Prêmio pela evolução

POR GERSON NOGUEIRA

A vitória do Papão que não veio diante do Brasil acabou acontecendo ontem contra o Bahia, no Mangueirão. Nas duas partidas, o time produziu o suficiente para ganhar, exibindo uma nova postura em campo, caprichando na transição rápida e buscando alternativas para pressionar ofensivamente.

Um dos aspectos que explica a evolução é a repetição da escalação, fator fundamental para o entrosamento e a fluência de jogadas. Outro ponto importante é a aproximação entre Leandro Cearense e Tiago Luiz. Ambos jogaram bem contra o Brasil e ontem voltaram a ser decisivos.

Como Dado Cavalcanti optou por um ataque de perfil leve e de habilidade, nada mais natural do que juntar os jogadores que sabem valorizar a posse de bola têm facilidade para a finalização.

unnamed-78Foi num cruzamento de Tiago Luiz, cobrando escanteio pela direita, que surgiu o primeiro gol, aos 17 minutos. Leandro Cearense saiu do ajuntamento de jogadores e cabeceou livre, à altura da marca do pênalti, no canto esquerdo de Muriel.

A tranquilidade de sair na frente, podendo administrar o jogo, deu ao Papão uma ligeira superioridade ao longo do primeiro tempo. O Bahia ameaçava em lances fortuitos, rondando a área e explorando a fraca marcação pelo lado esquerdo da defesa bicolor. João Lucas, que falhou contra o Brasil, voltou a cometer vacilos preocupantes.

Renato Cajá se movimentava com certa liberdade na intermediária, mas aos poucos Lucas e Augusto Recife conseguiram conter as iniciativas do Bahia pelo meio. O ataque criava oportunidades, mas não concluía. Mailson teve duas chances em contra-ataques, mas faltou calma para finalizar.

Mesmo sem aparecer tanto na elaboração de jogadas pelo meio-campo, Tiago Luiz era de longe a peça mais lúcida. Quando a bola caía com ele, sempre surgia uma situação interessante para o time. Lucas se empenhava, como de hábito, mas se confundia com Mailson nas ações ofensivas.

O Papão era melhor, se distribuía bem e marcava com eficiência, mas correu riscos. Edgar Junior, no último lance do primeiro tempo, perdeu gol incrível diante de Emerson, após um ligeiro sufoco imposto pelo Bahia nos 10 minutos finais.

Com espírito competitivo e botando pressão, o Papão voltou para o segundo tempo disposto a consolidar o triunfo. Logo aos 7 minutos, depois de escanteio e rebatida da zaga, a bola sobrou para Tiago Luiz à altura do bico esquerdo da grande área. O chute saiu forte e calibrado, no canto da trave baiana. Um golaço.

Tudo favorecia o Papão, que manteve a pegada, sem se descuidar da cobertura à zaga. Mailson e Cearense podiam ter ampliado antes dos 20 minutos. O Bahia ameaçava só de vez em quando. Em cruzamento na área, Hernane quase diminuiu. Emerson defendeu o cabeceio no susto.

Aos 28 minutos, Lombardi entrou de forma espalhafatosa e cometeu pênalti, que o próprio Hernane converteu. Aí a situação quase se complicou. Pelos 20 minutos seguintes (incluindo os acréscimos), o jogo se tornou perigoso e dramático para o Papão. O gol fez renascer as esperanças baianas e trouxe de volta a insegurança ao time paraense.

Mesmo pressionado, o Papão produziu jogadas que podiam ter resultado em gol. Jonathan perdeu grande oportunidade e o jogo se desenrolou nervosamente até o final.

A vitória confirma o bom momento da equipe e que permite a Dado Cavalcanti trabalhar com mais segurança para os próximos desafios. Além dos três pontos, o técnico pode comemorar o fato de ter encontrado a melhor formação do Papão para o restante do campeonato.

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Um concerto de alto nível em Barcelona

Acompanhei Barcelona x Celtic curioso por ver como o time iria reagir depois do incrível tombo para o Alavés domingo passado. Pois a reação foi contundente, maiúscula. Messi, Suarez e Neymar trituraram o limitado time escocês, que saiu até no lucro. Ficou em 7 a 0, mas o placar podia ter sido de até 10 ou 12 a 0.

Além da inspirada presença de Messi nos lances ofensivos, o Barça contou ontem com o Neymar que Tite certamente deseja para a Seleção Brasileira. Participativo, rápido, solidário. Fez um magistral gol de falta e deu passes perfeitos para gols de Suarez, Messi e Iniesta.

Não por acaso, foi o jogador mais festejado pelos próprios companheiros. Um show do Barcelona com direito a solo especial de Neymar e aplausos entusiasmados da torcida.

Acima de tudo, porém, foi possível apreciar a apoteose do futebol de alta técnica, que um dia já foi propriedade nossa.

Como fazem as grandes orquestras, o Barcelona se apresenta atuando com linhas bem divididas, mas a defesa é parte indissociável das ações do ataque. O meio-campo resguarda a área e municia o implacável trio MSN. Em determinados momentos, parece que todos estão brincando, como ocorria nos tempos do Brasil bom de bola.

A alegria de jogar é parte essencial da brincadeira.

(Coluna publicada no Bola desta quarta-feira, 14) 

8 comentários em “Prêmio pela evolução

  1. A vitória trouxe tranquilidade isto é certo e seguro.
    Por outro lado, Mailson tem que jogar mais sério pois o tempo todo procura cavar faltas e acaba punido pelo anti-jogo.
    João Lucas caiu vertiginosamente de produção, talvez este o motivo pelo qual não emplacou na Chapecoense.
    A zaga ainda padece bastante quando tem a bola alçada na grande área, é um desespero.
    Mas a produção do ataque o Paysandú teve boas chances de ampliar o placar, infelizmente faltou mais calma e competência.
    Agora é encarar o Timbú que sempre perigoso em seus domínios vai para cima em busca destes três pontos, eu estarei lá, e desta vez espero uma vitória bicolor para tirar a forra da derrota sofrida na Curuzú no primeiro turno.

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  2. Não te disse outro dia para ter paciência e acreditar sempre no Papão impaciente amigo Miguelângelo e outros bicolores ?? taí a resposta com 4 pontos em 2 grandes jogos, contra 2 times que estão na parte de cima da tabela e um deles tem tradição nacional. então vamos parar com essa conversa de rebaixamento e acreditar mais no Paysandu. Acho até bizarrice falar em rebaixamento bicolor tendo uma diretoria atuante. forte e honesta como essa atual. Seria muito injusto o Paysandu cair. O Paysandu rebaixado seria a crucificação da organização e transparência tão necessárias à grandeza do futebol. Então reclamemos menos e apoiemos mais o nosso Paysandu que está precisando muito. No caso João Lucas, o problema é visivelmente falta de preparo físico. O cara joga não desaprendeu a jogar mas está totalmente pesadão e não dá conta de correr 5 metros para disputar uma bola. Está perdendo todas as divididas porque sempre chega atrasado ou não consegue dar aquelas arrancadas características de atletas com bom preparo físico. Não sei onda nada esse preparador físico bicolor que não vê isso.

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  3. Outra curiosidade em torno desse jogo e do Paysandu é que saiu matéria em jornal de São Paulo destacando a grande sacada do Clube em criar sua própria marca de material esportivo onde que é sucesso total e está vendendo aos montes mesmo com essa
    campanha ruim na serie B até agora. O Jornal destaca o bom faturamento do clube que se livrou das marcas famosas que vendiam muito material esportivo com a marca do clube mas davam uma merreca de compensação. Isto é muito relevante e deveria ser divulgado não só lá em São Paulo, mas também em outros lugares do Brasil e principalmente em Belém onde nosso jornais dão pouco destaque. A tendência é as vendas de forma avassaladora se o time melhorar a campanha na B e afastar definitivamente esse papo de rebaixamento, e também pelo novo patrocinador de peso Caixa Econômica que fica um chame na camisa.

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  4. Penso que o Paysandu, hoje com 32 pontos, deveria deixar de se preocupar com essa história de rebaixamento e focar definitivamente no acesso. Hoje são seis pontos que o separam do quarto colocado, o CRB, que tem 38 pontos. Precisamos (os times do Pará de uma maneira geral) parar com essa mania de miudeza, precisamos pensar grande. Administrativamente, o Paysandu tem mostrado uma eficácia nunca antes vista e, a meu ver, essa é a chave para o sucesso. Lembremos, por exemplo, dos times de Santa Catarina que há dois anos atrás ocupavam três vagas na séria A… sem nenhuma tradição no futebol, mas superorganizados administrativamente. Falo isso como torcedor remista, sem nenhum constrangimento. Acredito que o sucesso de um alavanca o outro, impõe a necessidade de também crescer.

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  5. O Leão, por exemplo, vem sucessivamente perdendo oportunidades de se destacar. Lembro do episódio da camisa 33. Um fiasco… tanta propaganda, uma campanha de marketing agressiva, e, no final, um jogador mediano e que ainda havia sido dispensado do maior rival. Não dá pra entender. Aliás, dá. É muita desinteligência, pra não ser ofensivo.
    E antes que alguém pergunte quem eu traria, eu respondo. Eu faria o possível e o impossível pra trazer Adriano Imperador, que estava parado na época. Faria um contrato de dois meses, pagando um milhão de reais ao atleta. Dois meses e pronto. Nem precisava jogar.
    Vamos aos números: imaginem uma camisa oficial do clube vendida a 150 reais. A venda de 6700 camisas renderia 1.005.000 reais. Claro, toda essa quantia não seria do clube. Mas já dá uma boa ideia do rendimento que se teria. Pensemos agora em termos de treinamento: Adriano vai fazer um treino físico nesta tarde no Baenão. Preço do ingresso: 10 reais. 2500 pessoas presentes. 25000 reais arrecadados com um treino. Pensemos no filé agora: eventos. Todos sabem que o cara adora uma festa. Todas as noites ele participaria de um evento. 10, 20, 25 mil por participação… Alguém duvida desses valores? Pra aqueles que estão chocados, pensando “quando o cara vai jogar?”, eu respondo: nunca! Ele não viria pra jogar, viria pra se tornar um ícone na cidade, na região. Tudo bem, faríamos alguns amistosos, bem remunerados a propósito, ele entraria durante um tempo, cobraria um pênalti, devidamente arranjado, distribuiria autógrafos, tirava selfies com todo mundo, enfim. E haja vendas em tudo isso…
    Certa vez fui à Espanha. Em Madri, fui visitar o Santiago Bernabeu, lar do Real Madri. 15 euros pra entrar. Só entrar e visitar. 12 euros por uma bola de plástico com o escudo do Real Madri. 45 euros uma camisa oficial do Real Madri. 15 euros pra tirar uma foto com o Kaká. Um Kaká de papelão! Tipo aquele Aécio de papelão da campanha. Tudo bem que o Baenão não é tão glamouroso quanto o Santiago Bernabeu, mas eu duvido se não haveria fila pra tirar uma foto com o Imperador…
    Mas aí, the dream is over… Eduardo Ramos. Graaande aquisição.
    E a peia continua comendo solta no coro do Leão. Te dizer…

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  6. O pensamento tem de ser para evitar o rebaixamento. As contratações foram péssimas e os erros intermináveis persistem nesse sentido, que culminaram numa campanha decepcionante e que angustia a maior torcida do norte.

    O plantel é um dos piores dos últimos 10 anos, composto por alguns jogadores que não renderam até aqui e por outros, pelo excesso de ruindade.

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  7. Copulatum et Malum Remuneratum , vou considerar o seu último comentário como uma galhofa, pra não dizer outra coisa. Adriano Imperador, com a imagem de putanheiro, geraria tios de dinheiro pro Remo?
    Ah, e você quase me convenceu que é remista.

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  8. Amigo Nélio não é segredo nenhum a forma como eu trato o trabalho realizado pela diretoria Bicolor E a sua comissão técnica.
    As minhas cobranças vão existir sempre que o time não mostrar em campo o que almejamos para o nosso Paysandu.
    A vitória sobre o Bahia caiu como luva embora o time tenha sido mais efetivo contra o Brasil, coisas do futebol.
    Acredito nos três pontos na partida aqui em Recife pois o Timbú jogará pressionado e o Paysandu tem sido inteligente e matado estes jogos com bastante eficiência, Vasco e Criciúma são os exemplos.
    Não será fácil porém creio que o Papão subirá um pouco mais na tabela e terminando em décimo lugar nesta rodada.

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