Reforço argentino do Leão já está em Belém

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O centroavante argentino Santiago Krieger, 21 anos, novo reforço do Remo, desembarcou em Val-de-Cans neste sábado à noite. Nano Krieger (de bermuda na foto) foi recepcionado pelos diretores Marco Antonio Magnata e Sérgio Dias, de quem recebeu a camisa oficial do Leão. Ele será apresentado à torcida antes do amistoso deste domingo entre Remo e Pinheirense, no Mangueirão. O jogador foi revelado nas divisões de base do Boca Juniors e estava atualmente no Huracán.

Cláudio Lembo: Brasil é reacionário, conservador e extremamente retrógrado

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O ex-governador de São Paulo Cláudio Lembo critica o Legislativo desgastado, o Judiciário desacreditado e o Executivo ocupado após o impeachment, que considera “uma tragédia” para a democracia. Tudo misturado na capital federal: “É a cidade do lobby, da prostituição política, econômica”

Cláudio Lembo é homem de respostas curtas, incisivas. E não parece ter dúvidas: “O Brasil é um país reacionário, conservador, extremamente retrógrado”.

De acordo com sua análise, depois que a Constituição foi promulgada, em outubro de 1988, o País vivenciou “um exercício” de democracia, que funcionou enquanto a economia estava bem, mas embrenhou-se por um período sombrio quando os números passaram a ser negativos.

Um dos entraves à democracia, afirma Lembo, é o fato de os três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário – estarem imiscuídos em Brasília, frequentando os mesmos espaços, trocando ideia dia e noite: “O maior erro do Juscelino (o ex-presidente Juscelino Kubitschek) foi transferir a capital. Destruiu o Rio de Janeiro e construiu uma cloaca”.

Outro aspecto que influencia na cristalização desse cenário é, para Lembo, o controle do poder político, da comunicação, por grupos hegemônicos que atuam em defesa exclusiva de seus interesses.

Aos 82 anos, o ex-governador, professor de Direito Constitucional da Universidade Mackenzie, em São Paulo, e presidente do Centro de Estudos Políticos e Sociais (Cepes) afirma que não tem esperança de mudanças em curto prazo, mas acredita na possibilidade de reversão no futuro distante: “É claro que em longo prazo o País vai se recompor e efetivamente vencer esse grande obstáculo”.

Quanto à queda de braço entre o Legislativo e o Judiciário, ele acredita que a tendência é o arrefecimento: “A opinião pública, e particularmente a Internet, vai fazer com que todos caiam na real, percebam a forma ridícula que estão agindo.”

Lembo é apontado como político conservador desde os tempos em que estreou na política, na segunda metade dos anos 1970, como secretário de Negócios Extraordinários do prefeito de São Paulo Olavo Setubal.

Quando esta repórter entrou em seu escritório de advocacia, nas imediações da avenida Paulista, em São Paulo, ele acabava de ouvir, pelo celular, um áudio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E fez questão de reiniciar o arquivo do celular.

Cláudio Lembo – Não sei se você ouviu isso aqui. Está certo o Lula. Ouça a gravação: “É que você tem em Curitiba um agrupamento especial de pessoas ungidas por Deus para salvar o mundo. Eles têm noção de quanto a Operação Lava Jato já causou de prejuízo na economia deste País? Eles têm noção de quantos desempregos já causou?”. Ele está certo. Essa operação parou o Brasil.

Brasileiros – O senhor então concorda com o ex-presidente Lula?

Sim. E a Lava Jato está cometendo excessos, particularmente quando a Polícia Federal, com autorização do Poder Judiciário, realiza conduções coercitivas de pessoas. É uma agressão contra os direitos humanos.

Antes de a Operação Lava Jato começar, como funcionava no Brasil o instrumento de condução coercitiva?

Era raríssimo, muito raro, pois não se deve usar condução coercitiva. Uma testemunha não pode ser conduzida debaixo de vara. É um absurdo. Se a testemunha tem endereço, tem profissão, uma estrutura familiar, ela vai comparecer ao depoimento. Ela não vai fugir, tanto que ninguém fugiu. Portanto, conduzir coercitivamente é uma desnecessidade. Está havendo violência no Brasil.

A testemunha precisa, na verdade, ser convocada para depor?

Ser convocada, intimada. E ela vai depor espontaneamente. Só se ela não comparecer, aí sim, pode ser conduzida coercitivamente. Mas fazer uma primeira intimação de forma coercitiva é uma agressão.

É o que diz a lei?

É o que diz a lei. É também o bom senso. É o artigo quinto da Constituição, que está sendo violado a todo momento.

O que acontece que as instâncias superiores não interferem?

É o temor da opinião pública. A opinião pública está totalmente envolvida por uma ideia de vingança absoluta. Isso é complexo porque vai levar a uma paralisia total da sociedade, como já está acontecendo.

Já se detecta isso na economia, não é mesmo?

A economia parou. O País está parado. Quem correr a cidade de São Paulo vai ver que toda ela está ou à venda ou para alugar, o que é dramático. É uma situação patética. O Brasil nunca viveu algo igual. E, como eu disse, não há esperança, porque não existem instituições que mereçam o respeito da sociedade.

Como o senhor avalia essa situação?

Com muita amargura. Confesso que, na altura dos meus 82 anos, nunca vi o Brasil tão mal. Não há esperança. E a pior coisa que pode acontecer com uma sociedade é viver sem esperança.

Qual é a origem desse quadro?

Uma série de elementos. Primeiro, o desgaste dos políticos, que se desmoralizaram. Segundo, os excessos do Ministério Público, que envolve também a Polícia Federal. Tudo isso levou um ar de depressão e de fragilidade de toda sociedade.

Na sua opinião, também não há uma pessoa que possa liderar uma mudança?

Neste momento, não vejo ninguém. Vai surgir inevitavelmente, mas neste momento ainda não temos ninguém.

E existe o risco de a extrema direita, de um político como Jair Bolsonaro, crescer ainda mais?

Pode crescer, mas não creio que ele vá chegar lá. Acredito, porém, que o espaço da direita é inevitável. O conservadorismo vai ser um caminho futuro.

Em sintonia com o resto do mundo?

Ontem a Itália, anteontem os Estados Unidos, anteriormente outros países, e assim vai. Só houve um pouquinho de ar na Áustria, onde não ganhou a direita.

Com a recente vitória de um progressista sobre o candidato ultranacionalista na disputa presidencial?

Exatamente, mas o resto do mundo caminha para o conservadorismo. Talvez o excesso do politicamente correto tenha criado o antagonismo. Houve um excesso de desrespeito a algumas instituições em favor dos direitos humanos. Com isso, houve a contrapartida. Vai surgir um equilíbrio, mas ainda vai demorar.

Como assim?

É muito simples. Houve, por exemplo, um desgaste imenso das forças policiais. Elas foram agredidas de todas as maneiras. Talvez elas agissem com excesso, e isso fez com que perdessem o controle da sociedade. Então agora está se montando o equilíbrio, sabendo que é preciso haver instrumentos policiais, para que a sociedade viva em equilíbrio e com capacidade de dialogar. Depois da redemocratização, o Brasil passou por uma busca do ideal. Como o ideal não existe, caiu no que estamos vivendo hoje.

Com relação às forças policiais, elas agem de forma dúbia. Quando a manifestação é da direita, fazem selfie com os manifestantes. Quando é da esquerda, batem.

O que é errado. Há um desequilíbrio. A polícia está se recompondo para a vida em uma sociedade democrática, o que é difícil. O Brasil nunca foi democrático. O Brasil é um país reacionário, conservador, extremamente retrógrado. Então, ele sofre muito quando tem um período longo de democracia.

O período a partir de 1988?

Da Constituição para cá, foi um exercício de democracia. Enquanto a economia ia bem, a democracia funcionou. Agora que a economia vai mal, há interrogações a respeito da democracia em todo o mundo e no Brasil.

Então não tem saída?

Não tenho esperança em curto prazo. É claro que em longo prazo o País vai se recompor e vai efetivamente vencer esse grande obstáculo. Mas no momento não há esperança, porque não há personalidades. O Congresso desgastado. O Judiciário desacreditado. As polícias objeto de censura. O que sobrou do Brasil? Não tem instituições.

E a queda de braço entre o Legislativo e o Judiciário?

Os dois estão errados. O Legislativo deveria ter compostura e examinar a legislação no equilíbrio e bom senso. E o Judiciário deveria falar menos. O que falam hoje os ministros do Supremo é uma incoerência. É um absurdo que ministro fale tanto. Ele deveria falar nos autos ou quando em debate judicial, no interior da corte. Hoje eles falam sobre tudo. Eles não foram escolhidos para isso. Aliás, foram escolhidos politicamente. São, portanto, instrumentos políticos de outras forças.

E não parece que a disputa vá arrefecer.

Arrefece, porque todos vão apanhar muito. A opinião pública, e particularmente a Internet, vai fazer com que todos caiam na real, percebam a forma ridícula que estão agindo.

As mesmas redes sociais que ajudam a aguçar conflitos podem também acalmar?

Sim, porque mostram com tal clareza as inconsequências e a fraqueza dos poderes que eles vão ter que se recompor.

O senhor já tinha visto no Brasil manifestações de ódio iguais às que temos visto nos últimos tempos?

São individuais. É próprio de pessoas, não do coletivo. São pessoas que se revoltam e partem para agressões muito estúpidas.

Mas hoje em todos os ambientes, até em família, há conflitos por causa de questões políticas, ideológicas.

O que é bom. No passado, todos eram silenciosos. O Brasil sempre viveu sob a égide do Concílio de Trento (reunião convocada pelo papa Paulo III em meados do século XVI, que reafirmou os dogmas da fé católica, em reação à Reforma Protestante de Martinho Lutero). Então, ninguém podia falar. Tinha uma religião única, uma vontade única, um absolutismo pleno. O Brasil está sendo recomposto. Vai ser duro, mas nós temos que sofrer isso.

Para recompor, vai ter antes que desmoronar?

Ah, sim. Vai ter que refazer as estruturas e as instituições. O que está aí vai ter que mudar. É inevitável. Ninguém mais aceita. Ninguém aceita esse Parlamento como ele é, as formas de eleger, a escolha dos ministros do Supremo Tribunal Federal e dos outros tribunais federais. Tem que alterar.

Como deveria ser a escolha de um ministro de tribunal superior?

Deveria haver um concurso público, uma exposição pública das personalidades. O ministro não poderia ser escolhido jamais pelo Executivo. Porque ele fica vinculado ao Executivo, queira ou não, se não nos seus votos ao menos moralmente. Tem que pensar em formas novas. Há país da América Latina que está adotando concurso público televisionado para ministro das cortes superiores.

Qual?

O Equador. Lá os candidatos fazem concurso. Não é como no Brasil, onde os amigos do rei é que viram ministros do Supremo e depois se acham donos do Brasil.

Aliás, o Supremo ganhou tanto protagonismo que está havendo uma judicialização da política.

Exato, o que é um grande equívoco, um grande problema. O Supremo está saindo dos seus parâmetros, dos seus limites e invadindo outras áreas. Tem violado a Constituição. Agora leva à prisão sem condenação em última instância, não recorrível. A Constituição é clara. Ou a presunção da inocência foi para o espaço? Se for assim, muda a Constituição.

O mesmo em relação ao aborto. Tem que perguntar à sociedade. O Supremo não pode decidir por conta própria. Eu sou pela descriminalização do aborto, mas não sei se a sociedade quer. Tenho minhas dúvidas.

Questões que afetam a vida…

Tem que perguntar para a sociedade.

Por meio de plebiscito?

Óbvio. A sociedade responde. Ela sabe o que quer. Ela não é interditada. O Supremo pensa que nós somos todos interditados. Eles decidem como deuses. Não são deuses. São pessoas comuns, que têm talvez um pouco de nível intelectual.

E a delação premiada como está sendo usada?

Pessoas presas estão sofrendo uma tortura psicológica. E fazer a delação leva a uma situação extremamente grave. Pode-se dizer que sem prender não há delação, mas com isso também cria-se um grande constrangimento.

Sem isso, as construtoras não abririam o jogo, digamos assim.

Mas não precisaria, porque todo mundo sabe que as construtoras são responsáveis pela corrupção no Brasil. Só os ingênuos não sabem. Ou os imbecis. Qualquer um que passa pela vida pública sabe que as empreiteiras foram sempre imorais no Brasil.

O caminho que a Lava Jato vem escolhendo parece sem volta, mas há medidas que são inconstitucionais e muitos não percebem isso.

Não percebem o risco que estão passando, porque no fundo todos estão querendo a violação dos direitos humanos e esquecem que também são titulares desses mesmos direitos humanos, que poderão ser violados. É um problema interessante. Há uma revolta quase ingênua da sociedade. Ela não está percebendo os riscos que está passando. E ninguém fala. Então, continuam todos correndo riscos.

O senhor acredita que a mídia tem culpa no cartório?

Uma culpa muito grande. A grande mídia deveria esclarecer a situação. Ela tem interesses, não é isenta. Ninguém que tem um instrumento de comunicação é absolutamente isento, tem posição, uma posição subjetiva que passa objetivamente pelos meios de comunicação. A queda da Dilma foi um trabalho midiático. Não tinha base jurídica.

Agora começaram os pedidos de impeachment em relação ao Temer.

Ele corre o risco, porque o clima é de exigência de uma justiça quase primitiva. E isso pode fazer com que ele e o grupo dele caiam em um novo impeachment, porque a partir de 1º de janeiro a eleição vai ser direta pelo Congresso. Estão preparando candidatos.

O PSDB inclusive?

É só ver o que faz o presidente Fernando Henrique, a todo momento dando entrevista de candidato. E já foi lançado por um correligionário dele (o ex-deputado Xico Graziano, que foi chefe de gabinete da Presidência no governo FHC), em um artigo de jornal extremamente estranho.

E a PEC do teto dos gastos, que abarca um prazo de 20 anos?

Eu me preocupo com o prazo. Mesmo sem esperança no momento, espero que daqui a 20 anos o Brasil seja outro. Eu vou estar longe, mas o Brasil deve ser outro. Vinte anos é um período muito longo. Nenhum país do mundo fez isso. É uma visão de Cassandra (profetisa da mitologia grega, amaldiçoada pelo deus Apolo, para que ninguém acreditasse em suas previsões).

Há muita preocupação com as áreas da saúde e da educação.

Com a saúde, que já está tão mal, vamos ter problemas. A educação não vai tão mal, é razoável, na perspectiva de um país de Terceiro Mundo. Agora a situação da saúde é extremamente grave, principalmente porque os instrumentos para preservação da saúde estão cada vez mais tecnológicos e, portanto, mais onerosos.

Depois de aprovada a PEC, tem jeito de voltar atrás?

Claro que tem. É fazer outra PEC. No Brasil tudo se resolve.

Ao promover esse tipo de mudança, o governo Temer não está indo com muita sede ao pote?

Acredito que ele foi extremamente capitaneado pelos interesses financeiros. A Itália fez há pouco um plebiscito. O “não” ganhou. O povo italiano disse que quem elaborou esse projeto foram os bancos italianos e os interesses econômicos. A PEC do Temer está no mesmo caminho italiano. Foi elaborado pelos grandes interesses financeiros. Ela cai. Cai no futuro breve. Outros instrumentos vão ter que ser imaginados.

Essa PEC pode fragilizar ainda mais o governo dele?

Acredito que sim. Ela pode ser útil a curto prazo, mas a médio prazo não prevalece. O povo se revolta. O Delfim Netto, que é muito sarcástico, disse muito bem. Com essa PEC, Temer está preparando o próprio impeachment. Ele não vai cumprir a PEC. E cai.

O senhor citou a Itália ao falar sobre a PEC. E em relação à Operação Lava Jato?

Também na Itália foi um fracasso. Nasceu Berlusconi (o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, que ascendeu na política italiana e mais tarde protagonizou diversos casos de corrupção). Sinal de como o povo é muito complexo. Ele é muito sensível, muda de acordo com as circunstâncias. Isso tudo que se vê nas ruas pode mudar.

Na Itália, ao final da Operação Mãos Limpas, o sistema político estava desmantelado.

Destruiu tudo. E agora ainda tem o Beppe Grillo (líder do Movimento 5 Estrelas), que é um demagogo, um populista.

Qual a saída?

A saída é ouvir o povo. Eles não ouvem o povo. Em Brasília, querem fazer tudo sozinhos. Brasília virou a cloaca do Brasil. É uma vergonha, um constrangimento. É uma cidade de lobby, de prostituição política, econômica. Uma tragédia. O maior erro do Juscelino (o ex-presidente Juscelino Kubitschek) foi transferir a capital. Destruiu o Rio de Janeiro e construiu uma cloaca.

Por quê?

Porque estão imiscuídos entre eles o Judiciário, o Executivo e o Legislativo. Todos trocam ideia dia e noite, nos mesmos bares, nos mesmos restaurantes, nos mesmos salões. Não pode.

Se a capital continuasse no Rio seria a mesma situação.

Mas o Rio era a corte. Sempre foi corte. As cortes têm mais experiência. Tinha uma sociedade muito mais estruturada. E destruiu o Rio porque favelou a cidade. Lá, a sociedade era muito mais qualificada, com um bom nível cultural. O Rio sempre teve boas cabeças. Brasília não tem nada. Brasília é uma cidade deserta. No final de semana é uma tragédia. Uma cidade da fuga. Vão para passar horas e fogem. O Parlamento não tem vida em Brasília.

Como o senhor viu o impeachment de Dilma Rousseff?

Uma tragédia para a democracia brasileira.

E existe outro impeachment no horizonte.

Vai virar uma moda latino-americana. A nova forma de dar golpe na América Latina é o impeachment.

Qual a perspectiva do senhor para o País em 2017?

Depressão.

Diante das más notícias de 2016, muitos estão se referindo a ele como “annus horribilis”, expressão usada pela rainha Elizabeth em 1992. O senhor está de acordo?

Não é o ano. É a década.

Quando começou essa década?

No segundo governo Dilma Rousseff, mas as raízes vêm de antes. Começou no segundo governo Dilma e vai longe.

Em referência a seu comentário anterior, de o Brasil não ser um País democrático?

Não foi democrático. Está tentando ser e encontra dificuldades. Está difícil porque há grupos hegemônicos que têm o domínio das formas de comunicação, do poder político. Para recompor tudo isso é complicado.

Por causa de uma minoria, que o senhor definiu em 2006 como “elite branca”?

É a que domina. Domina e só pensa em seus próprios interesses. Não pensa no Estado, na nação, na sociedade. E não vejo perspectiva de mudança. Está tudo errado. O Brasil vai sofrer por uns dez, 20 anos. Disso não tenho dúvida nenhuma.

Uma parte da esquerda critica o ex-presidente Lula argumentando que ele deveria ter promovido reformas profundas quando con­­­tava com grande aprovação popular.

Claro que deveria ter feito. O Lula se embeveceu com a burguesia. Ele se encantou. Ele era amigo de todos os empreiteiros. Não pode. Eu passei pelo governo e nunca quis receber empreiteiro. É pecaminoso. Lula ficou íntimo, coitado. Foi envolvido.

O senhor acredita então que ele deveria ter feito as reformas da mídia e a política?

Lógico. Ele aceitou tudo o que a burguesia queria. Deu nisso que está aí. Não é nem esquerda, nem direita nem centro. Não é nada. Fui simpático ao Lula e à Dilma, mas ele errou. Lula aceitou todos os salamaleques da burguesia. E, como ele não é burguês, eles usam e não aceitam. Eles usam e atiram depois no lixo. É doloroso, mas esta é a verdade. Todo mundo levou vantagens. Só ele que não.

Falamos antes de annus horribilis. E o contrário? O que o Brasil precisa fazer para conquistar um annus mirabilis?

Procurar um psiquiatra de boa qualidade, que não seja charlatão. 

A frase do dia

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“Hoje, no Brasil, se você não tiver coragem, você não consegue governar”.

TEMER, Michel, o Pequeno. 

Remo contrata centroavante argentino

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A Diretoria do Remo anunciou na noite deste sábado a contratação do atacante argentino Santiago Krieger, de 21 anos, revelado nas categorias de base do Boca Juniors. Natural de Coronel Suarez, município da província de Buenos Aires, Santiago vem com fama de goleador.
Nano, como é mais conhecido, chega esta noite a Belém e deverá ser apresentado à torcida antes do amistoso deste domingo (16h) entre Remo e Pinheirense, no Mangueirão.
Um outro jogador argentino também está bem perto de defender o Leão, mas a diretoria ainda não confirmou a contratação. Trata-se de um camisa 10, estilo clássico, com passagem por várias agremiações portenhas.
Devem ser anunciados nas próximas horas o volante Marquinhos, 30 anos, que estava atualmente no Nova Iguaçu (RJ), e o meia-armador Elizeu, 27 anos, que defendia o CSA e já jogou pela Ponte Preta, Palmeiras, Botafogo, Inter-RS e Sport.

Sobrevivente da tragédia posta mensagem com o filho: “Iluminando meu sábado”

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O jornalista Rafael Henzel, um dos seis sobreviventes do desastre com o voo da Chapecoense que matou 71 pessoas, postou uma foto com o filho em seu Twitter na tarde deste sábado (17). “No penúltimo dia de hospital, meu guerreiro veio me visitar. Iluminando meu sábado”, disse o jornalista, que está internado em um hospital no centro de Chapecó, no Oeste catarinense.

O jornalista chegou na cidade catarinense na noite de terça-feira (13), quando foi abraçado pelo filho, e a previsão é que ele deixe a unidade de saúde na segunda-feira (19).

Segundo boletim divulgado pelo hospital na tarde deste sábado, Henzel se alimenta e dorme bem e mantém quadro estável. “O plano terapêutico é a manutenção da antibioticoterapia endovenosa e avaliação diária de lesões de pele”, ainda informa o boletim. (Do G1)

Papa Francisco compara uso da mídia para difamar rivais políticos à excitação por excrementos

A mídia que foca em escândalos e espalha notícias falsas para difamar políticos arrisca se tornar como pessoas que têm um fascínio mórbido por excrementos, disse o papa Francisco em entrevista publicada nesta quarta-feira. O pontífice argentino disse ao semanário católico belga “Tertio” que espalhar desinformação é “provavelmente o maior dano que a mídia pode causar” e que usar as comunicações para este fim, em vez de educar o público, equivale a um pecado.

Usando termos psicológicos precisos, ele disse que a mídia centrada em escândalos se arrisca ser presa da coprofilia, ou excitação por excrementos, e consumidores destas mídias arriscam cometer coprofagia, ato de comer fezes. O papa pediu perdão pelo uso dos termos para ilustrar seu ponto de vista enquanto respondia uma pergunta sobre o uso correto da mídia.

“Acredito que a mídia tenha que ser bem clara, bem transparente, e não cair, sem intenção de ofensa, na doença da coprofilia, que é sempre querer cobrir escândalos, coisas desagradáveis, mesmo que sejam verdadeiras”, afirmou. “E como as pessoas têm tendências à doença da coprofagia, muitos danos podem ser causados”.

Esta parte da entrevista, que foi distribuída à imprensa com uma tradução em italiano da entrevista, feita em espanhol, contem parte da linguagem mais direta nunca usada antes pelo papa para se referir à mídia. Ele também falou sobre o perigo de usar a mídia para difamar rivais políticos.

“Os meios de comunicação possuem suas próprias tentações, eles podem ser tentados pela calúnia, e logo usados para caluniar pessoas, para difamá-las, sobretudo no mundo da política”, disse. “Ninguém possui o direito de fazer isto. Isto é um pecado e é doloroso”.

Ele descreveu a desinformação como o maior dano que a mídia pode fazer porque “direciona opinião em somente uma direção e omite a outra parte da verdade”. Os comentários do papa sobre desinformação seguem um debate generalizado nos Estados Unidos sobre se notícias falsas na Internet poderiam ter influenciado os eleitores em relação ao candidato republicano à Presidência dos EUA, Donald Trump. (Da Reuters)

Série A: o que aconteceu com as crias do Audax

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O Audax foi de surpresa a vice-campeão do Paulista de 2016. Com nomes pouco conhecidos, o treinador Fernando Diniz comandou um grupo que tirou São Paulo, Corinthians e só caiu para o Santos, na decisão do torneio. A grande campanha fez com que alguns jogadores chamassem a atenção de grandes clubes paulistas. Mas nem todos tiveram sucesso.

O principal exemplo é o atacante Ytalo. Autor de 6 gols no Paulista, ele assinou com o São Paulo em maio. Até julho, entrou em campo 13 vezes e balançou a rede em apenas uma oportunidade. Mas o complicador para o atleta de 28 anos foi uma séria lesão em seu joelho direito.

Com problema no menisco e ruptura do ligamento cruzado anterior, Ytalo sequer voltou a atuar. Com a chegada de Rogério Ceni, o clube do Morumbi deve esperar o fim da recuperação do jogador para entrar em acordo pela rescisão contratual.

Além do atacante, outros cinco membros do Audax no Estadual foram para clubes grandes.

SIDÃO – Herói do Audax na decisão por pênaltis contra o Corinthians, na semifinal do Paulista, despertou o interesse do Botafogo. Se mudou para o Rio de Janeiro onde substituiu o lesionado Jefferson.

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Dono da posição, ajudou a equipe, que levou 39 gols no Campeonato Brasileiro, a se classificar para a Libertadores. Antes mesmo da rodada final, Sidão se tornou a primeira contratação de Rogério Ceni no São Paulo.

TCHÊ TCHÊ – “Faz-tudo” do Audax, chegou ao Palmeiras após ser eleito a revolução do Estadual e assinou por três anos. Durante o Brasileiro, se tornou peça importante no time de Cuca que venceu a competição. Esteve em campo em 37 das 38 rodadas, sempre usando sua versatilidade. Ao final da campanha, venceu uma Bola de Prata e ainda foi eleito para a seleção do Campeonato, montada pela CBF.

YURI – Destaque atuando como volante ou zagueiro. Chegou ao Santos em junho e assinou empréstimo até o final de 2017. Jogou 22 vezes com a camisa santista durante o Brasileiro. Na campanha do vice-campeonato, Yuri participou de apenas três derrotas – foram 16 vitórias com ele em campo e 16 gols sofridos.

CAMACHO-BRUNO PAULO – A dupla do Audax assinou com o Corinthians após o sucesso no Campeonato Paulista. Mas o rendimento dos dois foi muito diferente. Destaque na armação, Camacho jogou 21 vezes durante o Brasileiro. Fez um gol e deu uma assistência, mas ganhou certo espaço no elenco. Bruno Paulo não teve tempo nem mesmo para estrear. Com contrato até o meio de 2017, o atacante teve lesão no ligamento do pé direito assim que chegou e passou por cirurgia. Em outubro, passou por outra operação ao sofrer com uma hérnia. (Da ESPN)

Censurada no “Altas Horas”

POR LETYCIA OLIVEIRA – na Revista Forum
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Fui convidada a dar um depoimento sobre violência doméstica, o programa foi gravado na quinta-feira (10). Passei um dia nos estúdios da Globo em São Paulo, e durante toda a viagem fiquei pensando no que ia falar, afinal de contas estava indo dar voz a todas as companheiras maranhenses. Um espaço único, onde poderia falar ao Brasil inteiro sobre violência, feminismo e a luta que nós, mulheres, enfrentamos todos os dias.

Quando cheguei lá me dei conta de que meu depoimento podia causar algum dano, um linchamento social da pessoa que me agrediu e fiquei apreensiva, o Serginho Groisman entrou no meu camarim por dois minutos e conversamos sobre isso, eu estava nervosa, combinamos de falar das agressões sofridas sem que ficasse claro quem era o agressor, ou melhor os agressores, já que fui agredida duas vezes!

No quarto bloco ele me chamou, primeiramente falei “Fora Temer”, a plateia aplaudiu, e depois ele começou a me perguntar sobre o motivo de eu estar ali e respondi que já tinha sido agredida duas vezes, sofri assédio no trabalho, etc…

Em um determinado momento ele pergunta como foi que aconteceram as agressões, eu parei por uns segundos, meus olhos se encheram de lágrimas, respirei fundo, pedi desculpas por ter me emocionado e ressaltei que era um assunto difícil de falar, mas logo depois comecei a contar minha história.

Fui agredida grávida de três meses no meio da rua, na frente de uma delegacia, levei um soco na cara, aquele soco doeu no meu ventre, passei uma gravidez difícil, tive depressão pós-parto e fui internada louca num hospital, sofro de depressão há 10 anos, e tive quadros de transtorno bipolar…

O relato saiu como um escarro, uma catarse, a plateia fazia um silêncio, ninguém se mexia, as convidadas, a jornalista Maju Coutinho e a Rafa Brits, casada com Felipe Andreoli, que está grávida de sete meses, ficaram chocadas, atônitas.

O Serginho passava a mão na cabeça, depois me perguntou sobre a segunda agressão e eu escarrei de novo outra história triste, contei que uma vez quase me jogava de um carro em movimento por conta das agressões verbais de um ex-namorado, que estava ameaçando me largar sozinha no meio da rua de noite e por fim, quando consegui ter o reflexo de pegar meu celular, ele parou o carro e eu consegui fugir, acabei sendo toda arranhada, pois ele me puxava pra ficar.

Um garoto do auditório me fez uma pergunta, a “clássica”, “por que a mulher volta pro agressor?”. Eu respondi que a mulher está só, muitas vezes depressiva, com a estima arrasada, e ama o agressor, ele pede desculpa, diz que vai mudar e você volta, e apanha de novo, e sofre tudo de novo, e nada muda, é um ciclo que se repede na maioria dos casos.

A mulher é sempre culpada, ela “gosta de apanhar”. Ninguém percebe que aquela mulher precisa de ajuda pra sair desta situação. Mais silêncio no estúdio.

Assim que terminou a entrevista, me retiram do estúdio rapidamente, me colocaram no carro de volta para casa, e já no caminho recebo uma ligação da produção dizendo que a entrevista não iria ao ar por uma questão de proteção à minha filha, pois ficou claro quem era o agressor no meu discurso.

Justificaram que a minha filha não podia ficar sabendo disso pela TV, que podia ter uma repercussão negativa, que já haviam tido outros casos assim e que a entrevista havia ficado longa e precisariam cortar por causa da corrida de Fórmula 1.

Aceitei e disse que tudo bem, e na hora achei até bom, por que acabei expondo a minha vida para 200 pessoas num estúdio de gravação e essas 200 pessoas ficaram chocadas imagina o Brasil inteiro? Mas passaram alguns dias e fui me dando conta de que essa é uma história real, minha história é a história de milhares de brasileiras que sofrem com a violência todos os dias, na maioria das vezes dentro de casa, pelos seus companheiros, nas ruas somos abusadas cotidianamente com assobios, cantadas, todas conhecemos uma mulher que já foi estuprada ou que já sofreu algum tipo de violência.

Quem são essas mulheres? Somos nós, todas nós! Que crescemos com medo de ser estupradas, que temos que nos proteger o tempo inteiro de abusos, somos criadas pra servir aos homens e a essa sociedade machista que nos trata como objetos. E não podemos falar nada, não podemos falar do agressor, não podemos falar de estupro, de que somos violentadas. O programa Altas Horas não calou uma mulher, calou todas as mulheres do Brasil!

Mulheres que queriam poder ter a coragem que eu tive de falar a todo mundo o que acontece todos os dias. O agressor está próximo, dentro de casa, só podemos falar depois que ele morre? Enquanto isso continuam por aí agredindo e maltratando outras mulheres? Acredito que o agressor também é uma vítima dessa sociedade machista em que vivemos, as mães e pais criam esses homens, a sociedade cria o agressor que não é um doente, mas sim um fruto do machismo, que todos os dias vitima nossas mulheres.

No Maranhão esta semana aconteceram crimes bárbaros, foram seis feminicídios em sete dias, inclusive a sobrinha-neta do ex-presidente José Sarney foi asfixiada e morta, e há suspeita de ter sido estuprada pelo próprio cunhado. Em Coroatá, interior do estado, uma mulher foi degolada. No Brasil a cada 11 minutos uma mulher é estuprada, a cada 7 minutos a Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres da Presidência da República recebe um relato de violência, em São Luís, 12 mulheres são vítimas de violência por dia.

Onde estão essas mulheres? Caladas! Não podemos falar da violência que sofremos pois nos sentimos ameaçadas e ainda sofremos preconceito, a mulher ainda é culpabilizada por sofrer a violência.

Voltando ao assunto de ter sido censurada no programa Altas Horas, digo mais, acho que eles estavam esperando uma mulher do Maranhão que ia contar uma história de superação, uma coisa “bonitinha”, que a plateia ia ouvir e depois sair feliz batendo palma, a história de uma mulher que apanhou e venceu. Venci sim, mas as marcas da violência a gente carrega por toda a vida.

Eles não tinham noção de quão forte seria aquele depoimento, e mais, que aquilo poderia chocar mais do que as novelas que assistimos que mostram tudo isso, mas fazem parecer que é só ficção, e não é, violência contra a mulher não é ficção é verdade e está por aí nos cercando por todos os lados e o machismo nos calando. A Globo não calou uma mulher e sim as mulheres do Brasil inteiro!

* Letycia Oliveira é jornalista, repórter, assessora de imprensa, mãe independente e feminista

Justiça persecutória

Temer, PMDB, PSDB, DEM envolvidos com Odebrecht, Sérgio Moro indicia o Lula.

RBS, Bradesco, Safra, Santander envolvidos na Operação Zelotes, Sérgio Moro indicia o Lula.

E ainda há panaca acreditando em Justiça nestes tristes tópicos. 

Um desafio leonino

POR GERSON NOGUEIRA

Em comparação com o início da temporada de 2016, o Remo ensaia voos mais modestos, condizentes com os parcos recursos de que dispõe para a montagem do elenco profissional. Aos poucos, conforme cabe no orçamento, o elenco vai sendo montado. A ideia é alcançar uma mistura equilibrada de nomes experientes com jovens valores formados no próprio clube.

A saudável intenção de trabalhar com a garotada foi manifestada por Josué Teixeira logo ao ser apresentado. De cara, passou a desconfiança de que estava repetindo apenas um clichê bem ao gosto de quase todos os treinadores que chegam a Belém.

unnamedMas, por filosofia ou necessidade momentânea, ele está cumprindo o prometido. Para o amistoso de preparação com o Pinheirense, neste domingo no Mangueirão, o Remo terá quase a representação clássica da fórmula proposta pelo técnico.

Em meio a atletas mais conhecidos, como Fininho e Val Barreto, a escalação deverá contemplar uma razoável quantidade de atletas caseiros. Edcléber, Rodrigo, Tsunami, Sílvio e Roni são alguns dos que deverão ser observados no jogo, com chances de brigarem pela titularidade durante o Campeonato Estadual.

A estratégia de combinar a garotada com a turma mais rodada coincide com um momento particularmente sombrio para as finanças do clube, motivado pela enxurrada de reclamações trabalhistas apresentadas por ex-jogadores.

No total, as reivindicações atingem a soma de R$ 1,9 milhão. Óbvio que esse montante diz respeito ainda às pretensões dos reclamantes, devendo cair para menos da metade após os julgamentos. Ainda assim, é uma quantia considerável, principalmente porque o Remo não tem esse dinheiro para gastar, juntando-se a essas despesas as folhas salariais de dezembro e a dívida com os funcionários do clube.

Josué, que chegou a Belém antes da eleição no clube, teve um bom tempo para ver jogos da Segundinha de acesso ao Parazão, fez suas observações e trouxe na agenda o contato de atletas que se encaixam na política remista de baixo custo com o futebol. Houve espaço para acompanhar a meninada do Sub-20, onde se encantou com o lateral-direito Roni, um dos destaques da equipe.

A partir do talento de Roni, o Remo de Josué pode exibir uma cara surpreendentemente doméstica no Campeonato Paraense, desafiando os riscos naturais de uma competição cada vez mais equilibrada pela evolução dos emergentes – como o próprio Pinheirense, de Junior Amorim, adversário de hoje.

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Bola na Torre

Guilherme Guerreiro apresenta o programa, a partir de 00h30, logo depois do Pânico, na RBATV. O convidado será Josué Teixeira, técnico do Remo, que será entrevistado por Giuseppe Tommaso e por este escriba de Baião.

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Trio português atravessa mar revolto

O rico e afamado futebol europeu não poupa gestões negligentes, deficitárias e arcaicas. O trio de ferro de Portugal – Benfica, Sporting e FC Porto – atravessa o que já é visto como o pior momento de sua história, com prejuízos que se acumulam a cada ano, endividamento excessivo, salários nas alturas e baixo nível técnicos dos times.

Reportagem assinada por André Dias, do site Finance Football, traça uma radiografia nada lisonjeira das grandes equipes lusitanas. O problema, segundo ele, começa pelo hábito de viver acima de suas possibilidades para tentar competir com os gigantes espanhóis, ingleses e italianos.

O momento é crítico e não se descarta o risco de falência dos clubes. Nem mesmo as rígidas normas estabelecidas pela Uefa quanto a gastos e controle orçamentário será capaz de salvar o trio.

O site Finance Football analisou os balanços de Benfica, FC Porto e Sporting na última década. O bom desempenho nos torneios europeus e as grandes receitas auferidas com venda de jogadores deixaram a falsa impressão de que tudo estava sob controle. Puro engano. Os analistas avaliam que os três grandes estão hoje com a corda no pescoço.

Porto surge como clube mais dependente do dinheiro das competições da Uefa. Apenas o Sporting conseguiu resultados financeiros positivos sem precisar da Uefa na última década. Já o tradicional Benfica, dono do maior programa sócio-torcedor do mundo (mais de 230 mil associados), tem suas contas tisnadas de vermelho sempre que perde as receitas oriundas das competições europeias.

Pela tabulação imposta pela Uefa, os clubes só conseguem permanecer sustentáveis se os salários não excederem 70% das receitas. Os gigantes portugueses até sabem disso, mas insistem em desafiar a regra.

Com isso, fica evidente o peso das transações de atletas com os clubes mais ricos do continente. Nem sempre, porém, a safra permite negócios rentáveis, o que redobra a necessidade de boas campanhas nos torneios da Uefa. Aí, então, uma bola fora ou um pênalti bobo pode representar um tremendo prejuízo nas contas e na imagem pública das três instituições.

(Coluna publicada no Bola deste domingo, 18)