Vitória difícil e importante

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POR GERSON NOGUEIRA

O primeiro tempo foi bem favorável ao Independente, que teve espaço e arriscou sempre chutes a gol, mas não conseguiu passar pelo paredão representado pelo goleiro Emerson, responsável por três difíceis defesas. O segundo tempo estava equilibrado até o gol de Christian, aos 22 minutos. Com a vantagem no placar, o Papão se agigantou, passou a tocar a bola com inteligência e levou a partida até o final sem maiores sustos.

O confronto expôs o cenário deste campeonato, com equipes interioranas aguerridas e fisicamente fortes enfrentando os times da capital de igual para igual. A importância do triunfo de ontem para o Papão está no grau de dificuldades que enfrentou em Tucuruí, driblando ainda um certo desentrosamento e a voracidade ofensiva do Independente.

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Além do mais, a vitória isola o time de Dado Cavalcanti na ponta da tabela do grupo A2 com 6 pontos, muito próximo de se garantir nas semifinais.

De maneira geral, foi um jogo para ser lamentado por Lecheva e seus comandados, visto que o Independente seguiu à risca o manual de comportamento de times emergentes contra visitantes favoritos. Não se entregou, mostrou força para ir ao ataque o tempo todo e só não se saiu bem nas finalizações – embora deva se atribuir a Emerson a maior responsabilidade pela invencibilidade da meta alviceleste.

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As jogadas do Independente passavam sempre por Jakinha, Fabrício e Chaveirinho, buscando tramas em velocidade com os outros dois atacantes, Jaime e Monga. A audácia de Lecheva quase foi premiada. Fabrício, Chaveirinho e o próprio Monga jogavam à vontade diante do ainda vulnerável setor de marcação do Papão, mas não souberam aproveitar.

A zaga bicolor, atrapalhada nos primeiros 45 minutos, se comportou melhor no segundo tempo, depois do gol de Christian. Tudo porque o Galo Elétrico não foi mais o mesmo. Nem a entrada de Daniel para aumentar a pressão ajudou a repetir o bom pique da fase inicial. O time não acertou mais nem os cruzamentos para o cabeceio de Monta, permitindo ao sistema de zaga do Papão um final de jogo relativamente tranquilo.

Para isso, contribuiu a observação de Dado aos movimentos dos laterais do Independente, que passaram a ser mais fiscalizados depois do intervalo. Lucas ainda entrou quase no final para fechar ainda mais o meio-campo.

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No Papão, poucos destaques individuais no jogo.

Emerson voltou a brilhar, sendo decisivo no primeiro tempo. Cristian fez o gol. Fabinho Alves é muito serelepe, mas improdutivo. Celsinho e Rafael Luz não reprisaram a boa atuação da estreia contra o Paragominas. Lombardi, inseguro, dá saudades de Pablo. Capanema paira como sombra sobre Ilaílson, que não se encontrou ainda. Até Cearense rendeu abaixo do esperado. Betinho entrou no final, mas quase fez um gol. A entrada de Marcelo Costa de tão discreta não valeu como estreia.

(Fotos: MÁRIO QUADROS)

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Tudo em nome do sistema

De todas as considerações de Leston Junior sobre o jogo de anteontem em Santarém a que mais chama atenção é a de que não pretende mudar o sistema de jogo adotado até agora. Escala o time num 4-4-2 que se desdobra em 4-5-1 quando o adversário tem a capacidade de isolar Eduardo Ramos, como fez o São Francisco de Valter Lima. Para um campeonato de tiro curtíssimo como o Parazão, se agarrar a ferro e fogo a um modelo é sempre uma temeridade, ainda mais quando o elenco não tem os jogadores adequados para determinadas funções.

No jogo, o sistema foi inteiramente anulado pela correria e marcação impostas pelo adversário. O Remo não conseguia acompanhar os avanços do São Francisco e a zaga (em linha, de novo) quase tomou um gol na única bola lançada em profundidade para Ricardinho.

Quanto ao eixo principal do sistema de Leston, a presença de três volantes (Chicão, Michel e Yuri) em nada contribuiu para segurar o ímpeto do adversário e nem deu tranquilidade aos armadores Marco Goiano e Eduardo Ramos. Ramos foi anulado pela marcação. Goiano foi discreto e depois foi para a lateral-esquerda. Ciro não teve uma chance sequer. Aliás, o Remo não deu um chute a gol durante todo o período.

Na segunda metade do jogo, o São Francisco se preocupou em minar o setor defensivo do Remo usando velocidade e força. Quase abriu o placar aos 17 minutos com Elielson, que havia substituído a Ricardinho. Alguns minutos depois chegou ao gol em jogada rápida, como tantas que buscou ao longo do embate. Buiú aproveitou uma saída errada do Remo e um buraco no centro da defesa para balançar as redes. O próprio Buiú teve mais duas chances para dilatar o placar.

Enquanto isso, o Remo atacava sem convicção. Faltava punch para incomodar o adversário. Fechado atrás, com até nove jogadores atrás da linha da bola, o São Francisco recuperava a bola e partia com vontade para cima do atrapalhado bloqueio defensivo azulino, levando sempre perigo.

O atual sistema aproxima-se muito em conceito da configuração utilizada pelo técnico Flávio Araújo, que há três anos passou pelo Evandro Almeida e perdeu dois turnos de campeonato jogando numa retranca infernal. Tem semelhanças também com a confusa equipe de Zé Teodoro, que deixou o clube logo depois de um turbulento início de campeonato em 2015.

Todo mundo sabe das dificuldades que o Campeonato Paraense impõe nesta atual forma de disputa. É um torneio atípico, que exige muita força de marcação e capacidade de segurar adversários velozes. Com um time de faixa etária perto dos 30 anos e um meio-campo engessado sempre que Eduardo Ramos é bem policiado, o Remo terá que refazer (e rejuvenescer) sua proposta de jogo para manter vivo o sonho do tricampeonato.

O ponto de partida seria trabalhar com apenas dois volantes, apostar na criatividade de Ramos e Goiano e dar a Ciro um companheiro de ataque (Léo Paraíba ou Sílvio). Acima de tudo, Leston tem que atentar para o fato de que o campeonato não permite muito laboratório. Ou o time se ajusta logo ou vai acompanhar o desfile dos concorrentes diretos.

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Direto do Twitter

“Time mal. Imprensa critica. Forma opinião. Torcida exige contratação. Dirigente pressionado, contrata sem dinheiro. Dívidas…”.

Sentença cruel, mas certeira, do internauta Chico Lins

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De virada, Pantera derruba Jacaré

O São Raimundo conquistou triunfo dos mais expressivos na Arena Verde. Perdia o jogo por 2 a 0, diminuiu no fim do primeiro tempo e conseguiu reverter o placar na etapa final. Jefferson marcou o terceiro gol a dez minutos do fim. Grande resultado para o time de Samuel Cândido, que cresce na briga por uma vaga nas semifinais.

(Coluna publicada no Bola desta sexta-feira, 05)

10 comentários em “Vitória difícil e importante

  1. Gerson, firulento e improdutivo não é só o Fabinho não. Papão tá cheio de armandinho que gosta de cara torta, letra, chapéu etc. Quantas chances reais criadas nesses dois jogos? Quantas defesas difíceis fizeram os goleiros adversários e quantas fez o Emerson?
    Tem que melhorar e muito!!!

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  2. Mas tem casos, muitos inclusive, que os dirigentes tem muita culpa

    Veja o PAYSANDU no caso do Jonathan

    O empresário dele é um grande torcedor do PAYSANDU
    E porque deixaram ele escapar?
    Ai trazem um Lucas da vida

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  3. O time do LOBO precisa ser mais coeso. Engana-se quem pensar que são favoritos ao título. O Leão não procurou ser exigido nos 2 jogos de preparação, agora em plena torneio sente a força de quem tem qualidade e não estar para recreação.

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  4. Na minha opinão o time do dado estranhou o tamanho do campo, que por ser muito grande, dificultava, e muito, a aproximação dos setores e os jogadores ficavam muito espalhados, abrindo espaços na defesa bicolor, espaços estes que foram bem aproveitados pelo independente que já está acostumado com o tamanho do campo.
    ocorre que isso exigiu muita correria do independente, destaco o jaquinha, que cansou no segundo tempo e o papão aproveitou pra tomar conta do jogo.
    é realmente muito difícil jogar lá.

    Outra coisa que me chamou a atenção: esse jaquinha joga muito, mas muito mais que esse joão vitor. vem se destacando há anos por aqui mas preferem as bombas de fora.
    E o billy também joga mais que esses volantes que o remo trouxe.

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  5. Édson o que foi informado é que o Jonathan não quis ficar, mesmo o Paysandu tendo feito uma boa proposta pra ele, preferiu sair, pois queria jogar em outro Estado.

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  6. Distante da base, não pude assistir ao jogo do Mais Querido, o que dificulta um manifesto dotado de maior propriedade que só o testemunho ocular poderia garantir, me restando o recurso ao acervo do Blog, e me basear no “ouvir falar”, ou no que pude ler a respeito do jogo.

    Com efeito, sendo certo que minhas fontes aqui do Blog são de grande confiança no que respeita aos “olhos de ver” (com a licença do saudoso Tavernard) e ao apuro analítico, gostaria de deixar consignadas duas palavras a respeito das dificuldades azulinas.

    A primeira, amigo Gerson, é que me parece cedo para mudar o Sistema. Afinal, sem desconhecer a importância do campeonato regional, devemos ter em mente que o trabalho tem em mira especialmente a Série “C”. Vai daí que, se os jogadores, em geral, têm qualidade, máxime os volantes, os dois meias criativos e os atacantes, incluídos aí os reservas, talvez seja mesmo uma questão de investir tempo no encaixe das peças para que elas possam render o que delas se espera, eis que não se pode olvidar que é só o começo de temporada, após uma pré-temporada exígua, e os jogadores ainda precisam evoluir física, técnica e taticamente, sem esquecer do entrosamento dos jogadores entre si e com o próprio treinador.

    A segunda diz respeito à zaga: quando vai estrear o novo zagueiro? Pergunto porque, independentemente das dificuldades enfrentadas pela zaga devido ao ajuste ainda limitado da cobertura do volantes, quer me parecer que a dupla de zagueiros tem claudicado individualmente. E isso precisa ser debitado no cômputo das carências da equipe. É bem verdade que os zagueiros também precisam evoluir nos aspectos já referidos supra, mas, anoto, que sob o meu modo de ver, desde a temporada passada a dupla já se ressentia de uma melhor desenvoltura. Tanto que o Cacaio precisou colocar um reforço ali.

    Por último, mas, não menos importante, volto a insistir: é necessário que o Treinador dedique um tempo, um esforço e uma concentração mais generosos, na busca e implantação de uma alternativa para conseguir que joguem junto, e com eficácia, o Marco Goiano e o Eduardo Ramos. E extraio fundamentos para esta insistência do próprio comentário da Coluna. Afinal, com os dois jogadores em campo, não é possível que a tarefa criativa recaia exclusivamente no Eduardo Ramos, de modo que quando este estiver marcado, a dupla Marco e Ciro fique órfã. E, pior, depois, o Goiano, vá parar na ala esquerda.

    Quer dizer, se a tarefa criativa acabou se concentrando toda no Eduardo, e, depois, o Marco, acabou deslocado para a ala esquerda, tal me parece sério indicativo de que além do ajuste genérico de que se ressentem os três blocos do time (contenção/criação/ataque), ainda há um ajuste específico que precisa ser feito logo:Eduardo Ramos/Marco Goiano. Afinal, o que é importante é que não ocorra com o Marco Goiano o que ocorreu com o Athos.

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