
POR ANDRÉ FORASTIERI em seu blog
Na década de 60, o Brasil erradicou o Aedes Aegypti. Não quer dizer que 100% dos mosquitos morreram. A dengue tem presença contínua em algumas regiões do país – é doença endêmica. Quando a incidência aumenta muito é que é epidemia.
A primeira epidemia da “nossa época” foi em 1986. Fruto da urbanização, do aumento da população, da falta de investimento em saneamento. De lá para cá, tivemos novas epidemias periodicamente. Mas no século 21 a situação piorou muito. E a explicação para isso é simples.
Em 1996, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, o ministro da Saúde, Adib Jatene, anunciou um projeto ambicioso e detalhado para acabar com a dengue no Brasil. O orçamento seria de R$ 4,5 bilhões, a ser coordenado pela Fundação Nacional da Saúde, a Funasa, órgão do Ministério. Esse dinheiro seria investido em saneamento básico (mais da metade do valor), inseticida e educação da população. Em novembro do mesmo ano, Jatene deixou o ministério. Seu substituto durou um ano e não implementou o plano.
Em 1998, José Serra assumiu o Ministério da Saúde. Anunciou como seu objetivo fundamental enfrentar uma nova epidemia de dengue, que fazia estragos, principalmente no Rio de Janeiro. Disse que o Brasil entrava em “guerra” contra o mosquito. Declarou: “o triunfo será das forças da saúde.” Mas era época de contenção de gastos. Serra também não implementou o plano de Jatene e realizou uma mudança fatal. O combate à proliferação do mosquito, que antes era responsabilidade federal, passou a ser dos municípios.
O governo federal passou a mandar uma fatia da verba para cada cidade. Pior: boa parte da verbas foi mandada com o objetivo genérico de combater doenças transmissíveis, e não especificamente a dengue. Os prefeitos gostaram, claro, mais dinheiro para gastar como bem entendessem. O Ministério da Saúde não supervisionou o uso do dinheiro. Novas e piores epidemias se seguiram.
Em reportagem de 2002, quando Serra deixou o ministério, o repórter Mário Magalhães detalhou na Folha de S. Paulo o que aconteceu no Rio, foco principal da epidemia, e ouviu especialistas sobre a decisão de Serra. A reportagem completa está aqui.
Alguns trechos:
“Em 1998, um plano operativo da Funasa previu que seriam necessários 10.461 agentes sanitários no Rio concentrados na aplicação de inseticidas. Havia 1.638 efetivos da fundação e 5.243 contratados por temporada -um déficit de 3.580. Em 1999, os temporários eram 5.792. Foram demitidos no fim de junho daquele ano.”
“Num depoimento à Justiça no ano passado, o coordenador de Vigilância Ambiental da Funasa, Guilherme Franco Neto, ex-coordenador regional no Rio, disse que foi contrário à dispensa dos mata-mosquitos. Em abril de 2001, a Coordenação de Dengue do município do Rio previu uma epidemia no verão de 2002 com grande incidência de febre hemorrágica. A sugestão de contratação de 1.500 agentes e compra de equipamentos foi ignorada. O prefeito Cesar Maia (PFL) exonerou em seguida seu secretário da Saúde, Sérgio Arouca (PPS), que o alertara.”
“A Funasa não informou quanto gastou em 2000 e 2001, quando parte das verbas contra a dengue foi enviada aos municípios em pacotes gerais contra doenças transmissíveis, sem estabelecer a enfermidade-alvo. Nos últimos anos, a Saúde aprofundou no combate ao Aedes aegypti a política de descentralização e municipalização prevista pela Constituição e pela Lei Orgânica de 1990. Os mata-mosquitos contratados pela Funasa foram dispensados em todo o país porque a fundação repassou a verba para os municípios executarem as ações antidengue.”
“A descentralização da saúde não foi feita de forma bem planejada no país”, diz o epidemiologista Roberto Medronho, diretor do Núcleo de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Muitas vezes não há capacitação e recursos. O afastamento dos mata-mosquitos no Rio foi uma atitude irresponsável. Precisaria de transição.” Em Nova Iguaçu (RJ), a prefeitura contratou uma agência de extermínio de baratas para abater larvas e mosquitos. No Rio, a tarefa é da empresa de lixo.”
“O ministério tem obrigação de fazer a vigilância do dinheiro que está repassando”, diz o diretor do Instituto de Doenças Tropicais da Universidade de São Paulo, Marcos Boulos. “Tem de monitorar e uniformizar o trabalho.” Boulos aponta outro problema: uma cidade pode implantar um projeto vitorioso contra a dengue. Se o município ao lado não tiver o mesmo comportamento, “seus” mosquitos contaminarão o vizinho. “É jogar dinheiro pelo ralo.”
“Para o infectologista Rivaldo Venâncio da Cunha, professor de doenças infecciosas e parasitárias da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, o “fracasso começa no abandono do projeto de Jatene. Nos últimos anos, deu-se ênfase quase exclusiva ao controle químico. A utilização de inseticidas é feita irracionalmente. Em locais como Campo Grande e Fortaleza, as larvas desenvolveram resistência a inseticidas”. O coordenador de pós-graduação em Medicina Tropical da Universidade Federal de Minas Gerais, Manoel Otávio da Costa Rocha, destaca outros três problemas: a falta de mobilização social “adequada” contra a dengue, a manutenção do bate-boca entre esferas de poder sobre a culpa pelas epidemias e a falta de continuidade nas ações antidengue. “Os mosquitos voltam a nível exponencial em dois, três anos.”
E, como sabemos em 2016, voltaram mesmo. E voltaram piores. Espalhando a febre Chikungunya e a Zika.
Na época, Serra foi muito criticado por sua gestão no Ministério da Saúde, e pela explosão da dengue. Depois ele foi ser candidato a presidente da república. A piada na época é que ele seria o “presidengue”. Perdeu para Lula. Segue com o objetivo de chegar à presidência da República.
Agora, a Dengue mata mais que nunca. E a Zika ameaça a gravidez de milhares de brasileiras. Moças jovens e pobres que terão bebês com problemas de saúde inimagináveis. Tragédia que podia, devia ter sido evitada. Mas se tornou inevitável a partir da decisão microcéfala de José Serra, com aprovação de FHC.
E do descaso dos governantes que vieram depois. Depois de catorze anos do governo “dos trabalhadores”, seguimos com metade das casas do país sem esgoto… agora é que Dilma propõe ações de emergência contra o mosquito?
A dengue e a Zika não são obra do acaso. Nem maldade da natureza.
São crime de responsabilidade.
Pois bem, levando em conta que a “decisão microcéfala” foi tomada em 1998, bem assim que, 4 anos depois, começou o “governo dos trabalhadores”, é dizer que acima do título bombástico do artigo, o autor deveria ter colocado, por baixo, pelo menos mais uma meia duzia de fotografias.
Afinal, já lá se vão 13 (treze) anos que a decisão microcéfala vem sendo mantida, quando já poderia ter sido revertida e o governo federal ter retomado a competência para cuidar de evitar a proliferação do AE e respectivas doenças.
Em suma: se o governo anterior é culpado pelo nefasto trio de enfermidades causado pelo AE, o governo atual é mais responsável ainda.
Interessante que o texto traz uma informação muitíssimo significativa para mostrar a aguda responsabilidade da administração federal (de qualquer governo, independentemente do partido) quanto aos problemas decorrentes da descentralização dos serviços de saúde para os estados, municípios e distrito federal: o completo descaso da administração federal com o dever de fiscalizar o uso correto da verba liberada e do cumprimento das obrigações junto à comunidade.
Aliás, o mesmo raciocínio vale para o caso do meio ambiente, como por exemplo, o caso de Mariana.
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Oliveira, transcrevi o artigo pela análise rigorosa e emblemática das gestões da Saúde no país, independentemente de governos. O estilo contundente do velho Forasta pode desagradar algumas almas tucanas mais sensíveis e até ferir suscetibilidades, mas é indiscutivelmente certeiro. Quanto às responsabilidades ao longo dos 13 anos citados, citadas pelo próprio autor, não servem para anular o defeito de origem.
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Ja que vc repercutiu o post do blog amigo, defenda-o, com argumentos logicos por favor…
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Desnecessário. O texto é claro, auto-explicativo.
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Amigo Oliveira, sobre o texto e sobre o que vc brilhantemente escreveu no comentário 1, eu postei aqui outro dia qui , muito antes de saber dessa questão, que o povo não pode mais continuar sofrendo tanto descaso das autoridades, onde os governos empurram com a barriga as soluções. Aí quando a pressão é grande, um joga na costa do outro a culpa. O GF diz que a culpa não é dele porque mandou a verba das melhorias . Os governos estaduais e municipais rebatem e dizem que não receberam nada ou receberam pela metade e com cortes. Um ping pong de sacanagens. Mas a Culpa maior é do GF, o qual tem de provar com docs, que mandou as verbas para um Estado ou Municio. Palavras o vento leva.
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Mas, amigo Gerson, nem precisava dizer, pois, conforme atesta o teor de meu comentário, foi exatamente o que captei: no plano federal, a gestão da saúde, e de outros serviços públicos, é sempre caótica, independentemente do partido que esteja no governo.
Eu apenas corrigi um pouquinho a abordagem feita pelo autor do artigo, eis que, seguindo a velha cartilha do articulismo partidário, que também é aplicável tanto ao jornalismo de situação, quanto ao de oposição, o autor habilmente procurou minimizar a enorme responsabilidade do seu (dele) partido na miséria que o AE vem causando.
De outra parte, eu também sei que minha percepção e meu registro podem agastar os adeptos do petismo ou ferir suscetibilidades dos simpatizantes governistas, mas, é inegável que também é certeira, quanto ao específico objetivo do artigo, quando na foto que vincula as responsabilidades, oportunística e deliberadamente, realça negativamente uma figura e disfarçadamente preserva várias outras do governo supostamente do povo.
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Uma das medidas que pareciam ser interessante, tanto na saúde quanto na educação, tem se mostrado dia após dia mais catastróficas.
Eu estou falando da municipalização.
Apesar da leniência do governo federal, aqui mais explorado os tucanos, pois os surtos ainda não tinham as dimensões de hoje. São os prefeitos os grandes responsáveis pelas ações preventivas e, mesmo chovendo dinheiro (sim amigos, mesmo com cortes o setor da saúde tem muito dinheiro), o dinheiro parece evaporar lentamente até chegar as unidades de saúde.
O combate a um inseto é prova máxima que o Brasil é o país do deixa para depois. Por isso camelos tomam conta de ruas e a população controlo casa no meio de avenidas.
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– camelôs
– constrói casas
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Amigo Celira, confesso que minhas expectativas não eram lá muito boas com a municipalização. Minha impressão é que ficaria pior.
Não tenho dados exatos e precisos do ponto de vista qualitativo e quantitativo, que me permitam asseverar se realmente ficou pior.
Mas, de um modo geral, é inegável que a situação que era muito difícil antes, não parece ter melhorado em nada após a municipalização.
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Sempre na defensiva, os petistas buscam nas introduções de seus relatos, o passo a passo para tentar iludir leitores de que tudo de ruim que hoje se acumula tem origem num passado distante. Até o Gerson desenterrou o Marechal Manoel Deodoro da Fonseca, para enfeitar um bolo insosso. 13 anos de governo do PT nada foi feito na Saúde como um todo, imaginem a um combate a uma doença que hoje só petista estar imunizado, mas a corrupção,marca maior deste governo,se aperfeiçoou até a voraz comilância se traidora. Infelizmente tem sido assim e os fatos estão ao alcance de todos, basta acompanhar os noticiários do dia a dia.
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Começando pelo final, o tal noticiário do dia-a-dia a que você se refere está irremediavelmente contaminado, Ferdinando. Só os néscios ou muito distraídos não conseguem ver. Quanto à citação do Deodoro, foi um detalhe em meio a uma explanação maior, óbvia até, mas que se faz necessária diante de equívocos grosseiros por parte dos que hoje tanto se preocupam com questões sociais e exprimem indignação nunca vista durante anos de dominação tucana. Ou alguém no Pará pelo menos se mostrou revoltado com a venda da Celpa e posterior sumiço dos 450 milhões de dólares? Que eu lembre, pouquíssimos. Em larga escala, a privataria atingiu a maior parte das empresas nacionais, empobrecendo o país e influindo negativamente em diversos setores da administração. Chama atenção que a direita brasileira, tão zelosa e pura, nunca se preocupe quando os seus estão fazendo peraltices – como as tais pedaladas, que FHC e todos os outros presidentes fizeram também, por motivos menos nobres que os da atual presidente, ou como as estripulias das contas públicas em São Paulo, que agora estão protegidas de investigação por um decreto do ínclito Alckmin. Insisto: Dilma é atacada não pelos verdadeiramente prejudicados por uma situação econômica desfavorável, mas pelos que tiveram privilégios frustrados nos últimos 13 anos e não conseguem reverter o cenário político pelas vias normais. A ânsia do golpe denuncia esse viés trapaceiro, como é próprio das oligarquias e plutocracias nacionais ao longo dos séculos. Eu, ao contrário do teu comentário, sigo na ofensiva contra toda e qualquer forma de embuste, principalmente de natureza midiática.
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Dois dias atrás o Ministro da Saúde Marcelo Castro, confessou a nível nacional que estava perdendo a guerra para o mosquito.
Parece piada, mas não é.
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A dengue é do PT e das esquerdas, hein, Ferdinando. Não te chama atenção o fato de que tudo que de ruim ocorre é sempre atribuído a um lado só? Reflete, não dói.
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Deixa ver se entendi: a decisão microcéfala de 98 se agravou até 2002, então as larvas do AE entraram em hibernação, acordando em 2016 provocando a tragedia. É isso? Responsabilidade nenhuma de quem governou de 2002 a 2016.
” O propósito da mídia não é de informar o que acontece, mais sim
de moldar a opinião pública de acordo com a vontade do
poder corporativo dominante ”
– Noam Chomsky
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Gerson, esse artigo é muito ruim. Não tem lógica alguma.
A municipalização dos serviços básicos sempre foi uma demanda de grande parte da população brasileira, pois somente assim o serviço ficaria perto do cliente e assim poderia ser melhor fiscalizado pela população. O Serra pode ter errado em não cobrar melhores resultados dos municípios, mas isso não explica a situação atual.
Tentar propor uma hipótese de causalidade entre aquele período e a situação atual sem o uso de evidências concretas quantitativas e sem levar em conta o que aconteceu no período entre os dois eventos é uma afronta a inteligência de qualquer pessoa.
Acho que é mais fácil acreditar em boitatá do que nesse jornalista.
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André Forastieri é um dos grandes jornalistas brasileiros, Cardoso. Por isso foi transcrito no blog – só escolho os bons. E no texto ele põe o dedo na ferida: um problema que podia ter sido enfrentado no nascedouro foi tratado com a proverbial indiferença tucana, e deu no que deu. A causalidade está consubstanciada no artigo de forma clara, insofismável. Na verdade, o único pecado do Forasta é ter mexido com os intocáveis e impolutos tucanos, ainda queridinhos de uma parcela tonta da população, felizmente cada vez mais minoria.
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Rs.. Há controvérsias caro Gerson. Maior rejeição que os tucanos tem os petista que sabem ser esta a última ,passagem no poder. Não generalize as opiniões baseada nos seu gosto que este seja um bom texto para ser apreciado. Chama a atenção as aberrações e por esta razão convida inconscientemente, outros a postar as discordâncias contidas. O nascedouro sempre será o caminho de justificativas do problemas que hoje são mal administrados pelo governo formado de resistentes cirúrgicos.
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Óbvio que a escolha se pauta pelas minhas preferências. Deixo-me guiar pela qualidade e relevância dos textos selecionados. Não há como evitar isso, Ferdinando. O aviso quanto à posição ideológica do autor está lá na placa, logo à entrada (perfil) do blog. Este espaço foi criado para falar sobre jornalismo, discutir esportes e defender/propagar ideias progressistas, confrontando tendência avassaladora na mídia brasileira pelo discurso de perfil reacionário. Quem não apreciar o cardápio, não precisa sequer perder tempo.
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A proverbial indiferença tucana versus a incompetência natural petista ou a adquirida desonestidade petista, pouco importa, perdemos todos. Esse texto nada mais é que lixo ideológico.
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Lixo ideológico é o que a velha mídia despeja diariamente sobre corações e mentes, com objetivos mais do que óbvios. Fazem isso desde Getúlio, nos anos 50. Abra os olhos e alimente o cérebro.
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Não é a primeira vez que você me deixa a vontade para entrar ou sair de vez desde blog. Certamente essa atratividade não é única e não me aborrece lidar com fatos e opiniões adversas que parece ser seu maior incômodo. Continuo seguindo até onde der, pois tenho um compromisso pessoal de tentar reciclar até o considerado obsoleto sem a preocupação de ser agradável ou não.
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Engano seu, Ferdinando. Gosto de sua participação diária e a discordância em alto nível é absolutamente normal – e salutar. Quando me refiro ao pressuposto do blog estou na verdade deixando qualquer um à vontade, não especificamente você. Afinal, ninguém é obrigado mesmo a frequentar um lugar que não é do seu agrado.
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José Cardoso,
A municipalização é a boa ideia que nunca deu certo (a educação é a mesma coisa). O dinheiro vai sendo pulverizado pouco a pouco e quando chega nas unidades sobra quase nada.
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“O propósito da mídia não é de informar o que acontece, mas sim
de moldar a opinião pública de acordo com a vontade do
poder corporativo dominante.”, segundo Chomsky.
Ora, é claro que se o poder corporativo dominante é o que determina o molde da opinião pública, como pode o poder corporativo dominante ser o PT, com a mídia jogando contra, moldando a opinião pública contra o partido?
Aproveitando a frase, ela mostraria que o poder corporativo dominante é outro, e não o PT. Bom, de minha parte, cito Theodor Adorno, quanto ao papel da Indústria Cultural:
“A cultura contemporânea a tudo confere um ar de semelhança. Filmes, rádio e semanários constituem um sistema. Cada setor se harmoniza em si e todos entre si.”
Antes de os comentaristas se afobarem e afirmarem que Adorno é um articulista da Carta Capital, a frase está num artigo publicado por ele em 1947. O ar de semelhança que a cultura contemporânea confere a tudo atualmente é a própria percepção coletiva de que a política, independentemente de ideologia partidária, é sempre corrupta e nociva à sociedade. O povo percebe todo político como corrupto oportunista e não como um proponente de ideias. Não que eu acredite em papai noel, mas generalizar assim é um perigo. É legítimo desconfiar da honestidade dos políticos, e também muito inteligente, mas o tom acusatório sem provas da mídia é nefasto para a democracia e tem tendido ao fascismo.
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Valeu Gerson. Procurarei ser mais comedido nos meus comentários mas, asseguro que outras discordâncias virão. Procurarei, também me esforçar para melhorar a qualidade deste espaço, que alguns testemunham estar prejudicado por aberrações aqui publicadas. Estou ciente que em determinadas ocasiões me excedo nos sarros, por isso sem prometer evitá-los, procurarei ser mais brando não perdendo as gratas oportunidades para cutucar o Leão quando deslizes ocorrerem,
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Gérson,
O argumento do jornalista não sobrevive a nenhuma análise científica seria. Ele usa um punhado de declarações ao acaso e nenhum dado quantitativo para mostrar uma potencial relação espúria entre dois eventos distantes no tempo. Não em nada a ver com PT ou PSDB. O argumento em sim é sofrível. Pode até ser um bom jornalista, mas o texto é o argumento é sofrível do ponto de vista lógico.
Talvez mais coerente seria uma análise demonstrando a causalidade entre o que o Itamar e o FHC fizeram com os investimentos sociais que o Lula fez. Itamar e FHZ, mesmo com o risco de baixa popularidade, fizeram o dever de casa (colocar a economia em ordem) para que Lula pudesse ter recursos para investir no social em uma época onde os preços das commodities atingiram valores altíssimos. Sem uma economia em bom estado, o país não teria recursos para investimento. Isso é fato mais que comprovado. O Lula reconheceu isso, tanto que manteve a política econômica do PSDB nos seus dois mandatos e chamou alguém do PSDB para gerenciar o Banco Central com total autonomia. Aqui há uma clara continuidade e causalidade.
Quanto a Dilma resolveu mexer nos fundamentos da política economica e gastar como uma desesperada para ganhar eleição, a economia se desestruturou completamente. Esse erro grosseiro na conduta do país mais o preço baixo das commodities no mercado global levou o país a situação que está. Aqui também há uma casualidade entre incompetência e situação do país. Basta ver os números da economia nos últimos cinco anos.
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De fato, generalizar é algo muito perigoso. Afinal, por exemplo, nem toda mídia joga contra o ideário petista. Há significativíssima parcela da mídia que joga a favor, muito a favor, do governo petista. Sem contar que alguns ativistas midiáticos petistas e governistas estão até posicionados em veículos ditos contrários ao partido rubro.
Por outro lado, já faz um largo tempo, bem largo, que no Brasil, são exceções que só confirmam a regra, os exemplos positivos na seara política ou de políticos verdadeiramente propositores de ideias, de homens públicos realmente interessados no progresso individual e coletivo das pessoas.
Sim, desgraçadamente, para cada um exemplo de perfil positivo, podem ser arrolados 100 com o perfil oposto. E nem é preciso descer à seara policial/criminalística para se buscar a prova desta verdade. Afinal, o banditismo político antes de ser um comportamento criminoso previsto nas leis e códigos desta natureza, é uma conduta subversiva e traidora das promessas feitas, das ideias pregadas e das correspondentes expectativas criadas no seio da coletividade.
Com efeito, a prova pode ser obtida nas prioridades estabelecidas e concretamente implementadas, nos arranjos políticos estabelecidos, e, infelizmente, nas inimagináveis alianças travadas no intuito de garantir o poder, cujo exercício, dissipada a propaganda encegueirante, nota-se que não se empenha na perseguição dos autênticos interesses da coletividade, na busca de pisar firme nos verdadeiros degraus que levem à ascensão social.
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Já disse aqui que acho que o PT deve mesmo se desassociar dos partidos liberais da base. São partidos que influenciam as políticas públicas de modo decisivo porque, numa coalizão, todos contribuem ideologicamente, ainda que pensem diferentemente da cabeça de chapa. Os partidos da base tendem a abandonar a coalizão quando não são atendidos em suas demandas, o que é normal. O problema é que o troca-troca partidário continua acontecendo como dantes, ainda que haja certa vigilância legal sobre isso. No fim das contas, outra forma de verificar fidelidade a um projeto pessoal ou partidário é observar a fidelidade partidária. Há ex-petistas que continuam fiéis ao program do partido, principalmente aqueles que foram ao PSOL e ao PCdoB. É dizer, continuam socialistas e deixaram a legenda por conta da insatisfação com a coalizão que hoje prende o PT a uma agenda política que não é a do partido.
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