Acima das expectativas

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POR GERSON NOGUEIRA

Com três gols e mais três ou quatro grandes aparições na área, Ciro saiu do estádio Jornalista Edgar Proença ontem à tarde como o principal nome da rodada inaugural do Parazão, com todos os méritos. Quando ele encontrou espaço para se movimentar na entrada da área do Águia, com Eduardo Ramos e Chicão mais próximos, mostrou que tem tudo para ser o homem-gol que o Remo buscava há tempos.

Mas Ciro não foi o único destaque do confronto entre Remo e Águia. Flamel veio logo atrás, com um golaço no segundo tempo que silenciou por alguns segundos a ruidosa torcida azulina. Apanhou uma bola rebatida do meio-campo e encobriu magistralmente o goleiro Fernando Henrique, que estava muito adiantado. Mais do que o cochilo tenebroso dos defensores, deve-se ressaltar a sagacidade e a categoria de Flamel, que ainda faria um outro gol, depois de rebote do goleiro na cobrança de um pênalti.

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Eduardo Ramos também encheu os olhos do torcedor. A questão é que, como já é ídolo remista, sua atuação não chegou a surpreender. Ao final do jogo, Marco Goiano e Michel, estreantes, foram muito aplaudidos, bem como Chicão, que participou ativamente de dois gols e quase deixou o seu quando o placar já apontava 5 a 3 para o Remo.

Do lado aguiano, Joãozinho e Ednaldo também foram peças destacadas, pela velocidade e disciplina tática. Joãozinho, arisco desde sempre, ocupou inicialmente a faixa direita do ataque. Foi por lá que, logo aos 3 minutos, fez um carnaval de dribles em cima dos zagueiros e passou na medida para Valdanes escorar para o barbante. Podia ter ampliado alguns minutos depois, mas chutou rente ao poste. Ednaldo apareceu sempre à vontade pela ala esquerda, criando problemas para seus marcadores diretos e enfiando bolas preciosas para os atacantes.

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Quem vê a contagem elástica favorável ao Remo imagina que o time rendeu muito bem desde o começo. Não foi bem assim. O primeiro tempo foi confuso, com jogadas atrapalhadas e incapacidade de furar o bloqueio imposto pelo Águia à frente da área. Marco Goiano aparecia bem quando caía pela direita, mas não se afinava com Levy. Eduardo Ramos era marcado em cima e mantido longe de Ciro, o que anulava as tentativas azulinas.

O Remo levou quase 20 minutos para chutar uma bola em direção ao gol. Foi num rebote apanhado por Michel de fora da área, que passou perto, assustando o goleiro Bruno Colaço. Faltava cadência e velocidade nos passes. O desentrosamento é natural e os erros individuais costumam aparecer mais em início de temporada, mas o desenho da equipe não ajudava, pois a bola não chegava até Ciro, o homem de frente.

A zaga passou o jogo levando sustos porque marcava em linha, facilitando a movimentação de jogadores rápidos como Joãozinho, Valdanes, Ednaldo e Flamel. No primeiro tempo, Artur, Chicão e Michel não se entendiam quanto à vigilância dos adversários, agravando a insegurança da zaga.

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No segundo tempo, com os volantes mais plantados e a entrada de Léo Paraíba no posto de Artur, o Remo tirou o Águia da zona de conforto. Com um atacante de ofício posicionado pela esquerda, marcação marabaense teve que ser modificada.

A mudança, que talvez nem tivesse esse objetivo, foi fundamental para ajustar meio-campo e ataque no Remo. Com mais espaços à frente do cinturão defensivo do Águia, Ramos passou a dialogar mais com Ciro e até Chicão conseguiu se aproximar. Com isso, o Remo passou a dar as cartas e matou o jogo com três gols entre os 8 e os 22 minutos.

Além do bom resultado, as estreias auspiciosas de Ciro, Marco Goiano e Michel foram motivos suficientes para deixar o torcedor azulino animado. Ao mesmo tempo, o Águia de João Galvão saiu de cabeça erguida, pois marcou três gols e equilibrou a partida em muitos momentos. (Fotos: MÁRIO QUADROS)

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Arbitragem sob ataque

Melhor árbitro paraense, Dewson Freitas teve atuação bastante questionada pelos dois lados. O Águia reclama de um gol anulado erradamente: o atacante Tiago não estava em impedimento, como apontou o auxiliar. Os azulinos chiaram de falta sobre Eduardo Ramos no lance que resultou no gol de Valdanes, aos 3 minutos.

A maior discussão, porém, diz respeito aos pênaltis. No primeiro, em favor do Remo, a bola foi cabeceada quase no ombro do zagueiro do Águia. No outro, favorável ao Águia, a bola também bateu no braço do zagueiro Max. Nos dois lances, não houve a intenção deliberada de cometer a infração.

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Empate e pouca técnica no Barbalhão

Na abertura oficial do campeonato, no sábado à tarde, em Santarém, sobrou vontade e força, mas infelizmente faltou jeito para Tapajós e S. Raimundo. Muitos passes errados, pouca técnica e falhas de finalização tornaram o jogo feio e pouco vibrante no primeiro tempo.

O primeiro gol surgiu meio por acaso. Um chute de Maurian desviou no zagueiro Negueba, enganando o goleiro do S. Raimundo. A vantagem do Tapajós estabelecida no tempo inicial foi revertida com gols de Wanderlan e Jefferson, aos 21 e aos 26 minutos.

Mais organizado em campo, o Tapajós não conseguia ser objetivo, perdendo lances fáceis. Só chegou ao empate aos 37 minutos, em cobrança de falta por Maurian.

O certo é que, apesar da bonita festa no estádio Barbalhão, o clássico santareno deixou a desejar e abriu vários pontos de interrogação quanto ao poder de fogo tanto de Tapajós quanto São Raimundo.

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Time de Sinomar supera o Cametá

O Parauapebas fez valer o mando de campo e superou o Cametá, de virada, no estádio Rosenão. Os informes repassados pelos companheiros da Clube indicam que o time de Sinomar Naves, mesmo apresentando algumas falhas, demonstrou personalidade para dobrar o visitante.

O gol cametaense aconteceu logo aos 4 minutos, através de Marcelo Maciel. Com Yuri, aos 44 do primeiro tempo, e Danúbio, aos 4 do segundo, o Pebas se impôs e foi buscar o resultado que lhe interessava.

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Atenção voltada para a estreia do Papão

Na Curuzu, hoje à noite, o torcedor alviceleste começa a descobrir se o time de Dado Cavalcanti está à altura da condição de favorito, que muitos lhe atribuem. Obviamente, todas as atenções estarão mais voltadas para os estreantes, como Cristian, Raí, Gilvan, Rafael Luz, Ilaílson e Fabinho Alves.

(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 01)

9 comentários em “Acima das expectativas

  1. Remo começou muito bem.

    Pelo menos 03 contratações foram bem feitas: Michel, Marco Goiano e Ciro.

    Amigo Cláudio, sua análise e principalmente do Leston.

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  2. Hoje, vamos ter uma ideia do que pode ser o potencial do rival. Via de regra, isso (ter uma ideia do potencia) é o máximo que se consegue num primeiro jogo valendo, após uma pré temporada muito breve.

    Parauapebas parece que vai ser um obstáculo complicado jogando em seus domínios.

    No Barbalhão, o melhor mesmo ocorreu nas arquibancadas. No campo de jogo, sobrou empenho, muita disposição. Mas, o jogo também foi típico de início de temporada no aspecto técnico.

    Quanto ao Dewson, mantenho minhas restrições: acho equívoca a opção que faz por não marcar determinadas faltas. Ontem, se tivesse marcado uma meia dúzia, não teria causado nenhum prejuízo ao fluxo do jogo. Aquela no Eduardo Ramos, que gerou o contra ataque que resultou no gol do Águia é só um exemplo. Não foi o responsável pelo gol, pois, após o lance faltoso ainda teve muitos outros lances onde o sistema foi envolvido completamente por um único adversário. Mas, é inegável que se a falta fosse marcada ali, o contra ataque teria sido legitimamente abortado. A propósito, fiquei com a impressão que os jogadores do Águia perceberam antes dos azulinos que poderiam tirar vantagem da arbitragem mais flexível no que refere ao contato. Só bem depois os remistas perceberam e equlibraram.
    Quanto aos penais, na transmissão da Cultura fiquei com a impressão de erro em ambos. Mas, nas imagens da Liberal notei que a arbitragem seguiu rigoramente as recomendações da cbf/fifa. E, o que é mais importante, adotou o mesmo critério para os dois lados. Incensurável neste aspecto. Quanto ao impedimento, seguiu o manual dando prevalência ao que sinaliza o auxiliar.

    Quanto ao jogo, acho que para um início de campeonato, após uma pré temporada irrisória, foi um resultado realmente acima das expectativas, para o Mais Querido, pois, os naturais problemas físicos, técnicos e táticos, mesmo com algumas dificuldades, foram superados a contento. Mas, tenho pra mim que o principal desafio do treinador será encontrar um modo de jogarem junto, eficientemente, o Eduardo e o Marco Goiano. Este, no meu modo de ver, apesar de ter demonstrado enorme potencial, ontem, apesar do gol, não me pareceu à vontade, nem mesmo no segundo tempo, quando o time deslanchou. Não encontrou seu espaço na meia, tendo o Eduardo mais avançado. O inverso foi melhor. O Eduardo participou das jogadas de pelo menos três dos cinco gols, flutuando por todos os lados do campo, vindo inclusive roubar aquelas bolas na intermediária defensiva para articular jogadas, ou partir em arrancadas individuais perigosíssimas.

    Quanto à entrada do Leo, no meu modo de ver, tinha, sim, o objetivo referido por todos os que assistiam ao jogo, mas que não foi admutido pelo treinador no pós-jogo. Se fosse para prevenir pelo cartão amarelo do volante ele teria colocado o outro volante que havia no banco, como fez depois. Todavia, quer me parecer que como o próprio treinador disse, não foi a entrada do jogador que provocou o crescimento do time. Mas, sim a maior concentração dos atletas que começaram a acertar as jogadas e se impor em campo. Aliás, a maioria dos gols surgiram pelo lado direito do campo. Acho que só um, teve a jogada originária partida da esquerda, e assim mesmo com o Eduardo Ramos. Demais disso, nos gols, o lado direito e o meio estavam bem congestionados de adversários, o que mostra que a presença de um atacante de ofício fixado pela esquerda não atraiu a marcação pra lá, liberando os demais setores.

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  3. As estreias nunca são fáceis mas Michel, Marco Goiano e principalmente Ciro souberam lidar bem com as expectativas. Se a estreia destes jogadores já foi assim tão boa, mal posso esperar para ver quando estiverem entrosados com o grupo.

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  4. Como pontos positivos, gostei das atuações já mencionadas – Ciro, Michel, Marco Goiana. Acho que deu bem certo esses três. A armação do time ficou boa, mas em compensação, a marcação está muito ruim. É aí que eu vejo os pontos negativos.
    No primeiro tempo quando o Remo tomava contra-ataques, os jogadores do Águia passavam sempre por trás dos laterais que não estavam cobertos pelos volantes – o Artur tava muito ruim, não marcava e parecia ‘travado’, além de não cobrir direito as subidas do João Victor pela esquerda. Já pela direita, quem cobria o Levy era o zagueiro Henrique. Não sei porque não ficava um volante auxiliando a marcação por ali, isso deixava sempre um atacante/meia do Águia desmarcado pra receber ou na ponta da área ou por trás do lateral direito.
    Quando no segundo tempo entrou o Léo Paraíba, esse problema foi corrigido pela esquerda porque o João Victor deixou de subir e passou a cobrir os avanços do Léo, trabalhando somente na marcação e, no meu modo de ver, foi quando o estreante atuou melhor. Pelo lado direito o problema seguiu a mesma coisa do primeiro tempo – muito aberto pros avanços do adversário.
    Essas falhas são as mesmas de quando o Cacaio assumiu o time ano passado, e ele corrigiu logo na segunda partida colocando os volantes pra marcarem junto, apoiando na defesa os laterais, sem deixar os zagueiros tão no mano-a-mano. Creio que o Léston precisa fazer o mesmo pra dar uma ajustada na defesa do time e os volantes precisam marcar mais em cima, está faltando chegar junto dos adversários.
    No mais, o que deu pra perceber neste primeiro jogo é o oposto de como se comportava a equipe do ano passado: em 2015 o Remo do Cacaio marcava bem mas tinha problemas de armação; neste começo de 2016 o time arma bem, porém com muita falha na marcação.
    Se melhorar a marcação, vejo este time do Remo bastante promissor, e torço por isso.

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    1. Boas observações, Daniel. Só vejo um aspecto a dificultar esse reforço de vigilância na marcação: o Remo não tem hoje um volante de estilo pegador, como Dadá e Ilaílson.

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  5. A formação do segundo tempo, com o Léo Paraíba, distribuiu melhor o poder de ataque em campo, quer dizer, desconcentrou as jogadas do meio, espalhando para os flancos, desarticulando a defesa do Águia. No mais, o Remo tem que ter ao menos um volante pegador, porque a zaga esteve descoberta com os avanços dos cabeças de área, principalmente Chicão. O desentrosamento é visível, mas o potencial é inegável. É desenvolver o entrosamento e equilibrar as ações, o que só vêm com o tempo.

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  6. Amigo Lopes, na minha opinião, em tese, a entrada do Léo teve este objetivo e deixou o time com este desenho que voce refere. Mas, na prática, a participação do jogador não surtiu tal efeito. E as jogadas do Leåo no segundo tempo, máxime as determinantes do placar, testemunham esta assertiva. Foram todas feitas pelo meio e pela direita do ataque, setores que estavam guarnecidos por mais de um adversário, às vezes até 4. O que mostra que não houve a abertura do ferrolho com a entrada do jogador. O que abriu a porta foi, principalmente, o apuro nas jogadas dos meias e atacantes e do Levi.

    Quanto aos volantes, acho que os espaços que ficaram decorrem do desentrosamento, falta de ritmo de jogo, e de algum desajuste na execução da linha burra. Além do que houve um volante que não pôde estrear. Enfim, creio (torço, melhor dizendo), que o setor possa se acertar, sem um “pegador”. Afinal, são 3 volantes. Agora, se não acertar, será que temos por lá este “pegador”? Será que é este que não pôde estrear.

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  7. Diante dos problemas de marcação do primeiro jogo, será que não seria uma boa o técnico Leston Jr testar o time com três zagueiros?
    Lembro que essa formação com três zagueiros deu uma segurança para o time na campanha da série D do ano passado.

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