POR GERSON NOGUEIRA
Com autoridade e confiança, o Papão conseguiu em 45 minutos salvar um jogo que quase se transformou em outro tropeço dentro de casa. Depois de perder o primeiro tempo por 1 a 0 e se atrapalhar com a marcação imposta pelo Vasco, o time de Dado Cavalcanti achou um gol logo no começo da etapa final e partiu para a virada com postura determinada, equilibrando as ações e tendo frieza para liquidar a fatura.
Curiosamente, o panorama da primeira etapa não permitia prever um bom desfecho para o Papão na partida. O time se comportava com os mesmos vícios de sempre, principalmente quanto à fraca participação dos laterais e a fragilidade no setor de criação. Atento a isso, o Vasco adiantou seus marcadores para obstruir a saída de bola.
A estratégia deu certo, dificultando as ações do Papão e anulando jogadores importantes, como Tiago Luís e Jonathan. A única escapada era pelo lado direito, mas Ratinho insistia nos cruzamentos, mas sem direção.
Depois do golaço de Ederson, em sensacional voleio, aos 14 minutos, a situação ficou ainda mais favorável aos visitantes. Bem fechado quando sofria pressão, o Vasco saía rapidamente em contra-ataques perigosos com até quatro homens na frente. Não ampliou o marcador por excesso de preciosismo em alguns lances.
Nervoso e errando passes, o Papão não ameaçava porque Tiago Luís ficava preso no caixote de marcação montado pelo Vasco e porque Leandro Cearense recebia bolas rifadas, sempre sob forte cerco dos zagueiros.
No intervalo, Dado substituiu Lucas por João Lucas para aumentar as subidas pelo lado esquerdo. Apesar disso, os méritos da virada devem ser atribuídos a Tiago Luís e Gilvan. O primeiro pelo chute sinuoso, que forçou o rebote do goleiro Martin Silva bem nos pés de Gilvan, que estufou o barbante, logo aos 3 minutos.
Com o empate, a torcida teve motivos para vibrar e incentivar ainda mais, eletrizando a partida. Mais organizado, o Papão partiu para buscar a vitória. O segundo gol nasceria aos 18 minutos de inspirada jogada de Cearense, que lançou a bola para Bruno Veiga na área. O atacante, que havia acabado de entrar (substituiu a Jobinho), escorou de cabeça no canto esquerdo da trave cruzmaltina.
A virada trouxe ainda mais confiança ao Papão, que passou a insistir mais com as jogadas pelos lados e saindo com mais qualidade de seu campo. O bloqueio vascaíno já não era tão eficiente, além do visível impacto com o gol de Bruno Veiga.
Mesmo sem a segurança que exibia no primeiro tempo, o Vasco continuava agressivo. Andrezinho acionava Ederson e Thales, que levavam perigo com a movimentação dentro da área do Papão. Entre os 20 e os 40 minutos, o confronto ficou aberto, com possibilidades para os dois lados, embora o recuo alviceleste tenha deixado o Vasco mais próximo do gol. Chegou até a fazer, mas a arbitragem apontou impedimento.
Já no final, quando o Vasco ainda perseguia o empate, João Lucas invadiu a área e bateu cruzado, vencendo o goleiro Martin Silva e estabelecendo o placar final de 3 a 1. Por coincidência, tanto Bruno Veiga quanto João Lucas saíram do banco para assegurar a vitória.
A atuação do segundo tempo confirma a boa performance do Papão no Mangueirão, onde está invicto há mais de um ano. Mais que isso: o triunfo deixa o time mais tranquilo para as nove rodadas finais da Série B, nas quais precisará de nove pontos para garantir permanência.
Dado ganhou também uma nova alternativa para o ataque, que vivia exclusivamente do esforço de Cearense (novamente muito bem ontem): Bruno Veiga, recuperado, volta com faro aguçado de gol.
E, de quebra, foi a segunda vitória do Papão sobre o Vasco na competição, impondo a vantagem insofismável de 5 a 1 no placar agregado.
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A competência dos empresários da bola
Há jogadores com indiscutível competência para arranjar bons empresários. Leandrão, que passou pelo Remo sem deixar grandes lembranças, é um deles. É a primeira alternativa de substituição para o ataque do Vasco, sendo lançado sempre pelo técnico Jorginho, mesmo sem ter mostrado qualquer mérito para desfrutar dessa condição.
Lento e sem pontaria, não convence nem mesmo entrando no final das partidas para lutar contra zagueiros cansados.Ontem não foi diferente. Perdia o tempo da bola nos cruzamentos e só teve participação em dois lances, sem maior perigo para o gol de Emerson.
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A timidez de Pikachu no reencontro com a Fiel
Alvo do carinho da torcida do Papão no Mangueirão, Yago Pikachu parecia encabulado e pouco rendeu de produtivo para o seu time. Não faltou empenho e disposição, mas não se viu a conhecida habilidade para aproveitar lances junto à área. Do jogador que liderava o Papão até o ano passado só foi possível ver alguns lampejos.
Pode-se dizer que o retorno ao Mangueirão inibiu o ala ofensivo vascaíno. Um dos destaques do time nesta Série B, mostrou-se pouco à vontade, quase encabulado e acabou substituído mais cedo. De certa forma, o coração alviceleste parece ter falado mais alto.
(Coluna publicada no Bola desta quarta-feira, 05)