Por Gerson Nogueira
A Chapecoense, que subiu junto com o Paissandu para a Série B, é um desafio e tanto neste começo de trabalho de Givanildo Oliveira. A derrota para o Atlético-GO já foi assimilada pelo torcedor, que se consolou com a boa movimentação do time no segundo tempo. Ocorre que um novo revés já será debitado exclusivamente na conta do veterano treinador. As observações e consequentes ajustes na equipe já ficam por sua conta. Nesses tempos velozes, a trégua concedida a todo estreante já terminou.
Encarar o líder da competição dentro de seus domínios, com torcida em cima, não é tarefa simples. Givanildo é um técnico experimentado, passado na casca do alho, mas carece de mais conhecimento sobre o atual elenco do Paissandu.
Em situação normal, certamente iria buscar formas de explorar a empolgação dos donos da casa. A saída óbvia em partida com essas características é o contra-ataque, mas o Paissandu não dispõe de um esquema treinado para explorar essa estratégia. Velocidade não é o forte do time atual.
A própria indefinição reinante no meio-de-campo, onde Eduardo Ramos perdeu seu sancho-pança Djalma, conspira contra a ideia de velocidade na saída. As laterais, que constituem os pilares do contragolpe bem executado, também deixam a desejar. A timidez excessiva de Janilson e os altos e baixos de Pikachu não recomendam contar com nenhum dos lados.
Marcelo Nicácio, que entrou muito bem em Goiânia, ainda se adapta ao time e aos companheiros, mas é presença fundamental. Caso Givanildo decida lançá-lo certamente terá um jogador capaz de segurar o sistema defensivo da Chapecoense.
Mais do que o setor ofensivo, a missão mais complicada no jogo deve ficar com a zaga alviceleste, ainda entregue à dupla Raul-Bispo. Fábio Sanches é opção para entrar, mas o estilo conservador de Givanildo talvez não permita que ele arrisque tantas mudanças de uma só vez, ainda mais fora de casa.
É jogo dos mais interessantes, pois o Paissandu entra como franco-atirador, já que o favoritismo é dos mandantes. E, em caso de resultado positivo, o Papão levanta o astral e abre caminho para uma grande campanha.
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Enfim, uma atração de peso no torneio
Botafogo e Vasco devem ser os representantes do Rio de Janeiro no torneio interestadual Pará-Rio, previsto para a segunda quinzena de junho em Belém, envolvendo Remo e Paissandu. Com a desistência do Flamengo, o Botafogo voltou a ser procurado e acertou a participação.
A promoção, de um canal de esportes da TV fechada, prevê duas rodadas duplas no estádio Jornalista Edgar Proença, sendo que os clássicos estaduais serão disputados na primeira rodada, ficando a última rodada para a disputa entre perdedores e vencedores.
No começo, o Botafogo tinha sido sondado, mas fez muitas exigências e acabou substituído pelo Vasco. Agora, o Alvinegro de Clarence Seedorf volta à grade do torneio em boa hora, pois cumpre campanha de alto nível no início do Brasileiro da Série A, constituindo-se em atração para a torcida paraense.
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Que venha o Pleno!
Depois do segundo insucesso na luta para recuperar a vaga na Copa do Brasil, ao Paissandu resta a esperança de que o Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva faça valer o que está escrito no regulamento específico da competição. Nesse caso, a corte irá contrariar o que foi decidido pela Comissão Disciplinar nos dois julgamentos realizados.
A situação irregular dos dois jogadores (Paulo Sérgio e Luiz Cláudio Bahia) afronta o regulamento da Copa do Brasil, mas é interpretada como legal perante o regulamento geral de competições. Essa dubiedade, admitida pelos próprios julgadores, é um item que desnorteia até advogados experientes e confirma a velha mania brasileira de confundir para reinar.
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Ordem judicial é para ser cumprida
Alguém (de CBF ou FPF) vai precisar explicar direitinho a recusa do delegado do jogo PFC x Genus à liminar concedida pelo juiz da Comarca de Ananindeua, no último sábado. O deboche na resposta ao oficial de justiça, conforme relato do próprio, é outro aspecto a ser observado. Autoridade da federação sugeriu graciosamente que o oficial levasse o documento até Salinas.
O desrespeito à ordem judicial, que afronta princípio básico do estado de Direito, se completou com a firme rejeição dos dirigentes do Paragominas. Em entrevista às rádios e emissoras de TV, o presidente do clube avaliou a liminar como manobra do Remo e fez questão de assumir que não iria acatá-la em seu estádio. Comunicada por via eletrônica, como a legislação permite, a tropa da Polícia Militar se retirou, acatando a ordem de suspensão da partida.
Diante de tudo isso, soa esquisita a manifesta disposição da federação de aguardar a notificação judicial, quando isso já ocorreu no próprio sábado. Não se discute decisão judicial, cumpre-se.
Juízo de valor sobre a decisão e suspeitas sobre o interesse do Remo na história não deveriam nortear o comportamento do delegado, a quem cabia acatar e cumprir a determinação do magistrado. Pelo princípio do domínio do fato, consagrado por Joaquim Barbosa no julgamento do mensalão, seus superiores também são responsáveis pela insubordinação. Simples assim.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 11)