Semifinal equilibrada

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POR GERSON NOGUEIRA

A crise de identidade que o Remo mostrou ao longo da fase classificatória do turno não impediu sua chegada à semifinal, mas deixou o torcedor de orelha em pé, angustiado com a instabilidade vista em praticamente todas as partidas. Para o jogo contra o Independente, hoje à tarde, a expectativa é de um time mais arrumado, com aproximação entre os setores e sem buracos no setor de marcação.

Boa parte dos problemas azulinos tem origem no desajuste no meio-de-campo. Apesar de contar com dois bons armadores – Eduardo Ramos e Marcos Goiano -, a equipe sofre com a falta de volantes marcadores à frente da linha de zaga.

Alisson e Michel, que enfrentaram o Cametá no domingo passado, ainda deixam a desejar nos desarmes e sobrecarregam a dupla de zaga Max-Ítalo porque não conseguem combater e neutralizar os atacantes adversários. Com isso, todas as jogadas em direção à área azulina terminam estourando em cima dos zagueiros.

No Parque do Bacurau, o técnico Leston Junior sanou o problema já na metade final do segundo tempo, lançando Yuri para bloquear as insistentes e perigosas tentativas do Cametá pelo lado direito da defesa azulina.

Além do problema à frente da zaga, o Remo sofre com o rendimento insatisfatório nas laterais. Murilo ainda não alcançou o nível de Levy pelo lado direito e, improvisado pela esquerda, Levy não consegue ser eficiente como na posição de origem.

Com isso, o ataque e o setor de criação acabam sacrificados também. Léo Paraíba, que entra com a função de ajudar Murilo na marcação, cansa rápido e não consegue ajudar Ciro lá na frente, enquanto Eduardo Ramos e Marco Goiano se distanciam e ficam mais vulneráveis à marcação. Os treinos da semana serviram para que o técnico tentasse corrigisse posicionamentos, sem fazer mudanças na escalação.

Artilheiro do campeonato, Ciro é a principal atração do jogo. Apesar de todas as dificuldades de criação e do isolamento no ataque, ele tem conseguido se sobressair pela agilidade na área e a capacidade de finalização.

O Independente tem exibido regularidade ao longo da campanha. A exemplo do Remo, sofreu apenas uma derrota (para o Papão, em Tucuruí) e tem como ponto alto a segurança defensiva, com o zagueiro Ezequias como destaque. No esquema montado por Lecheva, o lateral Jaquinha funciona como importante municiador do ataque, ao lado dos meias Fabrício e Alexandre. No ataque, Monga é o homem de referência, levando muito perigo no jogo aéreo.

Apesar da ligeira vantagem que o Remo leva pelo fator campo e torcida, a semifinal tem tudo para ser equilibrada e interessante do ponto de vista das propostas táticas.

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Fifa: mudança ou mais do mesmo?

Com o apoio de europeus e sul-americanos, o suíço-italiano Gianni Infantino chega à presidência da Fifa com desafios gigantescos pela frente. Braço direito de Platini na Uefa, o dirigente terá que desfazer a desconfiança geral de que é mero seguidor das práticas de Platini, banido do futebol por receber propina do ex-presidente Josef Blatter. Além disso, Infantino precisa trabalhar com afinco para sanear a entidade e afastar os vestígios do lamaçal deixado pela era Blatter.

As deliberações do Conselho de Reformas mostram que, pelo menos no papel, a intenção é mudar. Foi criado o Conselho da Fifa, substituindo ao desgastado Comitê Executivo. Na prática, o novo organismo cuidará da parte estratégica, enquanto o Secretariado Geral fica com as ações operacionais e comerciais.

Depois de 18 anos de era Blatter, a Fifa impõe limite para o tempo de mandato dos novos presidentes, a começar por Infantino. A partir de agora, mandatários e demais dirigentes só podem permanecer por 12 anos no cargo. Ainda é muito, mas já significa um avanço em relação ao sistema flexível de antes.

Com um aceno ao politicamente correto, o Conselho decidiu também inserir no estatuto da entidade a preocupação com a presença da mulher no futebol. O objetivo é dar espaço ao segmento feminino e criar “mais diversidade nas tomadas de decisão”.

Outro ponto que deve ser saudado é a decisão de divulgar a remuneração do presidente, dos membros do Conselho, do secretário-geral e dos ocupantes de cargos relevantes na organização. Ao mesmo tempo, haverá mais rigor no controle das movimentações financeiras.

Passa a ser item dos estatutos da Fifa o compromisso com os direitos humanos. Além disso, foi criado um comitê especial para garantir maior transparência, com a presença de representantes de outras áreas vinculadas ao futebol – jogadores, clubes e ligas.

Resta saber se todas essas resoluções irão funcionar efetivamente, mesmo porque as velhas práticas continuam valendo na Fifa. O tom nababesco de antes foi repetido no derrame de mordomias aos participantes do congresso extraordinário da entidade, convocado para a eleição do novo presidente.

A propalada disposição de virar a página era desmentida pela opulência do evento e o gasto com as diárias dos congressistas em Zurique, avaliadas em R$ 2,4 milhões, sem incluir bilhetes aéreos e hospedagem. Cada representante de confederação – entre os quais, o presidente da CBF, Antonio Carlos Nunes – recebeu R$ 4 mil/dia para “gastos pessoais”.

A única mudança em relação ao período de porteira aberta é que o dinheiro para despesas pessoais não foi entregue em envelopes, mas depositado na conta bancária de cada congressista. Como se vê, a velha e a nova Fifa são bastante parecidas.

(Coluna publicada no Bola deste sábado, 27)

23 comentários em “Semifinal equilibrada

  1. Desculpem a sinceridade mas, dizer que a semifinal entre Galo X Leão é equilibrada, é querer levantar o moral do felino e de seus torcedores. Se der a lógica pelos que vem apresentando as duas agremiações, o galo sai cantando do mangueirão em alto e bom tom.

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  2. Feliz Aniversário, Gerson! Saúde e sucesso, sempre.
    Esse regulamento com um jogo sem vantagem equilibrou mesmo as semifinais, pois ninguém é obrigado a correr atrás e se abrir desde o começo do jogo. A cobra vai fumar.

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  3. Só faltou você dizer também que o Papão será garfado pelo apito amigo, Nélio. Kkk só acho ncrível é você desmerecer, apenas pelo prazer de ser incoerente, a belissima campanha 100 por cento do Papão.

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  4. Findo o jogo, verifico que ele talvez só não tenha confirmado análise prévia empreendida na Coluna, em dois ínfimos aspectos:

    (1) a meia de contenção azulina repetiu a fragilidade costumeira, mas a zaga cometeu falhas independentemente desta fragilidade. O Monga, apesar de grandalhão e um tanto pesado, conseguiu levar vantagem sempre, e só não fez mais gols por sorte azulina.

    (2) a zaga do Independente também não esteve numa tarde boa. Apesar de totalmente desarticulado, o time azulino criou individualmente algumas boas oportunidades, as quais não marcou por falta de concentração na hora do penúltimo ou mesmo do último toque.

    No mais, esta Coluna poderia muita bem retratar o que foi o jogo.

    O que causa perplexidade é ouvir o Leston explicar um jogo, o qual, parece só ele ter visto. Até nas várias chances claras de gol criadas pelo adversário ele conseguiu passar uma borracha. É verdade que não é de bom tom ao treinador criticar publicamente seus comandados, mas ele não pode dizer que não ocorreu aquilo que o jogo mostrou que ocorreu. Demais disso, os jogadores se esforçaram ao extremo, mesmo a dupla de zagueiros, o lateral direito, a dupla de volantes, o Marco Goiano e o Leo Paraíba, que são os que estão rendendo menos tecnicamente, tiveram uma entrega incensurável. Foram à exaustão, e hoje demoraram muito mais a ficar cansados. Quer dizer, será que não é o momento do treinador rever alguns aspectos de sua estratégia?
    Ele tem que lembrar que esta fase de preparação que é o Parazão não tarda chega ao fim e ele ainda está com seu programa tático na estaca zero, sem qualquer evolução.

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