Vitória da democracia

POR GERSON NOGUEIRA

Pela vontade soberana dos eleitores, André Cavalcante foi escolhido para presidir o Remo pelos próximos nove meses. Pelo histórico do candidato e competência demonstrada na administração do programa de sócio torcedor do clube, o Nação Azul, pode-se dizer que a escolha foi das mais certeiras.

De perfil inovador e aberto a ideias modernas, André tem uma grande possibilidade de fazer a gestão necessária para tirar o Remo do atraso em que se encontra hoje. O desafio será romper com a velha estrutura administrativa, que leva à repetição de erros crassos a cada temporada.

A perspectiva positiva é, ao mesmo tempo, um imenso desafio para o novo gestor. Terá que realizar em pouco tempo mudanças que vêm sendo adiadas sucessivamente há mais de 10 anos. Desde o final da gestão de Raphael Levy, o Remo não conseguiu mais equilibrar receita e despesa.

Resulta desse acúmulo de problemas a situação aflitiva do clube no campo financeiro, tendo que comprometer quase um terço de tudo que arrecada para poder reduzir a dívida junto à Justiça Trabalhista.

Cumprir o acordo celebrado na esfera judicial é outra responsabilidade pesada sobre as costas da diretoria que está assumindo. Foram descumprimentos seguidos que fizeram o clube perder credibilidade e a correr constantes riscos de perda de patrimônio.

Por dever de ofício – e até para se preservar –, André terá que executar um processo de levantamento das dívidas e dos recursos que foram desviados do clube nos últimos anos, a fim de ter uma noção clara do quadro financeiro que está herdando.

Outro ponto crucial para o futuro imediato do Remo é se habilitar ao Profut, cujo primeiro prazo já foi descumprido pela gestão iniciada por Pedro Minowa. Sem se cadastrar no programa, o clube ficará sujeito a penalidades que incluem até a não participação em campeonatos oficiais a partir de 2017.

Pelo lado positivo, André terá agora condições de implementar avanços e melhorias no programa de sócio torcedor. Por tudo que aprendeu e fez no Nação Azul pode ampliar o alcance do ST, auferindo mais receita e oferecendo mais vantagens aos sócios.

Aliás, caso queira de fato avançar politicamente, o Remo terá que ajustar seu estatuto aos novos tempos. Não se concebe que os sócios torcedores sejam impedidos de deliberar sobre a vida do clube e de votar para presidente. De certa forma, têm tantos direitos quanto os sócios proprietários e remidos.

Acima de tudo, o triunfo da chapa André Cavalcante-Fábio Bentes significa que o Remo começa finalmente a se ajustar aos novos tempos, afugentando candidatos retrógrados, derrotando a demagogia e expurgando modelos clientelistas que não condizem com a prática democrática. O resultado das urnas indica que os associados querem avanços, com transparência e responsabilidade.

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Tempo de treinar e observar

Não chega a surpreender o revés do Papão, ontem, em Castanhal. Ao contrário da equipe interiorana, recheada de jovens valores, o time de Dado Cavalcanti ainda busca a configuração ideal. Além disso, o elenco se encontra em fase de preparação, inclusive quanto ao condicionamento físico.

Alguns dos jogadores que enfrentaram o Castanhal certamente terão muito a render no Campeonato Paraense. Ilaílson, Augusto Recife, Leandro Cearense e Betinho foram alguns dos mais efetivos no amistoso, mas outros ainda se ressentem da necessidade de maior entrosamento, como Celsinho.

Muito mais que o resultado final do amistoso, o que importa é a movimentação do grupo, que não tinha ainda sido testado em jogo oficial. Dado deve ter aproveitado para observar bem seus atletas e tirar dúvidas para a estreia no Parazão contra o Paragominas, na próxima semana.

A formação titular não deve ser muito diferente da que se apresentou no Maximino Porpino, mas é certo que o setor defensivo ganhará atenção especial nos treinos desta semana.

Enquanto isso, em Belém, o Remo passava pelo selecionado de Maracanã sem maiores dificuldades, dando ao técnico Leston Junior a chance de novas experimentações na equipe. Marco Goiano voltou a aparecer bem.

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Direto do blog

“O André será um excelente Presidente, tenho certeza. Votei no Miléo Jr., que tinha a seu lado grandes remistas, como Domingos Sávio, André Carrascosa, Milton Campos e outros. O grande vitorioso da eleição é o Clube do Remo. O André e o Fábio são profissionais exitosos em suas atividades e continuarão, agora de forma mais ampla, o trabalho que vêm fazendo no CR. As votações do André e do Miléo representam o repúdio do sócio a projetos mirabolantes, mais uma vez rejeitados pela coletividade azulina. Pé no chão e a ajuda de todos os remistas que colocam o clube acima dos interesses individuais são o caminho para o sucesso”.

Ronaldo Passarinho, grande benemérito azulino.

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Sustos e preocupações alvinegras

Em partida exibida para todo o país através de um canal fechado, o Botafogo se encarregou de deixar seus torcedores com a pulga atrás da orelha depois da derrota frente à Desportiva capixaba. Os mesmos problemas verificados ao longo do Brasileiro da Série B voltam a surgir, sem que o comando técnico consiga corrigi-los.

Como se trata de amistoso de preparação, deve-se dar o devido desconto, mas jogadores que já não rendiam na Série B continuam perigosamente ocupando posições fundamentais no time, como na proteção à zaga, onde Lindoso é garantia de sustos intermináveis, ao lado do miolo de zaga.

Ao final do jogo, o goleiro e capitão Jefferson recomendou aos dirigentes que façam contratações para reforçar o time. Jefferson, como toda a torcida alvinegra, tenta alertar para a ameaça de novo rebaixamento à Segunda Divisão. Sabe o que diz.

(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 25)

12 comentários em “Vitória da democracia

  1. Espero e o Remo precisa se reorganizar, agora por mais eficiente que seja André Cavalcanti, o clube precisa de no mínimo 7 anos para sair de vez do buraco em que seus antecessores o colocaram. e ser feliz na escolha dos mandatários por vim.

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  2. Tenho acompanhado às entrevistas do novo presidente do Remo, e na minha avaliação esse moço tem tudo para fazer uma excelente administração no clube. Ele não foge das perguntas, sempre responder sem rodeios ou tentativa de enganar a massa remista. Novos horizontes se apresentam pro leão, calendário cheio com essa torcida apaixonada é correr pro abraço.

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  3. Concordo plenamente com a fala do Ronaldo Passarinho. A votação maciça em Mileo e André é o não a projetos sem eira e nem beira. Mas, passada as eleições, é hora de desarmar os palanques e unirem-se, como fez o Paissandu, em torno do bem maior que é o próprio Remo.

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  4. Agora, vendo o Bola na Torre, André precisa aprender algumas coisas sobre o futebol em Belém.

    Tipo, o fato de ser torcida única no RexPa (espero que isso não se concretize) não implica em não dividir de renda.

    Aqui é um pacto de cavalheiros e André, antes de vir com toda a ladainha jurídica, deve pensar que o amanhã está sempre em construção.

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  5. Ei Gerson Nogueira, quer dizer que as duas eleições do MINOWA derrotando o Pirão num só tempo não foi democracia???? sinceramente tem hora que dá para te entender amigo. sinceramente..

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    1. Nelio, não perco mais tempo discutindo ou trocando ideias com você, por absoluta incompatibilidade de neurônios. Mas, vá lá: quando falo que houve democracia desta vez, refiro-me ao processo todo, incluindo a organização do pleito. Além disso, a diversidade de propostas à disposição dos eleitores torna naturalmente esta eleição muito mais rica do que a primeira. Além dos tumultos ocorridos, com anulação do primeiro escrutínio, a eleição de 2015 foi plebiscitária: o pior contra o menos pior. Se não entender o raciocínio, posso desenhar.

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  6. Continuo não entendo amigo porque nessa “pior contra o menos pior” lembre que na eleição 2015 do MINOWA. Pirão no inicio de 2014 era tido por toda cúpula remista, torcedores e imprensa inclusive vc como o dirigente revelação dos últimos tempos do futebol de Belém por ter dado aquela “subida” azulina, reformado o estádio de forma relãmpago com muro blindex. Tinha até apoio do marechal. Já MINOWA tinha história de endinheirado e pé quente remista e vinha com promessa grande de levar o time a serie b. as pessoas mudam muito rápido de posição mesmo.

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  7. O mais importante dessa eleição é o fato de que 74,62% dos 2.080 eleitores fizeram “justiça com as próprias mãos”, despachando Zeca Chibé como persona não grata ao clube. Resta aos torcedores seguirem o exemplo nas eleições de outubro próximo.

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