O Ministério da Saúde aprovou um estudo da Confederação Brasileiro de Futebol (CBF) que possibilitará a volta do torcedor aos estádios e arenas de futebol em meio à pandemia de Covid-19. Organizadora do Campeonato Brasileiro, a entidade recebeu o aval do órgão do governo federal nesta terça-feira (22), mas ainda analisa quando e como colocará o plano em ação. A ideia inicial é que isso aconteça em outubro.
O estudo prevê no máximo 30% da capacidade dos estádios liberada aos torcedores e apenas para o time mandante, enquanto os visitantes seguirão sem acesso aos jogos.
Também será necessária a aprovação das autoridades sanitárias locais, e os times deverão cumprir protocolos estabelecidos pelo governos de cada região.
Questionados pela reportagem, governo e prefeitura do Rio de Janeiro e de São Paulo não responderam até a publicação deste texto.”
A abertura de estádios é totalmente imprudente e desnecessária porque tem riscos no local e no transporte. Não há nenhum local no mundo que está aceitando a volta de torcidas [na proporção de 30%]. Com certeza, o estádio é um dos locais de maior espalhamento [do vírus], vide o exemplo do Atalanta jogando em Milão, o que motivou a epidemia mais forte na Itália, em Bérgamo”, afirmou o epidemiologista Paulo Lotufo.
Com o aval do Ministério da Saúde, a CBF irá convocar dirigentes de clubes para uma reunião para definir a partir de quando e em quais condições será possível contar com a presença de público nos estádios de futebol.
O estudo foi encaminhado ao Ministério da Saúde pelo coordenador médico da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Jorge Pagura, e prevê cenário com o retorno a partir de outubro.Procurado pela reportagem, nesta terça-feira (22), ele confirmou que recebeu o aval para que a CBF execute o plano de volta do torcedor aos estádios, mas não quis conceder entrevista. O Ministério da Saúde também não respondeu até esta publicação.
Desde março, quando os campeonatos estaduais e a Copa Libertadores foram paralisados como forma de mitigar a contaminação pelo coronavírus, os times de futebol amargam com perdas de receitas sem a comercialização de ingressos e o chamado “matchday” (ganhos com camarotes e cadeiras cativas, além da venda de alimentos e bebidas no dia de jogo).
Alea jacta est. A expressão em latim, atribuída ao imperador romano Júlio César, às margens do rio Rubicão, dando início à guerra contra o general Pompeu, aplica-se perfeitamente ao momento vivido pelo Remo no Brasileiro da Série. Dois movimentos no xadrez interno da agremiação foram feitos ontem. À tarde, o técnico Mazola Jr. foi dispensado, após uma série de resultados negativos – sete jogos sem vencer e a perda do título estadual. À noite, Paulo Bonamigo foi contratado.
As razões que levaram o clube a dispensar Mazola são bem conhecidas. O time começou bem na Série C e, mesmo jogando feio, acumulava pontos e se posicionava no G4. A partir do empate em casa diante do Vila Nova-GO, o nível começou a cair e os gols foram rareando. Para agravar a situação, veio a decisão do Parazão e o Remo foi amplamente dominado pelo PSC, que ganhou as duas partidas e conquistou o título estadual.
Mazola ainda conseguiu permanecer, mesmo desgastado, mas o time não respondeu e as cobranças foram se acumulando. A derrota para o Santa Cruz, apesar de boa atuação no segundo tempo, reabriu a expectativa de permanência, mas o novo tropeço diante do Botafogo-PB sacramentou a decisão de demitir o treinador.
Em 5º lugar na chave, com 10 pontos, o Remo está pela primeira vez fora do G4 e assiste a ascensão de equipes que estavam lá atrás nas primeiras rodadas do campeonato. Diante disso, a troca se mostrou o único caminho lógico, levando em conta que ainda restam 11 partidas na etapa classificatória.
Paulo Bonamigo, pela histórica ligação com o clube, a partir da grande campanha na Copa João Havelange, em 2000, era um nome especulado mesmo antes da contratação de Mazola. Mas, quando foi procurado, no começo do ano, estava dirigindo o Boavista no Campeonato Carioca.
Desta vez, o técnico respondeu rápido e foi escolhido em meio a especulações sobre outros nomes. “Contou o fato de Bonamigo estar acompanhando o campeonato e o Remo. Fiquei feliz em ver que ele está por dentro do que acontece aqui”, disse o presidente Fábio Bentes à coluna.
Bonamigo encontrará um Remo em processo de rearrumação. Deve indicar jogadores e avaliar o elenco. Chega hoje à tarde e será apresentado para iniciar imediatamente os trabalhos para o jogo contra o Manaus, domingo. Vem acompanhado de auxiliar, analista de desempenho e preparador físico.
A campanha com o Boavista no recente certame carioca respalda a escolha do Remo. Bonamigo provou estar atualizado em relação ao futebol brasileiro atual.
Marcha dos insensatos tem origem no Rio de Landim
Não há outro Estado que supere o Rio de Janeiro em mortes decorrentes da covid-19. Proporcionalmente, é a unidade da federação onde a pandemia produziu mais mortes. Foram 18 mil até agora, por obra de governos relapsos, tanto no aspecto municipal quanto estadual e federal.
Para espanto geral, vem do Rio a iniciativa mais fora de noção e contexto em defesa da volta da torcida aos estádios de futebol. O prefeito Marcelo Crivella já autorizou o Flamengo a vender 20 mil ingressos para o jogo do próximo dia 4 de outubro, contra o Atlético-PR.
Irresponsabilidade é o termo mais suave para descrever tal iniciativa. A curva de contaminação pela doença tem subido nos últimos dias, mas prefeito e dirigentes do Flamengo não ligam a mínima para isso. Cuidados sanitários e distanciamento social são letras mortas para essa gente.
E o exemplo nefasto começa a se espalhar pelo Brasil. Já há por aqui mesmo, no Pará, gente disposta a desafiar a ciência e o bom senso.
A cortada corajosa e certeira de Carol Solberg
Filha da lendária estrela Isabel, Carol Solberg mostrou ontem ter herdado o mesmo espírito destemido e libertário. Depois de garantir o bronze no circuito de vôlei de praia, ela gritou um “fora, Bolsonaro!” em entrevista à emissora que transmitia o jogo.
O brado gerou imediata repercussão, com direito a uma desastrada manifestação da Confederação Brasileira de Vôlei, que em outras ocasiões passou pano para atletas como Wallace e Maurício Borges, que declararam apoio ao então candidato e depois ao presidente da República.
Aliás, Isabel deu um bom exemplo a Carol recentemente. Repreendeu publicamente a ex-jogadora Ana Paula, famosa pelas posições conservadoras. Isabel criticou a ex-colega de quadra por “desserviço na luta contra o racismo”.
O protesto de Carol é inteiramente legal, de acordo com o que determina a Lei 50 da Carta Olímpica de 2019. Manifestações políticas fazem parte dos direitos dos atletas, desde que não ocorram nas competições e no pódio. São perfeitamente autorizadas pelo COI quando ocorrem em entrevistas.
No fim das contas, a CBV perdeu excelente oportunidade de se manter em silêncio. Em nota, acusou Carol de “denegrir” o esporte. Para azedar ainda mais a sopa, usou um termo racista, inaceitável nos dias de hoje.
Outra que pisou no tomate foi a Comissão de Atletas do Vôlei de Praia, presidida pelo ex-jogador Emanuel, hoje cartola: “A Comissão não é favorável a nenhum tipo de manifestação de cunho político em competições esportivas”. Emanuel foi embaixador do Banco do Brasil e terá o voto da CBV na eleição do COB, o que explica a mensagem infeliz.
O que prejudica o esporte brasileiro é apoiar ações e políticas de governo que contribuem para desmontar a estrutura olímpica existente no Brasil. Carol, não só pelo grito redentor de domingo, está de parabéns!
(Coluna publicada na edição do Bola desta terça-feira, 22)
Paulo Bonamigo foi contratado pela diretoria do Remo. Chega amanhã para ser apresentado. Pesou a pedida salarial, abaixo da de Hélio dos Anjos. Bonamigo tem fortes ligações com o clube, desde sua passagem no ano 2000. Em comunicado nas redes sociais, o Remo confirmou a contratação.
“O Clube do Remo anuncia a contratação de Paulo Bonamigo como o novo treinador azulino para o restante da temporada! O gaúcho tem no currículo passagens por grandes clubes, como Palmeiras, Botafogo, Atlético/MG, Fortaleza, entre outros, inclusive o Leão Azul, onde comandou a equipe azulina na Copa João Havelange, em 2000. Seu último trabalho foi no Boavista/RJ, na boa campanha da equipe no Campeonato Carioca 2020. Bem-vindo de volta ao Maior da Amazônia, Bonamigo!”.
O técnico Paulo Bonamigo será apresentado na tarde desta terça-feira (22), às 15h, no estádio Evandro Almeida.
Em nota oficial, o Clube do Remo informou na tarde desta segunda-feira ue o técnico Mazola Jr não faz mais parte do comando técnico azulino para o restante da temporada. “O treinador acertou sua saída nesta segunda-feira (21), após reunião com a diretoria. Mazola Jr chegou ao clube em fevereiro. Ao todo, foram 16 jogos, sendo 7 vitórias, 6 empates e 3 derrotas”, destaca a nota.
“A diretoria azulina agradece o empenho e profissionalismo, e deseja sorte nos próximos trabalhos de sua carreira”, finaliza o comunicado.
Para o lugar do treinador, especula-se a contratação de Hélio dos Anjos, que deixou o comando do PSC na semana após desentendimentos com a diretoria. Parte da cúpula azulina e colaboradores defendem a volta de Hélio ao Evandro Almeida, mas o clube não confirma nenhuma sondagem.
O jogo se apresentava mais favorável ao Ferroviário, que tomava a iniciativa em busca do gol. Mas, aos 22 minutos, o PSC conseguiu executar um ataque perfeito. Juninho percebeu a entrada de Vinícius Leite na área e lançou. O atacante cortou para o meio e mandou um tiro cruzado no ângulo da trave de Nicolas, abrindo o placar no Castelão.
Na verdade, o Papão estava bem organizado, mas sempre pecava no momento de finalizar. Vinícius Leite levava ampla vantagem sobre seus marcadores e Nicolas encontrava liberdade para manobrar.
Em desvantagem, o Ferroviário seguinte atacando. Aos 30’, Wellington Rato desperdiçou chance clara, após boa jogada de Magno pelo corredor esquerdo. No minuto seguinte, Rato e Siloé tiveram novas oportunidades, mas Gabriel Leite e Micael salvaram em cima da linha.
Para suportar a pressão do Ferroviário, o PSC adotou postura mais cautelosa, evitando maiores riscos, mas uma inspirada jogada de Uilliam Barros criaria nova grande chance na área cearense. Depois de dar uma caneta em Magno, Uilliam tocou para Nicolas bater para as redes, ampliando o placar, aos 34’.
Aos 39’, Nicolas quase ampliou ao perceber o xará adiantado. Mandou um chute da intermediária, mas a bola saiu pela linha de fundo. Outro grande ataque viria aos 44’, quando Juninho avançou até a área do Ferroviário e chutou cruzado para boa defesa de Nicolas.
No 2º tempo, o técnico Marcelo Villar trocou Siloé e Caíque por André Mensalão e Wesley, a fim de tornar o Ferroviário mais ofensivo. A dupla mudança não trouxe o resultado esperado porque o PSC marcava bem e não permitia que o adversário explorasse os lados do campo.
Mensalão quase marcou um gol olímpico aos 11 minutos, mas Gabriel Leite estava atento e desviou a bola. Aos 13’, tentou em dois tempos, parando no goleiro do Papão. O Ferroviário insistia, mas pecava na precipitação dos lances, demonstrando insegurança.
Até Wellington Rato, seu principal jogador, não repetia atuações recentes, perdendo-se em jogadas pelo meio e errando muito nas tentativas para chegar ao ataque. Leandro Niehues substituiu Juninho por Elielton, para abrir uma alternativa para contra-ataques.
A intranquilidade do Ferroviário se confirmou quando Rato acertou violentamente o lateral Diego Matos. Como já tinha o amarelo, foi expulso. Se a situação já era crítica para os donos da casa, ficou desesperadora sem o meia, maior referência da equipe na criação de jogadas.
Os minutos finais exibiram um PSC confiante e tranquilo, controlando o tecnicamente jogo e saindo sempre com boas opções para encaixar o contragolpe. Apesar da chance de buscar o terceiro gol, o Papão se concentrou em administrar a passagem do tempo, sem maiores transtornos.
Grande vitória, que recoloca o time no G4 e contribui para sufocar a crise que abalou a Curuzu após a saída de Hélio dos Anjos.
Sem inspiração, Leão amarga novo empate em casa
O Remo fracassou logo no primeiro jogo da sequência de quatro partidas em casa, chance rara de buscar estabilização e acumular pontos. Contra o Botafogo-PB, ontem à noite, repetiu a baixa produção mostrada no empate em casa com o Vila Nova-GO, que também ficou no 0 a 0. O resultado só não foi pior porque os outros times também tropeçaram na rodada.
Pressionado pelas críticas ao esquema com quatro homens de marcação no meio, o técnico Mazola Junior mudou o esquema para tentar quebrar a série de quatro jogos sem vitória. Ao invés do 4-4-1-1, botou em campo um 4-3-3, com dois volantes (Lucas e Charles), um meia (Carlos Alberto) e três atacantes – Ermel, Tcharlles e Hélio.
A intenção foi boa, mas não funcionou. E a explicação está na falta de familiaridade com um sistema de jogo agressivo e pela inaptidão de Carlos Alberto à função de articulador. O que se viu foi um time com extrema dificuldade para atacar e se impor perante um oponente apenas esforçado.
Nos primeiros 45 minutos, a equipe sentiu falta da transição qualificada. Os atacantes ficavam isolados e os laterais pouco avançavam. Quando subiu ao ataque, aos 11 minutos, Marlon cruzou para Ermel cabecear com perigo. O goleiro Samuel fez defesa arrojada para evitar o gol.
O Botafogo não arriscava, mas o espaço concedido pelo Remo atraiu naturalmente o visitante para o ataque. Passou a investir pela esquerda, com Cristiano e Ramon jogando em cima de Rafael Jansen.
Aos 19’, Cristiano entrou na área e bateu rasteiro. A bola raspou na trave. O lance seria invalidado, por impedimento, mas evidenciou o perigo que a defesa corria por ficar sempre exposta às investidas do adversário. Juninho, Higor e Rodrigo tinham espaço e trocavam passes com facilidade.
O segundo bom momento do Remo no jogo veio aos 27’. Marlon recebeu na intermediária e disparou uma bomba, que passou perto. No minuto final, em novo cruzamento, Alemão cabeceou nas mãos do goleiro.
Eduardo Ramos substituiu Carlos Alberto no 2º tempo, mas o time só foi mais agressivo quando apelou para o “abafa”. Os erros de passe comprometiam as manobras. Com Wallace e Dioguinho substituindo a Ermel e Hélio, o lado direito ficou mais ativo, gerando boas situações.
Mas, apesar dos esforços de Eduardo Ramos, O Remo só foi exibir pegada ofensiva depois que o zagueiro Donato foi expulso, após distribuir pancada o jogo inteiro. Eduardo Ramos, Wallace e Tcharlles criaram boas jogadas de aproximação, mas o time não acertava o pé.
Em escanteio, aos 35’, Fredson quase encaixou a bola no canto esquerdo. Aos 40’, veio a melhor chance: Marlon cruzou e Eduardo testou no canto. O goleiro Samuel espalmou e a bola ainda tocou no poste.
O jogo aprofundou as dúvidas sobre a capacidade ofensiva do Remo. As cinco partidas sem vitória expressam bem essa deficiência.
(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 21)