Torcedor é bicho cismado e costuma dar mais valor, com razão, a um bom ataque do que a uma zaga excepcional ou a um meio-de-campo criativo. De seu posto lá na arquibancada, contemplativo, sabe que o homem que define as coisas é sempre mais precioso para um time.
Objetividade. Esta é a palavra que define um artilheiro desde que o futebol foi inventado. Os realmente bons no ofício, como Romário e Ronaldo Fenômeno (aquele outro), jamais enfeitavam. Sem tempo a perder, davam um ou dois toques depois que a bola chegava à área. Era o suficiente.
É justamente essa competência minimalista, raríssima nos dias atuais, que os remistas procuram desesperadamente a apenas uma semana do começo do campeonato estadual. Claro que as chances de sucesso são remotas. A estreita margem salarial que o clube tem para oferecer (teto de R$ 20 mil) é apenas parte do problema. O maior entrave mesmo é a baixa quantidade de opções no mercado.
Depois de ver o maior rival contratar o baiano Mendes, os azulinos chegaram a sonhar com os veteranos Schwenke e Finazzi. Mas agora, pés no chão, analisam a oferta do também baiano Itacaré, que tem pouquíssimas referências. Seria uma aposta cara e de alto risco.
Diante do pobre currículo de Itacaré, crescem as possibilidades de Marciano, que ainda é a mais simpática à diretoria, embora o jogador tenha saído de Belém divorciado da torcida, como todo o restante do time que perdeu o Parazão 2010. O problema é que a contratação de Marciano também está travada, pois o Icasa não está disposto a liberá-lo. O fato é que quem tem um bom camisa 9 não libera assim sem mais nem menos.
Quem acompanhou de perto o amistoso Independente x Tuna, ontem, em Tucuruí, ficou preocupado com o nível de ambos. Tecnicamente, os dois times estão bem fraquinhos, sem a solidez que o campeonato estadual vai exigir. A Cruz de Malta ainda tem a desculpa de estar reconstruindo a equipe depois do desmanche ocorrido no final da primeira fase, quando perdeu vários bons valores – Fininho, Charles e Analdo.
Apesar do triunfo, o dono da casa demonstrou pouco entrosamento, com um meio-de-campo que custou a engrenar no jogo. Depois de verdadeiro festival de passes errados, os gols da vitória saíram nos 10 minutos finais, dando a falsa impressão de grande superioridade.
Meu informante garante que, se não houver evolução até a estréia, Tuna e Independente são candidatos a enfrentar sérios solavancos na competição.
A empolgada crônica esportiva da Paulicéia celebra o gol olímpico de Roberto Carlos como façanha do outro mundo. Teve até um sujeito que definiu RC como deus dos gramados! Menos, menos. Mestre Nilton Santos deve estar sorrindo compreensivamente a essa altura, perdoando os hereges.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 17)