Já era tempo: Dilma vai falar ao país

A presidente Dilma Rousseff acaba de tomar a decisão de falar à Nação sobre os acontecimentos de ontem, em várias cidades do Brasil. Reunida com seu núcleo duro, em Brasília, que inclui os ministros José Eduardo Cardozo, da Justiça, e Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, ela já decidiu que irá se pronunciar, com veemência, em defesa da democracia, mas também da ordem, rechaçando de forma contundente todos os atos de violência.

Ela, que acompanhou tudo pela televisão ontem à noite, ficou especialmente assustada com o vandalismo em Brasília, onde o Palácio do Itamaraty, obra-prima da arquitetura mundial, foi atacado, e no Rio de Janeiro, onde houve tentativa de invasão à prefeitura e um repórter da GloboNews, Pedro Vedova, foi atingido com uma bala de borracha na testa.

Ainda não há consenso sobre a forma do pronunciamento. Há quem defenda uma fala em cadeia nacional de rádio e televisão, às 20h. No entanto, a mensagem talvez seja transmitida de forma menos formal, numa entrevista ainda hoje no Palácio do Planalto.

Também assustados com a violência, os integrantes do Movimento Passe Livre anunciaram que não convocarão mais protestos para a cidade de São Paulo. Abaixo, noticiário da Reuters, sobre decisão do MPL:

MPL anuncia que não convocará novos protestos em S. Paulo

SÃO PAULO, 21 Jun (Reuters) – O Movimento Passe Livre (MPL), que deu partida a uma série de manifestações em diversas cidades brasileiras pela redução da tarifa do transporte público, informou nesta sexta-feira que por ora não convocará mais protestos em São Paulo. A onda de protestos no país, que começou há cerca de duas semanas, teve seu ápice na quinta-feira, quando estima-se que mais de 1 milhão de pessoas foram às ruas de dezenas de municípios, mesmo após a reivindicação inicial pela queda das passagens ter sido atendida em diversas cidades.

“O MPL aqui em São Paulo não vai mais convocar os protestos. Pelo menos por enquanto, não tem nenhuma previsão de novas manifestações”, disse o bancário e militante do MPL, Douglas Belome, à Reuters, por telefone. Os atos de violência se agravaram em várias localidades. Em Brasília, manifestantes – que agora pedem uma extensa pauta que vai de melhoria dos serviços públicos à crítica pelos gastos para realização da Copa do Mundo no país – chegaram a invadir e atear fogo ao Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores.

Muitos dos manifestantes, em sua maioria jovens, têm se posicionado contra a participação de partidos políticos nas passeatas. Em algumas cidades, como São Paulo, a presença de legendas acirrou os ânimos de grupos que estavam nas ruas. “Com relação ao que aconteceu ontem (quinta-feira), a gente ficou particularmente triste, porque entendeu que muitas das pessoas ligadas a partidos que estavam presentes estavam na luta com a gente desde o início, e algumas chegaram a ser acusadas de oportunistas e estavam sofrendo e vibrando com a gente desde o início, lutando pela mesma causa”, afirmou o militante do MPL.

“O MPL se coloca como apartidário, mas insiste que não é antipartidário”, acrescentou Belome. A presidente Dilma Rousseff cancelou viagens previstas para os próximos dias, inclusive uma internacional ao Japão, diante do agravamento dos protestos em todo o país. Nesta manhã, Dilma marcou reunião de emergência com diversos ministros para tratar do assunto. (Por Silvio Cascione)  

23 comentários em “Já era tempo: Dilma vai falar ao país

  1. Faz muito bem a Dilma de se pronunciar, e deveria fazê-lo formalmente à nação. E ela como autêntica ex-militante, com experiência em ações até muito mais específicas e violentas do que estas que tem de administrar agora, há de saber o tom exato de se dirigir à nação neste momento delicado. Vamos esperar para ver o que ela tem a falar, e, principalmente, a fazer depois.

    Aliás, como alguém já disse nas redes sociais, este levante em todo o Brasil parece que foi o grande legado da copa do mundo, antes mesmo dela começar. Tomara que sirva de aviso e surta os efeitos necessários. Espero não me enganar, eis que a sede de poder é capaz das mais escabrosas maquinações.

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  2. Agora eu entendo o quanto é perigoso ter um presidente inexperiente na comunicação com as massas. A Dilma precisa trocar o ministro das comunicações com urgência.

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  3. Assisti agora a pouco que a Dilma já havia aprovado duas medidas provisórias desonerando em até 8% os transportes e que era para ter sido repassado aos consumidores, só que eles e os prefeitos e governadores foram em caminhos opostos e aumentaram as passagens e o povo foi à procura dos seus direitos!

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  4. Amigo Cláudio o que eu espero é que os culpados e condenados no mensalão sejam recolhidos para as cadeias e cumpram suas punições. Espero que a tal PEC 37 seja extirpada das pautas do congresso e que a Cura Gay, uma verdadeira falta de respeito aos direitos humanos seja também excluída das votações.
    O país passa por situações em que não dá mais para ficar calado. Chega, são anos e anos de desmandos e apenas os políticos e pequenos grupos sendo beneficiados!
    Precisamos de saúde e educação digna.
    Nossos policiais com baixa remuneração! Professores e médicos sem a menor condição de trabalho e salários desprezíveis enquanto que vereadores, deputados estaduais e federais, senadores, prefeitos, governadores e presidentes ganhando horrores!
    O POVO NÃO AGUENTA MAIS!

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    1. Engraçado que a classe política é sempre a mais visada nessas manifestações extemporâneas, de tintas conservadoras. Mas outros poderes, tão ou mais privilegiados, como o Judiciário, costumam ser vistos com curiosa condescendência.

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    1. Dilma muito bem, como presidente deve falar, amigo Cláudio. Do alto da legitimidade dos milhões de votos que a elegeram, não pode tergiversar em momento tão importante para as instituições democráticas. Jamais se vergar ao peso das injunções oportunistas que sempre vêm de carona de movimentos populares sem rosto definido.

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  5. Miguel a questão da pec 37 é bem complexa…..Não sou a favor, mas também sou contra o MP que é autônomo ser conivente com certas situações e preguiçoso em outras tantas a Polícia Judiciária Federal enviou + de 1.000 inquéritos para andamento e posterior denúncias e pasmem qtos foram analisados 150, ou seja, será que há algum problema? Com relação a Dilma acho que fez discurso de Presidenta e também eleitoral, mais não podemos nos desviar de quatro reformas: 1- Política. 2- Educacional. 3- Tributária. 4- Penal. Meu apoio a quem levantar essas bandeiras. Com partidos, não sem eles.

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  6. Falou muito e não disse nada.
    Abusou na demagogia.
    Que lucro que o petróleo vai dar se ela teve que perdoar dívidas da Petrobras.
    As manifestações só devem parar quando a corrupção acabar;
    Quanto a esse anonimo que aparece aqui, é um remista covarde e envergonhado que agora não pode escrever seu nome.

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  7. A pec 37 não acaba com as prerogativas do MP de investigar, ela faz o equilibro entre os poderes, já que o art. 144 da constituição garante à polícia federal e civil também a mesma prerogativa. O problema é que o MP quer exclusividade, para ser seletivo quanto às investigações. Eis o caso cachoeira e Demóstene que passou dois anos na gaveta do procurador geral, só saindo após denúncias. Quanto ao pronunciamento da presidenta, ache muito bom, direto, é minha opinião. Quanto à morte da gari de quem é a culpa?

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    1. Tem razão, Riba. Apesar do alarido todo em torno da PEC 37 é preciso analisar com clareza e o máximo distanciamento o poder exercido hoje pelo MP. É indiscutível a importância fiscalizadora da instituição, mas é fato que as distorções têm levado a erros terríveis, como a lentidão na apuração do caso Cachoeira e no pouco caso em relação ao mensalão mineiro.

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  8. Falou dentro daquilo que eu esperava que ela falasse. Ocorre que alguns fatos desmentem algumas palavras. Disse que alguns avanços (saúde, educação, segurança por ex.) não puderam ainda ser efetivados devido a problemas políticos e econômicos.

    Mas, os fatos apontam noutra direção, eis que a verba pra copa foi conseguida na quantidade exigida pelo apetite inesgotável das empreiteiras e com a celeridade que elas exigiram, com o beneplácito inclusive do congresso que aprovou lei que deixou a nação de joelhos pra fifa.

    Também insistiu na incompatível participação dos partidos. Ora se os protestos também são contra os partidos, não há espaço pra eles na manifestação. Que os partidos cumpram o seu papel no Parlamento e na Administração que nem vai haver necessidade de protesto.

    Mas, vamos ver o que a Dilma consegue com o planos de mobilidade que PROMETEU realizar e com os contatos que PROMETEU fazer com prefeitos e governadores em prol da melhoria dos serviços públicos. Ela parece que acirrou a briga que o governo vem travando com alguns médicos pois se não for só PROMESSA teremos uma verdadeira “invasão” de médicos estrangeiros no país.

    Quanto à PEC 37, ela pretende retirar o poder de investigação que hoje o Ministério Público divide com a polícia. De minha parte, mesmo reconhecendo que o MP precisa se qualificar e se despolitizar, acho que a PEC é equivocada, pois aos invés de somar forças nas investigações, quer diminuir tal força quando pretende retirar um forte órgão da cena investigativa. Os trabalhos de investigação dos crimes que hoje contam com o trabalho das polícias civil, federal e Ministério Público, se a PEC for aprovada ficarão restritos à polícia civil e militar. A propósito, a despolitização é necessidade que também afeta as próprias polícias civil e militar, e, por isso, não pode ser motivo para alijar o Ministério Público das investigações.

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  9. Vou escrever agora algo parecido com o que que já escrevera há 4 dias atrás, mas que depois de ser publicado acabou sendo suprimido: o tempo ainda vai precisar passar um pouco para que verifiquemos se o oportunista que está querendo tomar o poder da Dilma na marra não é exatamente aquele mesmo que foi seu antecessor imediato.

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