Hydro investirá R$ 1,1 bilhão em projeto de gás natural

A Hydro anunciou investimento de R$ 1,1 bilhão para a substituição de óleo combustível da sua refinaria Alunorte. Trata-se de um projeto-chave para a estratégia climática da Hydro e o compromisso global da companhia de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 30% até 2030.

Com a substituição do óleo combustível pesado por gás natural, as emissões anuais de CO2 da refinaria serão reduzidas em 600.000 toneladas. O gás natural será fornecido de um terminal de regaseificação de gás natural liquefeito (GNL), que estará localizado próximo à planta, em Barcarena (PA).

O uso do gás natural permitirá não apenas operações mais sustentáveis para a Hydro. O projeto também está em linha com o compromisso da companhia com o Governo do Pará de apoiar o uso desta energia na região, incluindo o acesso a outros consumidores regionais.

“Este projeto é um marco em nossa estratégia de sustentabilidade e uma importante demonstração do nosso compromisso de apoiar o desenvolvimento local no Pará. Com base nesta decisão, vamos preparar a Alunorte para a substituir o combustível, investindo mais na refinaria e gerando empregos na região”, afirma John Thuestad, vice-presidente executivo de Bauxita & Alumina da Hydro.

A troca de combustível da Alunorte será o principal capacitador para que a Hydro cumpra a sua estratégia de redução de 30% das emissões de gases de efeito estufa em toda a cadeia de valor do alumínio até 2030.

O projeto ainda depende da decisão final de investimento, prevista para o fim de 2021. Recentemente, a Hydro e a New Fortress Energy assinaram um Memorando de Entendimento para o fornecimento de GNL à Alunorte, com a primeira entrega prevista para 2022.

A arte do olhar

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Café Terrace. Paris, 1928.

Foto: André Kertész

Rock na madrugada – The Traveling Wilburys, “Handle With Care”

Discretos sinais de evolução

POR GERSON NOGUEIRA

Denilson fez, de cabeça, o segundo do Papão

Com mais objetividade e bom aproveitamento na definição de jogadas, o PSC venceu o clássico com a Tuna no sábado à tarde, na Curuzu, por um placar (2 a 0) que é mais folgado do que a partida realmente foi. Quase um amistoso, por conta da classificação antecipada dos times, o jogo começou aberto, com os tunantes mais presentes no ataque.

O técnico Robson Melo escalou a Tuna ofensivamente, propondo ações pelos lados com Pedrinho, Léo Rosa e Jayme, tendo Paulo Rangel centralizado e Lukinha ainda pela direita. Deu certo, em termos de pressão, nos primeiros 20 minutos. Com muita correria, o time fazia investidas em direção à área alviceleste, mas sem criar nenhum lance mais agudo.

A Tuna chegava, mas não finalizava. Cercava, mas não invadia. Lukinha e Jaime, seus melhores chutadores, evitavam arriscar de fora da área. O centroavante Paulo Rangel, pouco acionado, via-se obrigado a sair da área em busca da bola.

Com Jhonnatan mais avançado, o PSC saiu do imobilismo e passou a atacar também. O problema é que caía no repertório manjado de sempre: bolas altas na área em busca de Igor Goularte e Nicolas. Não funcionava porque a zaga lusa tem os dois zagueiros mais altos do campeonato: Dedé e Felipe.

No meio-campo, Ruy voltou à equipe, com os problemas de sempre. Aparecia pouco e evitava jogadas de risco. Dá a impressão de pisar em ovos, fugindo a qualquer possibilidade de erro.

Com a ausência de um meia criativo quem mais sofre consequências é Nicolas. Ele só apareceu em campo aos 26 minutos. Recebeu rebote junto à grande área e chutou, mas a bola saiu prensada e distante do gol.

Paysandu e Tuna cumpriram compromisso adiado na 5ª rodada

Com erros se repetindo de lado a lado, uma jogada de linha de fundo permitiu a abertura do placar. Israel avançou pela direita e cruzou rasteiro. Felipe rebateu para a entrada da área, onde Jhonnatan, livre de marcação, arrematou em direção ao gol. Bola no barbante aos 36 minutos.

A Tuna quase chegou ao empate dois minutos depois. Dedé escorou cruzamento de Léo Rosa, mas a bola foi desviada pelo atacante Jayme quando ia em direção ao canto direito do gol bicolor.

Na etapa final, as equipes continuaram com as mesmas estratégias. A Tuna manteve presença no campo adversário e, aos 6 minutos, quase chegou lá. Léo Rosa cobrou falta e Paulo Rangel se antecipou à zaga, testando com perigo. Três minutos depois, Israel foi à linha de fundo pela esquerda e cruzou para Denilson, desmarcado, cabecear e fazer 2 a 0.

A partir daí, a Tuna trocou peças, mas não encontrou a liga necessária para tornar realidade a intenção demonstrada. O jogo ficou sob controle do PSC, que mudou muito também, mas passou a administrar tocando a bola sem pressa. Ainda teve boa chance, com Ari Moura (que entrou no 2º tempo).  

Paulo Rangel ainda ameaçou, aos 31’ e 46’, mas o placar não se alterou. A evolução esperada ainda não é plenamente visível no Papão, mas o time melhorou em relação aos jogos anteriores. Além disso, garantiu seu nono ponto em três rodadas, sem sofrer gols. É um avanço. (Fotos: John Wesley/Ascom PSC)

Sai amanhã a primeira parcial do Troféu Camisa 13

O Troféu Camisa 13, maior e mais popular premiação do esporte paraense, movimenta os bastidores do futebol regional com a expectativa do anúncio dos mais votados pelo torcedor. A primeira parcial do certame será anunciada amanhã, 27, às 6h30, no programa Camisa13/RBATV.

Adequando-se às normas sanitárias preventivas à pandemia, o TC13 deste ano é totalmente on-line, facilitando o acesso do torcedor-técnico, que também é premiado pela participação. Para escolher sua seleção do Parazão, o torcedor deve acessar @trofeucamisa13.com.br.

Árbitro sofre ameaças e Carajás expõe insatisfação

Passou meio em brancas nuvens o episódio grave envolvendo arbitragem no Parazão. Na quinta-feira (22), no empate em 1 a 1 entre Carajás e Paragominas, em Outeiro, o árbitro Herik Danilo Ferreira foi hostilizado por jogadores e comissão técnica do time mandante.

Na súmula, Herik relatou que passou maus bocados após apitar o término da partida. Alguns jogadores do Carajás reclamaram acintosamente de marcações da arbitragem. A maior bronca era em relação aos sete minutos de acréscimos. O empate do Paragominas aconteceu aos 51 minutos.

O árbitro justificou o tempo de acréscimo pela parada médica, várias substituições e atendimento de atletas lesionados em campo. Descontrolado, o técnico Pedro Henrique avançou em direção a Herik e precisou ser contido pelos jogadores e pelo policiamento.

Nos vestiários, o clima continuou tenso. Socos eram dados na porta, com ameaças de “vamos pegar vocês aqui fora, seus ladrões”. As ameaças e ofensas prosseguiram quando o trio de arbitragem deixava o estádio. O Carajás tem 5 pontos no grupo B e corre risco de rebaixamento.

A Federação Paraense de Futebol tem o dever de tomar providências em relação a isso. Árbitros não podem ser intimidados e pressionados. É fundamental que tenham segurança e garantia para trabalhar.

Da parte do Carajás, o incidente coroa um processo de revolta crescente com as arbitragens, situação que inclui o lance que definiu a partida com o PSC na terceira rodada. O clube alega que a bola teria saído pelo fundo, mas o escanteio foi marcado e resultou no segundo gol bicolor.

Lindomar de Jesus, presidente do clube, que chegou a anunciar desistência da competição, e depois recuou, faz críticas pesadas à FPF. Reclama de perseguição e diz que o auxiliar de arbitragem no jogo com o Paragominas seria também vigia na sede da entidade. Entende que funcionário da federação não pode integrar equipe de arbitragem. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 26)

Bastidores do rock

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David ‘Starman’ Bowie em frente à nave construída por Niemeyer, em 1997.

A frase do dia

“O material obtido pelo @TheInterceptBr indica que Bolsonaro pode ter mantido contato com os milicianos que ajudaram a manter o chefe do escritório do crime escondido. Talvez isso explique pq Heleno fez ameaças à nação quando se cogitou apreender o celular do presidente”.

Natália Bonavides, deputada federal (PT-RN)

O Escritório do Crime no coração do poder

Por Jeferson Miola, em seu blog

Jeferson Miola: O Escritório do Crime no coração do poder

Reportagem do Intercept sobre contatos mantidos por comparsas de Adriano da Nóbrega com o presidente Bolsonaro após a execução do miliciano no interior da Bahia é uma revelação bombástica.

Apesar disso, nenhum jornal ou TV da mídia dominante noticiou.

A morte do miliciano Adriano da Nóbrega em 3 de fevereiro de 2020 foi uma queima de arquivo.

Ele foi morto num confronto com a Polícia Militar da Bahia, que o cercara com 70 policiais e poderia, perfeitamente, tê-lo rendido e capturado com vida. Mas aquela operação estava predestinada a executá-lo.

Em 12 de fevereiro de 2020, apenas 3 dias após a execução do Adriano, o então ministro da Justiça Sérgio Moro reconheceu que “A pessoa [Adriano] foi assassinada”.

O professor e pesquisador José Cláudio Souza Alves, autor de estudos sobre as origens das milícias e dos grupos de extermínio, afirmou que “Não há plausibilidade na situação descrita pela polícia de que ele teria reagido, se ferido e acabado morto. Na minha visão, é uma operação suspeita”.

Para o professor da UFRRJ, “Como o fator surpresa estava nas mãos dos investigadores, se o objetivo fosse prendê-lo, os policiais poderiam eleger o momento ideal para isso e fazer um cerco”. Ele suspeita, enfim, de queima de arquivo: “Por isso a suspeita de que a morte de Adriano é um desfecho deliberado, que a operação foi feita com essa intenção” [aqui].

Até certa etapa da vida, Adriano foi útil e funcional ao clã dos Bolsonaro. Inclusive recebeu medalhas, homenagens e honrarias parlamentares do Flávio e do Jair, e garantiu emprego para a mãe e esposa no gabinete do Flávio na ALERJ.

Enquanto Fabrício Queiroz atuava como uma espécie de capataz, arrecadador e gerente-geral dos Bolsonaro, Adriano se desempenhava no braço “operacional”, de “geração de renda” e de lavagem de dinheiro do Escritório do Crime, milícia especializada em achacar comunidades do Rio no fornecimento de serviços de gás, internet, luz e em assassinatos de aluguel.

Adriano repassava dinheiro a Queiroz – leia-se, ao esquema do clã dos Bolsonaro. O MP/RJ rastreou pelo menos R$ 400 mil depositados por ele nas contas do Queiroz.

A participação do Adriano na concepção, preparação e execução do assassinato da Marielle Franco teria tido chances de ser elucidada, caso ele fosse capturado com vida.

O fato concreto é que Ronnie Lessa, assassino de Marielle – e, por coincidência, vizinho de poucos metros de distância de Carlos e Jair Bolsonaro no condomínio Vivendas da Barra – trabalhava como matador do Escritório do Crime.

Com a descoberta dos esquemas de corrupção e organização criminosa do Flávio na ALERJ, Adriano – na época já foragido da polícia – passou a ser um incômodo para os Bolsonaro.

É intrigante que em dezembro de 2019 o então ministro Moro tenha excluído Adriano da lista de procura internacional da Interpol.

Terá sido uma arapuca a serviço dos Bolsonaro para enganar o miliciano, levá-lo a relaxar as precauções na fuga para ser morto?

Por uma destas frequentes coincidências que envolvem os Bolsonaro, no domingo da execução do Adriano, que coincidentemente ocorreu no sítio de um vereador do PSL, Eduardo Bolsonaro – também coincidentemente – visitava Salvador/BA pela 1ª vez .

Estaria o filho Zero2 supervisionando in loco a execução do serviço de queima de arquivo?

Para simular comoção perante a família do miliciano, Bolsonaro, mesmo sendo o presidente do país, chegou a dizer que “Adriano era um herói” [15/2/2020].

Em seguida [18/2/2020] Flávio Bolsonaro publicou um vídeo falso de um corpo necropsiado como se fosse de Adriano.

Ele tinha o objetivo de simular indignação com suposta crueldade sofrida pelo “amigo-herói” sacrificado por PM’s [sic].

A reportagem do Intercept mostra diálogos de comparsas de Adriano com um interlocutor tratado como “Jair”, “HNI (PRESIDENTE)” e “cara da casa de vidro”.

O MP/RJ não respondeu ao Intercept se o encerramento das escutas telefônicas autorizadas se deveu à citação de alguém com foro privilegiado, como Bolsonaro.

Mas, “para os investigadores, o conteúdo das novas transcrições sugere que a amizade entre o miliciano e o presidente não seria mera bravata entre os seus comparsas. Os Bolsonaro têm uma relação antiga com o ex-caveira”, diz a reportagem.

Coincidentemente, a investigação da vida e da morte do miliciano Adriano segue o mesmo padrão obscuro e clandestino de outros episódios que cruzam a vida do Bolsonaro, como aconteceu com os esquemas do Queiroz e o esconderijo dele na casa de Frederick Wassef, os 39Kg de cocaína no avião da FAB, a ultralucrativa franquia de chocolates, a compra da mansão em Brasília e outros negócios imobiliários, os terroristas que atentaram contra o Porta dos Fundos, a suposta facada do Adélio Bispo, o assassinato da Marielle, a gravação do interfone da portaria do Vivendas da Barra, o arsenal de 117 fuzis do Ronnie Lessa etc etc.

A reportagem lembra que “o MP do Rio levou 406 dias para denunciar parte da rede de apoio ao miliciano”. E afirma que a instituição somente agiu “após o Intercept ter revelado a disputa em torno dos bens do miliciano, em 19 de fevereiro deste ano”.

Matéria do jornal Zero Hora de abril de 2020 destaca que por ocasião da intervenção federal no Rio, na qual o general Braga Netto foi interventor, “o Exército conseguiu usufruir dos bancos de dados das polícias Civil e Militar fluminenses e também montou um mapa das ações criminais no Rio. Isso vale tanto para facções criminais convencionais (Comando Vermelho, Amigos dos Amigos e Primeiro Comando) como para as milícias paramilitares formadas por ex-policiais”.

A reportagem diz ainda que “Não à toa, Braga Netto ganhou dos amigos a reputação de ter o CPF, nome e endereço de cada miliciano no Rio”.

Ora, é muito difícil acreditar que Braga Netto e os generais não soubessem dos vínculos do clã Bolsonaro não só com Queiroz, Adriano da Nóbrega e o Escritório do Crime, mas com o submundo do crime.

Do mesmo modo, é impossível crer que ainda hoje os generais desconheçam os vínculos do clã com ilícitos.

O Brasil nunca tinha conhecido nível tão deplorável de rebaixamento como o legado pelos governo dos generais.

A associação de Bolsonaro com o miliciano Adriano da Nóbrega e seus comparsas mostra que o Escritório do Crime ocupa o coração do poder.