POR GERSON NOGUEIRA
O Remo é primeiro time de massa a ser dirigido por Josué Teixeira. Antes, ele só chegou perto disso como assistente técnico da dupla Fla-Flu e no Internacional. Vai agora, aos 56 anos, encarar uma missão complexa. Terá que conviver com a pressão exercida pela torcida e a cobrança dos dirigentes. Muitos técnicos, alguns até acostumados a grandes clubes, têm dificuldade em se adaptar a esse ambiente normalmente instável e sujeito a muita turbulência.
Na apresentação oficial, ontem, ele desfiou o velho rosário de projeções que não contam muito, por meras repetições de clichês sobre a formação de um time. Disse que pretende valorizar as divisões de base e evitar gastanças exageradas com contratações. Se conseguir cumprir pelo menos uma dessas promessas, já estará de bom tamanho.
Josué também precisará aprender rapidamente a conviver com a mania de anunciar contratações anunciadas a esmo, até mesmo antes de serem formalizadas, como já ocorre com alguns nomes da lista anunciada de reforços para 2017. Dois jogadores da lista divulgada disseram que sequer foram procurados pelos dirigentes.
Mais do que a entronização do técnico, a festiva manhã azulina foi marcada pela estreia oficial de Manoel Ribeiro como novo presidente e pelo anúncio do elenco para a próxima temporada.
Alguns nomes surpreendem. O nome mais conhecido é o de Val Barreto. Pouco utilizado em 2015, foi dispensado do clube, mesmo sob protestos de parte da torcida, que sempre viu faro de gol e sentido de equipe no centroavante. Barreto nunca foi titular absoluto no Remo, mas sempre marcou gols importantes – incluindo o tento de honra na fatídica decisão da Copa Verde 2015, frente ao Cuiabá.
O problema é que Val Barreto não joga futebol há oito meses. Sua última partida foi em abril deste ano, pelo Uberlândia.
Fininho, meia-armador que defendeu o Sport Belém na Segundinha do Parazão, é outro repatriado. Sabe jogar, mas sua passagem anterior pelo Baenão não deixou saudades. Disputará posição com o veterano Flamel, que praticamente nem chegou a estrear pelo Remo nesta temporada.
Jayme, outro ex-jogador do Remo, formado nas divisões de base do clube, volta credenciado pelas boas atuações na Segundinha, defendendo o Pinheirense, campeão do torneio.
Dadá, 33 anos, ganha nova oportunidade, após se destacar no meio-campo azulino em 2015. Era uma das referências do time que se classificou para a Série C e foi finalista da Copa Verde.
Em meio a tanto “vale a pena ver de novo”, quatro nomes merecem atenção. Jaquinha, lateral-esquerdo que jogou pelo Castanhal na Segundinha, é um velho sonho dos azulinos. Arisco, agressivo no ataque e bom chutador, pode ser muito útil a um time que em 2016 só teve perna-de-pau por ali.
Léo Rosa, que foi revelado no próprio Remo, volta ao Evandro Almeida depois de defender quase todos os times emergentes do Parazão, sempre com atuações elogiadas.
Boa aposta também é o meia Rodrigo, habilidoso camisa 10 que surgiu em 2013 e era o principal jogador do sub-20 que brilhou na Copa do Brasil. Felipe, que veio do Sport Belém, é outra aquisição interessante.
A rigor, a Diretoria de Futebol do Remo está apostando tudo na Segundinha do Parazão. O lado bom é que o clube não vai gastar com importações de risco, embora alguns reforços pontuais devam ser trazidos. A notícia ruim é que a Segundinha não pode ser referência para um clube que disputará Copa do Brasil e Brasileiro.
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Parceria frustrada e sem respostas
Nem bem a gestão Ribeiro-Ribeiro começou e já pipocam problemas no Remo. O mais ruidoso é a provável perda de patrocínios que chegariam à quantia de R$ 2 milhões, via Banco BMG, e o fracasso de uma parceria que vinha sendo costurada com Paulo Bonamigo, ex-treinador remista.
Segundo informações do programa Portal Arquibancada, da Rádio Clube, Bonamigo chegou a confirmar presença em Belém na véspera da eleição, a fim de apoiar a Chapa 10 e encaminhar a efetivação do acordo financeiro.
Com uma empresa de investimentos que o representa, Bonamigo iria ter uma relação de negócios com o Remo e talvez voltasse a trabalhar como técnico, numa forma de agradecimento ao clube onde iniciou a carreira.
O anúncio de seu nome estava mais ou menos certo até anteontem, quando dois dirigentes do Remo atropelaram os acordos e impuseram o nome de Josué Teixeira, inviabilizando a parceria com Bonamigo. Procurada, a nova diretoria não confirma, nem desmente que o problema tenha ocorrido. Fico, é claro, com a turma do Portal Arquibancada.
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Serra eleito para continuar os avanços no Papão
Como tudo são flores no Papão, a eleição por aclamação de Sérgio Serra para presidir o clube passou quase despercebida. Sem conflitos, a sucessão alviceleste acontece como mandam as boas regras democráticas. Mas a festa de posse merece registro, principalmente por coroar um modelo bem-sucedido de gestão. Serra terá dois anos para tentar inserir o clube na Série A e para realizar obras que ainda estão em aberto – como o esperado CT.
(Coluna publicada no Bola desta quarta-feira, 07)