Jovem da periferia, filha de empregada doméstica, Rebeca conquista a prata em Tóquio

Rebeca Andrade

Dona da primeira medalha olímpica da ginástica brasileira, Rebeca Andrade, 22 anos, veio de uma família humilde de Guarulhos (SP). Dificuldades financeiras, distância dos familiares e três cirurgias no joelho fizeram a esportista pensar em desistir da carreira. A superação ficou acima das incertezas e a jovem negra da periferia ganhou o mundo nas Olimpíadas de Tóquio.

Por incentivo de uma tia, Rebeca entrou na ginástica aos quatro anos de idade, em um projeto da Secretaria de Esportes de Guarulhos, no ginásio Bonifácio Cardoso, na Vila Tijuco. O irmão mais velho a levava. Mas Dona Rosa não conseguia garantir que Rebeca fosse aos treinos e, por consequência, a técnica Keli Kitaura propôs à família ficar com a menina em casa nos fins de semana, para não desperdiçar o potencial da jovem.

Aos 9 anos, Rebeca recebeu outro convite da treinadora, o de deixar de vez o lar de sua família para acompanhá-la em Curitiba (PR), um importante centro da ginástica artística brasileira.

“Era muito difícil. Minha mãe não tinha dinheiro e eu faltava mais aos treinos do que ia”, contou Rebeca ao Globo Esporte quando era uma ginasta juvenil. “Ela ficava cansada de ir a pé e voltar do trabalho quando me dava o dinheiro para a passagem. Meu irmão então comprou uma bicicleta e me levava, mas às vezes ela quebrava. Ela pedia dinheiro emprestado para que não faltasse comida. E como não sobrava, não podíamos comprar outras coisas. Roupa eu ganhava das pessoas que me conheciam e doavam”, acrescentou. 

A jovem ligava chorando para a mãe pedindo para voltar para casa, pois não conseguia fazer os difíceis movimentos que os técnicos pediam. Depois foi contratada pelo Flamengo e se mudou para o Rio de Janeiro junto com Keli.

A esportista conseguiu disputar a Rio 2016, mas não tentou vaga na final do salto. Acabou o torneio na nona posição. A atleta foi tentar a vaga olímpica de Tóquio no Campeonato Pan-Americano de Ginástica Artística no Rio. Foi campeã do individual geral e garantiu a vaga nos Jogos Olímpicos do Japão.

A frase do dia

“Bolsonaro é o fracassado mais bem-sucedido da História. Um monte de nada sem valor e sem conquistas, carregado ao posto mais alto da República pela sorte, falsidades e burrice. Teve uma carreira abaixo de medíocre como militar, depois 30 anos na política sem fazer nada de útil”.

Tiago Moreira, contador de histórias

Lula lidera corrida eleitoral em todos os cenários, diz nova pesquisa

O ex-presidente Lula lidera a corrida eleitoral para 2022 em todos os cenários em que ele disputa. É o que aponta o instituto Paraná Pesquisa, em levantamento divulgado hoje (29).

O Instituto, inclusive, colocou Datena como um potencial candidato e o apresentador de TV apareceu à frente de Ciro Gomes e de João Dória.

Foram feitos três cenários, um com nomes como Rodrigo Pacheco e Simone Tebet. Outro apenas com Mandetta no lugar deles e um com Eduardo Leite no lugar de Dória. Em todos, ele é líder das intenções de votos.

Além disso, o Paraná Pesquisas também fez mais um cenário, apenas com o ex-presidente, Bolsonaro e Datena e, novamente, o petista lidera.

(Do Diário do Centro do Mundo)

Perigo de gol

Por Bárbara Dias

Na Copa do Mundo na Argentina, em 1978, o Brasil enfrentava a Suécia. O jogo estava empatado em 1 a 1, quando houve escanteio a favor do Brasil. Zico subiu de cabeça e marcou o que seria o gol da vitória brasileira, no entanto, com a bola ainda suspensa no ar, o árbitro Clive Thomas apitou o fim do jogo antes de a bola entrar na rede. Para além do futebol, o “perigo de gol!” virou expressão popular para nos lembrar das tentativas de manipulação de resultado durante um processo ou jogo no qual haja parcialidade explícita de juízes ou instituições.

Na política, o “perigo de gol!” é usado recorrentemente. No ano de 1958, na França, por exemplo. Em plena guerra de independência da Argélia, alguns generais contrários à descolonização pressionaram o general Charles de Gaulle a assumir novamente o governo francês, com a incumbência de “resolver” a questão argelina e pôr ordem na República (havia “perigo de gol!”).

A volta do general De Gaulle foi efetivada via referendo, em 22 de setembro de 1958, e aprovada também a Constituição (redigida pelo próprio) 12 dias depois, instaurando a atual Quinta República francesa e seu sistema semipresidencialista. Em reação, vários intelectuais franceses denunciaram o “Golpe Legal de Estado” (coup d’État legal) de De Gaulle sobre a República francesa, de tradição parlamentarista.

Entre eles, o famoso Jean-Paul Sartre denunciou que De Gaulle foi conduzido ao poder pelos coronéis de Argel. Esta “Constituição do desprezo”, escreveu o filósofo, “nada mais é que o resultado de um compromisso entre as forças que levaram a tortura ao poder, apoiada pelos senhores feudais de Argel e o grande capital financeiro parisiense. E a aprovação do sistema semipresidencialista representa a articulação entre esses interesses. (…) É preciso consolidar o general de Gaulle como o campo de batalha deles e a Constituição como o lugar geométrico de suas contradições. De resto, eles concordam num ponto: amordaçar o povo” (1).

Melhor mudar previamente a regra do jogo, enquanto o juiz está do nosso lado, de que perder o jogo e ser eliminado! “Perigo de gol!”

Parece que esta estratégia institucional, da direita e da extrema-direita francesas articuladas com seus generais, foi imitada no Brasil. Até as tecnologias de tortura do general Massu, na Argélia, foram aplicadas com determinação, conhecimento e competência pelos nossos generais a partir de 1964.

Contudo, antes, era preciso levantar um “perigo de gol!” face à possível posse do presidente João Goulart, ao aumento das participações políticas popular e sindical e à estratégia de “conciliação nacional”.

Em 1961, com a renúncia de Jânio Quadros, o sistema de governo parlamentarista (o equivalente à proposta atual de PEC do “semipresidencialismo”) foi instituído para limitar os poderes de João Goulart.

Dois anos depois, em consulta popular, a maioria se manifestou pela volta do presidencialismo. Maioria esta que voltou a se manifestar, em 1993, novamente a favor do presidencialismo (com 69,2%), em plebiscito previsto na Constituição de 1988.

Depois da frustrada tentativa de limitação da participação popular por medidas de legalidade duvidosa, medidas mais radicais – com a derrubada de João Goulart por uma junta militar em 1º de abril de 1964 – foram utilizadas (“perigo de gol!”).

Mais recentemente, o ex-presidente Temer (principal “artilheiro” do (gol)pe parlamentar que permitiu a ascensão e o retorno dos “coronéis de Argel”) junto com o ministro Gilmar Mendes (ministro do STF pode legislar assim?) escreveram uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) conjunta para implementar o “semipresidencialismo” como solução para a crise política criada pelo governo (que ajudaram a instaurar).

Diversos cientistas políticos (2) afirmam que a proposta de alteração para o semipresidencialismo não teria o condão de gerar mais estabilidade na relação entre os poderes Executivo e Legislativo, bem como não implicaria mais responsividade e responsabilidade do chefe do Poder Executivo, que ficaria encarregado da escolha do primeiro-ministro (ele já indica o líder do governo na Câmara e no Senado). Se a preocupação é com o trauma de rupturas institucionais causados pelo impeachment, o que garante que os traumas não permaneceriam com a queda dos primeiros-ministros?

Vale lembrar que a alteração do regime de governo estava prevista na Constituição de 1988, com um ritual específico de participação popular. Promover esta mudança sem observância das regras constitucionais, sem participação popular, nas vésperas de ano eleitoral, me lembrou a partida entre Brasil e Suécia. E é assim toda vez que coronéis, ruralistas e grandes capitalistas chamam os juízes e o campo jurídico à sua responsabilidade: “Perigo de gol! Perigo de gol!”.

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Notas

(1) Ver Sartre, Jean-Paul. “A Constituição do desprezo”. L’Express. Paris, n. 378, 11 de setembro de 1958.

(2) Ouvir, em especial, o podcast com participação de Humberto Dantas.
https://revistapb.com.br/artigos/perigo-de-gol/

O tamanho do desespero

Ao confiar a poderosa Casa Civil a Ciro Nogueira, Jair Bolsonaro “mostra o tamanho de seu desespero”, diz o Estadão, em editorial.

“Impopular, sem partido e com uma base fiel muito precária, Bolsonaro está à mercê de forças que não tem a menor condição de controlar e que, por sua vez, sabem muito bem o que almejam: cargos, verbas e poder. Por ora, é o que Bolsonaro pode lhes proporcionar, mas nem isso lhe garante fidelidade ou, principalmente, apoio para a reeleição. Afinal, o Centrão, depois de parasitar os recursos estatais a que terá acesso, não hesitará em deixar o presidente no sereno se este não representar uma real perspectiva de poder.”

O tamanho do desespero de Bolsonaro

(Transcrito de O Antagonista)

Havia um pênalti no caminho

POR GERSON NOGUEIRA

Avaí venceu o Remo no estádio da Ressacada

Ainda não foi desta vez que o Remo conseguiu se reabilitar no Brasileiro da Série C. Depois da derrota para o Londrina, na sexta-feira, o time voltou a perder ontem, desta vez para o Avaí, em Florianópolis. Acabou vitimado por outra decisão polêmica da arbitragem, que viu pênalti em chute que bateu na mão do lateral Igor Fernandes, a 15 minutos do final.

É verdade que, ao longo do primeiro tempo, o Remo foi pouco produtivo nas ações de ataque. Pressionado em seu próprio campo pela marcação adiantada imposta pelo Avaí, encontrou muitas dificuldades para criar alternativas para ameaçar a defesa adversária.

Apesar do controle do jogo, o Avaí não criou chances claras de gol. Rondou a área do Remo, atacando com até seis jogadores, mas errava nas finalizações e esbarrava nas defesas de Vinícius. As melhores tentativas saíram dos pés de Valdívia.

O meio-campo remista, sobrecarregado pela marcação, tornou-se mais reativo do que preocupado com a transição. Por essa razão, Felipe Gedoz e Victor Andrade praticamente não receberam bolas em condições de finalização. Isolado na direita, Mateus Oliveira teve estreia apagada.

A melhor chegada remista ocorreu aos 23 minutos, quando Victor Andrade cabeceou para fora depois de cruzamento de Gedoz. Em seguida, o lateral João Lucas, que atuou quase como um ponta, bateu de fora da área para grande defesa de Vinícius.

Avaí venceu o Remo na Ressacada

O segundo tempo mostrou de cara um Remo bem mais organizado nas ações ofensivas. Os laterais conseguiram passar da linha de meio-campo e Gedoz se movimentava com desenvoltura, apesar de bem marcado. Logo aos 4 minutos, o próprio Gedoz invadiu a área e bateu rasteiro para boa defesa do goleiro Glédson.

Apesar de mais retraído, o Avaí também insistia com Valdívia, sempre acompanhando Renato e Vinícius Leite. O meia aproveitou uma chegada forte de Copete pela direita e chutou forte, mas Vinícius evitou o gol.

Aos 33’, veio o lance fatídico. O lateral Iury arriscou um cruzamento e a bola resvalou na mão de Igor Fernandes, que tinha o braço colado ao corpo. O árbitro marcou pênalti, que Junior Dutra converteu. Até aquele momento o Remo estava melhor na partida. A penalidade vem se juntar a outros seis lances que prejudicaram o time nesta Série B.  

Depois do gol, o cenário mudou por completo. Satisfeito com a vantagem, o Avaí se limitava a administrar o jogo, enquanto Felipe Conceição buscava reagir com mudanças que não acrescentaram nada ao rendimento do time. Wallace, Wellington Silva e Renan Gorne mal participaram das tentativas de reação. Lucas Tocantins não foi acionado.

Boa parte dos problemas enfrentados pelo Remo na fase inicial do jogo pode ser atribuída à incapacidade de sair do cerco armado pelo Avaí. Agravou o quadro a presença do estreante Mateus Oliveira, pouco entrosado com os companheiros. Como em Londrina, Victor Andrade saiu cedo demais e Tocantins custou a entrar.

Medalhas tiram do limbo os enjeitados surfe e skate

É mais comum e previsível do que a chuva nas tardes de Belém. Sempre que chega uma Olimpíada acontece de um atleta saído das periferias brasileiras obter destaque e, passo seguinte, seu esporte passa a ser reverenciado como nunca antes. Surfe e skate viraram, de repente, objeto de culto e adoração no Brasil.

Como se fosse possível apagar o histórico de desdém e preconceito em relação a esportes, até hoje estigmatizados por muita gente como “coisa de maconheiro e marginal”. Já cansei de ouvir isso. Recentemente, na gestão tucana em Belém, a Guarda Municipal escorraçou da praça do CAN garotos que brincavam de skate por ali.

A maranhense Rayssa Leal, conhecida como Fadinha, comoveu o país ao conquistar a medalha de prata no skate, esporte que estreia em Olimpíadas. Aos 13 anos, a menina magrinha e ágil fez acrobacias infernais, levantando a medalha. Ganhou fama instantânea e a honrosa condição de medalhista brasileira mais jovem em todos os tempos.

Sua vitória pode tirar o skate do gueto em que sempre esteve. É a chance de fazer com que a modalidade ganhe respeito e visibilidade, inspirando crianças e jovens a entenderem que o esporte não é coisa de bandido.

Belém não tem uma pista adequada para skate. O Skate Park, inaugurado por Edmilson Rodrigues em sua primeira gestão, foi extinto na reforma cara e demorada da avenida, levada a cabo por Duciomar Costa anos depois.

As pistas disponíveis (no conjunto Marex, na Sacramenta, Mosqueiro e Icoaraci) não atendem às necessidades do esporte, até porque foram construídas sem nenhuma participação dos atletas da modalidade.

Como reflexo da conquista de Rayssa, a Prefeitura de Belém promete fazer um levantamento técnico que permita implantar melhorias nas pistas já existentes. Há também a ideia de criar uma nova pista na capital, que contemple as necessidades de quem precisa praticar skate em segurança.

Já o surfe, cuja prática no Pará limita-se a um grupo reduzido de adeptos, conquistou a glória máxima com a vitória de Ítalo Ferreira nas águas japonesas. Foi a primeira medalha de ouro do Brasil na Olimpíada e logo na estreia do esporte na competição.

Como Rayssa, o potiguar Ítalo vem dos rincões do Nordeste e precisou lutar muito para alcançar o nível de competitividade que a modalidade exige em termos mundiais. Superou até mesmo a descrença geral quanto ao sucesso no Japão, visto que o favorito era Gabriel Medina. 

Talvez agora, através dele e de Rayssa, esses esportes tão pouco badalados ganhem a projeção merecida. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 29)

Missão: resgatar pontos

POR GERSON NOGUEIRA

Arthur mira um espaço no time titular do Remo — Foto: Samara Miranda

O Remo encara o Avaí, hoje à noite, na Ressacada, tentando a todo custo recuperar a cruzada vitoriosa iniciada contra o Brusque e que tirou o time da lanterna da competição. A oportunidade é preciosa, pois a partida é atrasada da 5ª rodada, o que vai permitir aos azulinos – em caso de vitória – recuperar a 11ª posição.

A última apresentação semeou dúvidas e incertezas. O time reviveu contra o Londrina os piores momentos do começo da competição, quando não conseguia acertar passos e nem propor ataques. Nenhum de seus principais esteve bem, a começar por Victor Andrade e Felipe Gedoz.

Como não soube jogar ofensivamente, o time sofreu bastante com os ataques do Londrina. Só no primeiro tempo foram oito finalizações do adversário contra apenas duas dos azulinos. O bombardeio resultou em gol já na reta final do jogo, quando o Remo estava ainda mais exposto.

A performance acendeu alertas na comissão técnica azulina. Escolhas que vinham sendo muito frequentes nas substituições tendem a ser repensadas. Wallace, primeira opção para o ataque, teve atuação fraca, assim como Renan Gorne, outro que costuma entrar no segundo tempo.

A possibilidade de mudanças afeta também os titulares. Dioguinho, Erick Flores e Marcos Jr., que iniciaram a partida no Estádio do Café, estiveram muito abaixo da média de atuações, o que explica a fraca produção do meio-campo e as falhas na transição ofensiva.

A chegada de Mateus Oliveira pode garantir mais qualidade ao setor de meia-cancha. O meia-atacante treinou com os companheiros e pode ser aproveitado no decorrer da partida de hoje. Outro que pede passagem é Lucas Tocantins, já recuperado e que atuou bem mesmo por poucos minutos na sexta-feira. Tem chance de entrar jogando.

Contra o Avaí, 7º colocado com 22 pontos, o Remo tentará voltar à 11ª posição, onde estava até a penúltima rodada. O adversário faz campanha consistente, com rendimento satisfatório dentro e fora de casa. Promessa de um duelo duríssimo, que vai exigir dos azulinos bem mais do que o jogo em Londrina exigiu.

Aposta de risco para salvar projeto do acesso

Após nove rodadas nas mãos de um técnico de ideias confusas e escolhas atrapalhadas, o PSC foi buscar Roberto Fonseca para tentar salvar o projeto prioritário do clube na temporada: o acesso à Série B. Os atropelos durante o primeiro turno da Série C determinaram a troca de técnico. No empate contra o Manaus, domingo, ficaram escancarados os principais problemas do time, incapaz de se impor e com claras fragilidades defensivas.

Roberto Fonseca chega para ficar até o fim do campeonato, até porque as normas do Campeonato Brasileiro limitam a duas as contratações de técnicos na temporada. Caso seja dispensado, o time terá que ser dirigido pelo auxiliar técnico.

Mesmo com campanha pouco confiável, o PSC é o melhor visitante do Grupo A, com três vitórias e dois empates, acumulando 13 pontos. O problema é que não venceu ainda como mandante. Foram quatro jogos, com duas derrotas e dois empates dentro de casa.

Apesar do nível técnico raso da Série C, o PSC não se sobressai no grupo. Liderou por três rodadas, mas caiu de rendimento e agora ocupa a quinta colocação. Para alcançar a pontuação que garante classificação à fase dos quadrangulares, será necessário somar pelo menos 16 pontos no returno da etapa classificatória.

Fazer o time reagir com as peças atuais do elenco será o desafio maior de Fonseca, um técnico cuja grande façanha foi a conquista da Copa do Nordeste 2018 com o Sampaio Corrêa. No Londrina, onde havia ido bem anteriormente, não teve êxito nesta Série B e acabou demitido. (Foto: Samara Miranda/Ascom Remo)

Defensores da volta de torcidas desafiam o perigo

A Prefeitura de Belo Horizonte deu o primeiro passo para endossar a agenda nacional de aprovação da volta das torcidas aos estádios. Sob a orientação da CBF, os clubes começam a pressionar federações e gestores municipais para tentar apressar a reabertura de bilheterias nas competições nacionais.

Os clubes estão sufocados, com contas para pagar e quase sem perspectivas de receita, principalmente os das Série C e D. Ocorre que as leis do bom senso e da ciência impõem cuidados redobrados e respeito aos protocolos de combate à pandemia, que está longe de ser controlada.

Corte rápido para o cenário atual da covid-19 no Brasil: a média móvel de mortes diárias está em 1.094, uma queda de 8,2% em relação aos últimos sete dias. Já a média móvel de casos está em 47.091, alta de 23,2% no mesmo período. Foram registradas 1.333 mortes nas últimas 24 horas. Em resumo: os riscos permanecem.

Até onde a doença já parecia controlada, como os Estados Unidos, o Centro de Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês), órgão responsável pelo combate à pandemia, recomendou ontem que mesmo pessoas já vacinadas voltem a usar máscaras em ambientes fechados. Nos EUA, 48,8% da população já está imunizada.

Efeito direto da propagação da variante delta, mais contagiosa e que infecta até quem já tomou duas doses da vacina. A preocupação é com a variante delta, que é mais contagiosa, e tem infectado aqueles que já receberam duas doses de vacina, de acordo com relatórios de saúde.

O Japão, sede da Olimpíada, registrou ontem o maior número de casos de covid desde o início da pandemia. Diante de números alarmantes, soa quase como escárnio que no Brasil – país que está com vacinação atrasada e capenga – surja a proposta de volta das torcidas ao futebol. Prova de que os anormais seguem perigosamente à solta. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 28)

A arte do olhar

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Nova York, templo do jazz, anos 50.

Foto: Esther Bubley