Posição reforçada

POR GERSON NOGUEIRA

Em consequência direta da bronca pública desferida pelo presidente do clube, após a fraca atuação do time contra o Luverdense, o grupo de jogadores do Papão resolveu se posicionar perante a torcida e a diretoria prometendo empenho máximo a partir de agora.

unnamed-37A entrevista que oficializou os propósitos do elenco serviu também para desmentir qualquer animosidade ou oposição ao trabalho do técnico Dado Cavalcanti, que, para muitos, sofreu boicote no começo da Série B e teria voltado a ser vítima do mesmo problema ao reassumir o comando da equipe.

Os jogadores afiançaram também que não há rachaduras no ambiente dos jogadores, contradizendo a convicção de muitos que acompanham a rotina diária do clube.

Posicionamentos dessa natureza são comuns em clubes que enfrentam crises disciplinares e cujos jogadores despertam desconfiança entre torcedores e dirigentes.

As derrotas para o Tupi e o Luverdense desencadearam reações irritadas da torcida por terem evidenciado o mau desempenho técnico e certo descompromisso em relação aos objetivos do clube na competição.

Apesar de aceitar bem o compromisso assumido pelos jogadores, a insatisfação do torcedor só será aplacada de fato com vitórias. E o confronto de amanhã contra o Brasil é o ideal para marcar o começo dessa nova era.

Diante da importância que a partida tem para o Papão, a diretoria decidiu recuar de sua política de mandar jogos somente no estádio da Curuzu. É notória a preferência que os atletas têm pelo Mangueirão, levando em conta o lado técnico e também o aspecto emocional.

No estádio estadual, a cobrança não é tão intensa quanto no caldeirão bicolor. Ali, qualquer falha se transforma em pressão intensa sobre o jogador, que sente de perto a ira da torcida.

Com isso, o time deve entrar com mais tranquilidade para tentar reeditar seus melhores momentos no campeonato – vitórias contra o Vasco e o Criciúma. Aliás, os jogadores continuam a dever a Dado uma atuação tão empenhada e consistente quanto nessas duas partidas, quando os técnicos eram Gilmar Dal Pozzo e Rogerinho Gameleira, respectivamente.

O técnico, por sinal, sai com sua posição reforçada após a tomada de posição do elenco. Ganhou mais algum tempo para tentar fazer do Papão um time competitivo e capaz de alcançar o bloco dos 10 primeiros classificados da Série B.

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Dois jogos bastaram para Tite virar xodó da galera

As cenas de tietagem em Manaus já indicavam o surgimento de um fenômeno de popularidade. A história se confirmou com a segunda vitória do técnico no comando da Seleção Brasileira, fazendo surgir uma relação de forte empatia com a torcida.

Aliás, fazia tempo que um treinador não era alvo de tanto carinho, mesmo estando apenas há poucos meses na função. O último a merecer isso foi Felipão, na Copa de 2002.

Todo mundo sabe da importância que o cargo de técnico da Seleção tem no Brasil. Em grau de interesse e exposição pública, fica abaixo somente do de presidente da República. Em determinados momentos, dependendo do técnico (e do presidente) consegue ficar até acima.

Ao assumir o escrete, Tite sabia estar abraçando um tremendo desafio: reabilitar a Seleção depois de seu pior vexame (a goleada para os alemães em 2014) e infortúnios decorrentes disso. Tarefa dificultada pelo momento de entressafra no futebol brasileiro.

Além dos riscos naturais que a situação impõe, Tite teria ainda que manter convivência com a política nem sempre republicana que norteia os passos e ações da CBF. No ano passado, o técnico chegou a assinar um manifesto exigindo mudanças na gestão de Del Nero na confederação.

Ao menos por enquanto, o técnico vem se saindo muito bem. Conduz seu trabalho de maneira eficiente e produtiva. Sabe que a relação com os dirigentes da CBF dependerá sempre do comportamento da Seleção em campo. Será forte para exigir autonomia e liberdade se os resultados forem bons. Caso contrário, será irremediavelmente fritado.

No triunfo sobre o Equador, na semana passada, a nova Seleção foi exibida ao mundo e evidenciou uma renovação consistente. Saíram de cena pernas-de-pau, como Hulk, e superestimados, como David Luiz, abrindo espaço para Gabriel Jesus, Philipe Coutinho, Renato Augusto e Casemiro.

As expectativas se confirmaram plenamente, anteontem, na Arena da Amazônia. O time mostrou evolução e venceu. Contra um dos melhores times do continente, turbinado pela mania de provocar Neymar (vítima de criminosa entrada de Zuñiga na Copa), a Seleção de Tite soube superar as dificuldades utilizando suas melhores armas: a técnica e a velocidade.

Pode ser apenas empolgação inicial, mas é inegável que o Brasil aos poucos vai voltando a jogar com alegria, sem os medos de antes.

(Coluna publicada no Bola desta quinta-feira, 08)

8 comentários em “Posição reforçada

  1. De fato, só o comportamento dos jogadores durante a partida vai dizer o estado em que as coisas se encontram internamente no listrado. Deveras, no futebol da atualidade, uma bronca pública nos termos da que levaram os jogadores, jamais resultou em mais empenho, melhores resultados etc. Muito pelo contrário. Enfim, esta Coletiva marcada pelos próprios jogadores pode ser apenas a versão listrada ao “Deus tá vendo” aplicado pelo artilheiro azulino.

    Mas, se tudo voltar aos eixos (o que não significa necessariamente vitória, acesso etc), minha aposta é de que tal não terá sido efeito da bronca, mas, sim, das reivindicações dos jogadores, as quais depois de muita relutância acabaram aceitas pela gestão do clube. Tendo o presidente aproveitado para marcar mais um pontinho na sua política de marketing pessoal. Indício da procedência desta aposta é o mando de campo a ser exercido no mangueirão, antiga pretensão dos jogadores.

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  2. Quanto ao time da CBF, é dizer que jogou outra partida digna de se credenciar a brevemente voltar a ser chamado de Seleção brasileira. Interessante que o de J e s u s tem mostrado um futebol que não mostrou no time olímpico mesmo depois que este conseguiu o mínimo de entrosamento e fluência nas jogadas.

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  3. Bem notado pelo amigo Antônio que os jogadores já pleiteavam jogar no Mangueirão o que não significa certeza de vitória sobre o Brasil de Pelotas, vide o empacontra o Oeste.
    Se vingar o boicote de torcedores comentado nas redes sociais, aí sim poderemos ver mais pm’s que torcedores.
    Eu, particularmente, não acredito em crescimento do time pois o qualificou como um dos piores já montados nos últimos 25 anos.

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  4. É para completar, espero e torço pelo tropeço dos adversários para que ao menos o Paysandu termine esta série B em décimo sexto lugar, o livrando do vergonhoso rebaixamento.
    É mais ainda, torço pelo fim da parceria patético e bisonha entre a diretoria Bicolor é a Elenko Sports, que está saia do Paysandu e leve seus pernas de pau para enganar em outra abestada freguesia.

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  5. Corretor automático: ô praga dos infernos!!! Pior quando o sujeito depois de ser boicotado por este “pasquale informático” ainda ter de ouvir zoação ou mesmo crítica dos companheiros das redes sociais.

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  6. Tite realmente conseguiu fazer a seleção jogar um pouco de bola. Mas o mais interessante a se observar é que a escalação de Renato Augusto como um cabeça de área que defende e ataca, a exemplo de Paulinho, embora não lembrem nem Falcão nem Cerezo, funcionou melhor que volantes brucutus. Casemiro tá jogando muito e destrói tudo, e ainda tem bom passe! Parece que enganei-me com Tite e a tradição gaúcha. A seleção melhorou muito. Torço para manter a pegada e a qualidade, e que não demoremos muito para ter um centro-avante que não perdoe.

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  7. Sempre falei que a medalha de ouro em cima dos alemães resgataria muito a dignidade do nosso futebol após o fatídico 7×1, que deixou todo mundo cabisbaixos no futebol brasileiro. Acredito que acertei na opinião e a tendência é melhorar se o Tite achar outros valores para as posições de Daniel Alves, Paulinho e mais uns 3 lá que sinceramente não me convencem. e Esquecer figuras como David Luiz, Hulk , Dante , Thiago Silva e outros. Mas a seleção voltou a ter alegria de jogar futebol. No caso do meu Paysandu é muita pressão interna e externa que estão mexendo com os ânimos de todo mundo por lá. Eu já sabia disso, principalmente quando o time do Remo subiu para a série C, em 2015 eu já imaginava que este ano a serie B seria pior em dobro para o Paysandu, pela dificuldade da própria competição e também pelas comparações que inevitavelmente seriam feitas entre esses 2 times. Não deu outra, bastou iniciar as 2 competições para os dois que já apareceu gente de todo tipo que o Remo ia subir , o Paysandu cair esse ano etc. Aí com a pífia campanha bicolor até agora e a boa campanha azulina isso virou motivo de pressão em cima dos atletas e diretoria bicolor por parte da torcida, tanto que onde converso com alguns bicolores, o papo é o mesmo: “”” égua cara, esse time do Paysandu é muito ruim, o Remo ainda vai subir e o gente vai cair””” “” O Dado não era pra voltar”” É culpa do Maia que contratou a Elenko pra contratar”” ” Remo sem dinheiro contratou melhor””” esses são os papos e comparações.
    E olha que ainda faltam 17 rodadas e apenas 6 vitórias nessas para garantir permanência. Ou seja para o time cair só se for uma tragédia pior que todos os rebaixamentos bicolores juntos, mas a pressão é grande e o time realmente é instável,oscilando em apresentações boas e muito ruins. Isso faz com que a diretoria contrate sob pressão e aí não acerta uma, o plantel está inchado, quase 10 atacantes e nenhum desponta. Incrível, Soube que mais um desconhecido atacante do CSA 4ª divisão foi contratado, depois de boatos de Dagoberto o qual seria uma contratação de bagagem para mexer bem com a motivação da nação bicolor em massa, igual quando o Santa Cruz contratou Grafite para a serie B 2015 e saiu da Zona para chegar na serie A. Mas a diretoria bicolor está perturbada em tudo pelas pressões e haja contratar na doida. Assim é difícil. Por isso torço que o Remo suba porque os 2 na mesma serie B, melhor para o Paysandu, porque a história prova o que digo.

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