Vale tudo contra Lula (de novo)

Por Chico Alves, no UOL

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Ninguém é obrigado a gostar do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Eleitores da direita não o toleram por ser esquerdista. Alguns de esquerda torcem o nariz porque consideram que ele conciliou demais com a direita. Tem quem ache que Lula não é honesto, apesar de as condenações na Lava Jato terem sido anuladas porque o Supremo Tribunal Federal considerou desonesto o juiz que o condenou.

Leve-se em conta também os que avaliam como insuficiente seu desempenho nos dois mandatos como presidente. Outra parte tem ranço de Lula porque ele é corintiano. Seja lá qual for o motivo, é legítima a posição dos que não gostam do líder petista e não querem nunca mais vê-lo na Presidência. Assim como também é genuína a admiração demonstrada por muitos brasileiros que sonham em ter Lula como presidente outra vez.

Em lugares civilizados, há uma solução simples para essa divergência. Chama-se eleição. Funciona assim: vários políticos se candidatam e os brasileiros maiores de 16 anos escolhem no voto quem consideram ser o melhor. O mais votado torna-se presidente. Parece óbvio, mas essa fórmula singela de encaminhar a democracia representativa, que dá certo em todos os países livres, parece estar fora de moda no Brasil. Continua valendo para todos os candidatos, menos para Lula.

Basta que ele apareça à frente nas pesquisas de intenção de voto para que formas heterodoxas de ocupação do Palácio do Planalto brotem por aí. Em 2018, o petista foi arrancado da corrida eleitoral e mandado para a prisão por um juiz que o STF considerou depois como incompetente e parcial.

Lula está livre agora, mas a cadeira presidencial, como se sabe, é ocupada por alguém que provavelmente não estaria lá se ele concorresse. De volta à raia política, o ex-presidente lidera com folga as pesquisas de intenção de voto para 2022. A cada levantamento, a distância aumenta.

Diante disso, aqueles que não o querem novamente à frente do país alegam nefasta “polarização” para tentar um nome que represente uma “terceira via”. Experimentaram vários, mas até agora nenhum vingou. Sendo assim, chegamos à fase em que os adversários de Lula cogitam mais uma vez trilhar caminhos esquisitos para definir quem vai dirigir o Brasil.

A invencionice é um tal semipresidencialismo. Seu principal patrono é o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Pela proposta, o país passaria a ter um primeiro-ministro como governante de fato, enquanto o presidente resguardaria prerrogativas como o poder de sanção e veto, nomeação e exoneração de integrantes do governo e comando das Forças Armadas, entre outras.

Por Lira, a ideia se tornaria realidade já em 2022. O modelo esdrúxulo tornaria o governo ainda mais refém do Centrão. Com poder de influenciar na queda do primeiro-ministro, o grupo de políticos fisiológicos poderia cobrar uma fatia maior de benesses em troca da estabilidade. Setores que não querem ver Lula retomar o posto de presidente começam a considerar a ideia com carinho.

Assim, caso o petista vença a eleição, seria mais fácil limitar seu raio de ação. Para esses, não importa a mínima que em dois plebiscitos (em 1963 e 1993) a população brasileira tenha rejeitado o parlamentarismo e optado pelo presidencialismo. Não pelo semipresidencialismo. A vontade do povo é um mero detalhe.

Por isso, o ministro do Supremo Ricardo Lewandowski resumiu essa maracutaia em uma palavra pesada: golpe.

Depois que o sistema político descarrilou, com um impeachment questionável e a prisão de Lula, é preciso recolocá-lo nos trilhos. O método para conseguir isso não implica nenhuma complicação: basta seguir as regras. Se estas não forem obedecidas novamente, ficará claro de uma vez por todas que democracia por aqui é uma palavra desprovida de sentido.

O equilíbrio institucional é tênue e o cenário nacional desolador que assistimos nos últimos anos é uma boa amostra do que acontece quando as peças são movidas aleatoriamente. Tudo pode desmoronar. Não só os políticos, mas também outros setores da sociedade já deveriam ter aprendido a lição. A boa notícia é que há tempo de sobra para evitar que esse erro gigantesco se repita pela segunda vez. A grande questão é saber se querem acertar.

Remo emplaca 3 na seleção da 12ª rodada da Série B

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Remo e Guarani (SP) dominam a seleção eleita pelos torcedores em votação promovida pelo perfil oficial do Campeonato Brasileiro Série B no Twitter. A atuação do time contra a Ponte Preta garantiu a presença de Erick Flores e Felipe Gedoz na equipe escolhida pela galera.

O técnico Felipe Conceição também aparece na seleção. Gedoz ganhou destaque pelos dois gols marcados e pela artilharia do Remo na competição, 4 gols. É também o principal goleador do time na temporada, com 10 gols.

Remo muda e surpreende

POR GERSON NOGUEIRA

Ponte Preta-SP 1×2 Remo (Felipe Gedoz)

Foi a melhor partida do Remo no campeonato. Jogou com esmero nos passes, capricho nas finalizações (poucas e certeiras), disciplina tática, aproximação entre setores e excelente movimentação tanto defensiva quanto na frente. Parecia outro time em campo, se comparado ao treinado por Paulo Bonamigo. A evolução é evidente, não só pelo avanço na tabela.

De início, o Leão impressionou pela concentração, exercendo pressão na saída de bola da Ponte. Erick Flores e Felipe Gedoz vigiavam a troca de passes entre o goleiro e os zagueiros. Logo aos 9 minutos, Flores acertou o bote e passou para Gedoz abrir o placar.

A vantagem não fez o time recuar, pelo contrário. O Remo resolveu se apossar da bola e sair sempre na vertical, criando problemas permanentes para a defensiva da Ponte. Victor Andrade, Dioguinho e Lucas Siqueira acompanhavam de perto o falso centroavante Gedoz.  

Flores voltava para ajudar no primeiro combate ao lado de Uchoa, mas outros jogadores também se dispunham a participar da recomposição quando a bola estava com o adversário. Dioguinho, Andrade e os laterais Igor Fernandes e Tiago Ennes.

Lucas quase fez o segundo, mas foi atrapalhado pelo corte providencial de um zagueiro. A Ponte, sem alternativas de avanço planejado pelo meio, apelava para os cruzamentos. Tanto insistiu que, quase ao final do primeiro tempo, Fessin acertou um cabeceio no pé da trave de Vinícius.

A contínua movimentação e troca de posicionamento entre os remistas confundiam a Ponte. Só no 2º tempo Gilson Kleina conseguiu melhorar o encaixe do meio-campo, com a entrada dos rápidos Locatelli e Renatinho.

Mas, como não tinha meios de entrar na defesa paraense trocando passes ou infiltrando, restava aos zagueiros da Macaca o expediente de lançar bolas na diagonal, quase todas recuperadas pelos defensores do Remo.

Ponte Preta-SP 1×2 Remo (Dioguinho, Felipe Gedoz, Lucas Siqueira, Igor Fernandes e Victor Andrade)

Aos 22 minutos, Gedoz tomou a bola de Ednei na intermediária, fintou Ivan e bateu para o gol vazio fazendo 2 a 0. Dois gols construídos de forma inédita pelo Remo, com roubadas de bola que até então o time não havia conseguido fazer. Com o placar consolidado, Felipe teve um ligeiro acesso de Bonamigo e fez duas trocas de risco: substituiu Gedoz e Dioguinho por Wellington Silva e Renan Gorne, que nada acrescentaram.

Ainda haveria um terceiro gol, em cabeceio de Marcos Junior, que a arbitragem erradamente anulou – quinto erro contra os azulinos nesta Série B. Nos 15 minutos finais, o Remo recuou e permitiu um sufoco desnecessário. Aos 36’, Igor chegou atrasado para o desarme e derrubou Felipe Albuquerque. Pênalti. Dawan cobrou e descontou.

O Remo foi superior à Ponte nos dois tempos. Talvez nem mesmo os azulinos mais empedernidos imaginassem ser possível tamanha transmutação do time previsível de antes para o ágil e focado de agora, principalmente pelo ataque sem posições fixas.

Papão patina nos erros e escapa de nova derrota

A história do PSC na Série C 2021 registra uma estranha alergia a vitórias dentro da Curuzu. Quatro jogos, duas derrotas e dois empates. No sábado, diante do Altos-PI, a repetição de erros conhecidos quase terminou em nova derrota. O time piauiense, mesmo sem dominar a partida, foi objetivo e abriu o placar ainda no primeiro tempo.

Aos 33 minutos, na melhor manobra ofensiva do Altos na partida, o atacante Lucas Campos bateu da entrada da área, sem defesa para Victor Souza. O PSC dominava as ações, controlava a posse de bola, mas não criava nenhuma situação de perigo para o adversário.

O gol só aumentou a aflição (e os erros) do time. Aos 39’, Bruno Paulista se lesionou e as coisas só se agravaram porque o técnico optou por colocar Ruy em campo.

No intervalo, sem alternativas, Eutrópio lembrou enfim do até então enjeitado Danrlei e tirou Bruno Paulo. E foi dos pés do atacante baionense que viria a salvação da lavoura. Aos 20 minutos, Danrlei aproveitou rebote do goleiro e finalizou para as redes. 

Dois minutos depois, quase marcou o segundo. Driblou o goleiro Fábio, mas chutou para fora. O PSC parecia mais animado, pressionava, mas cadê inspiração? Por falta de criatividade, recorria aos cruzamentos de Marlon e Diego Matos, todos sem oferecer risco ao Altos.

Na reta final, Cesinha andou ameaçando em duas chegadas perigosas, mas ainda coube ao PSC a última chance. Aos 45’, Danrlei fez boa jogada e passou para Ruy. Com duas boas opções de jogada junto à área, o meia resolveu arriscar e o disparo saiu muito alto.  

O empate foi lamentado por Eutrópio com o discurso habitual, reclamando da maneira como os adversários vêm jogar em Belém – como se fosse uma obrigação de todos oferecer alternativas para o PSC aproveitar.

Três atacantes acabam de ser contratados. Será preciso arranjar formas de aproveitamento e inclusão deles na equipe. Ao mesmo tempo, Danrlei, com boa atuação contra o Altos, dificilmente terá chances com a chegada de Grampola, Rildo e Tiago Santos.

O Pará volta, enfim, à Primeira Divisão

A Esmac será a representante paraense no Campeonato Brasileiro Feminino Série A1. Habilitou-se a isso ao vencer por 2 a 1, de virada, ontem, o time do Real Ariquemes, no Baenão.

Bia Batista abriu o placar para o time visitante, mas Anne e Cássia, aos 43’ e 47’ do primeiro tempo conseguiram reverter o placar.

A Esmac, com todos os méritos, chega à elite nacional. O futebol feminino não tem apoio maior, dependendo do investimento de empresas e abnegação de entusiastas. Que esta volta à Série A seja bem sucedida. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 19)

Vamos assumir nossa burrice, que dói menos

Por André Forastieri

O brasileiro é burro. É uma média. Não quer dizer que todos os brasileiros são burros. Mas vamos assumir, como nação.

Hoje foi divulgado que o Brasil ficou em 75º lugar, em um ranking global do IDH (índice de desenvolvimento humano). Estamos quase na virada entre a primeira e a segunda metade dos 182 países avaliados pela ONU.

O coordenador do relatório desenvolvido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Flávio Comim, explica como nossa economia gigante está em 75º quando se trata da qualidade de vida de sua população.

Nossos principais problemas: saúde e educação. Que são interligados, claro. Temos uma altíssima taxa de mortalidade infantil.

Especialmente entre crianças filhas de mães sem nenhum acesso à educação – neste caso, as taxas de mortalidade infantil chegam a 119 por mil nascidos vivos.

“É um número maior do que os de muitos países africanos”, diz Flávio.

“Filho de mulher burra morre mais” – dava uma boa manchete do saudoso jornal Notícias Essa é uma das grandes explicações para morrermos tão cedo. A expectativa de vida é de 72 anos em média, dez anos menos que a japonesa.

E nossa educação? Somos o país 71 do ranking de 182. Está convencido de que somos burros?Eu estou e não tenho problema nenhum de reconhecer minha burrice. O tamanho da minha ignorância só é sobrepujado pela minha preguiça de minimizá-la. Tenho lá meus espasmos autodidatas.

Mas na prática me eduquei sobre alguns temas – um pouco de história e geografia, um pouco de economia, um teco de culinária, o arroz com feijão de história da arte, o beabá da tecnologia. M e escondi medrosamente de outros – ciência mesmo, física, química, biologia, botânica. Fiz como todo mundo, o que me foi mais fácil.

Por isso que um ano atrás, quando Tomás foi mudar de escola, decidi que a perfeita para ele seria uma que fosse muito boa de ciências e de esportes. Porque o resto eu estimulo ele a gostar. Como você vê, além de burro, sou preguiçoso.

A prova definitiva é que depois de um ano de pré-primário na Cigarrinha, sete anos na EEPG Barão do Rio Branco, mais quatro no Colégio Luiz de Queiroz (pago), sempre na gloriosa Piracicaba, e de conseguir entrar na USP duas vezes (jornalismo e história), sou o famoso “curso superior incompleto”.

Jornalismo, que fiz algum esforço para completar, abandonei porque era inútil e, principalmente, chato. História fui um dia e nunca mais voltei. Devo ser um raro caso de duplo jubilamento na USP, mas nunca me mandaram nenhuma cartinha…

Quando escrevo sobre escola e temas assim, sempre tem um ou outro cobrando “então, qual é a sua proposta?”. Não sou candidato a nada. Não tenho que ter proposta nenhuma. Mas tenho uma sugestão, que é ler Neil Gaiman, autor das seguintes palavras:

“I’ve been making a list of the things they don’t teach you at school.

They don’t teach you how to love somebody.

They don’t teach you how to be famous.

They don’t teach you how to be rich or how to be poor.

They don’t teach you how to walk away from someone you don’t love any longer.

They don’t teach you how to know what’s going on in someone else’s mind.

They don’t teach you what to say to someone who’s dying.

They don’t teach you anything worth knowing.”

Rock na madrugada – Oasis, “Don’t Look Back In Anger”

Timão campeão absoluto no Ibope

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Liderança indiscutível da Rádio Clube do Pará em todos os horários e segmentos. São 23 anos à frente da concorrência. A Clube é a favorita dos ouvintes e líder geral de audiência, segundo a pesquisa Kantar Ibope, divulgada nesta semana.

Empresas de ex-militares receberam R$ 610 milhões do Ministério da Defesa desde 2018

O Ministério da Defesa e órgãos subordinados gastaram R$ 610 milhões com empresas pertencentes a militares reformados ou da reserva entre 2018 e o primeiro semestre deste ano. 

Segundo o levantamento do Metrópoles, os gastos cresceram em todos os anos do governo Bolsonaro. Foram R$ 169 milhões em 2018, antes de Bolsonaro tomar posse, R$ 180 milhões em 2019 e R$ 183 milhões no ano passado. Em 2021, já foram pagos R$ 77 milhões. 

“A empresa pertencente a um militar que mais recebeu recursos no período analisado foi contemplada com R$ 66 milhões em contratos com o Fundo Aeronáutico. Ela pertence a um tenente-brigadeiro-do-ar reformado e tem sede no Rio de Janeiro (RJ). Os recursos dizem respeito a três contratos firmados com inexigibilidade de licitação para serviços técnicos especializados de manutenção para sistema integrado de torres de controle”, diz a reportagem do site.

“O segundo lugar é de uma empresa de Juiz de Fora (MG), que conta com um coronel da reserva no quadro social. Ela recebeu R$ 48 milhões em três anos e meio, dos quais R$ 47 milhões do Fundo do Exército e o restante do Comando do Exército. Ela também foi contratada com inexigibilidade de licitação para a prestação complementar de serviços médicos-hospitalares para beneficiários do Sistema de Atendimento Médico-hospitalar aos Militares do Exército, Pensionistas Militares e seus Dependentes (Sammed)”, prossegue.

O levantamento não leva em conta fundações privadas. Caso elas fossem incluídas, o total repassado a ex-militares subiria para R$ 886 milhões nos últimos três anos e meio.

“Quando o militar passa para a reserva, existem restrições, mas menores do que quando ele está na ativa. Ele pode aparecer como administrador da empresa, mas ele não pode, em tese, fazer uso das facilidades que o fato de ter sido militar traz para contratar com Exército, Aeronáutica ou Marinha”, explica o advogado especialista em direito constitucional Acácio Miranda. (Do Brasil247)

A frase do dia

“O presidente da destruição, o presidente do osso e da fome, o presidente do desmatamento, o presidente q negou a vacina e deixou os milicos no rolo, o presidente que vai ter alta hoje depois de fazer da doença um espetáculo… E o Brasil, quando terá alta dessa peste, meu Deus?”.

Xico Sá, jornalista e escritor