Em busca do horário ideal

Por Gerson Nogueira

bol_dom_090613_15.psTorcedor é, acima de tudo, um consumidor. Conscientes desta condição, os torcedores Sylvio Daniel Amaral Farias e Edson Matos dos Santos Junior tomaram a iniciativa de procurar o procurador-chefe da República no Pará, Bruno Araújo Valente, pedindo providências para que o Estatuto do Torcedor seja cumprido quanto aos horários de jogos da Série B em Belém.

O alvo da queixa é o famigerado horário das 19h30. Os torcedores observam que essa faixa, criada para atender interesses da emissora que detém os direitos de transmissão, acarreta dois sérios problemas para o público: a dificuldade de mobilidade urbana no começo da noite em grandes capitais e a impossibilidade legal de transmissão do jogo pelo rádio nos 30 primeiros minutos.

No documento, ambos observam que nem mesmo a crescente utilização da internet para transmissões de rádio serve de alento, pois ainda é expressivo o índice de exclusão digital na Amazônia.

Sylvio e Edson tomaram a decisão de denunciar o horário das 19h30 depois de enfrentarem um verdadeiro calvário para ver o Paissandu jogar em Fortaleza (contra o Ceará) e em Belém, diante do Paraná Clube. Sobre a partida realizada na capital cearense, a reclamação se concentra na dificuldade de acesso, que levou grande parte do público de 11 mil espectadores a entrar no estádio Presidente Vargas com o jogo já em andamento.

No Mangueirão, o entrave para ver a partida foi ainda mais grave, embora ambos morem nas vizinhanças do estádio. A fila para comprar ingressos em bilheteria única atrasou a entrada e a dupla só conseguiu chegar às arquibancadas às 20h10, perdendo praticamente todo o primeiro tempo. Enquanto esperavam do lado de fora tentaram sintonizar as emissoras de rádio, mas a programação do horário era a obrigatória “Voz do Brasil”.

“A quantidade de bilheterias era insuficiente (apenas duas). O tempo de permanência na fila foi desumano. Havia uma correria total. Um flagrante atentado ao disposto na Lei 10.671/2003, o Estatuto de Defesa do Torcedor, e um desrespeito absurdo para com a apaixonada torcida bicolor e com os cidadãos, que trabalham dignamente e labutam para honrar os compromissos com o Estado, dentro de uma das mais altas tributações do planeta e ainda tão distantes de uma sociedade respeitosa e justa para todos”, ressaltam na solicitação encaminhada ao procurador da República.

Para os torcedores, a marcação de jogos para 19h30 atenta contra o disposto no Artigo 26 do Estatuto do Torcedor, que trata do acesso “seguro e rápido” aos locais de competições esportivas. “Tudo isso, a nosso ver, é causado pelos interesses puramente comerciais do maior conglomerado de comunicação do país, as Organizações Globo, que por meio do canal Sportv adquiriram, junto à CBF, o direito exclusivo de transmissão das partidas do Campeonato Brasileiro das séries A e B”.

Como precisa encaixar a exibição de dois jogos numa mesma noite, a emissora agenda para um horário impraticável “para o conforto, segurança e interesse das torcidas comparecerem aos estádios”. O fato, conforme o relato pormenorizado de Daniel e Sylvio, respalda a reclamação para que os horários sejam flexibilizados, levando em conta a tradição do futebol no Pará. A reivindicação pode até não provocar a mudança imediata, mas certamente vai influir na programação das próximas competições.

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Supremo ratifica validade do Estatuto

Vale ressaltar que, por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal (STF) acaba de ratificar a constitucionalidade do Estatuto de Defesa do Torcedor (Lei 10.671/03). Vários dispositivos da norma foram questionados pelo PP (Partido Progressista) por meio de Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 2937). Na sessão da última quinta-feira, a proposição do PP foi julgada totalmente improcedente.

O entendimento da Corte seguiu o voto do ministro Cezar Peluso, relator do processo. Segundo ele, o Estatuto do Torcedor é um conjunto ordenado de normas de caráter geral, com redação que atende à boa regra legislativa e estabelece preceitos de “manifesta generalidade”, que “configuram bases amplas e diretrizes gerais para a disciplina do desporto nacional” em relação à defesa do consumidor.

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Pelos campos do interior

Depois de dura perlenga de bastidores tentando evitar a inatividade forçada no segundo semestre do ano, o Remo finalmente está diante da dura realidade: férias antes do tempo e frustração generalizada entre a massa torcedora que ostenta números de fazer inveja a clubes da Série A. Obrigados a conviver com a humilhante exclusão da Série D, os azulinos precisam agora reinventar o jeito de torcer para manter viva a paixão.

Enquanto a nau remista se preparar para percorrer o interior à caça de amistosos, a torcedor tende a se acabrunhar, embora já tenha havido um tempo (não muito distante) em que o Remo se impunha pelo futebol praticado, jamais precisando mendigar vaga em competições.

Nada impede que esses tempos sejam revisitados. Depende apenas do próprio torcedor. Afinal de contas, uma torcida que se posiciona como a nona do país em faturamento – renda média por jogo acima de R$ 300 mil – não pode se amofinar diante de qualquer desafio.

E, mais do que nunca, a ausência de calendário oficial canaliza as atenções dos azulinos para a política do clube. O acaso deve fazer com que o debate interno seja antecipado, levando a uma mobilização dos torcedores para que se associem e ganhem o direito de voto nas próximas eleições.

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Bola na Torre

Jean, zagueiro contratado pelo Paissandu, é o convidado do Bola na Torre deste domingo. Guilherme Guerreiro apresenta, com participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba baionense. Depois do Pânico na Band, por volta de meia-noite.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 09)

12 comentários em “Em busca do horário ideal

  1. Penso, Gerson e amigos, que toda vez que o torcedor se sentir lesado, ou coisa parecida, tem sim o direito de procurar a justiça…Dou total apoio a essa ação, movida pelos torcedores do Paysandu.

    Ao Remo, já começaram as campanhas de alguns Cardeais, na mídia… Nomes como Marcelo Carneiro, diz-que representa a juventude azulina(Então tá…), Orimar Rodrigues, e até, pasmem, o Pedro Minowa, todos candidatos ligados aos Cardeais, já fazem campanha para ser o Presidente do Remo..Te dizer…
    Torcedor do Remo, se quiser tirar o clube das mãos desses Cardeais, tem que votar em Arthur Oliveira, como fez o Paysandu, com Vandick, por isso o torcedor do Papão tem vez, hoje no clube… Cuidado com o Golpe dos Cardeais, na mídia…Todo cuidado é pouco..

    Fiquem atentos…

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  2. Semelhante aos interesses da Globo e associados com seus horários que prejudicam os torcedores como futebol às 19:30h temos que nos conformar com o horário do Bola na Torre esperando o fim do chatérrimo e demodê programa Pânico na Band! São os interesses comerciais acima de tudo. O torcedor e telespectador que se lixe!
    É a mais pura verdade!

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  3. Espero que o nome da instituição Clube do Remo não seja sumariamente varrida do mapa graças as atitudes inpensáveis de seus atuais dirigentes. Seria muito importante sim os torcedores entrarem com uma liminar pedindo e já a saída de Sergio Cabeça e sua trupe!
    O REMO não precisa mendigar nada, o Clube é forte e dará a volta por cima, basta de humilhação!
    A Nação Remista tem que tomar uma atitude!
    FORA PIRÃO, CABEÇA e BORORÓ! vocês estão destruindo em dias o que foi construído em mais de 100 ANOS de uma das mais belas páginas da história do futebol paraense e nacional!

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  4. Miguel, esqueceste o último integrante da mais destrutiva linha de quatro que o futebol remista já produziu, o Baralho. Também estou de acordo com o sacrificante horário do Bola na Torre. Mas, quanto ao destino do Clube do Remo, não se preocupe, fundado na força do crescente Fenômeno ainda tem potencial para mais cem anos. E, se Deus quiser, em breve expurgará naturalmente esta galera destrutiva.

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  5. Não tenho dúvidas em afirmar que o momento crítico que passa o futebol brasileiro é decorrente da malfadada parceria Globo-CBF. Acho que governo deveria intervir e acabar com esse monopólio global que lesa os clubes e os torcedores.

    Quanto ao Remo, eu sempre fui contra a participação nesta Série D via tapetão, pois via nisso uma espécie de “cala a boca” dessa diretoria para os torcedores que exigem mudanças no estatuto do clube. Confesso que sinto um mixto de tristeza e alegria, tristeza pelo clube e alegria por eles (os dirigentes) terem seus planos frustrados.

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