POR GERSON NOGUEIRA
A política da terra arrasada, própria das campanhas eleitorais mais rasteiras, ameaça contaminar o pleito para a presidência do Remo, marcado para 12 de novembro. Práticas antidemocráticas têm sido desfechadas nos últimos dias. Desde que duas candidaturas foram definidas, o antagonismo brotou da forma mais virulenta possível, tendo como vítima maior o próprio Remo.
Com isso, começa a se inviabilizar o esperado debate em alto nível que levaria o clube a descortinar seu futuro. A democracia sai de cena quando prevalecem as manobras sujas de bastidores, visando enlamear reputações. Isto compromete a política partidária, mas é igualmente nociva nas disputas que ocorrem na seara esportiva.
Na sexta-feira, quando os dois candidatos apresentariam suas propostas de gestão, momento importantíssimo no processo sucessório, a comunidade remista ainda se refazia do impacto e do desgaste de factoide urdido para atingir uma das candidaturas.
Quando a instituição deveria estar unida em torno de sadia e elevada discussão sobre os dois próximos e difíceis anos do Remo, eis que a vergonhosa tramoia da véspera predominava nas conversas de rua e nas redes sociais da internet, com desdobramentos extremamente negativos para a imagem do clube.
Ao permitir que a política menor polua o ambiente interno, conselheiros e sócios confirmam apenas a pequenez que faz do Remo hoje uma entidade em flagrante descrédito público e enriquecem o parrudo cartel de vexames recentes – dívidas trabalhistas em cascata, assalto (até hoje não esclarecido) à sede social, destruição do estádio Baenão, despejo de jogadores etc.
Grandes clubes, representados por torcidas expressivas e apaixonadas, precisam de líderes à altura de tal grandiosidade. O Remo atual, que decresce a olhos vistos nas conquistas de campo, parece ter encolhido até mesmo nesta direção.
Faz falta neste momento de incerteza ruidosa, a figura equilibrada, acima de qualquer discussão, de um João Braga de Farias Junior. De um Ronaldo Passarinho, voz respeitada por todos os azulinos, novos ou nem tanto. Ou, ainda, de um Ubirajara Salgado, que já foi nome consensual em instantes delicados do Leão Azul. Raphael Levy também se alinha nesse rol. Eram verdadeiros cardeais, capazes de unificar tendências radicalmente opostas apenas pela envergadura de suas histórias no clube.
Os três últimos citados ainda participam da vida do clube, em maior ou menor intensidade, mas já não se fazem ouvir pelos que estão na chamada linha de frente. É só um palpite, mas talvez tenham sido deixados de lado porque seus questionamentos e críticas soam incômodos demais para os que se julgam donos da agremiação.
Chance igual à que se apresenta agora dificilmente o Remo terá para acertar as contas com seu passado recente, de perdas monumentais no aspecto financeiro e derrotas dolorosas no âmbito futebolístico. Os que fazem desta eleição um ringue para disputas pessoais estão contribuindo para impor mais esta perda à instituição.
Ainda resta um quê de esperança na pacificação dos espíritos, mas isso dependerá muito do grau de comprometimento com a causa azulina.
Por ora, o Remo vai perdendo de goleada.
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Um grande benemérito a menos?
Na lista oficial de eleitores (1.753 no total) aptos a votar na eleição azulina, um detalhe chamou atenção. Há a citação de nove grandes beneméritos, quando, na verdade, são 10 nomes, todos vivos: Vinícius Bahury de Oliveira, Artur Carepa, Ronaldo Passarinho, Ubirajara Salgado, Manoel Ribeiro, Sérgio Cabeça, José Severo de Souza, Paulo Mota, Jones Tavares e Antonio Carlos Teixeira.
Segundo um dos GB do clube, tirando onda com o equívoco da comissão eleitoral, morreu alguém da lista e não avisaram à família. Preces à alma do “falecido”.
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Bola na Torre
Giuseppe Tommaso apresenta o programa, a partir de 00h20, logo depois do Pânico, na RBATV.
Na bancada, discutindo o futebol paraense, Valmir Rodrigues e este escriba de Baião.
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Segundinha começa em ritmo quente
A manhã ensolarada de domingo terá no velho Francisco Vasques o quase clássico Tuna x Desportiva, pela primeira rodada da Segundinha do Parazão. A conferir o selecionado cruzmaltino, bastante reforçado por egressos do Remo, e os talentos da jovem esquadra da Desportiva. Promessa de bom jogo.
(Coluna publicada no Bola deste domingo, 23)