Por uma seleção para 2014

Por Gerson Nogueira

bol_qua_260613_15.psO Brasil que enfrenta o Uruguai hoje na semifinal da Copa das Confederações não está mirando o título do torneio preparatório. A ambição é bem maior. Felipão e seus comandados estão projetando o time ideal para a Copa do Mundo de 2014, a competição que realmente importa.

Isso não significa que a Seleção não tenha interesse em vencer o torneio atual. Para tanto, precisa derrotar o Uruguai antes de encarar provavelmente a campeã Espanha, bicho-papão do momento e o time mais admirado por todo o mundo.

Felipão já emitiu sinais de que seu plano de voo não vai mudar em caso de um revés na Copa das Confederações. Quer dizer que perder o torneio está dentro de seus cálculos, por mais que não admita. É óbvio que a conquista facilitará a evolução do processo de preparação da Seleção, mas não mudará o que foi estabelecido pelo técnico junto à cúpula da CBF.

Contra o Uruguai hoje, em Belo Horizonte, técnico e time terão um teste vigoroso, daqueles que turbinam a confiança e a autoestima. Passar pela Celeste Olímpica, um adversário tradicional e sempre lembrado pelo ocorrido em 1950, é daqueles jogos sob medida para consolidar um projeto.

Mesmo que os uruguaios não estejam vivendo dias de glória (ocupam apenas a quinta posição nas eliminatórias sul-americanas), costumam se transformar quando têm o Brasil pela frente. Mais que isso: são especialistas em mexer com o emocional do time nacional.

Além da mítica final de 1960 no Maracanã, o Uruguai também nos criou problemas em outros confrontos. Como em 1970, quando endureceu a parada contra aquele que é saudado como um dos melhores times de todos os tempos. Pelé, Rivelino, Jairzinho e Tostão tiveram seríssimas dificuldades para fazer o estilo habilidoso prevalecer num duelo rico em divididas e lances ríspidos.

A Seleção Brasileira não dispõe mais de tantos craques como há 43 anos, mas trabalha um estilo baseado na força de conjunto e vocacionado para a velocidade. Pode não alcançar a excelência daquele timaço que encantou o mundo, mas pode vir a combinar duas qualidades muito ambicionadas no futebol de hoje: pulmão e leveza no desenvolvimento do jogo.

Contra a Itália, em determinados momentos, essa pretensão chegou a ser exercitada, embora com visíveis dificuldades. A maior delas visível no meio-de-campo, onde tudo acontece. Oscar, escalado para ser o organizador deste novo Brasil, padece de sérios entraves para realizar sua missão.

Em primeiro lugar, por orientação do treinador, anda se aventurando a marcar ou dar suporte às subidas de Daniel Alves. Quando não está ocupado com isso, avança e se atrapalha com Hulk, que circula pela mesma faixa do campo. Ou Felipão mantém Oscar solto para criar jogadas, próximo a Neymar, ou terá que procurar outro armador.

Outro entrave para que a Seleção venha a atingir o estágio de velocidade e técnica está nos limites impostos a Neymar, a estrela da companhia. Como Messi no Barcelona e Cristiano Ronaldo no Real Madri, para ficar nos craques mais reluzentes do momento, Neymar não pode ser obrigado a marcar. Existem uns 400 volantes para fazer esse papel.

Astro do time e seu jogador mais decisivo, Neymar precisa circular pelo campo inimigo com licença para matar, como um 007 das quatro linhas. Sua única missão deve ser a de criar problemas para a defesa adversária. Sem posição fixa, dificulta ainda mais a marcação e terá sempre a arma do fator empresa.

Pode não ser de imediato, mas Felipão certamente chegará às mesmas conclusões. Sanados estes e outros problemas, o Brasil estará de fato no rumo certo para ter um escrete realmente competitivo na Copa do Mundo.

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Tempo de mudanças no Remo

O afastamento do presidente Sérgio Cabeça, por motivo de doença, dá ao Remo a oportunidade de uma reordenação de rota. A posse automática do vice-presidente Zeca Pirão não garante uma mudança na gestão, mas pode vir a ter consequências positivas no enfrentamento da dura realidade do clube.

Às voltas com um bloqueio draconiano (e inédito) de R$ 10,2 milhões por força de compromissos não cumpridos com a Justiça do Trabalho, a diretoria tem pouca margem de manobra para resolver problemas há muito adiados, como o pagamento de funcionários.

Caso esteja atento aos anseios de mudança já expostos pelos sócios, Pirão abrirá espaço para uma gestão compartilhada, que atenda às necessidades de rigor e transparência, sem se prender às vontades de uma elite interna que pouco colabora para a evolução do clube. É um tremendo desafio, mas pode ser o caminho da salvação.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 26 de junho) 

18 comentários em “Por uma seleção para 2014

  1. Essa saída do Sérgio cabeça, pode ser a entrada da democracia no Clube do Remo para novembro de 2013.

    Os torcedores, aproveitando o caos político no País, pode pedir ao Sr. Pirão (politico) aprovar o novo estatuto e declarar eleições diretas para novembro de 2013.

    Vamos a luta torcedores do Remo, essa deve ser a vitória do século para o nosso leão.

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  2. Passeando por outras paragens da rede começo a compreender algumas coisas. E a principal delas é que o Remo está muito, mas muito, mas muito mesmo, mal arranjado. É que ele, o pirão, está propenso a compartilhar sua gestão logo com quem, com o “cinturão de aço”, isto é, com os mesmos de sempre. Inclusive um que acabou de abandonar a gestão cabeça para repouso, depois de sanear as dívidas, já está novamente a postos. E eles, todos eles, devem mesmo estar bem revigorados, pois o pirão propalou que tem amigos empresários dispostos até a pagar a dívida do Remo toda. Lá vai o jabuti subir na árvore…

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  3. Marapanim já foi Campeão Paraense de Futebol das seleções do interior. Isso é um título que muito nos orgulha e nos torna admirados por tantos outros muncípios que nunca chegaram tão longe. Então é com muita tristeza que vejo hoje, uma decisão da FPF eliminar a nossa seleção da disputa do campeonato de 2.013 com a possibilidade de ficarmos suspensos de participar do campeonato por mais dois anos.
    Precisamos de respostas: quem foi que praticou o ilícito, a fraude, a falsidade ideológica que nos penalizou?
    Será que esse ou esses malfeitores da nossa classe esportiva não serão punidos e somente o Município é impedido de buscar o nosso sonho de participar e lutar pela Copa de futebol do interior?
    No Marapanim que queremos não cabem ladrões, principalmente do nosso orgulho.
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  4. Bom, se amanhã der a lógica, só resta pro Brasil o vice campeonato da Copa das Confederações.

    E o Neimar, mesmo sem jogar um grande futebol (como de resto hoje ninguém jogou), parece que vai se firmando mesmo como um jogador que suporta a pressão de uma competição importante. Ele protagonizou a cena do time da CBF, especialmente os lances que resultaram nos gols da muito difícil vitória.

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  5. Apesar de defender o penalti o JC não me convence, toda bola aérea na defesa brasileira é um sufoco, o Lajota-Hand quase nunca sai e quando tenta, sai mal.

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  6. Foi terrível ver o brutamonte do, nada de incrível, Hulk ! Égua, o quê ele fez de produtivo ?! Quando teve uma boa oportunidade, jogou ao longe, dando uma de Rafael Oliveira, querendo “quebrar” a bola. Vou te contar…

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  7. Luiz Fernando, você tem razão: estou pessimista mesmo.
    Mas, deixa eu lhe dizer: mesmo pessimista, estou torcendo pelo Neimar e companhia. Por isso, tomara que o seu otimismo prevaleça. Vai ser muito bom reconhecer que você tinha razão. Aliás, no jogo de hoje, a Espanha mostrou que não está absolutamente favorita. Além do que ainda teve de enfrentar uma prorrogação…

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