Leão domina seleção do Troféu Meio-de-Campo

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O Troféu Meio-de-Campo, promoção da TV Cultura, anunciou na noite desta segunda-feira a lista dos melhores do campeonato estadual, definida em votação de um júri técnico de jornalistas e radialistas. O Remo, campeão, emplacou a maioria dos selecionados, 6, e o craque da competição – Vinícius. Surpreendente foi a escolha de Pedro Carmona, meia do PSC, que ficou fora da maioria dos jogos do campeonato. O Leão esteve representado nos estúdios da Cultura pelos jogadores Vinícius e Dudu. No total, os azulinos ganharam dez troféus, incluindo o de melhor técnico, Givanildo Oliveira.

Para Vinícius, o momento é de festejar e agradecer. “Estou muito feliz, agradeço a Deus por isso. Trabalhamos muito e iniciamos as competições pensando em ganhar títulos e prêmios individuais. Graças a Deus conquistamos o campeonato coletivamente e também tivemos conquistas individuais. Isso é muito importante para a nossa carreira. Agradeço ao torcedor por ter votado, ao Juninho nosso preparador de goleiros, meus companheiros que estão no dia a dia e à minha família”, disse.

A seleção do Parazão é a seguinte:

Goleiro – Vinícius (CR)

Lateral-direito – Levy (CR)

Zagueiro – Diego Ivo (PSC)

Zagueiro – Mimica (CR)

Lateral-esquerdo – Esquerdinha (CR)

Volante – Dudu (CR)

Volante – Dedeco (Castanhal)

Meia-armador – Allan (Bragantino)

Meia-armador – Pedro Carmona (PSC)

Atacante – Cassiano (PSC)

Atacante – Felipe Marques (CR)

Técnico – Givanildo Oliveira (CR)

Revelação – William (PSC)

Craque do campeonato – Vinícius (CR)

Goleador – Dedeco (PSC)

Craque da galera – Vinícius (CR)

(Foto: Samara Miranda – Ascom Clube do Remo)

Remo anuncia reforços e Givanildo alerta para dificuldades na Série C

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Depois de conquistar mais um título em sua vitoriosa carreira, Givanildo Oliveira afirmou ontem que prefere não inventar ao avaliar o trabalho feito no Remo. “Procurei colocar em prático aquilo que entendo o futebol. Muita gente exagera, faz curso fora. Eu nunca vou. Então eu fiz sem inventar. Trouxe eles (jogadores) para mim e os fiz acreditar”.

Sobre a conquista, mostrou-se satisfeito: “Estou feliz. Nós trabalhamos pra sermos vencedores. Você ser vencedor sempre é bom e sempre é bem-vindo”. Ao mesmo tempo, tratou de alertar a torcida, dizendo a Série C (que começa na segunda-feira, 16) é uma competição bem diferente, com um grau de dificuldade maior.

Para reforçar o elenco, o clube anunciou ontem os nomes do zagueiro Moisés (ex-São Raimundo), do volante Dedeco (Castanhal) e do meia Éverton (ex-Fortaleza), devendo contratar mais um atacante. “Já tinha pedido a contratação de quatro jogadores, antes mesmo dessa final. Infelizmente, não chegaram para o estadual, mas vêm para a Série C”, disse Givanildo.

Sentiu a pressão? Walter negocia com CSA e pode deixar a Curuzu

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Nem bem terminou o Campeonato Paraense e já começam as especulações sobre mudanças no elenco do Paissandu. O atacante Walter, que chegou durante a competição, estaria de saída. O destino pode ser o CSA. O presidente do clube alagoano, entrevistado pelo repórter Dinho Menezes, na Rádio Clube, confirmou a negociação com o empresário do jogador, mas disse que tudo depende de acerto entre Walter e os dirigentes do PSC.

O atleta tem contrato de um ano com os bicolores e teria decidido sair assustado com a pressão da torcida, que fez protestos no Mangueirão no domingo à noite e chegou a disparar tiros em torno do estádio, depois da quarta derrota consecutiva para o rival e da perda do título estadual.

O CSA, que conquistou ontem o título alagoano, também vai disputar a Série B. A diretoria do PSC ainda não se pronunciou sobre a informação e nem o empresário do atleta, que não foi localizado na manhã desta segunda-feira.

Com alma e alegria

POR GERSON NOGUEIRA

A conquista do título estadual pelo Remo é incontestável. Foi o melhor do campeonato, disparadamente. Terminou oito pontos à frente do segundo colocado, marcando quatro vitórias seguidas sobre o maior rival. No triunfo de ontem à tarde, que também foi o confronto final, apesar do equilíbrio reinante e da prevalência da marcação sobre a técnica, o time de Givanildo Oliveira voltou a se sair melhor, principalmente pela objetividade que imprimiu ao jogo.

O tempo todo, na fase mais aguda da competição, o Remo mostrou-se mais consciente de seus limites e forças, usando isso para superar seus adversários. Ciente de que não tinha o elenco mais qualificado, em comparação com o do PSC, tratou de compensar isso com aplicação e um esforço por compactar suas linhas.

Em muitos momentos, o jogo dava a impressão de que o PSC tinha o controle de tudo, pois retinha mais a bola e girava bastante. O problema é que essas manobras, repetitivas e inócuas, permitiam que o bloqueio azulino se reorganizasse a tempo para anular as tentativas.

Ao contrário, o Remo era prático e sempre levava perigo nas chegadas à área alviceleste. Como aos 26 minutos, quando Adenilson lançou Felipe Marques e este foi derrubado pelo goleiro Marcão. O pênalti claro não gerou nem contestações. Isac cobrou no canto direito da trave, deslocando o arqueiro.

Com a vantagem de dois gols no placar agregado, o Remo ficou tranquilo, procurando sair apenas quando a situação permitia e economizando forças para o tempo final. A rigor, o único lance agudo do PSC foi no final da primeira etapa, quando Cassiano foi lançado e Bruno Maia aplicou o desarme em cima da linha, sem falta.

Um pouco antes, aos 37’, o árbitro Anderson Daronco incorreu em falha grave ao deixar de assinalar pênalti de Marcão sobre Elielton. O goleiro chegou novamente atrasado na disputa e acertou com o braço as pernas do atacante antes de tocar na bola.

Depois do intervalo, o PSC voltou revigorado. Dado substituiu Mateus por Moisés e William por Danilo Pires, usando mais ou menos a mesma estratégia vitoriosa contra o Bragantino na semifinal. Desta vez não deu certo porque Moisés até entrou bem, criou duas boas situações (chutando em cima de Vinícius e cabeceando com muito perigo depois), mas Pires foi outra vez peça apagada.

Nando Carandina se transformou em terceiro zagueiro e foi incansável no combate aos rápidos Felipe Marques e Elielton, depois substituídos por Jayme e Rodriguinho, mas o Papão precisava de força e talento na frente, virtudes que os atacantes ficaram devendo.

Apesar de sempre acompanhado por Bruno Maia, Walter foi o atacante mais desprendido do lado bicolor, chegando a perder uma boa chance nos instantes finais e distribuindo bons passes.

Do lado remista, Felipe Marques voltou a ser decisivo, pela velocidade e posicionamento no campo adversário. Isac se movimentou mais do que o habitual, ajudando a marcar nos momentos em que o PSC se lançou todo ao ataque. Dudu e Felipe Recife (depois substituído por Fernandes) faziam o trabalho de proteção para a atuação quase sem retoques de Mimica e Bruno Maia.

Além de toda a força e entrega na luta pela bola, o Remo teve em Vinícius segurança e arrojo quando a situação exigiu. Ao contrário de Marcão, novamente precipitado em algumas saídas, Vinícius brilhou pela economia de gestos. Não é um goleiro estabanado, mas da boa colocação sua principal virtude.

Dentre todos os responsáveis pela reconquista do título estadual, o Remo deve muito a Givanildo Oliveira. Quase setentão, o técnico chegou na hora certa, apagando incêndios e dando unidade a um grupo bastante heterogêneo.

Com Giva, o Remo passou a ter um time operário e funcional. Na entrevista pós-jogo, ele destacou a necessidade de ter jogadores dispostos a atuar com alegria. Acertou em cheio. Alegria é tudo, principalmente em futebol.

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Goleiro e atacante brilham no Leão; volante foi o melhor no Papão

Na equipe que levantou a taça estadual na tarde de ontem, perante mais de 28 mil espectadores, Vinícius foi um dos destaques, aparecendo muito bem em três grandes situações criadas pelo ataque do PSC. Felipe Marques sofreu o pênalti que decidiu a final e foi taticamente importante, ao prender a marcação enquanto teve pernas e fôlego.

Além deles, Mimica e Bruno Maia foram incansáveis, ganhando quase todas pelo alto e muito firmes nas jogadas de chão. Levy reapareceu com eficiência na direita, compensando as hesitações de Esquerdinha na esquerda. Adenilson teve boa atuação, mas perdeu gol feito, após passe perfeito de Marques. Jayme também perdeu outra oportunidade clara.

No Papão, apesar dos rasgados elogios de Dado Cavalcanti a todo o time pelas manobras em torno da área do Remo, faltou clareza para tentar as jogadas de habilidade e infiltração. A rigor, somente Moisés fez isso e descolou um chute cruzado que Vinícius defendeu.

Walter, pela falta de mobilidade, sofre com o bloqueio adversário, mas ainda assim foi o responsável pelas melhores investidas do time. Acima de todos, porém, esteve Nando Carandina, que voltava de uma lesão, mas foi o jogador que mais lutou, tanto na defesa quanto na tentativa de ajudar o ataque.

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Estrela Solitária brilha e renasce das cinzas

Quando ninguém esperava mais, o Fogão vitorioso deu o ar da graça, pelos  pés e mãos de dois gringos, como reza a rica tradição do clube. Joel Carli, o xerife argentino, marcou o gol. Gatito Fernandez, a muralha paraguaia, catou dois penais e garantiu a taça. Ave, Botafogo!

(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 09)

Uma agressão judiciária à democracia

Por Luigi Ferrajoli – publicado originalmente no jornal Il Manifesto, 7 de abril de 2018

Lula. Estamos diante daquilo que Cesare Beccaria, em “Dos delitos e das penas”, chamou “processo ofensivo”, onde “o juiz”, em vez de “indiferente pesquisador do verdadeiro”, “se torna inimigo do réu”. O dia 4 de abril foi uma jornada negra para a democracia brasileira. Com um só voto de maioria, o Supremo Tribunal Federal decidiu a prisão de Inácio Lula no curso de um processo disseminado de violações das garantias processuais. Mas não só os direitos do cidadão Lula que foram violados.

O inteiro caso judicial e as inúmeras lesões dos princípios do devido processo do qual Lula foi vítima, junto ao impeachment absolutamente infundado sob o plano constitucional que destituiu a presidente Dilma Rousseff, não são explicáveis se não com a finalidade política de pôr fim ao processo reformador que foi realizado no Brasil nos anos de sua presidência. E que retirou da miséria 50 milhões de brasileiros. O inteiro arcabouço constitucional foi assim agredido pela suprema jurisdição brasileira, que aquele arcabouço tinha, ao invés, o dever de defender.

O caráter não judiciário mas político de todo esse caso é revelado pela total falta de imparcialidade dos magistrados que promoveram e celebraram o processo contra Lula. Certamente este partidarismo foi favorecido por um singular e inacreditável traço inquisitório do processo penal brasileiro: a falta de distinção e separação entre juiz e acusação, e portanto a figura do juiz inquisidor, que instrui o processo, expede mandados e então pronuncia a condenação de primeiro grau: no caso Lula a condenação foi pronunciada no dia 12 de julho de 2017 pelo juiz Sérgio Moro a 9 anos e 6 meses de reclusão e proibição a ocupação de cargos públicos por 19 anos, aumentada na apelação com a condenação a 12 anos e um mês. Mas esse absurdo sistema, institucionalmente inquisitório, não bastou para conter o zelo e o arbítrio dos juízes. Assinalarei três aspectos desse arbítrio partidário.

O primeiro aspecto é a campanha de mídia orquestrada desde o início do processo contra Lula e alimentada pelo protagonismo do juiz de primeiro grau, que divulgou atos resguardados de sigilo instrutório e deu entrevistas nas quais se pronunciou, antes da decisão, contra seu réu, à busca de uma imprópria legitimação: não a submissão à lei, mas o consenso popular.

A antecipação do juízo viciou também o apelo. O dia 6 de agosto do ano passado, em uma entrevista ao jornal Estado de São Paulo, o Presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª. Região, diante do qual a sentença de primeiro grau tinha sido impugnada, declarou, antes do julgamento, que tal sentença era “tecnicamente irrepreensível”.

Similares antecipações do julgamento, segundo o código processual de todos os países civilizados, são motivos óbvios e indiscutíveis de suspeição ou de impedimento, dado que assinalam uma hostilidade e um prejulgamento incompatível com a jurisdição. Estamos aqui diante daquilo que Cesare Beccaria, na obra “Dos delitos e das penas”, chamou “processo ofensivo”, no qual “o juiz”, ”, em vez de “indiferente pesquisador do verdadeiro”, “se torna inimigo do réu”, e “não procura a verdade do fato, mas procura no prisioneiro o delito, e tenta arrancá-lo e crê que perde se não consegue.”

O segundo aspecto da parcialidade dos juízes e, junto com o traço tipicamente inquisitório deste processo, consiste na petição de princípio, por força do qual a hipótese acusatória a provar, que deveria ser a conclusão de uma argumentação indutiva retirada das provas e não desmentida pela contraprova, forma ao contrário a premissa de um procedimento dedutivo que assume como verdadeiras só as provas que a confirmam e como falas aquelas que a contradizem.

Daqui o andamento tautológico da racionalidade probatória, pela qual a tese acusatória funciona como critério de orientação das investigações, como filtro seletivo da credibilidade das provas e como chave interpretativa de todo o material processual. Os jornais brasileiros referiram, por exemplo, que o ex-ministro Antônio Pallocci, em prisão preventiva, haveria tentado em maio do ano passado uma “delação premiada” para obter sua libertação, mas o seu requerimento foi denegado porque ele não havia formulado nenhuma acusação contra Lula e Rousseff, mas só contra o sistema bancário.

E bem, esse mesmo acusado, no dia 6 de setembro, diante dos procuradores, forneceu a versão desejada pela acusação para obter a liberdade. Totalmente ignorado foi ao contrário o depoimento de Emilio Odebrecht, que no dia 12 de junho tinha declarado ao juiz Moro de não haver nunca doado qualquer imóvel ao Instituto Lula, segundo o que se baseava a hipótese da acusação de corrupção.

O terceiro aspecto da falta de imparcialidade foi constituído do fato que os juízes apressaram os tempos do processo para alcançar quanto antes a condenação definitiva e, assim, com base na lei “Ficha Limpa”, impedir Lula, que é ainda a figura mais popular do brasil, de candidatar-se às eleições presidenciais do próximo outubro. Também esta é uma pesada interferência da jurisdição na esfera política, que mina pela raiz a credibilidade da jurisdição.

É, por fim, inegável o nexo que liga os ataques aos dois presidentes artífices do extraordinário progresso social e econômico do Brasil – a falta de base jurídica na destituição de Dilma Rousseff e a campanha judiciária contra Lula – e que faz das suas convergências uma única operação de restauração antidemocrática.

É uma operação à qual os militares deram nesses dias um ameaçador apoio e que está triturando o país, como uma ferida dificilmente reconstruível. A indignação popular foi expressada e continuará a expressar-se em manifestações de massa. Haverá uma última passagem judiciária, ao Supremo Tribunal Federal, antes da execução da prisão. Mas é difícil, neste ponto, de sermos otimistas.

Publicado por Rodrigo Carelli. Professor de Direito do Trabalho na Faculdade Nacional de Direito – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Procurador do Trabalho no Rio de Janeiro.