Tribuna do torcedor

POR RICARDO GUIMARÃES PENA (r.gpena@hotmail.com)

Caro amigo, bom dia.

Sou Ricardo Pena,torcedor do Paysandu. Manifesto indignação quando vejo o novo presidente do Paysandu dizer em jornal que não quer brigar com a CBF por conta da vaga ganha em campo, regulamento que a própria CBF definiu. Ninguém pode dizer que a ordem partiu da Conmebol porque é mentira. A Conmebol dá as vagas e a CBF define os clubes pelas competições que participaram e tinham como direito adquirido a participação na Sul-Americana. Dizer que vai ver qual a compensação que a CBF irá impor ao Paysandu é brincadeira. E como ficam os torcedores que foram aos estádios locais e fora de Belém para incentivar o time, para dar apoio ao clube em participar de uma competição internacional? Se o presidente aceitar esmola da CBF, o Paysandu terá que indenizar torcedores que foram lesados pela Copa Verde. Tanto o Paysandu quanto o Santa Cruz têm direito legal na Sul-Americana. Vamos contabilizar os prejuízos do club. A CBF quer colocar Paysandu e Santa Cruz nas oitavas de final da Copa do Brasil e, caso perca e saia do mata mata, o Paysandu só teria uma renda do jogo em Belém e seria eliminado da competição. Já pela Sul-Americana seria diferente. A renda seria muito maior. O presidente do Paysandu tem que saber que há um estatuto do torcedor e que podemos entrar na justiça para requerer o direito do clube em participar da Sul-Americana por ter um REGULAMENTO DA PRÓPRIA CBF QUE DÁ DIREITO AO CLUBE CAMPEÃO.

Grato pela atenção.

Na contramão da história

POR GERSON NOGUEIRA

Programas de sócio-torcedor se transformaram em importante fonte de receita para os clubes de futebol. Por isso, são uma febre no Brasil e no mundo. Os exemplos vêm dos principais clubes. O Benfica, de Portugal, que está perto de completar 250 mil sócios e é o atual recordista mundial, consegue pagar grande parte de sua folha mensal com o dinheiro proveniente do ST.

As equipes italianas, espanholas e inglesas seguem a mesma trilha. Mesmo as que nadam em dinheiro, proporcionado pelos ricos patrocinadores, não abrem mão do sócio-torcedor. Além de se constituir num dinheiro seguro, a cada mês, o programa fideliza clientes e amplia o alcance da marca.

unnamed-69O Remo, que tinha 16 mil sócios (mais de 9 mil adimplentes) cadastrados em 2015, sob a coordenação de André Cavalcante, ameaça dar um passo atrás ao planejar a redução de vantagens que eram oferecidas anteriormente. Por decisão de diretoria, o ST do Leão não mais terá gratuidade nos jogos. Passa a pagar ingresso (50%) como qualquer outro torcedor nas partidas programadas para o estádio Evandro Almeida.

A justificativa dos dirigentes é a diminuição da capacidade do Baenão, que deverá ter apenas 7 mil lugares disponíveis durante o Campeonato Paraense e a Copa Verde. Se a razão for essa, é mais um motivo para resguardar os direitos dos sócios torcedores, a fim de permitir que o programa se mantenha de pé em meio às dificuldades vividas pelo clube.

Sob qualquer ponto de vista, obrigar o ST a pagar ingresso representa uma quebra de contrato – com consequências até na esfera judicial – e é também o caminho mais curto para que o programa perca ainda mais associados. Atualmente, depois da temporada de insucessos no futebol, o clube tem pouco mais de 2 mil sócios adimplentes.

Com tal quantidade fica até mais fácil cumprir o que estava acordado anteriormente, sem que isso represente grandes perdas de receita na bilheteria. E é importante considerar que, ao invés de contabilizar o ST como um prejuízo pontual nas rendas, o clube deve levar em conta que a mensalidade já entrou nos cofres antes mesmo de a bola rolar.

A experiência das grandes agremiações nacionais mostra que o ST veio para ficar e é um aliado na luta para combater o crônico déficit do futebol profissional no país. O Remo, se cumprir o que alguns diretores já anunciam, estará caminhando em sentido contrário ao que ocorre no resto do país. Os clubes que mais investiram na captação de ST são Palmeiras, Corinthians, Internacional e Grêmio, que não deixam de criar mecanismos de incentivo e fidelização dos sócios.

Um bom exemplo para os demais clubes é o Internacional, que, em 2015, era o líder nacional em ST, com 148 mil cadastrados, faturando algo em torno de R$ 2,5 milhões mensais. Neste ano, com o crescimento de Palmeiras e Corinthians, o Colorado caiu para o terceiro lugar, mas segue com a política mais agressiva de captação de sócios. A ideia é associar o máximo de torcedores, desde as crianças (com mensalidade de R$ 10,00) até o plano adulto mais caro (acima de R$ 200,00). A estratégia tem como maior atrativo a garantia de voto para todos os sócios.

É improvável que a proposta do Inter seja equivocada e a do Remo correta. Ao estimular a debandada de sócios, o clube só acentua um de seus mais graves conflitos: a dificuldade de aceitar a modernização da gestão. As ideias de alguns dos novos dirigentes azulinos remetem ao pensamento vigente nos anos 70, quando o ST era realidade apenas na Europa.

Outras medidas, simultâneas à restrição do acesso ao Baenão, indicam que o programa vai sofrer uma profunda desaceleração, que pode conduzir à sua extinção. Se isso ocorrer, será uma perda inominável, com reflexos danosos para a vida financeira do clube.

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Ainda sobre o 6º Enecob

Deixei de mencionar na coluna de segunda-feira que o 6º Enecob foi realizado por iniciativa do jornalista Leandro Mazzini, através de sua prestigiada coluna Esplanada, que é publicada diariamente pelos principais jornais do país, entre os quais o nosso DIÁRIO. Compareci para representar o jornal, atendendo ao convite de Leandro.

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A luta para achar um camisa 10

Mais do que a iminente perda de seu executivo de futebol, Alexandre Faria, cortejado pelo Sport-PE, o que realmente preocupa os dirigentes do Papão é a procura febril por um meia-armador de qualidade, capaz de substituir à altura Tiago Luiz, o camisa 10 que encantou o torcedor e ajudou a afastar os riscos de rebaixamento quando entrou em cena no returno da Série B.

Os problemas enfrentados pelo Papão nas últimas temporadas sempre passam pela figura do organizador. Em 2015, o time conseguiu terminar o Brasileiro em sétimo lugar sem ter um camisa 10 efetivo. Dado Cavalcanti baseou o seu sistema no apoio dos laterais Pikachu e João Lucas, abrindo mão de uma transição mais qualificada no meio.

Neste ano, Celsinho começou como titular e foi valioso no Parazão e na Copa Verde, mas caiu drasticamente de rendimento na Série B, fazendo com que os técnicos (Dado e Dal Pozzo) tivessem muitas dificuldades na montagem da equipe no primeiro turno. Quando Tiago Luiz chegou, o time repentinamente ganhou em competitividade e se tornou quase imbatível dentro de casa.

Sua saída, motivada por uma pedida acima do orçamento do futebol do clube, abriu uma lacuna que os dirigentes se esforçam por preencher, até aqui sem êxito. Jonas, ex-América-MG, é uma aposta, mas outros nomes continuam a ser analisados e buscados. O tempo conspira contra e faltam boas opções no mercado.

(Coluna publicada no Bola desta quarta-feira, 21) 

Hum hum…

Moro processa Lula, que não está na delação da Odebrecht. Os citados são Temer, Aécio, Alkmin e Serra – que não são processados por Moro.

Oferta do Sport pode tirar executivo de futebol do Papão

O executivo de Futebol do Paissandu, Alexandre Faria, negocia transferência para o Sport-PE. Ele havia renovado contrato com o Papão, mas a proposta dos pernambucanos é bastante vantajosa. O próprio presidente eleito, Sérgio Serra, admite a dificuldade do clube em entrar em competição pelo profissional com um clube da Série A. Faria viajou para Recife e deve definir sua situação nesta quarta-feira.

A frase do dia

“Essa Operação Oi tá acontecendo debaixo do nosso nariz e ninguém nem tchuns. BILHÕES da nossa grana. Mais que Petrolão…”

André Forastieri, jornalista – via Twitter

Juristas denunciam abusos e criticam atuação de Moro como juiz

Advogados que atuam na 13ª Vara Federal de Curitiba afirmam que Moro é conhecido pelo comportamento autoritário e cerceamento de defesa

toron

O juiz Sérgio Moro e os advogados da Defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva travaram discussões em que o magistrado levantou a voz em mais de uma de oportunidade durante as oitivas das testemunhas de acusação do processo movido pelo MPF-PR.

Na grande imprensa, tais fatos foram retratados como se fossem fruto de uma estratégia da Defesa de Lula para desestabilizar e colocar sob suspeição Sérgio Moro. Roberto Veloso, um juiz que preside uma entidade de classe dos magistrados federais, que já foi ao Congresso Nacional defender os salários de magistrados acima do teto constitucional, colega e admirador confesso de Moro, saiu em sua defesa em um jornal carioca.

Longe dos holofotes da imprensa, porém, a verdade é que a postura de Sérgio Moro – e não apenas no processo envolvendo o ex-presidente Lula, mas em toda a sua carreira – sempre foi e vem sendo muito criticada por juristas e operadores do Direito que atuam no âmbito da 13ª Vara Federal de Curitiba, onde trabalha Moro.

Tome-se o criminalista Alberto Toron, por exemplo, professor licenciado da Faculdade de Direito da USP e ex-presidente da Comissão Nacional de Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Ele assistiu às imagens do processo de Lula no momento em que o defensor Juarez Cirino dos Santos levanta uma questão de ordem porque o procurador que está interrogando a testemunha passa a pedir a opinião do depoente acerca de fatos que ele presenciou. Cirino, dessa maneira, protesta, visto que a lei proíbe que se peça opinião a uma testemunha, pode-se apenas solicitar que ela narre fatos. Sérgio Moro, então, não apenas rejeita a questão de ordem do defensor, como também levanta a voz e acusa-o de estar desrespeitando o juízo.

“É direito e dever do advogado não apenas falar no momento em que lhe é dada a palavra, mas em todas as oportunidades nas quais ele tiver que protestar contra um ato ou atitude que ele considere violador de direitos e garantias de seu cliente. O juiz não pode cercear essa prerrogativa”, explica o jurista. “A atitude do juiz (Sérgio Moro), no entanto, não me surpreende. Vivi algo semelhante com o mesmo magistrado, em janeiro de 2015, quando ele passou a responder minhas perguntas dirigidas à testemunha, atropelando-a.”

Toron se refere ao episódio que pode ser visto abaixo, ocorrido em fevereiro do ano passado. O advogado fazia perguntas a uma testemunha quando o juiz Sérgio Moro tentou passar a responder por ela, o que gerou o protesto de Toron. Na sequência, há uma discussão entre os dois, em que o advogado afirma que há um sentimento geral entre os operadores do Direito de que Sérgio Moro atua nos processos em parceria com o Ministério Público, e não como um juiz imparcial.

Assista:

https://www.youtube.com/watch?v=BYqNUFje7pY

Já o penalista Eduardo Levy Picchetto, da Comissão de Prerrogativas da OAB-SP, explica o motivo que levou o defensor Cirino a se sublevar contra a pergunta opinativa do procurador. Perguntas opinativas são perguntas investigatórias, a serem feitas em outro momento do processo, quando se busca desvendar enredos, e não no momento em que se ouve uma testemunha no tribunal, que está ali exclusivamente para esclarecer fatos. “Essas perguntas investigatórias não podem servir para construir qualquer tipo de prova. A Defesa fez bem em propor impugnações por meio de questões de ordem, já que tais questionamentos não possuem standart probatório, não trazem o rigor de prova necessário, pois são especulativas”, explica o jurista.

Picchetto enxerga uma postura inadequada de Sérgio Moro perante as partes no processo: “Existe um conflito posto entre o magistrado e o advogado de Defesa. O juiz não tem que gostar ou não – muito menos levantar a voz, gritar – diante de uma questão de ordem. Deve enfrenta-la, consignar em at e dar curso normal ao processo. O rompante do juiz fere o dever de urbanidade que ele deveria sempre observar.”

Para Pedro Serrano, professor de Direito Constitucional da PUC-SP, mestre e doutor em Direito do Estado com pós-doutorado pela Universidade de Lisboa, toda a maneira de proceder processualmente adotada pelo juiz Sérgio Moro se encaixa em um momento atual do fazer jurídico no Brasil que coloca o advogado em posição minorada em relação ao juiz e ao Ministério Público, reduzindo os direitos e garantias individuais do cidadão comum.

“Eu acho que a advocacia no Brasil está em um momento em que vem sendo desrespeitada cotidianamente. O Direito de Defesa estão sendo agredidos e amesquinhados diariamente”, defende o professor. “Não só o juiz Moro procede assim. Há no país uma jurisprudência punitivista, de exceção, que nos leva a ter a quarta maior população aprisionada do mundo”, conclui.

Finalmente, Airton Jacob Gonçalves Filho, advogado criminalista, professor universitário e membro associado ao IDDD (Instituto de Defesa do Direito de Defesa) e ao IBCCrim (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais), afirma: “Sérgio Moro deveria pedir desculpas ao professor Cirino (defensor de Lula, que também é professor da UFPR, Universidade Federal do Paraná), uma das figuras mais respeitadas no Direito Penal no Brasil.”

De acordo com ele, dentro de um processo penal, o que se busca é garantir uma defesa plena para aqueles que são acusados. O compromisso do advogado jamais é se preocupar em agradar ou desagradar um juiz. “É natural que o advogado faça pedidos ‘pela ordem’, além de ter previsão legal, é o que se espera que faça o advogado, sob o risco do réu ser considerado indefeso. Mas o que realmente existe no caso é algo que vai além. A verdade é que há um conhecido excesso punitivo do juizado da 13ª Vara Federal de Curitiba, que é tristemente conhecido por todos que ali atuam ou já atuaram.”

Na mesma linha de raciocínio, Yuri Felix, professor de Processo Penal da rede de ensino jurídico LFG e ouvidor do IBCCrim afirma que é de conhecimento do mundo jurídico a prática autoritária deste juiz (Sérgio Moro), “prática esta que o grande publico toma consciencia neste momento, mas os operadores do Direito que já conheciam de longa data. Estamos diante de um desrespeito à Constituição Federal, no momento em que a palavra da Defesa é cassada de maneira tão abrupta. Muitos dirão que a Defesa se exaltou por um lado ou outro, mas a Defesa fala em nome da liberdade, e a liberdade é a regra no ordenamento constitucional vigente em nosso país.”

Diretoria decide que sócio-torcedor do Remo também vai pagar ingresso nos jogos

A Diretoria do Remo decidiu os sócios-torcedores terão que pagar ingressos nos jogos do clube, como os demais torcedores. A medida é vista como retaliação pelo apoio que os sócios-torcedores deram à chapa 20 (de André Cavalcante) na recente eleição do clube. A expectativa é que, com o fim da gratuidade, o programa ST Nação Azul sofra um duro baque. Durante a campanha eleitoral, o então candidato Manoel Ribeiro admitiu ser contrário ao programa de sócio-torcedor.