Spotlight: reflexão sobre o jornalismo investigativo

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POR CARLOS LIRA
Spotlight – Segredos Revelados (2015), dirigido por Tom McCarthy e escrito habilmente por McCarthy e Josh Singer, é aquele tipo de longa-metragem que deveria constar na lista de exibição obrigatória das faculdades de jornalismo de qualquer país do mundo; tamanha é a reflexão que o filme provoca e faz sobre a importância e responsabilidade do jornalismo investigativo dentro de uma sociedade.
Em linhas gerais, o longa-metragem aborda a investigação, por parte de uma equipe jornalística, dos casos de abuso sexual e pedofilia por membros da arquidiocese católica de Boston.
Para a execução do filme, McCarthy opta integralmente por ver o filme através de uma câmera objetiva. É esta câmera que nos torna personagem onipresente em todas as cenas do longa-metragem. Tal escolha funciona perfeitamente para o desenvolvimento da narrativa fílmica, uma vez que ela permite com que façamos parte integral da equipe de jornalismo investigativo, chamada de Spotlight, do jornal The Boston Globe. Em outras palavras, a câmera objetiva do diretor Tom McCarthy nos torna “personagem observador” que escolta todos o cotidiano da equipe.
No entanto, Spotlight – Segredos Revelados não se resume apenas a boas escolhas cinematográficas visando à fluidez da narrativa fílmica.
O longa-metragem é bem maior do que isso, pois o filme de Tom McCarthy esmiúça, ao longo de quase 120 minutos, algumas circunscrições que são importantes para que tenhamos a realização de um adequado jornalismo investigativo em nossa sociedade.
O primeiro traço destacado pelo filme é a necessidade do jornalismo não ligar-se a instituições, já que as grandes instituições como igrejas, partidos políticos e bancos tendem a engessar qualquer investigação com caráter denunciativo, não apenas isso, estas instituições, quando se alinham a imprensa, se utilizam do jornalismo para amenizar ou mesmo silenciar qualquer tipo de história que possa complicar suas imagens.
Este primeiro traço é enunciado no filme através da conversa de Marty Baron com o Cardeal Law. Baron, ao ouvir a sugestão do Cardeal Law da necessidade de imprensa e igreja ajudar-se, deixa claro ao sacerdote que a imprensa não deve estar atrelada as instituições.
Em síntese, o primeiro traço do bom jornalismo investigativo está ligado à total independência da imprensa.
O segundo traço destacado pelo filme de McCarthy encontra-se ligado à responsabilidade da equipe jornalística na construção de uma notícia denunciativa. O filme enuncia essa circunscrição ao exibir a longevidade do processo de construção de uma notícia investigativa. Diferentemente de algumas mídias que a toda semana denuncia irresponsavelmente uma notícia, o jornalismo comprometido com a qualidade de suas reportagens procura, por meses, arquitetar o apontamento jornalístico ouvindo as diferentes vozes dentro da trama que está sendo investigada.
É por isso que em Spotlight – Segredos Revelados, acompanhamos os jornalistas da equipe buscando informações em diferentes fontes como: os abusados pelos padres, os advogados dos casos de abuso, os padres acusados de abuso e pedofilia, os documentos jurídicos, os pareceres médicos e os arquivos jornalísticos.
Tais fontes jornalísticas são os elementos importantes na construção da notícia, pois são eles que indicam um padrão que, por conseguinte, ratifica a tese de que os casos de pedofilia eram realizados em grande escala dentro da cidade Boston.
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O terceiro e importante traço destacado pelo filme está no fato do jornalismo investigativo não contentar-se com nomes. Para o filme, quem deve procurar nomes é o setor policial e judicial de um país, ao bom jornalismo investigativo cabe entender e suspeitar do sistema.
Tal elemento é visto no filme através das conversas realizadas entre a equipe investigativa. Nesta conversa, temos jornalistas que desejam publicar rapidamente os nomes dos responsáveis, no entanto, esses jornalistas são orientados por seu superior a segurar a informação, pois o objetivo do jornalismo investigativo não é apontar culpados A, B ou C; o objetivo do jornalismo é colocar em suspeição as instituições investigadas, com a finalidade de movimentar o pensamento da sociedade.
Para finalizar estas poucas palavras, encerro dizendo que Spotlight – Segredos Revelados é um filme para todos nós, todavia, ele é feito principalmente para aqueles que fazem ou desejam fazer jornalismo nos tempos de hoje.

5 comentários em “Spotlight: reflexão sobre o jornalismo investigativo

  1. Amigo Celira, em primeiro lugar, mais um produção nota 10. Parabéns!

    Agora, me permita dizer que, nos dias que correm, é de contar nos dedos os trabalhos que se desenvolvem sob os traços que você entende que são preconizadas no filme, máxime o primeiro. Aliás, da dificuldade de ver implementado o primeiro, decorre a dificuldade do implemento dos demais. Ou estou sendo muito rigoroso?

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  2. Amigo Antônio Oliveira,

    Estou de acordo com você.

    Em tempos de internet, muitos jornalistas parecem estar mais preocupados com a velocidade que a notícia vai ao ar do que com a qualidade da notícia.

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  3. Seguindo…

    Sobre a pergunta, também é verdade.

    Hoje grande parte do jornalismo encontra-se, de alguma forma, amarrado a outras demandas.

    É preciso dizer que não se trata do jornalista (o humano) em si, ainda que possa acontecer deste está engessado. Mais principalmente da instituição imprensa… Infelizmente.

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  4. Tecnologia letal em mãos criminosas

    Os cérebros dos brasileiros estão sendo conectados à satélites para fins de tortura e assassinato e o governo continua ignorando os fatos. Essa tecnologia por satélite é controlada por uma rede global de criminosos estes adentram o cérebro humano 24 hs a conexão pode vir de várias pessoas ao mesmo tempo leitura do cortex visual através da interface cérebro computador utilizando antenas de telefonia satélite e o cérebro humano. A voz direcionada para o crânio da vítima chama se v2k e é possível ouvir la através das microondas baixas frequências de rádio. A leitura e controle da mente humana são violações horríveis dos direitos humanos muitas pessoas são escolhidas ainda criança aleatoriamente e são atacadas fisicamente e mentalmente durante toda a sua vida. Esse abuso tortura eletrônica e experimentação e perseguição organizada é um crime contra a humanidade e as vítimas precisam de ajuda humanitária e jurídica urgentemente. Saibam mais v2k tecnologia, voz intracraniana, remoto neural monitoramento por satélite terrorismo no Brasil, gang stalking, target individual, mk ultra, tortura psicotronica.

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