Remo tem novo diretor

A diretoria do Remo confirma que Abelardo Sampaio é o novo diretor de futebol do clube.

Coluna: Torcida mais mimada do Brasil

O que aconteceu na Portuguesa de Desportos, na noite de terça-feira, depois da derrota frente ao Vila Nova-GO, não é novidade para quem acompanha o futebol paulista mesmo à distância. O Canindé há muito perdeu aquele ar bucólico e simpático de estádio médio. A violência ronda o ambiente e, ao contrário de clubes de massa (como Corinthians e Palmeiras), a truculência da torcida não tem o pretexto da fúria nascida de injustiças sociais.

Não. Na Lusa, a insanidade tem outra origem. Os turbulentos não são hooligans, são filhos da classe média alta portuguesa, herdeiros de prósperos comerciantes e empresários. A rigor, a imensa maioria é bem-nascida, não enfrentou discriminações, a não ser a de pertencer à minoria que devota amor incondicional à Portuguesa.

Desde os tempos do infame Oswaldo Teixeira Duarte (OTD, segundo o protesto histórico dos jornais paulistas), qualquer resultado que desaponte a ruidosa facção Leões da Fabulosa pode degenerar em conflito de grandes proporções, ameaças a árbitros e jornalistas, disparo de fogos e bombas em direção às torcidas visitantes.

Já estive no estádio do Canindé e conheço bem o ambiente criado pelos torcedores mais mimados e hipersensíveis do Brasil. Em 1993, quando o Remo disputou classificação no Brasileirão com a Portuguesa de Dener e Maurício, jornalistas e radialistas paraenses sentiram na pele até onde pode ir a intolerância de uma torcida que cultiva indisfarçável mania de perseguição.

O árbitro do jogo era o folclórico Bianca, que garfou o Remo anulando um gol de Agnaldo. As emissoras de rádio que transmitiam o jogo comentavam a atuação confusa e claramente hostil aos paraenses quando a cabine foi invadida por um “comitê de recepção”, que ameaçava atirar os narradores e comentaristas pelo parapeito.

Houve pronta reação, liderada por Nonato Santos, mas a pressão continuou por cerca de meia hora, numa tentativa de calar os comentários e críticas à arbitragem. O jogo terminou com vitória da Portuguesa, mas por placar insuficiente para superar o Remo na classificação. Diante disso, nosso grupo teve que sair do Canindé protegido por policiais e alguns confrades paulistanos. 

Fiquei com a quase certeza impressão de que a ação dos baderneiros contava com o patrocínio dos dirigentes do clube, em função da facilidade que tiveram para chegar à área reservada à imprensa. O incidente, que podia ter conseqüências mais graves, acabou esquecido, sem que a Portuguesa sofresse qualquer tipo de punição ou reprimenda.

 

 

A impunidade sempre gera monstrengos, como se vê agora. O mais grave é já está provado que a vergonhosa cena de intimidação aos jogadores e comissão técnica foi patrocinada por dois conselheiros, Antônio José Vaz Pinto e Vítor Manuel Macedo Diniz. O grupo armado agiu com o desembaraço de quem é senhor da situação e tem costas quentes. Certamente não foi a primeira vez, nem será a última.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 27)