O passado é uma parada

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Sharon Stone no começo da carreira, em 1983.

A (imensa) falta que ele faz

POR GERSON NOGUEIRA

Contrato de Nicolas não prevê liberação para outros clubes: "Não acharia  justo com o Paysandu" | paysandu | ge

Quem vai substituir Nicolas? É a pergunta que mais se ouve neste momento nos arraiais bicolores. Questão séria, daquelas que pode tranquilamente passar até pelo crivo da presidência do clube, tal seu grau de importância. Afinal, há duas temporadas Nicolas se estabeleceu como o principal jogador do time. Ninguém no elenco bicolor chega nem perto em nível de utilidade coletiva e produção individual.

Nicolas não virou ídolo por acaso. Além de fazer muitos gols, é um jogador que alia a boa técnica a um senso de responsabilidade pouco visto no futebol profissional de hoje. Virou xodó dos torcedores e referência para companheiros e treinadores. Fixado no ataque, como centroavante, função que não exercia antes de chegar ao PSC, deu conta da missão com inegável competência.

Dono de excelente impulsão, é hoje um dos melhores cabeceadores da Série C, com alto aproveitamento em bolas paradas. Pelo chão, põe a serviço do papel de atacante a técnica de jogador acostumado à meiúca. O espírito de equipe faz com que se disponha a auxiliar na marcação, participar da transição e até recuar para reforçar ações na intermediária.

Esse nível intenso de participação torna ainda mais complicada a tarefa de substituí-lo. No Papão atual, não existe um jogador com as características de Nicolas e com o seu nível de entrega ao esforço coletivo. Suspenso pelo terceiro cartão amarelo, ele desfalca o time diante do Botafogo-PB.

No ataque, o técnico Matheus Costa vai buscar suprir a ausência do camisa 9 utilizando Uilliam Santos como centroavante. Com gols importantes nos últimos jogos, Uilliam vive fase inspirada, nem lembrando o jogador errático que sofria muitas críticas no começo da temporada. Vinícius Leite e Elielton, provavelmente, serão os homens de beirada.

O fato de não poder contar com Nicolas dá ao técnico e ao próprio PSC a oportunidade de avaliar como o time se comporta sem um referencial tão importante. Diante do Imperatriz, Nicolas deixou a partida no intervalo e o time atuou bem na sua ausência, impondo um jogo diferente, de verticalização de jogadas e exploração de contra-ataques em velocidade.

Pode ser o caminho a ser adotado diante do Belo, que precisa vencer e deve atacar bastante, deixando espaços para que um ataque rápido possa se prevalecer da situação. Até mesmo o comportamento anímico do time sem Nicolas deve ser bem observado, a fim de contribuir para experiências futuras.

Como será a cara do novo Remo de Paulo Bonamigo?

Os treinamentos têm sido intensos no Evandro Almeida desde a terça-feira. Bonamigo gosta de trabalho com bola e movimentação tática. Os próprios atletas já admitem os efeitos da mudança de propósito. O meia-atacante Dioguinho foi um dos que se manifestou destacando a postura ofensiva adotada pelo novo treinador.

Difícil é imaginar o que a equipe vai mostrar domingo contra o Manaus. Não há como mudar radicalmente a característica de um time em apenas quatro treinos. É bem possível que a atitude seja mais destemida, sem o conservadorismo de antes, mas as funções e variações de jogadas dependerão da continuidade.

Por mais aplicado que o grupo de jogadores seja, assimilar novos conceitos requer um mínimo de tempo e conexão com o comandante. Quem vem acompanhando os treinos de Bonamigo garante que o elenco está focado, consciente da necessidade de uma reformulação.

O confronto de domingo talvez ainda não mostre um time completamente mudado, mas é legítimo esperar que a arrumação do ataque esteja diferente, sem o isolamento de atacantes Tcharlles e Gustavo Ermel, que no esquema anterior participavam esporadicamente das ações da equipe, o que é muito pouco para quem busca vencer jogos.

O fato é que, mesmo sem estar 100% adaptado aos novos conceitos, o Remo de Bonamigo precisa dar respostas. A necessidade de uma vitória, após cinco resultados ruins na competição, torna-se o objetivo natural da equipe e uma espada sobre a cabeça do técnico recém-contratado.

Projeto do novo Mangueirão é apresentado à CBF

A cúpula da CBF conheceu o projeto de reforma e ampliação do estádio Jornalista Edgar Proença, na visita do secretário de Esporte e Lazer, Arlindo Silva, ontem à sede da entidade. O presidente Rogério Caboclo recebeu a solicitação oficial do governo do Estado para que a Seleção Brasileira faça o jogo da reinauguração do Mangueirão, em 2022.

Caboclo aceitou o convite e rasgou elogios ao futebol do Pará e ao estádio estadual, palco “de jogos que reúnem as grandes torcidas de Remo e Paysandu”. Além de Caboclo, Arlindo foi recepcionado pelo coronel Antônio Carlos Nunes, vice-presidente da CBF.

Apóstolos do caos insistem na volta das torcidas

A CBF e os clubes que querem reabrir as bilheterias dos estádios não recuam um milímetro da proposta, nem mesmo com os recentes casos de contaminação surgidos na delegação do Flamengo. Há uma fria determinação no sentido de permitir que os clubes recuperem – mesmo de maneira reduzida – as receitas que a pandemia tirou.

Ninguém discute a situação de dificuldades vividas por todos os grandes clubes brasileiros, mas é imperioso que alguém tenha o desassombro de enfrentar os negacionistas e defensores da liberação, principalmente quando a doença dá sinais de recrudescimento em quase todas as regiões brasileiras. Argumentar que o “pior já passou” é brigar com os fatos e desafiar o bom senso.

Não há qualquer garantia de que os protocolos de saúde serão respeitados em estádios com mais de 15 mil espectadores. A ausência de um plano confiável e seguro para prevenir aglomerações (na chegada e no escoamento dos torcedores) é a admissão de que o futebol não pode ainda conviver com torcida nos estádios.

(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 25)

Bastidores do rock

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Casamento de Arnaldo Baptista e Rita Lee, nos anos 60, em meio ao sucesso dos Mutantes na cena pop brasileira.

Trocas no momento certo

POR GERSON NOGUEIRA

Paulo Bonamigo, novo técnico do Remo — Foto: Samara Miranda/Ascom Remo

Os velhos rivais costumam imitar um ao outro, até involuntariamente. A situação se repetiu de novo neste Brasileiro da Série C, com as mudanças de técnico na 6ª e na 7ª rodada. O PSC largou na frente, com a saída do técnico Hélio dos Anjos na segunda-feira, 14. Ele estava no clube desde o ano passado. Uma semana depois, dia 21, o Remo demitiu Mazola Junior depois de novo tropeço dentro de casa. Pode-se dizer que as trocas ocorreram no momento oportuno.  

Na busca por substitutos, o PSC optou por um treinador da novíssima geração. Matheus Costa, de 33 anos, tem curta carreira. Começou no Paraná, estagiou com Levir Culpi no Fluminense, dirigiu o Joinville na Série C e depois assumiu o Confiança, onde conquistou seu único título – o Campeonato Sergipano – e foi muito bem na Copa do Nordeste.

Sua chegada ao PSC lembra a de Dado Cavalcanti, que tinha 34 anos quando foi contratado em 2015. É um investimento de risco, como havia sido Dado, o mais bem sucedido da geração jovem que trabalhou no clube, tanto que voltou duas outras vezes, em 2016 e 2018.

A direção repetiu a mudança feita no ano passado, quando contratou Hélio dos Anjos para botar a casa em ordem. Nome da velha guarda, ele rapidamente fez o time evoluir e empreendeu uma campanha que quase levou ao acesso. Em relação ao ex-comandante, Matheus representa uma lufada de renovação, principalmente quanto à gestão de vestiário.

Matheus chega para estabelecer uma relação mais afinada com a diretoria de Futebol, que não conseguiu ter uma convivência pacífica e produtiva com a comissão técnica liderada por Hélio. A falta de afinidade gerou conflitos que estão na origem da tumultuada saída do treinador.

O Remo, que havia marchado com Márcio Fernandes até o fim da Série C 2019, sem atingir os resultados esperados, desta vez preferiu não correr riscos e trocou de comando ainda no começo da competição, quando há tempo para reformular elenco e estratégia.

Para substituir Mazola, adepto do futebol de resultados e defensor de esquemas fechados, o clube decidiu trazer de volta Paulo Bonamigo, cuja passagem exitosa em 2000 até hoje é festejada pelos torcedores.

A mudança no Baenão representa uma inflexão na filosofia até então adotada. Bonamigo é adepto de um tipo de jogo inteiramente oposto ao de Mazola – competitivo, mas sem abrir mão da posse de bola e da iniciativa ofensiva. É tudo o que a torcida quer ouvir (e ver) de seu técnico. (Foto: Samara Miranda/Ascom Remo)

Futebol do Pará ganha representante na CBF Academy

“Com muito orgulho, aceitei o convite para integrar o quadro permanente de professores da CBF Academy. Minha cadeira será a de Planejamento Estratégico e a 1ª turma já será nesta quinta-feira, 24, sobre Gestão do Futebol. A partir de agora, temos um representante do Norte na elite da docência esportiva no que diz respeito à formação de gestores de futebol”.

Com esta mensagem, o presidente do PSC Ricardo Gluck Paul deu ontem a boa notícia sobre sua indicação para o quadro docente da CBF Academy, principal instituição de ensino dedicada à gestão de futebol no Brasil.

Show de incoerências dos defensores do “liberou geral”

Um anúncio da CBF convocando os clubes para a reunião que vai deliberar sobre a volta da torcida, virou pilhéria nas redes sociais, porque veio acompanhado de informação importante: o encontro será virtual, como prevenção à covid-19. Mais uma piada pronta nesse festival de incoerências que marca a cruzada pela reabertura de bilheterias.

O próprio Flamengo, líder dos ativistas pró-liberação de bilheterias, acaba de sofrer duro golpe: a contaminação de sete jogadores e do próprio técnico Domènec Torrent. E, de repente, num súbito acesso de bom senso, já quer adiar o jogo com o Palmeiras, marcado para domingo.  

O secretário-geral da CBF, Walter Feldman, diz que o retorno do público – já aprovado pelo Ministério da Saúde – só acontecerá se houver consenso entre os clubes. Feldman afirmou que o objetivo é melhorar o protocolo com o debate entre as entidades que promovem o futebol. 

Tudo balela. A CBF está firmemente empenhada no projeto de liberar a presença de público nos estádios, ciente de que conta com pleno endosso do governo federal, que sempre se posicionou contra cuidados e distanciamento social durante a pandemia, postura defendida pelo próprio presidente.

O fato é que fica difícil sustentar o discurso da liberação com atletas sendo contaminados. Se há risco para os jogadores, imagine só para 15 mil ou 20 mil torcedores.  

Covid: a palavra de quem domina o assunto

O amigo desportista Aldo Valente, pesquisador do Instituto Evandro Chagas, enviou sua opinião sobre a ideia de jerico do “liberou geral” de torcidas nos estádios. Vale a pena refletir sobre o que ele diz:

“Se somente 1% dos 14.000 torcedores se contaminarem seriam 140. Estes podem recontaminar outras 3.000 pessoas. Destes 140, 90 podem ter sintomatologia e de 3 a 5%, entre 3 e 5 contaminados, vão morrer. É um fato estatístico no mundo inteiro e uma tremenda irresponsabilidade. No final tudo vai sobrar para os governos, que terão que lidar com a lotação de hospitais e UTI’s, e todo o caos de volta”. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 24)

Rock na madrugada – The Raconteurs, You Don’t Understand Me

Bastidores do rock

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Led Zeppelin, 1969.