justiça pelo direito de decidir seus próprios passos. Revelado nas divisões de base, o jogador teve pouco tempo no elenco profissional e ganhou visibilidade ao exigir o pagamento de 14 meses de salários atrasados, entre 2017 e 2018.
Sob orientação de empresários, Rony buscou a saída litigiosa e isso quase lhe custou a carreira. O Remo chegou a depositar judicialmente o valor reivindicado por Rony, mas o atleta não mudou sua decisão. Em abril de 2020, finalmente obteve sua desvinculação contratual.
Viveu um período de ostracismo e incerteza. Acertou com o São Caetano no ano passado, mas veio a pandemia e os campeonatos foram adiados. Depois, apareceu no Sampaio Corrêa jogando a Série B. Recentemente, passou pelo Castanhal chegando a disputar jogos da Copa Verde.
Segundo especulações, Rony está voltando ao Baenão para cumprir um contrato de dois anos. No acordo está inserido um gesto de desarmamento e praticidade por parte do clube. Ciente das qualidades técnicas do jogador, o Remo uniu o útil ao agradável, pois precisa de um outro jogador para a posição, ao lado de Ricardo Luz, recém-contratado.
O retorno de Rony representa uma novidade para situações de litígio no futebol paraense. Normalmente, após uma batalha judicial, o jogador fecha as portas no clube de origem. Contribuiu para a pacificação o estilo do presidente Fábio Bentes. Como não conseguiu acordo para renovar com o Castanhal, Rony demonstrou interesse em jogar pelo Remo e a diretoria azulina prontamente em acordo com o Japiim e fechou negócio.
Em entrevistas, Rony demonstra gratidão ao dirigente azulino pela oportunidade de voltar a vestir a camisa do Leão. Na verdade, terá pela primeira vez a chance de mostrar seu valor ao clube que o revelou para o futebol. A presença de Paulo Bonamigo no comando, reconhecidamente um técnico que gosta de trabalhar com jovens atletas, contribuiu muito para a decisão do jogador.
A situação deveria servir de balizamento para futuros acordos entre clube e jovens revelados na base. Quase sempre deixados de lado e mal remunerados, os atletas ficam reféns do discurso pragmático de empresários e agentes. Às vezes, saem lucrando, como ocorreu com Roni, hoje no Palmeiras. Outras, nem tanto, como o Rony lateral acabou constatando na prática.
Eleições na FPF: confusões e chutes na canela
De onde menos se espera é de lá que não vem mesmo. O chiste irônico cabe como luva neste imbróglio envolvendo a eleição para a presidência da Federação Paraense de Futebol, suspensa ontem por decisão da desembargadora Eva do Amaral Coelho, do TJPA, atendendo pedido impetrado pela Liga Atlética de Castanhal – que é aliada da chapa do candidato Paulo Romano, que foi impugnada pela comissão eleitoral.
Sim, como previsto aqui, tudo é confuso e caótico, como quase sempre ocorre com a FPF ao longo de décadas. Por ora, não há data prevista para o pleito, mas é bem possível que ocorra em janeiro de 2022 – isto se não houver nova reviravolta e recurso ao tapetão.
O exemplo público é terrível, com o tumulto gerado por supostas ilegalidades expostas no despacho da desembargadora. A atual gestão, encabeçada por Adelcio Torres, promete recorrer da decisão do TJPA, mas é provável que a chapa situacionista não esteja mais na disputa até lá.
Tudo porque Adelcio busca o terceiro mandato, pretensão que colide com o próprio regimento da FPF. Paulo Romano, aliado do ex-presidente e eterno cacique Antônio Carlos Nunes, teve sua chapa impugnada por não ultrapassar a cláusula de barreira. O terceiro candidato, Ricardo Gluck Paul, ex-presidente do PSC, luta para garantir a realização da eleição.
Todas as denúncias que culminaram na suspensão do pleito têm origem no próprio edital, que apresenta ligas e clubes que não estariam aptos a votar, excluindo outros que deveriam constar da relação de adimplentes. Um dos que se considera prejudicado é o Gavião Kyikatejê, que já reivindicou, de forma administrativa, a correção do edital.
Ao distinto público, visivelmente entediado com o arranca-rabo, é bom avisar que na maioria das vezes a luta pelo poder na FPF é inspirada na férrea vontade de mudar para continuar como está, salvo exceções. A conferir.
Novo Cruzeiro abre mão dos préstimos de Luxa
Por questões financeiras, o novo Cruzeiro demitiu ontem Vanderlei Luxemburgo. Era previsível o desfecho depois que Ronaldo Nazário se tornou o principal acionista do clube, agora funcionando como SAF (sociedade anônima de futebol).
Ronaldo nunca foi muito fã de Luxemburgo como técnico. Menos ainda do Luxemburgo manager. No Cruzeiro, desde o ano passado, o experiente treinador se sentia confortável para dar pitacos e já ensaiava interferir no processo de contratações de atletas.
Para muitos, o êxito de Luxemburgo como técnico começou a entrar em colapso quando ele misturou as tarefas de campo com as de empresário. Expôs um flanco que não tinha como especialista em treinar times.
Verdade ou não, o fato é que o técnico nunca mais foi o mesmo após se imiscuir em ações executivas, nem sempre transparentes e exitosas. Ronaldo, pelo visto, resolveu não pagar para ver. Vai em busca de cabeças mais arejadas para cuidar de seu investimento mais recente.
(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 29)