Ano termina com 11 veículos de comunicação extintos no Brasil

DO COMUNIQUE-SE

O ano de 2016 não foi fácil para imprensa brasileira e seus profissionais. As empresas de mídia sofreram com os reflexos das crises política e econômica enfrentadas pelo país. Em levantamento realizado pela reportagem do Portal Comunique-se, foi identificado que ao menos 11 veículos de comunicação fecharam as portas – ou deixaram de circular em papel – durante os últimos 12 meses.

De acordo com o levantamento, no total, foram encerrados os trabalhos de uma emissora de TV, duas rádios, um site de notícias e sete impressos. Veículos históricos deixaram o papel, para ocupar apenas a internet, enquanto outros anunciaram o fechamento de suas redações de forma definitiva.

Rádio, TV e internet
Em outubro, foram anunciados os fechamentos de dois veículos controlados pela Rede Amazônia: a TV Amazon Sat e a Rádio CBN. As emissoras funcionavam no Acre e, com o fechamento, passaram a reproduzir conteúdo desenvolvido pela rede em Manaus. Pelo menos 15 funcionários – entre jornalistas, operários e pessoal de apoio – foram demitidos.

A Rádio Globo de Belo Horizonte encerrou suas atividades após 14 anos de funcionamento. Conhecida por sua programação esportiva, a emissora do Sistema Globo de Rádio (SGR) deixou de ser transmitida na capital mineira em 12 de dezembro. Com isso, mais de 20 profissionais foram dispensados, entre jornalistas, operadores de áudio, equipe técnica e o famoso narrador Osvaldo “Pequetito” Reis.

De acordo com o jornal Mineiro O Tempo, a justificativa para o fim das operações teria sido o custo da operação. Porém, em contato com a reportagem do Portal Comunique-se, a direção do Sistema Globo de Rádio afirmou que o fechamento representa “uma interrupção temporária, como parte de um amplo projeto de relançamento da emissora”.

Apenas um ano após lançar o site Fato Online, o empresário e idealizador do projeto, Silvio Assis, encerrou as atividades do portal de notícias, admitindo problemas financeiros e risco se despejo da sede do veículo em Brasília. Com o encerramento, mais de 100 funcionários levaram calote de salários relativos a dezembro e 13º de 2015, janeiro e fevereiro deste ano.

Crise no impresso
Para os veículos impressos, o cenário negativo não foi diferente. Em janeiro, a Gazeta do Oeste – que circulava no município de Mossoró, no Rio Grande no Norte – fechou as portas após 38 anos de atuação no jornalismo. A decisão foi tomada pelo corpo diretivo por causa de problemas financeiros.

Lançado em 1985, o Jornal da USP teve sua versão impressa encerrada em março. O periódico mantido pela Universidade de São Paulo passou a trabalhar penas com o formato digital. A decisão foi confirmada pelo superintendente de Comunicação Social, o professor Eugênio Bucci, que considerou o momento como “mudança de hábito”.

Outro veículo que também encerrou sua versão em papel foi o Jornal da Paraíba, que circulou pela última vez em 10 de abril. Em reformulação, a empresa optou por investir no digital e isso resultou em 91 demissões. Em nota oficial divulgada na época, a Rede Paraíba de Comunicação, detentora da marca, informou que a decisão de encerrar o impresso, que teve 45 anos de história, seguia tendência mundial e era resultado do crescimento das plataformas digitais.

O Jornal do Commercio do Rio de Janeiro, publicação dos Diários Associados, encerrou em abril sua história de quase 189 anos de circulação ininterrupta, tendo o posto de mais antigo da América Latina. A empresa deixou de produzir também a versão online do veículo e anunciou o fim do impresso Diário Mercantil. Com o encerramento das publicações, cerca de 24 profissionais da redação foram dispensados.

Veículo de circulação no município de Itabuna, no Sul da Bahia, a versão impressa do jornal A Região deixou de existir em outubro de 2016. Segundo o site Blog de Ilhéus, o diretor Marcel Leal justificou o fim do semanário afirmando que o jornal era ignorado pelos anunciantes, por isso não havia mais condições de bancar a edição em papel.

Em outubro deste ano, o mensário Jornal da Noite, de Porto Alegre, anunciou que estava fechando as portas, após 30 anos de história e o falecimento de seu fundador e editor, Danilo Ucha. A última edição da publicação teve 12 páginas, dedicadas inteiramente a homenagear o jornalista.

Responsável pelo jornal Correio de Uberlândia, no triângulo mineiro, o grupo Algar anunciou em novembro que as atividades do impresso serão encerradas no último dia do ano. No comunicado divulgado pela empresa, não foi informado o número de funcionários que serão demitidos, qual o destino da edição eletrônica do jornal ou as medidas que serão tomadas com relação a investidores e anunciantes.

O passado é uma parada…

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Edyr Proença, jogando basquete pelo Remo, nos anos 40.

Salto no mais do mesmo

POR GERSON NOGUEIRA

Dentro da série de análises de baluartes e leitores ilustres da coluna, as opiniões de hoje são do publicitário Patrick Paraense e do baluarte Cláudio ‘Colúmbia’ Santos.

Para Patrick, diretor da Troika Marketing, o futebol paraense seguiu em 2016 seu calvário, reflexo de décadas de coronelismo na FPF. “A realidade do esporte no Estado obriga dirigentes de clubes e da federação a pensar e implementar renovações, pois, com um calendário sem planejamento, competições sem atrativos e sem uma política de valorização de talentos locais, o futebol fica cada dia mais inviável. Nosso futebol depende de Remo e Paysandu, mas não como atração e sim como organismos vitais para sua sobrevivência, e isso é ruim para todos os lados da engrenagem”.

unnamed-100Segundo ele, “os demais clubes não conseguirão evoluir se não houver uma política de atenção compartilhada com as equipes locais, e penso isso em todas as frentes, dos já parcos anunciantes à imprensa. As equipes precisam manter-se ativas o ano todo, tendo jogos e recursos. Assim, com o tempo, talvez tenhamos um futebol local autossustentável e atrativo, deixando a dupla Re-Pa livre e leve para serem grandes por  si só. Por falar na colossal rivalidade, Remo e Paysandu tiveram um ano muito igual em suas diferenças”.

O publicitário observa que os titãs paraenses trilham hoje caminhos opostos. “O Paysandu demonstra que com ações simples e com uma política de conciliação interna se obtém resultados significativos em sua estrutura, e tendo como referencia a bagunça do futebol local, os avanços bicolores tomam proporções europeias, mas esse básico (merecedor aqui de elogios) segue burocrático, sem mobilizar a torcida. O Remo segue com a torcida empolgada e sempre na expectativa de ver todo o seu amor revertido em glórias. Infelizmente, precisa buscar alternativas para superar a crise, que já está instalada faz quase duas décadas no Clube de Periçá”.

Sobre o Remo, ele mantém um olhar otimista. “O ano de 2016 foi do ‘quase’ azulino. No futebol, o desempenho do Remo foi risível. Se juntarmos todos os lampejos de qualidade não conseguiremos ter 90 minutos de futebol bem jogado. Mas vejo que 2017 pode ser um ano melhor para os remistas, pois se a busca da unidade interna deixar de ser um exercício de retórica eleitoral e passar a ser uma prática de gestão, o clube pode iniciar a caminhada lenta, porém necessária, para sua modernização e autossustentabilidade verdadeiras”.

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Os melhores e piores da cena paraense em 2016

Cláudio Santos aponta o Papão como o grande destaque da temporada, pois conquistou o Parazão, a Copa Verde e chegou à terceira fase da Copa do Brasil. “O time não foi muito bem na Série B, mas conseguiu se manter na competição para 2017. No Ranking da CBF, manteve-se na 30ª posição (5.340 pontos)”.

Em contrapartida, o Remo foi o destaque negativo. “Sequer conseguiu chegar à decisão do Campeonato Paraense. Deu adeus à Copa Verde, sendo desclassificado pelo maior rival. Eliminado pelo Vasco na 1ª fase da Copa do Brasil, só restava a Série C, na qual foi razoavelmente bem, não obtendo o acesso, mas garantindo a permanência, sem sustos – a campanha na C salvou o ano azulino. Apesar disso, o Leão subiu 12 posições no Ranking da CBF, assumindo a 57ª colocação (1.627 pontos) e ultrapassando o Águia (coisa que já prevíamos há quase três meses)”.

Ainda no campo das decepções, ele cita Tapajós e Parauapebas, rebaixados no Parazão 2016 e fora do Parazão 2017; e São Francisco, São Raimundo e Águia, que fracassaram redondamente na Série D.

Por fim, Cláudio escolhe a seleção do futebol do Pará em 2016: “Emerson (PSC); Roniery (PSC), Henrique (CR), Gilvan (PSC) e Jaquinha (Independente); Augusto Recife (PSC) e Yuri (CR); Leandro Cearense (PSC), Eduardo Ramos (CR) e Tiago Luiz (PSC); Edno (CR). Técnico – Dado Cavalcante. Revelação – Rodrigo Andrade (PSC)”.

(Coluna publicada no Bola desta terça-feira, 27)