POR GERSON NOGUEIRA
No fórum informal que a coluna abriu para fazer um balanço do futebol paraense na temporada, os convidados de hoje são Ronaldo Passarinho, grande benemérito azulino e assíduo colaborador da coluna; Arlindo Alves, professor e radialista; e Carlos Lira, um dos baluartes do blog campeão.
Ronaldo analisa a trajetória do Remo e propõe reformas. “O futebol foi trágico para o clube em 2016. Não tivemos êxito em nenhuma competição que disputamos. No Paraense, o vexame foi escandaloso: não ganhamos um só jogo no segundo turno. A política suicida, que vem se eternizando no Remo, com contratações feitas por empresários desonestos, teve o seu maior momento em 2016”, avalia.
No terreno das mudanças, Ronaldo propõe uma reformulação de conceitos e de critérios na contratação de gerentes-empresários: “Rogo a Deus que o ano maldito de 2016 sirva de exemplo aos novos dirigentes. Há um longo trabalho de saneamento do clube. Confio na experiência de Manoel Ribeiro, dando espaço ao jovem remista e idealista Ricardo Ribeiro, com a colaboração dos dirigentes do Conselho Deliberativo, sob a segura direção de Ângelo Carrascosa e Wilton Benigno”.
Já Carlos Lira começa relembrando os grandes momentos da dupla Re-Pa. “Os dois titãs já disputaram, por exemplo, simultaneamente a Série A no longínquo ano de 1993, com boa participação do Paissandu (terminou em 14º) e excelente presença do Remo (ficou em oitavo). Bons tempos que espero que voltem”.
“Se já tivemos grandes momentos no futebol, é sempre bom lembrar ao torcedor que já tivemos próximos do fundo do poço. Como os seguidos anos em que tínhamos Águia e PSC na Série C e o Remo se engalfinhando no paraense para disputar a famigerada D. Tempos terríveis que não desejo que voltem mais, nem mesmo em pesadelos. O futebol praticado era medíocre e as administrações estavam jogando a terra sobre os caixões das duas agremiações. Felizmente, milagres acontecem e num desses a santinha do Caxiado fez com que os dois titãs renascessem como fênix e voltassem a disputar séries mais interessantes”, acrescenta.
“Aqui, finalmente chego a 2016. Este não foi um ano glorioso para o futebol local, mas, posso dizer que foi um ano de estabilidade. O Remo, com toda crise financeira e, principalmente, com a falta de união entre seus dirigentes, fez uma boa campanha na Série C depois de anos amargando a Série D. Poderia ter ido mais longe? Penso que sim. Afinal, perdeu a vaga para as finais em jogos realizados em seus domínios”.
Sobre o Papão, Carlos Lira aponta erros nas contratações. “O Paissandu, recheado de expectativas depois da conquista do paraense e da copa verde, esqueceu que esses campeonatos não são parâmetro nem para o ‘campeonato brasileiro de pelada de fim de semana’. Talvez por isso, o clube tenha patinado nas contratações (grande equivoco da Novos Rumos, que continua a realizar esta política de importação em massa). Mas – e aqui devo dizer: Ave, Thiago Luiz! -, o clube fugiu do rebaixamento com sobras. Peço que o novo ano traga ao PSC a manutenção/aperfeiçoamento da parte administrativa e que os frutos possam ser colhidos não apenas com o acesso a Série A, mais principalmente com continuação da construção de obras estruturantes”.
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Em temporada fraca, a Série B salvou o Papão
Arlindo Alves tem um olhar mais generoso quanto à temporada da dupla Re-Pa. “Pensemos num ano capaz de arrancar suspiros para o futebol paraense! Sim, 2016 nos possibilitou vivenciar fatos de diversas ordens tanto dentro como fora de campo. Nas quatro linhas, Remo e Paysandu pareciam trilhar o mesmo caminho já que o Parazão indicava a mesmice que se vê há algumas temporadas: times limitados, desobediência tática e contratações equivocadas”.
“Ao final, o Paysandu foi o campeão e, na Copa Verde, a performance dava o tom do que vinha mais à frente. Na Copa do Brasil, o Clube do Remo parecia que ia deslanchar, mas o jogo contra o Vasco foi fogo de palha e se esvaiu pelo caminho. Na mesma competição, o PSC morreu prostrado dentro de casa, apesar de ter vendido caro a derrota”.
“No Papão, a Série B foi o saldo positivo no balanço de 2016, é justo reconhecer. Já as trocas de comando e o desentendimento do elenco com a comissão técnica quase dá um susto na torcida. Nas urnas, Remo e Paysandu indicaram o caminho que cada um deseja trilhar. A alternância programada no lado bicolor e o fortalecimento da marca própria, buscando uma gestão coesa. Já o Clube do Remo parece revisitar uma história não muito distante, com assaltos misteriosos, presidentes miméticos, algo que só se vê por aqui”, finaliza.
(Coluna publicada no Bola desta quarta-feira, 28)