Um destaque inesperado

POR GERSON NOGUEIRA

O campeonato começou com dois técnicos em primeiríssimo plano. Ambos favoritos ao título e aos aplausos gerais. Márcio Fernandes e Paulo Bonamigo, experientes, com rodagem nacional e currículos medalhados, eram a priori imbatíveis em relação aos treinadores dos demais 10 clubes participantes do Parazão.

Ledo engano. No meio do caminho, surgiu um azarão inesperado. Josué Teixeira, do estreante Caeté, roubou a festa nesta primeira fase da competição, independentemente do que tenha ocorrido no sábado, 26 – a coluna fecha, por razões industriais, na sexta-feira à noite.

Depois de uma estreia desastrosa, sofrendo uma goleada de 4 a 1 para o Itupiranga, o Caeté partiu para uma jornada empolgando, conquistando quatro vitórias e chegando à rodada final com 13 pontos e na liderança do concorridíssimo Grupo C, à frente do Remo, de Paulo Bonamigo, um dos cotados ao título.

Um dos pontos altos do time é o centroavante Joel (foto), artilheiro do campeonato até a 7ª rodada, com quatro gols. O esquema é simples, objetivo e surpreendentemente eficiente. O ataque marcou oito vezes e a zaga deixou passar o mesmo número de gols – muito em função da má atuação na primeira rodada.

Josué Amaral Teixeira, 61 anos, tem larga experiência em clubes das Séries B e C, com presença constante na direção de clubes do futebol carioca. Foi campeão brasileiro com o Macaé, esteve no Remo por seis meses e treinou o América antes de ser convidado pelo Macaé.

O plano de voo do Caeté é chegar o mais longe possível no campeonato e tentar garantir vaga em competições nacionais – Brasileiro da Série D e Copa do Brasil. A conquista do título não é exatamente uma prioridade.

Por ora, é legítimo dizer que Josué e seu Caeté são as sensações do Estadual. Chegou à rodada final com a mesma pontuação do Remo de Bonamigo e quatro pontos atrás do PSC de Márcio Fernandes, mas não há termo de comparação entre os investimentos da dupla Re-Pa e os parcos recursos do representante bragantino.

Câmara diminui mordida da FPF nas rendas

A Câmara Municipal de Belém derrubou na quinta-feira (24) o veto do então prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB) ao projeto de lei do vereador John Wayne (MDB) que limita o desconto da taxa da Federação Paraense de Futebol a 5% do valor bruto das arrecadações de jogos realizados em Belém.

Atualmente, a FPF desconta 10% da renda bruta das partidas, o que gera perda financeira aos clubes, que dependem da bilheteria para honrar seus compromissos. A decisão atende a uma antiga reivindicação dos clubes, principalmente Remo e PSC, donos das maiores torcidas.

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro comanda o programa, a partir das 22h, na RBATV, com participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em pauta, os jogos da oitava rodada e a projeção para as próximas fases do campeonato. A edição é de Lourdes Cézar.

Leão ganha tríplice coroa: sub-17, sub-20 e feminino

O título do Campeonato Paraense Sub-20 ganho pelo Remo, na quinta-feira à noite, configura a conquista da tríplice coroa das divisões de base pelos azulinos. O clube já havia vencido nas categorias sub-17 e de futebol feminino. Treinado por Vítor Braga, o Leãozinho derrotou o Parauapebas por 3 a 1, no estádio Rosenão, tendo Pedro Sena como principal goleador.

É inevitável não associar os feitos do Leão nas categorias amadoras com a existência do Centro de Treinamento. Desde que o clube passou a utilizar os campos do CT de Outeiro os times tiveram uma visível evolução.

No CT, os atletas podem permanecer praticamente o dia todo, treinando e sendo preparados adequadamente, com acompanhamento de fisiologistas, médicos e preparadores que antes eram exclusividade do elenco de profissionais. A vitória retrata o processo de evolução do clube.

Tite, o Mundial e a valsa do adeus

O assunto parecia esquecido, mas o próprio Tite fez questão de retomar a promessa de deixar a Seleção Brasileira após a Copa do Mundo do Catar, prevista para novembro e dezembro deste ano. Em entrevista na sexta-feira, deixou claro que vê a Copa 2022 como o fim de seu ciclo no escrete. É claro que ele sabe também que, se não pedir o boné, será convidado a sair.

Vitorioso na trajetória pelos clubes, Tite quer fechar sua passagem na Seleção com a conquista do Mundial. Um desafio e tanto, levando em conta o atual nível técnico do Brasil e as muitas dúvidas quanto às escolhas e ao modelo de jogo defendido pelo treinador.

Na Seleção desde 2016, quando substituiu Dunga e conduziu o Brasil à conquista da vaga para o Mundial de 2018, Tite frustrou expectativas com a pífia performance brasileira na Rússia. O estilo professoral e chato não ajuda a conquistar popularidade, mas os números são irretocáveis: 70 jogos com 51 vitórias, 14 empates e apenas cinco derrotas. 

(Coluna publicada na edição do Bola deste domingo, 26)

O passado é uma parada

Vendedor de rolete de cana, no Centro do Recife, Carnaval de 1957.

Foto: Marcel Gautherot/Acervo IMS.

Enquanto isso…

Charge de Kleber na edição deste sábado (26/2) do Correio Braziliense.

Ponte sobre o rio Meruú interliga o Baixo Tocantins ao Estado e beneficia indústria do açaí

A inauguração da ponte sobre o rio Meruú representa um marco da história da região do Baixo Tocantins. A festa de entrega, com a presença do governador Helder Barbalho, é plenamente justificada: localizada na rodovia PA-151, em Igarapé-Miri, a nova via integrará a região com a Grande Belém, beneficiando diretamente 12 municípios: Igarapé-Miri, Abaetetuba, Cametá, Mocajuba, Baião, Barcarena, Moju, Belém, Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Izabel.

A travessia de uma margem a outra do rio Meruú agora é feita em apenas 38 segundos pelos veículos. Antes, era necessário esperar até uma hora para atravessar o rio na balsa. A ponte, batizada de “Gerson Peres” em homenagem ao antigo político cametaense, tem importância fundamental para a produção e a economia e em benefício de toda a população que vive no Baixo Tocantins – que, segundo o último censo do IBGE, ultrapassa 740 mil habitantes.

Segundo o governador Helder Barbalho a entrega da ponte do Meruú envolve sonho, esperança, expectativa e muito tempo de espera de toda a população do Baixo Tocantins.

“Nada é mais importante do que cuidar da vida e das pessoas. Mas além disso, essa ponte vai ajudar muito na produção, geração de emprego e renda para o Baixo Tocantins. Essa região é sustentada pelo açaí, pela pesca, pelo dendê, cacau, pimenta do reino, mandioca, agricultura familiar. Aqui e acolá também pela pecuária. Não adianta da porteira para dentro o lote produzir, porque se você tem uma estrada ruim, o custo do transporte do produto diminui o lucro do produtor. Hoje, com essa ponte, diminuímos também o custo do frete e isso melhora o lucro do produtor, principalmente do agricultor familiar. A todos os agricultores, minha alegria aqui com vocês”, afirmou Helder em discurso na ponte.

Para o secretário de Estado de Transportes (Setran), Adler Silveira, a construção da ponte é uma conquista histórica, que incentiva as vocações econômicas da região, trazendo desenvolvimento para a população que vive no entorno. “Além da geração de emprego e de renda, a agricultura familiar vai ser também beneficiada, uma vez que o frete estará mais barato sem o pagamento da travessia da balsa. É o governo dando mais qualidade de vida para a população, que não vai mais precisar esperar nas filas. A ponte vai integrar as regiões do estado entre RMB com Baixo Tocantins”, disse.

Como a economia do Baixo Tocantins gira em torno da produção, beneficiamento e exportação do açaí, projetando Igarapé-Miri como o maior produtor de fruto do Brasil, a ponte significa um divisor de águas, literalmente. “Sem a ponte, a indústria enfrentava muitas dificuldades, já que trabalhamos com um produto perecível. A demora na travessia fazia aumentar o tempo de exposição do fruto à chuva e ao sol, prejudicando muito o produto final. Agora, teremos essa realidade melhorada. Já cheguei a pagar até R$ 2 mil por dia para atravessar nossos caminhões em tempo de safra, então esse valor acabava indo para o preço final do produto”, destaca Edison Irmão, coordenador de logística de uma empresa de beneficiamento de açaí localizada na cidade.

Ele explica ainda que a maioria dos fornecedores da empresa fica na margem oposta do rio Meruú, onde está localizada a fábrica, que processa em média 120 toneladas de açaí/dia. O fruto movimenta mais de R$ 3 bilhões na economia paraense. O Pará é o maior produtor de açaí do planeta, com cerca de 1,5 milhão de toneladas anuais.

Rock na madrugada – The Who, “Won’t Get Fooled Again”

A frase do dia

“Cada segundo gasto pela Globo para dramatizar a guerra na Ucrânia amplia a vergonha de se omitir diante de todos os massacres contra povos da África e do Oriente Médio – cometidos por quem a TV trata como vítima. A vida que importa para a mídia ocidental é só a branca e europeia”.

Tiago Barbosa, jornalista pós-graduado em História

Bastidores do rock

Lennon exibe orgulhoso sua camiseta Yoko Ono, em 1971, ao lado da própria.

Cenário de fortes emoções

POR GERSON NOGUEIRA

Para um campeonato disputado em ritmo tecnicamente modesto, nenhum jogo memorável e poucos destaques individuais, a rodada de amanhã (26) parece um ponto fora da curva com um cenário de fortes emoções quanto à definição de classificados e rebaixados. Somente PSC e Águia estão garantidos na próxima fase da competição. Os demais 10 clubes decidem posições no enfrentamento direto em campo – seis correm risco de degola.

Muito desse clima de insegurança vivido pelos times em busca de classificação foi provocado pela forma de disputa do Parazão. Por opção dos próprios clubes, criou-se um verdadeiro monstrengo, capaz de sacrificar clubes com maior pontuação, mas que deram o azar de estar em grupos mais equilibrados.

A forma de disputa parece simples: avançam ao mata-mata os dois melhores de cada grupo, além dos dois melhores terceiros das três chaves. Os dois times com as piores campanhas na classificação geral descem para a Segunda Divisão. O problema é que para classificar a definição é dentro do próprio grupo, o que abre espaço para disparates.

O Grupo A foi o primeiro a se definir, com o PSC disparando na frente e se garantindo por antecipação. Com 17 pontos e 81% de aproveitamento, assegurou a liderança geral da 1ª fase, fazendo jus à vantagem de decidir em casa as etapas seguintes. O Águia, de reação surpreendente nas últimas rodadas, também se classificou, com 11. Paragominas (6) e Amazônia (4), ameaçadíssimos de rebaixamento, complementam o grupo.

Os problemas do regulamento aparecem com clareza no Grupo C, onde o Caeté lidera com 13 pontos, mesma pontuação do Remo, 2º colocado. Em terceiro lugar, vem o Independente, com 11, seguido pelo Castanhal, com 10 pontos. No atual cenário, o Castanhal pode acabar eliminado com pontuação maior do que o primeiro colocado do Grupo B.

Tapajós e Tuna, ambos com 8 pontos, são os primeiros colocados do Grupo B. Bragantino (7) e Itupiranga (7), curiosamente, têm chances de classificação e de queda. É o grupo de desfecho mais imprevisível na rodada deste sábado. Todos estão no páreo.

O confronto Castanhal x PSC é um dos mais esperados, pois o Japiim precisa dos três pontos para se salvar, embora possa ficar de fora da próxima etapa mesmo que chegue aos 13 pontos. Para isso, basta que o Independente vença o Bragantino e que Caeté e Remo empatem na rodada.

Para essa partida, no Maximino Porpino, o PSC terá novamente um time mesclado, como ocorreu diante do Independente, na última quarta-feira. Com oito mudanças, o time de Márcio Fernandes manteve a regularidade, passando sem dificuldades e revelando uma nova opção para a lateral direita: Polegar, com arrancadas e dribles, foi o destaque da equipe.

O Castanhal precisa superar seu ponto fraco até agora: a irregularidade. Alternou vitórias e derrotas, sem conseguir consolidar um modelo de jogo, mesmo depois da chegada de Robson Melo e dos reforços Willian Fazendinha e Pecel.

VAR volta a influir em favor do Flamengo

A instituição VARmengo brilhou gloriosamente na quarta-feira. No clássico contra o Botafogo, o clube da Gávea foi novamente beneficiado pelo comportamento canhestro da arbitragem. Um pênalti acintoso em favor do Glorioso foi ignorado pelo árbitro de campo e pela cabine de vídeo. Uma falta criminosa sobre Chay também mereceu panos quentes por parte do soprador de apito e do VAR.

E, a bem da verdade, o Flamengo mereceu vencer até por um placar mais dilatado. Tanto na parte tática quanto no desempenho técnico, o time de Paulo Souza sobrou em campo e não precisava do apito amigo.

Leão inventa no meio e aposta em novo atacante

Os treinos que definiram o Remo para enfrentar o Águia, amanhã, no Baenão, indicam que o técnico Paulo Bonamigo será obrigado a improvisar no setor de meio-campo, visto que Felipe Gedoz e Erick Flores estão fora da partida. Anderson Uchoa, Pingo, Marco Antonio e Ronald devem ser escalados.

Apesar de ter utilizado Ronald em função dupla no Re-Pa, no meio e na ponta esquerda, Bonamigo passa do ponto ao projetar funções de criação ao único velocista do time. Seria mais lógico avançar Pingo para aproximação com a linha de ataque, deixando Uchoa e Marco Antonio (ou Paulinho Curuá) no meio.

Nessa hipótese, o ataque teria Bruno Alves, Brenner e Ronald. Opção tática mais ofensiva e condizente com a importância do jogo. O empate não é um resultado ruim, mas a vitória é fundamental na briga pela primeira posição no grupo e para tranquilizar o torcedor, ainda desconfiado com as possibilidades do time.

O desligamento de Welthon, única opção para substituir Brenner no ataque, chega em momento inadequado. Se o jogador não estava nos planos de Bonamigo, deveria ter sido liberado há mais tempo, permitindo a contratação de um outro centroavante.

Para compor o elenco, o Remo trouxe Raul, jovem atacante revelado pelo Cuiabá. É improvável que esteja em nível superior ao de Welthon, um atacante de força que teve poucas chances no Parazão. De qualquer maneira, a contratação de afogadilho acaba respaldando as críticas da torcida ao planejamento do clube para a temporada.

(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 25)