
POR FERNANDO BRITO, no Tijolaço
Ao contrário de muitos, este blog não festeja a execução pública de Eduardo Cunha como um episódio edificante à democracia e à ética na política.
Óbvio que é o papel de qualquer parlamentar decente votar pela exclusão de um tipo abjeto destes do parlamento.
A questão não são os decentes, são os indecentes.
Afinal, há décadas todos sabem que Cunha é um mafioso e isso não o impediu de ter maioria absoluta entre os deputados – os mesmos que hoje cortaram-lhe a cabeça – para eleger-se presidente da Câmara.
O que se revela é que, no parlamento brasileiro, nem mesmo prevalece a velha história da “honra entre ladrões”. Os ladrões estão lá, mas nem nisso há honra.
Os solitários 10 votos mostram que o agora esquálido e cambeta Cunha foi lançado ao rio como “boi de piranha”, para que as forças que um dia o tiveram como “boi sinuelo” – aquele que guia o rebanho – pudessem atravessar a água rasa da moralidade.
Ainda é cedo para saber se vai ser devorado sem tugir ou mugir – os comentaristas da Globonews comemoravam na base do “agora ele vai para as mãos de Moro – no estranho senso de justiça que anda por aqui. Uma anomalia onde um juiz de província faz o Supremo parecer um bando de lenientes e cúmplices da corrupção, de tanto que se comemora tirar de lá um réu e jogá-lo ao “ferrabrás”.
Não é previsível o que fará, se não houver um acordo para livrá-lo – à ele e à mulher – do Torquemada curitibano. Num dos “melhores” momentos da noite, a deputada Clarissa Garotinho disse – e Rodrigo Maia mandou retirar dos anais (perdoem-me os que perceberem duplo sentido na palavra) da Câmara – que um dos papéis do decaído deputado era o de “psicopata”.
Ele não percebeu que, desde o dia em que comandou a implementação do processo de impeachment – do qual exigiu da tribuna a paternidade – tornou-se um cachorro morto para uma matilha de cães muito vivos.
Vivos e vorazes.
Ainda há muito a ser revelado sobre o cachorro morto, sobre aqueles que o chutaram ontem à noite e sobre as relações havidas entre eles. Que as revelações não demorem. Precisam ser logo feitas ou o acórdão silencia a todos. E a todas. Rsrsrsrs.
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Só quem deplora o funcionamento das Instituições – os indiciados pela Lava Jato – é que não fica satisfeito com essa cassação. Espero que outros sejam alcançados.
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Se já está no inferno, abraço o Diabo. O Cunha tem e que abrir o bocão, e mostrar os mais de 200 deputados que disse que estavam no seu bolso, como não existe honrradez na política de bandidos, tai uma boa oportunidade de mostrar os picaretas, Lula tinha razão quando disse há 20 anos atrás, que no Congresso tinha 500 picaretas.
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Desculpe: acima comentário nr. 3 Jaime (Atlanta, EUA)
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